sábado, 6 de dezembro de 2014

Um visita natalícia

A MELHOR PRENDA DE NATAL

Olha, filho! Pensando bem, 
a tua visita foi a melhor prenda de Natal 
que me podias oferecer…

O Albano acordou na segunda-feira com o firme propósito de resolver de uma vez por todas o problema das prendas de Natal. Todos os anos sentia o mesmo dilema, sem saber o que oferecer na noite de consoada aos seus familiares. A esposa, essa sim, tinha jeito para tais coisas. Sempre estava mais disponível e não tinha preocupações que a incomodassem. O Albano era diferente. A empresa ocupava-o todos os momentos de todos os dias, ou não o obrigassem a isso a crise económica que domina o país e alguns conflitos com um ou outro trabalhador, que há sempre quem esteja insatisfeito com o ordenado que recebe, como ele tantas vezes dizia. Por isso, escasseava-lhe o tempo para pensar em prendas. Mas o Natal ainda o motivava para se mostrar generoso com quem mais o ajudava nos negócios e com os familiares mais próximos. Restos de uma educação cristã que havia recebido em criança e do ambiente solidário que a época natalícia propicia.
As prendas dos mais diretos colaboradores eram fáceis de encontrar. Mais uns dinheiros, para além do subsídio do Natal e do habitual salário mensal, e não era nada mau.

Adversidade e prosperidade

"A adversidade restitui aos homens 
todas as virtudes que a prosperidade lhes tira"

Eugéne Delacroix 
(1798 - 1863)

A avó Europa de Francisco

Crónica de Anselmo Borges 
no DN

A Europa mítica é uma princesa de Tiro. Como que a lembrar que é a Eurásia, a Europa ecuménica, de fronteiras imprecisas. Zeus disfarçado de touro aproximou-se da bela princesa fenícia, deixando que o acariciasse e trepasse para o seu dorso. Entrou então pelo mar, dirigindo Eros o casal para Creta, onde fizeram amor. Foi a esta Europa, ao mesmo tempo divina e terrena, e agora em crise, envelhecida e sem confiança, que o Papa Francisco se dirigiu na semana passada com dois discursos: ao Parlamento Europeu e ao Conselho da Europa.

1. Francisco quis deixar "uma mensagem de esperança e de alento" a uma Europa que, num mundo cada vez mais global, é cada vez menos "eurocêntrica" e dá a impressão de "cansaço e envelhecimento", a ponto de "os grandes ideais que a inspiraram parecerem ter perdido força de atracção".

NOTA: Para ler na íntegra na segunda-feira



Espera Vigilante e Activa

Uma reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha


João, homem íntegro e consistente, anuncia uma mensagem libertadora: Vai chegar quem é mais forte do que eu. (Mc, 1, 1-8). Mais forte no testemunho do amor e do serviço; na denúncia da riqueza que “amarra” o coração e a disponibilidade; na defesa da vida e dos seus direitos e deveres humanizados; na frontalidade serena com que se opõe aos exploradores dos humildes e simples do povo; na entrega, sem reservas, à missão que o Pai lhe confia.

Mais forte do que eu pelo Espírito que transforma e anima, que lembra as maravilhas do passado e ajuda a “tirar” lições do presente, que abre as “portas” do futuro para onde todos peregrinamos. A boa nova é Jesus, o Filho de Deus que se faz humano para nos ensinar a viver e apreciar a nossa comum humanidade e nos desvendar a sua fonte inesgotável: o amor de Deus Pai, fundamento da nossa confiança filial.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O nosso Menino Jesus



O nosso Menino Jesus já está preparado para nos receber. Ele e sua mãe, Virgem Maria, e seu pai adotivo José. A minha Lita organizou a chegada do Menino, que vai ficar numa sala por onde passa toda a gente. Lareira acesa para aquecer o ambiente e sem grandes ornamentos, porque o mais importante é o espírito de ternura que nos deve animar nesta quadra e sempre.
O Menino Jesus está vestido de modo a não sentir o frio, com roupinhas de lã concebidas e feitas pela Lita. Na sala vai ter, por companhia permanente, para além de sua mãe e de seu pai, que o foi como um pai normal, o Toti e a Tita,
o cão e a cadela que nesta altura dormem como justos, mas não o burro e a vaquinha, pois estes não são os animais das nossas preferências, embora a tradição os tenha imposto através dos séculos.
Quando olhei para o Menino bem agasalhado, fixando-o olhos nos olhos, até parece que percebi dele uma recriminação, como que a lembrar-me que, afinal, há à nossa volta tantos meninos com fome, frio e sede de justiça a paz. E concordei. E prometi-lhe que a família, toda a família, vai ter em conta a sua proposta, que é muito simples: O presépio, no fundo, é para nos levar a olhar para os que mais precisam do nosso carinho, da nossa solidariedade e do nosso amor.
Bom Natal para todos, na alegria de Jesus renascido no coração de homens e mulheres de boa vontade.



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Das nuvens negras cai água límpida

"Jamais desesperes, mesmo perante as mais sombrias aflições 
de tua vida, pois das nuvens mais negras 
cai água límpida e fecunda"

Provérbio chinês





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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A Ria de Aveiro na Literatura

"O São Paio da Torreira, 
a Romaria dos Pescadores"

Torreira em 2014

«Mas a ria enche-se de asas brancas, garças reais que coalham o azul, além sobre a barra, onde a névoa fumega indecisa e lenta, e do outro lado, sobre Pardelhas, Estarreja, até Ovar bolinando ao vento.
É uma verdadeira esquadra, embandeirada em festa, porque hoje é dia de São Paio, na Torreira. Cada barco traz a sua povoação, a sua aldeia, a sua canção, as suas guitarras e adufes. A ria torna-se melodiosa, e sussurra, vibrante nas suas ondas de água, finas como cabelos de mulher, que os ventos represados percutem como uma arcada de violino. Durante muito tempo embala-nos aquela música aquática, dolente e enlanguescedora. As tonalidades mudam. Já não há azul. Os longes tornaram-se brumosos, e a água oleosa, baça, não tem uma vaga, uma crispação. Dir-se-ia um lago imobilizado por um silêncio astral. Um cinzento de agonia envolve esta paisagem de além mundo, prostrada na morte, se o sol não acordar antes da tarde.

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