quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Um poema de Pablo Neruda


O MAR

Um único ser, mas não existe sangue.
Uma carícia apenas, morte ou rosa.
Vem o mar e reúne as nossas vidas,
sozinho ataca e reparte-se e canta
em noite e dia e criatura e homem.
A essência: fogo e frio: movimento
.

Pablo Neruda


In “Antologia”,
com selecção e tradução de José Bento,
edição de “Relógio d’Água”

Pobreza no mundo



"Desejamos também expressar o nosso sentir junto dos poderes públicos, da comunicação social e da sociedade civil e afirmar a nossa disponibilidade para um projecto colectivo que vise a erradicação da pobreza no nosso País e maior solidariedade com a redução da pobreza no mundo. Temos a convicção de que erradicar a pobreza é possível e urgente."

AVEIRO: Seminário de Santa Joana

Pormenor interior de porta

Coro


Sacrário

Painel frontal

Frontal da capela-mor


Cada vez me convenço mais de que temos de aprender a ver, com olhos de ver, a arte e os símbolos que nos rodeiam. Estão neste caso as nossas igrejas, desde as mais modestas às mais sumptuosas.
Sinto e vejo que muita gente entra a correr para o culto, saindo apressada, logo a seguir, sem olhar para a arte e para os símbolos que nos templos estão para nossa edificação. Também é verdade que nem sempre há cicerones nas nossas igrejas, para explicarem, a quem chega, o que significa cada símbolo, o que representa cada peça artística. É uma falta para a qual é preciso encontrar uma saída, sob pena de continuarmos com as igrejas cheias de gente que nem sequer conhece bem o que existe na sua comunidade ou naquelas por onde passa.
Hoje vou mostrar, como desafio, algumas imagens da igreja do seminário de Santa Joana Princesa, em Aveiro. Gostaria que os meus amigos lá entrassem e que apreciassem a arte que ostenta.
FM

Medicamento avulso



Um quinto dos medicamentos receitados não são utilizados. Esta é uma realidade indesmentível. Todos nós temos em casa caixas e mais caixas de medicamentos, com o “rótulo” de sobras. Alguns, cujo efeito é bem conhecido, poderão ser ainda utilizados. Por exemplo, quando temos uma dor de cabeça, lá tomamos uma aspirina. Mas há outros que acabam por caducar e o seu destino pode ser o lixo. Ou regressam às farmácias para seguirem para uma qualquer incineradora.
Isto é um prejuízo incalculável para todos. Para os utentes, porque acabam por comprar medicamentos, normalmente caros, que acabam no lixo. Para o Estado, porque comparticipa os mesmos medicamentos.
A partir daqui, por que razão não são comercializáveis doses medicamentosas estritamente indispensáveis para o tratamento prescrito pelo médico? Acho que esta seria e é a melhor solução. Mas… atenção: a indústria farmacêutica já está a lembrar os “perigos” da venda avulsa. Que pode haver confusão, por falta da caixa, dizia um entendido. Francamente… não haverá solução para isso?

FM

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Prós e Contras: O tabaco

Não aguentei mais Gosto de assistir, como telespectador, ao "Prós e Contras". Ontem era dia de reflectir sobre a recente lei que proíbe o tabaco em recintos fechados. Em determinada altura não aguentei mais e virei as costas à algazarra. Uma lei que defende os não fumadores, que devia merecer uma análise calma, porque está em jogo a saúde de milhões de portugueses, virou, simplesmente, numa bagunçada inadmissível. Tudo porque uns tantos inteligentes, acorrentados a interesses bem conhecidos (comerciais, industriais e políticos, neste caso porque tudo serve para dar nas vistas), resolveram brincar com coisas sérias, mostrando-se de caras sérias e fazendo dos outros uns tontos. O importante é muito simples: respeitar a saúde das pessoas e levar uns tantos fumadores a ter em conta que não podem obrigar ninguém a fumar. Ninguém pretende tirar o vício seja a quem for. Quem quiser fumar, que fume. Mas que o faça sem incomodar e prejudicar os outros.
FM

Carnaval da Glória foi cancelado


"Este ano, o tradicional Carnaval da Glória não vai sair à rua. Motivos financeiros, aliados à data do evento, este ano excepcionalmente cedo, e à fraca mobilização de equipas, foram as razões apontadas pela Comissão Organizadora para este cancelamento"
:
O Diário de Aveiro noticia hoje que o Carnaval aveirense, habitualmente organizado pela paróquia da Glória, não se vai realizar. Embora não seja um frequentador assíduo dos festejos carnavalescos, não posso deixar de lamentar que isto aconteça.
As explicações do pároco, padre Manuel João, são esclarecedoras, mas nem assim se compreende que os aveirenses, com as forças vivas à frente, tenham deixado cair uma festa já com raízes entre nós. Tanto mais que sempre foi pautada pela alegria e pelo sentido pastoral, sobretudo na aproximação que proporcionava a todos os aveirenses, num clima sadio.
Ficará para o ano. Espero que sim.

FM

Na Linha Da Utopia





O “Risco”


1. A história é revestida de equilíbrios provindos de “choques”. Bom seria que esses “choques” não existissem, mas eles são um facto. O famoso “Crash” dos anos 30, de que ouvimos falar como novidade em tempos, trouxe consigo um efeito dominó típico de estarmos e vivermos em rede. Hoje, mais que nunca sublinhe-se, a intensidade da “rede” é elevadíssima, tempo on-line, para o bem, para o menos bem e mesmo para o mal. Os mercados estão alavancados uns nos outros, num medir de forças ao segundo e num jogo mediático tornado de tal maneira forte em que, tantas vezes, valoriza-se mais o poder da imagem virtual que o real das condições económicas. Há já alguns anos, lembramo-nos do “fim” de algumas grandes empresas globais dos EUA que assentavam a sua lógica nos planos da virtualidade, até que ruiu…
2. A noção de “risco” está aí, novamente demonstrada. “Risco” e “Crash”, palavras a evitar dizer nesta estratégia de não contagiarmos o pessimismo das bolsas e dos mercados. Com antídoto para o “risco” aposta-se na palavra “confiança”, visando recuperar os equilíbrios perdidos. Só que estes, afinal, andavam mais ilusórios que reais. Tal como, por princípio, uma pessoa ou família não pode gastar mais que o que ganha ou tem, assim também quanto maior eram os índices de especulação dos mercados (nos EUA, desde há meses), maior será no reajustamento a crise. A recente crise dos mercados internacionais, entre as mais variadas razões, também demonstra que a virtualidade dos mercados mais dia menos dia acaba por descer à realidade, e que todos – uns com os outros - estão seguros por um fio comum. O que acontece em Nova Iorque, chega até nós, e o que se sente em Paris tem impactos em Tóquio, numa interdependência que impõe reciprocidades no reajustamento das situações de crise.
3. Os analistas da especialidade têm dito que as quebras rivalizam com o 11 de Setembro 2001, e numa “vertigem” que obriga a acompanhar o fuso horário das diferentes bolsas mundiais que unem as grande capitais do mundo. É a globalização dos mercados, que desafia à globalização da cooperação, como acontece nestes dias com o povo moçambicano vítima das cheias. À ideia global, desde os séculos XVI pertence a noção de incerteza e insegurança, pois «viver numa época global significa a necessidade de enfrentar uma série de novos factores de risco. Em muitas situações teremos de ser mais atrevidos do que cautelosos no apoio que dispensamos à inovação científica ou a outros tipos de mudança. Ao cabo e ao resto, uma das raízes da palavra “risco”, no português original, levou à criação de outra palavra que também significa “ousar” (Anthony Giddens. O mundo na Era da Globalização: 43). Seja uma globalização da ousadia mais justa e solidária.

Alexandre Cruz

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