A PROGENITORA
DO GRANDE POVO DA MURTOSA
Caríssima/o:
A vida tem destas coisas: era para seguir de motorizada pelas terras ribeirinhas que agora tinha encontrado boa companhia no Fernando e sua Kreidler (a minha era uma Zundapp!) - lembras-te da primeira vez que fomos ao Monte por um saco de batatas?!
Mas tenho que fazer uma pausa.
Conheci a Murtosa era eu muito jovem quando, na Gafanha, convivi com dois Homens: o professor Salviano e o padre Domingos. Ambos me abriram horizontes e continuam meus companheiros nos trilhos do Conhecimento e nos rasgos da Fé!
Rendo-lhes a minha sentida homenagem.
O padre Domingos, que agora se aparta de nós, certamente contará com a nossa oração e nos continuará a brindar com o seu sorriso. Bem haja!
E ouçamos o que tem para nos dizer o prof. Jaime Vilar:
«Diz-se, na tradição corrente,que a progenitora do grande povo da Murtosa terá sido uma moça muito bonita, chamada Teresa Carqueja, natural de Fermelã, desterrada para aqui em expiação de crime que a tradição não pormenoriza.
A Murtosa então, ainda sem nome, era terra de condenados ao desterro. Sozinha entre o céu e a terra lodosa, construiu a primeira casa de tábuas, uma arrecoleta ou recoleta na costa do Chegado, no local que ainda conserva o nome de “Chão das Figueiras”. Sobreviveu. Arroteou um pedaço de terreno, fez horta, semeou e viveu do que colhia.
Um dia, um pescador que passava encostou o barco à borda. Encontrou a Teresa sozinha. Falaram. Eram ambos moços. Amaram-se e casaram. Tiveram filhos. Entre fomes e farturas cresceram e multiplicaram-se no cumprimento do mandato genesíaco. Ele na água, pescando, arrancando o estrume para os campos. Ela tratando da terra. Ambos na simbiose característica da nossa gente “anfíbia” como, séculos depois, escrevia Raul Brandão.»
[Jaime Vilar, Lenda ou Tradição?, Boletim da Biblioteca Municipal da Murtosa, 1993, p. 1]
Manuel
Caríssima/o:
A vida tem destas coisas: era para seguir de motorizada pelas terras ribeirinhas que agora tinha encontrado boa companhia no Fernando e sua Kreidler (a minha era uma Zundapp!) - lembras-te da primeira vez que fomos ao Monte por um saco de batatas?!
Mas tenho que fazer uma pausa.
Conheci a Murtosa era eu muito jovem quando, na Gafanha, convivi com dois Homens: o professor Salviano e o padre Domingos. Ambos me abriram horizontes e continuam meus companheiros nos trilhos do Conhecimento e nos rasgos da Fé!
Rendo-lhes a minha sentida homenagem.
O padre Domingos, que agora se aparta de nós, certamente contará com a nossa oração e nos continuará a brindar com o seu sorriso. Bem haja!
E ouçamos o que tem para nos dizer o prof. Jaime Vilar:
«Diz-se, na tradição corrente,que a progenitora do grande povo da Murtosa terá sido uma moça muito bonita, chamada Teresa Carqueja, natural de Fermelã, desterrada para aqui em expiação de crime que a tradição não pormenoriza.
A Murtosa então, ainda sem nome, era terra de condenados ao desterro. Sozinha entre o céu e a terra lodosa, construiu a primeira casa de tábuas, uma arrecoleta ou recoleta na costa do Chegado, no local que ainda conserva o nome de “Chão das Figueiras”. Sobreviveu. Arroteou um pedaço de terreno, fez horta, semeou e viveu do que colhia.
Um dia, um pescador que passava encostou o barco à borda. Encontrou a Teresa sozinha. Falaram. Eram ambos moços. Amaram-se e casaram. Tiveram filhos. Entre fomes e farturas cresceram e multiplicaram-se no cumprimento do mandato genesíaco. Ele na água, pescando, arrancando o estrume para os campos. Ela tratando da terra. Ambos na simbiose característica da nossa gente “anfíbia” como, séculos depois, escrevia Raul Brandão.»
[Jaime Vilar, Lenda ou Tradição?, Boletim da Biblioteca Municipal da Murtosa, 1993, p. 1]
Manuel
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NOTA: Regressado de terras sem acentos nem cedilhas, o meu amigo e colaborador Manuel está de novo com a sua asssiduidade por lema a brindar-nos, domingo após domingo, com textos que nos levam a tempos passados, para ficarmos na companhia de amigos que nos foram comuns. Um bem-haja pelas suas preciosas recordações.