A MELHOR PRENDA DE NATAL
O Albano acordou na segunda-feira com o firme propósito de
resolver de uma vez por todas o problema das prendas de Natal. Todos os anos
sentia o mesmo dilema, sem saber o que oferecer na noite de consoada aos seus
familiares. A esposa, essa sim, tinha jeito para tais coisas. Sempre estava
mais disponível e não tinha preocupações que a incomodassem. O Albano era
diferente. A empresa ocupava-o todos os momentos de todos os dias, ou não o
obrigassem a isso a crise económica que domina o país e alguns conflitos com um
ou outro trabalhador, que há sempre quem esteja insatisfeito com o ordenado que
recebe, como ele tantas vezes dizia. Por isso, escasseava-lhe o tempo para
pensar em prendas. Mas o Natal ainda o motivava para se mostrar generoso com
quem mais o ajudava nos negócios e com os familiares mais próximos. Restos de
uma educação cristã que havia recebido em criança e do ambiente solidário que a
época natalícia propicia.
As prendas dos mais diretos colaboradores eram fáceis de
encontrar. Mais uns dinheiros, para além do subsídio do Natal e do habitual
salário mensal, e não era nada mau.