sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Diz-nos o Senhor: Endireitai os caminhos da vida

Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo II do Advento

“A Igreja não pode ficar à margem da história, presa nas suas próprias questões, mantendo inflada a sua bolha. A Igreja é chamada a escutar e ver os sinais dos tempos, para fazer da história, com suas complexidades e contradições, uma história de salvação”, escreve o Papa Francisco


A liturgia faz-nos avançar rumo ao Natal com a ajuda da voz profética de João Baptista, o arauto dos tempos novos, de Jesus Salvador. Voz que nos exorta a “endireitar” os caminhos da vida, tendo em conta facetas fundamentais, tais como: a alegria de servir, a busca da verdade, a situação de quem está em necessidade. Prosseguindo nos seus passos, saboreamos, desde já, a novidade única de tão singular nascimento. E podemos ouvir outras vozes que fazem coro com a do seu primo João.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Restauração da Independência de Portugal

1 de Dezembro de 1640




No dia 1 de Dezembro de 1640, um grupo de portugueses invadiu o Paço Real, matou o traidor Miguel de Vasconcelos, representante do Rei de Espanha em Lisboa, e aclamou D. João, duque de Bragança, como rei de Portugal. Puseram fim, deste modo, aparentemente tão simples, a 60 anos de domínio espanhol. 
É evidente que havia razões para isso. O nosso país sentia-se descontente e prejudicado com a união ibérica e com a subida de impostos,  bastando isso para um grupo de revoltosos se dirigir ao Paço para tirar um rei e aclamar outro, o Mestre Aviz, D. João, primeiro rei da 2.ª Dinastia e pai da “Ínclita Geração - Altos Infantes”, no dizer poético  de Luís de Camões.

NOTA: Penso que todos os portugueses sabem o que significa para nós esta data. Sem aqueles corajosos portugueses, talvez ainda hoje estivéssemos dependentes da Espanha, como qualquer região como a Galiza. E apesar da importância da data, este feriado foi extinto há anos. Posteriormente foi restaurado com toda a justiça.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Eugénio de Andrade — Um simples pensamento

Eugénio de Andrade

UM SIMPLES PENSAMENTO

É a música, este romper do escuro.
Vem de longe, certamente doutros dias,
doutros lugares. Talvez tenha sido
a semente de um choupo, o riso
de uma criança, o pulo de um pardal.
Qualquer coisa em que ninguém
sequer reparou, que deixou de ser
para se tornar melodia. Trazida
por um vento pequeno, um sopro,
ou pouco mais, para tua alegria.
E agora demora-se, este sol materno,
fica contigo o resto dos dias.
Como o lume, ao chegar o inverno.

Contracapa do livro Eugénio de Andrade - POESIA  

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Escravatura em Portugal

Escravos abandonados 
à sua sorte


Tanto quanto foi anunciado, a Judiciária investigou e prendeu membros de uma rede que explorava trabalhadores agrícolas no Alentejo. Alguns exploradores estão presos e aguardam julgamento, que vai durar o tempo que é preciso para averiguar as provas. Daqui até ao julgamento vai levar muito tempo, como é normal no nosso país. Nos outros não sei como é.
Aquilo que a Judiciária fez, e bem desta vez, devia ter sido feito há anos, porque toda a gente sabia que os escravos trabalhavam por lá em grandes herdades, onde a plantação, sementeiras e apanha dos produtos necessita de muita mão de obra, no tempo rigorosamente certo, para os produtos chegarem aos consumidores  em condições normais de utilização.
Dizem as notícias que os infelizes imigrantes, paupérrimos e sem condições dignas de vida normal, passam fome e muitos vivem na rua. E este país, com governantes e demais responsáveis tão bem formados, sempre com a questão da justiça social na ponta da língua,  deixam aqueles escravos entregues à sua sorte. 

Idosos mais atentos ao que lhes diz respeito

Sabemos que vamos perdendo discernimento com o peso dos anos e que nem sempre estamos atentos às nossas necessidades respeitantes à saúde. Por experiência própria, também sabemos que o Médico de Família nos vai ajudando com conselhos oportunos e frequentes. Contudo, há muitos idosos que se descuidam com os seus problemas físicos, mas não só, o que pode tornar-se perigoso, sendo necessário que os familiares os ajudem e estimulem.
Curiosamente, há instituições públicas e privadas que oferecem atividades e conselhos adequados às diversas etapas da vida das pessoas. Na linha da frente, é público que as autarquias do nosso concelho, Câmara Municipal e Junta de Freguesia, não esquecem os nossos maiores, organizando iniciativas de muito interesse, tendo em conta as diversas fases da vida, em especial a partir dos 50 anos, conforme sublinhou o nosso jornal no mês de Outubro.
Ninguém ignora a justiça e a atenção que os mais velhos merecem, pelo muito que deram às suas famílias e à sociedade. E é por isso que nos cumpre alertar os idosos e quem deles cuida para o que as autarquias, mas não só, programam para eles, com alguma frequência.

Fernando Martins

Advento de um mundo outro

Crónica de Bento Domingues 
no Público

A Igreja faz-se e renova-se, não a partir de espectáculos de publicidade, mas através da vida concreta das comunidades cristãs, em processos de conversão, capazes de abrir caminhos de futuro, comunidades de Advento.

1. Este ano avizinha-se do fim, mas a importância dos acontecimentos que o marcaram e as questões que suscitou não encontraram verdadeiros caminhos de solução. Será trabalho para os próximos anos, se não quisermos que tudo fique cada vez pior.
Assistimos, durante este mês de Novembro, a uma espécie de aceleração da história. Entre as muitas coisas que aconteceram é importante lembrar algumas que não ficaram registadas nos grandes meios de comunicação.

Nuvens desafiantes


Não sou pessoa para andar nas nuvens, mas gosto delas. Há nuvens desafiantes que aprecio muitíssimo, como estas que vi ontem. E nelas gosto dos seus movimentos em jeito de quem viaja com pressa, mas também das mutações dos múltiplos coloridos com que nos brindam.

domingo, 27 de novembro de 2022

ADVENTO



Nem medo nem recusa perturbaram
A graça que em Ti cumpre a sua obra:
Ofereceste a Deus aquele silêncio,
Onde habita a Palavra.

Em Ti desponta a aurora da justiça,
O mistério do reino que há de vir;
A sombra do Espírito que desce
Teu coração preserva.

Por Ti, Maria, Mãe imaculada,
Ao Céu se eleve o nosso humilde canto:
Louvor e glória a Deus três vezes santo,
Por toda a eternidade.



Liturgia das Horas

Como conheci a Lita

Ainda Noivos

Quando celebramos o nosso aniversário à semana é sempre difícil reunir a família. Cada um tem os seus compromissos profissionais, ou outros, e o aniversariante vê-se obrigado a programar a festa, por mais modesta que seja, para o fim de semana mais próximo. Assim aconteceu comigo. Hoje foi dia de receber filhos e netos, embora nem todos pudessem comparecer, mas não deixaram de justificar a falta.
Nestes encontros fala-se muito. Todos têm histórias para contar, perguntas à espera de respostas, evocações para fazer. De permeio, há gargalhadas entre o que se come e bebe, sem abusos que a vida precisa de saúde. E no meio da alegria de todos, dei comigo a contar como descobri a minha mulher, a Lita, mãe e avó dos presentes. E alguém lembrou que eu era um gafanhão e ela uma pardilhoense, radicada em Aveiro. E como a descobriste? — perguntou um filho.

sábado, 26 de novembro de 2022

Homem: o animal falante e político

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias 

Enquanto cristãos não podemos lavar as mãos como Pilatos. Temos de nos meter na política, porque a política é uma das formas mais altas da caridade, pois procura o bem comum. Os leigos cristãos devem trabalhar na política. 

Lá está Ludwig Wittgenstein: a linguagem não serve apenas para descrever a realidade, usamo-la também para pedir um favor, para agradecer, para amaldiçoar, para saudar, para rezar...
E é preciso atender ao contexto, à situação, ao uso. "Chove" pode dizer a constatação de um facto: está realmente a chover. Mas suponhamos que a mãe, pela manhã, quando o filho se prepara para ir para escola, lhe diz: "Chove", ele sabe ao mesmo tempo que deve levar o guarda-chuva. Se, numa família de agricultores, após uma seca prolongada, como agora, a mulher abre a janela e diz ao marido: "Chove", é o contentamento que é dito. Mas, se estavam na expectativa de um passeio agradável e diz: "Chove", é a desilusão.

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