sexta-feira, 1 de julho de 2005

Um artigo de Alexandre Cruz

Posted by Picasa Univer(sal)idades Teilhard de Chardin,
homem universal 1. Diz-se que vivemos tempos de parcialidade, o provisório é quase o definitivo. De repente, do “ouviu-se dizer” passa-se a “aconteceu”. Até do problemático caso tipo do “arrastão da praia de Carcavelos”, quando alguém disse que “eram p’raí uns 500”, então passaram a ser mesmo esses. Uma certa desagregação social como atitude de espírito, que cria permiabilidade para as meias abordagens, faz tantas vezes do sensacionalismo a real notícia. As próprias narrativas históricas, da história do Ocidente à história de Portugal vão-se esbatendo, perdendo-se a memória do colectivo que unificava. Afinal, o que não é conversado é esquecido! Não se dá por isso, e isto mesmo faz parte do fenómeno, mas a cultura, na sua essência, está a fugir, a transferir-se para um novo paradigma de referências (com ou sem elas) em que a tecnologia está-se a substituir à dimensão relacional, estamos “entre” (qualquer coisa). Um “entre” de anos a fio com horizonte agravado, “ivado”, queimado no Portugal que temos de amar. Os pais e os filhos, os educadores e educandos, para todos o tempo que foge vai, também, limitando uma experiência humana conversada, saboreada, que saiba caminhar para uma verdadeira síntese dos valores universais assimilados. As grandes mensagens não passam, ou passam pouco. Tal como a amizade se alimenta com gestos e palavras, assim este crescimento global da pessoa exigirá caminho, processo, para além do intelectual; é importante navegar nas águas da própria existência onde a procura do sentido para a vida e de uma experiência humana saudável preencha de luz toda a pessoa. Por outro lado, também uma super-ocupação e necessária especialização dos nossos dias faz das pessoas especialistas interessantes de certas matérias mas torna-as incapazes de comunicar para além da sua área. Dinâmicas como o “espírito crítico construtivo” e a “cultura geral” serão certamente dos elos fundantes de unidade social. Se com tanto conhecimento não somos capazes de, todavia, conseguir plataformas comuns de pensar e viver em sociedade acaba por ser infecundo e inconsequente o projecto da proclamada sociedade de informação e comunicação. A cultura faz a síntese entre o conhecer, as máquinas e o viver, e a este respeito, de cultura, estamos bem aquém do ideal. Habitar a nossa época da modernidade deverá fazer de todos não espectadores mas interlocutores e actores cívicos que buscam ideias universais. Estas são o caminho óbvio da identidade dos grandes líderes sociais (que escasseiam), daqueles que (ainda que muitas vezes solitários) arriscam mudar o rumo da história.

Ousou criar pontes ente a Fé e as Ciências

2. É neste contexto que se eleva, entre tantos outros, uma personalidade ímpar que destacamos. Não muito amada pelos seus contemporâneos, nomeadamente pelo meio eclesiástico. Pierre Teilhard de Chardin, em conferência (projecto “derivas”) do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro mereceu justa homenagem. De origem francesa, nasceu a 1 de Maio de 1881. Percorreu caminho de cientista paleontólogo, filósofo, teólogo e padre Jesuíta. Foi também geólogo e, de certa forma, antropólogo social. Procurou, em tempos de reacção antimoderna da Igreja, e em contextos de existencialismo asfixiante, explicar, desenvolver inovadora linha de pensamento especulativo sobre toda a realidade criada. Como esferas da evolução do homem e do mundo, na sua magnífica obra “Fenómeno Humano”, apresenta: hilosfera (matéria); biosfera (vida); noosfera (inteligência) e logosfera (razão). Apresentando esta evolução partindo da matéria, refere que estamos na noosfera. Todavia não poderá o ser humano parar aí: diz ele que “um dia o homem vai transcender a noosfera” (fase da inteligência), e chegar à logosfera (razão absoluta). Teilhard oferece-nos uma chave de leitura de tudo. Procurando escapar a acusações de panteísta (moldar Deus demais a ponto de O “usar”, diminuir nas “coisas”…), como que nos coloca na escada do Absoluto, possibilitando uma ponte tão urgente quanto necessária entre a Fé e a Ciência. Nesta procura sempre convergente de toda a realidade, no seu dizer, o ponto de atracção supremo é o próprio Logos, Jesus Cristo. No seu discurso de uma cosmovisão integrada propõe a elevação de tudo até ao que ele chama de Cristo Cósmico; ou seja, nada anda ao acaso, o tempo, a história, os astros, a terra, as coisas, tudo tem um sentido, significado, uma meta…tudo vai convergindo para a razão absoluta, que atinge a sua perfeição na Pessoa Divina, por isso há uma dinâmica imparável de Cristificação do Universo. Bom, desçamos à terra! Independentemente da sua reflexão de fronteira, considerada por alguns de herética, mas citada pelos papas de Paulo VI ao actual, o certo é que foi uma profecia de reflexão que vai proporcionando, um pouco por todo o mundo, momentos de Jornadas, Conferências no contexto do cinquentenário da sua morte (10 de Abril de 1955). O mesmo já decorrera em 1991, no centenário do nascimento do teólogo que ousou criar pontes explícitas entre a Fé e as Ciências. Para que não se perca o comboio do pensamento contemporâneo haverá uma nova estrada teológica a abrir. Theilard é oportunidade de repensar a ciência que precisa da luz transcendente e a fé que carece de uma inclusão do conhecimento actual (ciências humanas e hoje as neurociências) no processo da revelação divina. Claro, desta fusão, não anuladora de identidades, virá certamente uma nova linguagem sobre a fé mas também a conjuntura para revisão de alguns dogmas (?). Que coragem e profetas sofredores capazes de tamanha obra?
Theilard, silenciado, não pode publicar suas obras… O certo é que para o mundo global da ciência um dia podem ser mil anos, e as instâncias éticas que estão no terreno ou nas pontes explícitas com o mundo científico, enquanto é tempo, propõem urgente actualização das linguagens da fé, a fim de não se perder a significatividade do próprio discurso. É que hoje, e ainda bem, não chega trazer, sensibilizar as pessoas para o discurso antigo… É preciso ir ao encontro e sondar a percepção e os sentidos dos nossos dias, e aí propor a verdade de sempre.

quinta-feira, 30 de junho de 2005

OCPM propõe presidência aberta sobre a emigração

Comunidades portuguesas no mundo estão esquecidas
A Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) defendeu no Plenário Mundial do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) que o presidente da República deveria promover, no nosso país, uma "presidência aberta" sobre a emigração.
“Temos de voltar a pôr a emigração no centro das preocupações”, explica à Agência ECCLESIA o Pe. Rui Pedro, director da OCPM. A iniciativa defendida poderia ajudar, do seu ponto de vista, a superar “uma visão administrativa da emigração, que precisa de ser substituída por uma visão social”.
“É fundamental mudar o olhar sobre a emigração: discutir as causas da partida, que forçam as pessoas a sair do país; olhar para os emigrantes como agentes do desenvolvimento local; trazê-los de volta ao nosso pensamento e ao modo de nos entendermos como Nação”, aponta.
Outra das iniciativas defendidas no encontro com o CCP foi a criação de um “Observatório para a Emigração”, que ajuda a obter dados concretos sobre os portugueses espalhados pelo mundo e promova uma “reconceptualização” da condição migrante.
Estas ideias estão intimamente ligadas às conclusões do I Encontro Mundial das Comunidades Portuguesas, promovido de 29 a 31 de Março passado no Porto pela Comissão Episcopal de Migrações e Turismo, com o apoio da Obra Católica Portuguesa de Migrações e o Secretariado Diocesano da Pastoral de Migrações, subordinado ao tema “Ousar a Memória – Fortalecer a Cidadania”.
(Para ler mais, clique aqui)

Presidente Sampaio. Exemplo de optimismo

Posted by Hello O País precisa, urgentemente, de gente de sucesso
O Presidente Jorge Sampaio continua a ser, para todos nós, um exemplo de optimismo, pela sua salutar teimosia em nos mostrar a vida pela positiva. Na passada semana andou pelo Distrito de Aveiro, sobretudo para salientar que há empresas e empresários de sucesso, que os temos, felizmente.
Numa altura em que prolifera o pessimismo e o derrotismo, com Velhos do Restelo a pregarem, em altos gritos, que tudo está perdido e que a nossa independência corre o risco de desaparecer, o Presidente Sampaio veio chamar a atenção dos portugueses para a necessidade de todos darmos as mãos, no sentido de se buscar, com afinco, o sucesso de que o País precisa, urgentemente.
As suas palavras, sempre estimulantes para uns, e provocadoras para outros, valorizaram a iniciativa privada e apelaram a todos os parceiros sociais e empresariais, bem como aos organismos estatais, para que apoiem e dinamizem novos projectos, até porque o desemprego poderá ser um drama terrível dos próximos tempos.
Sampaio falou de cooperação, dos riscos empresariais que urge correr, da inovação que tem de ser implementada nos mais diversos quadrantes, dos desafios da competitividade e da produtividade que têm de ser corajosamente enfrentados, e do optimismo que deve marcar os nossos quotidianos.
Oxalá toda a gente o oiça e siga.
F.M:

FESTA NO CUFC

A alegria é muito bonita


Boa disposição no CUFC
Participei, ontem, na festa de final de ano, no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), que contou com a participação de estudantes e de responsáveis pela Pastoral Universitária. Vimos universitários ligados a Movimentos eclesiais, Voluntariado (nas mais diversas vertentes), e outros  envolvidos em cursos que vão acontecendo, durante o ano, no CUFC. 
Depois de uma Eucaristia de acção de graças, presidida pelo padre Alexandre Cruz, dinâmico responsável pela vida daquela instituição da Igreja Católica vocacionada e aberta à Pastoral Universitária, em permanente animação do diálogo entre fé e cultura, não faltou o convívio, ao jeito de festa popular, com sardinhada, fêveras, boroa, vinho, sumos e doces, tudo acompanhado com música que abanava os corpos e fazia esquecer, por momentos, as angústias dos exames em curso. Bastante bonito foi sentir que, apesar de alguns pensarem que os jovens são pouco dados ao espírito, muitos pararam, na lufa-lufa da vida académica, para dar graças a Deus pelos dons que d’Ele receberam, pelos frutos alcançados, pelos pais e professores que os ajudaram, pelas amizades conquistadas. 
E para o ano, com a abertura das aulas, a vida continuará, num misto de trabalho, de procura de formação permanente, em todas as frentes, académicas, culturais, recreativas, sociais e espirituais. 

F. M.

Um artigo de Laurinda Alves, no Correio do Vouga

Dez minutos por dia
Há sete ou oito anos li as conclusões de um estudo feito por investigadores americanos sobre a quantidade de tempo que os pais (homens) passavam com os seus filhos e fiquei impressionada. Qualquer coisa como vinte minutos por mês.
Quase o mesmo tempo que demoram a atar os sapatos e a fazer o nó da gravata, se o tempo que gastam com estes gestos banais também fosse contabilizado e somado em cada mês.O estudo vinha a propósito de um outro estudo feito por neuro-cientistas, que provavam que os três primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento integral das crianças e, que nestes anos-chave a proximidade do pai é essencial.
Dos três primeiros anos, o mais importante é o primeiro e, deste, os meses mais decisivos são os três primeiros. Ou seja, tudo aquilo que conseguirmos investir num bebé nos primeiros meses de vida é um investimento mais que seguro. Em termos de desenvolvimento afectivo e neurológico, leia-se.
Na realidade muitos pais e mães ainda desconhecem esta verdade científica sobre a importância e o valor dos três primeios anos (e dos três primeiros meses!)e desperdiçam esta oportunidade de ouro para potenciar os talentos dos seus filhos.Mário Cordeiro, pediatra, disse, recentemente, que muitas birras e até problemas mais graves poderiam ser evitados, se os pais conseguissem largar tudo quando chegam a casa, para se dedicarem inteiramente aos seus filhos durantes dez minutos.
(Para ler o artigo na íntegra, clique aqui)

SANTA JOANA: Jogos Amizade

Integrado nas comemorações dos 20 Anos da Freguesia de Santa Joana, o Conselho de Juventude de Santa Joana, com o apoio da Junta de Freguesia de Santa Joana, vai organizar, nos próximos dias 1 e 2 de Julho de 2005, uma actividade denominada “Jogos Amizade – Jogos sem fronteiras... em Santa Joana”.
Esta iniciativa tem como principal objectivo promover o espírito de amizade e sã convivência, nunca descurando o aspecto competitivo que este tipo de jogos estimula. Os referidos jogos terão início, em ambos os dias, por volta das 21 horas a está previsto que terminem depois da meia-noite.
No primeiro dia haverá cinco jogos para todas as equipas e, no segundo, quatro jogos, incluindo uma prova de cultura. O encerramento dos jogos, no dia 2 de Julho, será realizado com a actuação do grupo Polk, constituído por jovens da Freguesia de Santa Joana, que irão apresentar um trabalho denominado "Tu hás-de ver - Tributo aos Quadrilha".
Haverá prémios de presença para todas as equipas participantes, que serão entregues durante o espectáculo final.

Um artigo de D. António Marcelino

Um homem novo, mais humanizado e feliz
Não sou, por temperamento, nada pessimista e muito menos apocalíptico. Mas, quando se respira o ar que temos à nossa volta e sentimos, por perto, a vida e a contra vida que nos cerca, não podemos ficar indiferentes, pensando, ingenuamente, que tudo passa depressa e não se deve perder tempo com os ambientes sociais poluídos.
Tenho presente a palavra de um homem atento à vida da sociedade, à missão da Igreja e às correntes de pensamento e de acção que as vão tocando e desafiando. Para além da clarividência de pensamento humanista, está a visão antecipada do profeta, que anota e previne. Refiro-me a Paulo VI que, em 1975, disse aos cristãos, num documento importante sobre a Evangelização, estas palavras: “Perante os estratos da humanidade que se transformam, o mais importante para a Igreja é chegar a atingir e como que a modificar, pela força do Evangelho, os critérios de julgar, os valores que contam, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade, que se apresentam em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio da salvação.”(EN 19)
Respeito quem concebe a vida alheia a valores espirituais e morais, nega Deus, e decide viver à revelia da tradição religiosa e da cultura. Mas não fico indiferente, quando esta atitude se torna militante e pretende fazer esquecer o nosso património cultural e religioso, impondo caminhos morais que nada têm a ver connosco, por se vazarem à margem da transcendência, e modelos de vida inspirados num laicismo sem alma.
Nunca se viu, nem se verá, gente que matou Deus no seu coração e pretende apagá-lo das consciências e das páginas da história e da vida, por inútil e desnecessário, a ficar, por este motivo e ao mesmo tempo, com mais capacidade para criar um homem novo, mais humanizado e mais feliz. A história passada e recente, que uns esquecem depressa e outros não lhe toparam os horizontes, mostra esta impossibilidade, com muitas marcas de sangue e de destruição, que atingiram e arruinaram pessoas e povos.
Estamos perante uma militância ateia e laica que, embora pouco numerosa, denuncia, ameaça, persegue e ressuscita fantasmas, arvorando-se em juiz, sem apelo, das pessoas e instituições, mestra única da pátria, tentando impor os campos do bem e do mal.
O que está a acontecer entre nós, em aspectos tão diversos como a educação, os costumes, os comportamentos públicos, a contestação da autoridade, gerando novos e excêntricos modelos de família e de vida, arbitrariedades sem freio, sanha anti-religiosa, obedece a projectos organizados, que ridicularizam os valores, envenenam as fontes onde se inspiram os critérios e os modelos de vida mais sãos, matam as referências da dignificação e humanização, de que a sociedade está cada vez mais carecida.
É verdade que, mesmo tendo nós valores assumidos, nem sempre conseguimos ser-lhes totalmente fiéis. Mas uma coisa é ter uma luz que ilumina o caminho a quem se perdeu na noite da aventura, da fraqueza ou da negligência, outra, bem diferente, é apagar essa luz, porque o vazio interior dispensa ajudas de fora, e a linha que demarca o bem e o mal se eliminou, porque é incómoda, mutiladora da liberdade e cheira a controlo moral e religioso.
O homem novo, humanizado e feliz, não dispensa a luz do alto, os valores que dão sentido à vida, a verdade que liberta interiormente; não dispensa Deus e quanto Ele significa, exprime e alimenta; não dispensa os outros, mão estendida que ajuda e é ajudada; não dispensa o amor, frente à intolerância, ressentimento, indiferença e ódio; não dispensa uma visão respeitosa da vida e das pessoas que a respeitam, como dom inestimável; não dispensa os gestos que acordam os bons sentimentos. O homem novo é sempre um homem vivo, que se alimenta da verdade que não muda nem morre.

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