terça-feira, 6 de junho de 2006

Marcelo Rebelo de Sousa RTP

Cavaco Silva saiu de Belém, apresentou-se como um ouvidor pelo país real. E só ouviu elogios. O professor também o vai elogiar?
Elogio o facto de Cavaco Silva ter uma preocupação social. E por ter chamado a atenção dos portugueses para a exclusão. Em período de campanha eleitoral fala-se disso, mas não se fala de todas as formas de exclusão e de alguns dramas concretos. E ele começou por um de que se fala pouco, que é a exclusão no Interior. Porque o país que domina hoje Portugal eleitoralmente, a comunicação social e tal, é o Litoral: a Grande Lisboa, o Grande Porto, Braga, Leiria. E o Interior fica marginalizado.
Começar por aí foi bom, porque foi chamar a atenção das cidades para um problema que normalmente não faz notícia. Em terceiro lugar, o apelo à sociedade civil. Há coisas boas que se pode fazer, há voluntariado, há instituições de solidariedade social. Não é só o Estado nem são só as autarquias, são as pessoas. Os que não são excluídos têm uma obrigação em relação aos excluídos.
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Um artigo de Francisco Perestrello, na Ecclesia

Classificações em cinema
Nos muito velhos tempos, anteriores a 1932, os filmes exibidos em Portugal não eram sujeitos a qualquer informação quanto ao público alvo, circulando livremente desde que aprovados, com ou sem cortes, pela censura. Nasceu então a classificação do Secretariado do Cinema e da Rádio, subordinada à moral cristã e amplamente divulgada pela Rádio Renascença e pelo Jornal Novidades. Evoluindo claramente ao longo dos anos tal classificação ainda hoje se mantém, através dos critérios em vigor para os Secretariados da SIGNIS, recente sucessora da Organização Católica Internacional do Cinema (OCIC). Em meados dos anos 50 do século findo o Estado chamou a si a responsabilidade. Sem mútuas interferências em relação ao S.C.R., deste respigou as primeiras classificações para os muitos filmes já em circuito comercial, alargando a Comissão de Censura à função classificativa para as novas estreias. Quer a informação estatal, hoje a cargo da Comissão de Classificação de Espectáculos, quer a subordinada aos critérios SIGNIS, têm essencialmente uma função puramente informativa, o que não impede que a Lei estabeleça que os anúncios dos filmes sejam acompanhados da respectiva classificação estatal. Dá-se, no entanto, um fenómeno curioso. Enquanto os canais de televisão são severamente punidos quando apresentam um filme de violência antes das horas estabelecidas por Lei, os jornais diários publicam o cartaz de Cinema sem qualquer atenção às classificações atribuídas, generalizando "Maiores de 12 anos" para a maioria dos títulos apresentados, enquanto nas restantes classificações estarem certas ou não, é fruto de puro acaso. Pegando, aleatoriamente, num jornal diário recente, verificámos que em 56 títulos 38 eram acompanhados de classificação errada, o que corresponde a 68 por cento. Sabemos que os próprios exibidores muitas vezes não dão, à partida, uma informação correcta, mas esta, em lugar de ser corrigida tem vindo a ser agravada pela indiferença de quem divulga ao público uma informação que fica assim sem qualquer valor.
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Foto: Douro, Faina Fluvial

Igreja aposta no diálogo com a Cultura

"DO TEMPO LIVRE À LIBERTAÇÃO DO TEMPO"
A Comissão Episcopal para a Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais promove as II Jornadas da Pastoral da Cultura, nos dias 16 e 17 de Junho, no Seminário do Verbo Divino, em Fátima, com o tema "Do tempo livre à libertação do tempo." Um dos objectivos das Jornadas é a consolidação de uma rede de representantes das estruturas da Igreja activas no mundo da Cultura: Dioceses, Congregações e Ordens Religiosas, Movimentos e outras expressões eclesiais. "As redes são vínculos de uma comum pertença, potenciam a partilha, tornam visível a comunhão. E, ao mesmo tempo, derramam a seiva, acendem o entusiasmo, facilitam o novo", aponta o Pe. Tolentino Mendonça, director do Secretariando Nacional da Pastoral da Cultura. Este responsável refere que as Jornadas são "uma etapa importante deste trabalho, ainda de sementeira, que a todos nos envolve". "Estamos perante um ‘novo campo da acção pastoral’, com o que isso significa de auscultação concreta e paciente da realidade e de perspectivação corajosa de caminho", explica, citando o documento do Conselho Pontifício da Cultura "Para uma Pastoral da Cultura". Participar nas Jornadas da Pastoral da Cultura é, segundo o Pe. Tolentino Mendonça, "uma oportunidade para conhecer leituras aprofundadas da realidade, trazidas por especialistas de relevo na Sociedade e na Igreja Portuguesas". "Parece-nos ser, sobretudo, um tempo de troca e fortalecimento neste caminho conjunto, um espaço para cruzar iniciativas, para sondar possibilidades", acrescenta. O programa dos dois dias inclui uma conferência sobre o tema "As novas tecnologias de informação representam uma viragem cultural?", um painel dedicado à "Cultura, Entretenimento e Intervenção Pastoral", uma performance sobre Espiritualidade e Arte Contemporânea intitulada "Uma bolha na água". Cabe ainda um momento de diálogo com D. Manuel Clemente, presidente da Comissão Episcopal para a Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais. Durante as Jornadas será feito o anúncio do vencedor da segunda edição do "Prémio de Cultura Padre Manuel Antunes".
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Fonte: Ecclesia
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Foto: D. Manuel Clemente, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.

Reconhecimento de competências

Uma nova
oportunidade
para um milhão
de portugueses
Três em cada quatro traba-lhadores portugueses não têm o ensino secundário, um número que o Governo quer diminuir, tendo para isso lançado 122 novos Centros de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências.
Os centros RVCC destinam-se a reconhecer as aprendizagens que os adultos desenvolvem ao longo da vida nos vários contextos profissionais, permitindo-lhes complementar essa formação e obter habilitações reconhecidas equivalentes ao 9º e 12º ano de escolaridade.
A intenção de combater a escolaridade reduzida dos portugueses foi reafirmada pelo governo, durante a cerimónia de lançamento dos 122 novos centros que contou com a presença do primeiro-ministro, José Sócrates, e dos ministros da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, e do Trabalho e Solidariedade, Vieira da Silva.
Segundo a ministra da Educação, actualmente o sistema RVCC destina-se apenas a adultos sem o 4º, 6º ou 9º ano de escolaridade, pois os centros só dispõem de instrumentos técnicos para fazer a formação até ao 9º ano. O 12º ano estará abrangido nestes centros já a partir do próximo ano lectivo, afirmou a responsável. "Terminámos agora a fase de homologação para criar os instrumentos técnicos necessários para o 12º ano. Esperamos que antes do Verão estejam homologados e que no próximo ano estejamos em condições de arrancar", disse.
Dos 122 centros lançados, 43 vão abrir na região Norte, 25 no Centro, 31 em Lisboa e Vale do Tejo, 19 no Alentejo, dois no Algarve e dois na região Autónoma da Madeira.
O lançamento destes novos centros permitirá tornar operacionais até ao final deste ano 220 centros, uma vez que já se encontram 98 em funcionamento. Relativamente ao calendário de abertura dos 122 centros, 30 serão inaugurados no primeiro semestre deste ano, 50 até Setembro e os restantes 42 até ao final do ano.
Com este projecto, o executivo pretende até 2010 qualificar um milhão de pessoas em 500 "Centros Novas Oportunidades" (centros RVCC) e combater a baixa escolaridade da população activa portuguesa – 75 por cento com menos do que o 12º ano e metade com menos do que o 9º ano.
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Fonte: SOLIDARIEDADE
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Foto do meu arquivo

domingo, 4 de junho de 2006

Citação

“Terão as religiões algo a dizer a este mundo? Segundo Paul Ricoeur, ‘se as religiões devem mesmo sobreviver, deverão satisfazer numerosas exigências. Em primeiro lugar, será preciso renunciar a toda a espécie de poder que não seja o de uma palavra desarmada. Deverão, além disso, fazer prevalecer a compaixão sobre a rigidez doutrinal. Será preciso sobretudo – e é o mais difícil – procurar, no próprio fundo dos seus ensinamentos, o que vai além do que é dito e graças ao qual cada uma pode esperar encontrar as outras. Não é nas manifestações superficiais – que se revelam competitivas entre si – que se fazem as verdadeiras aproximações. Só nas profundezas se encurtam as distâncias’. O Pentecostes é a festa de que gosto. É a festa de todos os sonhos, do mundo inacabado e do que há para cumprir no melhor das religiões. É a festa de todas as fronteiras que é preciso transpor: físicas, culturais e religiosas. Não para dominar, mas para descobrir que todos os seres humanos existem para cuidar uns dos outros, para responder à pergunta de Deus: ‘Que fizeste do teu irmão.’ É a festa do primeiro e do último sonho da humanidade.”
Frei Bento Domingues,
no Público de hoje

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Secularização e secularismo A palavra secularização vem de saeculum, que, no latim clássico, significava "século" (período de cem anos) e também "idade", "época". No latim eclesiástico, adquiriu o significado de "o mundo", "a vida do mundo" e "o espírito do mundo", sendo por esta via que se chegou ao sentido da palavra "secularização".
O termo, utilizado já no século XVII, para referir o abandono do sacerdócio ou da vida religiosa - ainda hoje se diz que o padre tal se secularizou -, figura, no Tratado de Vestefália (1648), com o sentido jurídico de apropriação pelo "mundo" de bens pertencentes à Igreja. Luis González-Carvajal, que faz a História do termo, refere que no século XIX começou a assumir um significado cultural, designando "um processo de mundanização vivido pela sociedade no seu conjunto".
Ainda hoje continuam os debates acalorados, sobretudo no domínio teológico, sobre a secularização. Se não falta quem a condena, pois estaria na base do afastamento da religião, outros saúdam-na como condição da purificação religiosa, da liberdade e da paz.
Há vários sentidos de secularização: pode ser vista como "eclipse do sagrado", "autonomia do profano", "privatização da religião", "retrocesso das crenças e práticas religiosas", "mundanização das próprias Igrejas". Aqui, interessa-nos sobretudo o sentido de autonomia das realidades terrestres.
Na perspectiva bíblica, o Deus transcendente pessoal cria o mundo a partir do nada e por um acto de pura liberdade de amor. A criação assim entendida implica uma diferença qualitativa infinita entre Deus e a criatura e a real autonomia do mundo, que é mundano e não divino, e é o fundamento da aliança do Deus-Liberdade com homens e mulheres livres. Se Deus cria a partir do nada, por amor e não por necessidade, então não há rivalidade nem concorrência de interesses entre Deus e a criatura. Pelo contrário, a vontade de Deus é a realização plena do homem: quanto mais vivo e realizado o ser humano for mais Deus é glorificado.
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Citação

"Não conheço muita gente, gente da minha idade, que leia, apesar de uma educação tradicional. Porquê? Porque ler implica um esforço: de atenção, de inteligência, de memória. Ler é uma actividade e a nossa cultura é quase inteiramente passiva. A televisão, o DVD, a música popular ou a conversa de computador não exigem nada, deixam a pessoa num repouso imperturbado e bovino. Mudar isto equivale a mudar o mundo"
Vasco Pulido Valente,
no PÚBLICO de ontem

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