Uma reflexão de Georgino Rocha
Georgino Rocha |
João, homem íntegro e consistente, anuncia uma mensagem libertadora: Vai chegar quem é mais forte do que eu. (Mc, 1, 1-8). Mais forte no testemunho do amor e do serviço; na denúncia da riqueza que “amarra” o coração e a disponibilidade; na defesa da vida e dos seus direitos e deveres humanizados; na frontalidade serena com que se opõe aos exploradores dos humildes e simples do povo; na entrega, sem reservas, à missão que o Pai lhe confia.
Mais forte do que eu pelo Espírito que transforma e anima, que lembra as maravilhas do passado e ajuda a “tirar” lições do presente, que abre as “portas” do futuro para onde todos peregrinamos. A boa nova é Jesus, o Filho de Deus que se faz humano para nos ensinar a viver e apreciar a nossa comum humanidade e nos desvendar a sua fonte inesgotável: o amor de Deus Pai, fundamento da nossa confiança filial.
Mais forte do que porque apresenta fontes de inspiração para endireitar o que está desnivelado e retorcido na justiça, na política, na política, na educação, no ordenamento social, nas religiões e em tantos outros espaços onde “se joga” a vida humana. Porque assume como prioridade absoluta na sua missão a realização do projecto de Deus, projecto de felicidade para toda a humanidade e de harmonia para todo o universo.
Marcos, com sentido profético, adverte-nos de que faz apenas o início do Evangelho de Jesus; início que não pode acabar com a escrita do texto, mas tem de continuar em todos os tempos, particularmente nos tempos mais difíceis, de perseguição ideológica, de progressivo despojamento de tudo, até da própria vida. Vivemos estes tempos em muitos países, também entre nós, ainda que em surdina, mas com efeitos visíveis. Por isso, continua a urgência de fazer soar a boa nova da espera activa e vigilante.