domingo, 26 de junho de 2005

POSTAL ILUSTRADO

Posted by Hello Fátima: Basílica, antes do nascer do Sol

"ENTRETENIMENTO: valores e contradições"-2

Posted by Hello Jorge Leitão Ramos O ócio dá curso à fantasia
Para António Pinto Ribeiro, ensaísta e programador cultural da Gulbenkian, “a cultura humana nasce toda ela do jogo”, desde tempos imemoriais, sendo muito difícil estabelecer a fronteira entre cultura e entretenimento. E este não é uma actividade banal nem deve ser “diabolizado”. “A dignidade humana não está no entretenimento em si, mas no uso que dele se faz”, afirmou. O conferencista alertou para o facto de os media se terem “apropriado” do entretenimento, que muita gente consome sem regra, o que leva “à desumanização e à passividade dos cidadãos”. No entanto, garantiu que há excelentes televisões, rádios e jornais, no meio de outros órgãos de comunicação social “desprovidos de inteligência”. E acrescentou que há pessoas que não podem desligar a televisão, porque não sabem ou não podem fazer mais nada, precisamente “porque não foram educadas” para fazer outras coisas. Disse que a cada um cabe entreter-se segundo as suas capacidades, defendendo as tertúlias e as conversas à volta de livros e de outros interesses culturais, sendo certo, como frisou, que os contos e as fábulas fazem parte da nossa oralidade. As fábulas têm a particularidade de nos mostrarem toda a natureza viva a falar, disse. Por outro lado, recordou que o ócio tem inúmeras variáveis, desde o passeio por jardins e parques, “como a borboleta que anda sem destino certo”, sendo ainda uma mais-valia para nos encontrarmos com as pessoas, com as coisas e com o mundo. “O ócio, o nada fazer, é dar curso à fantasia”, referiu.
O óbvio não é o mais divertido
Por sua vez, Jorge Leitão Ramos, jornalista e crítico de cinema do “EXPRESSO”, recordou que a sétima arte demorou muito a ser olhada como tal. Disse que o cinema tem de ser popular porque a sua produção e distribuição se apoiam em estruturas muito caras, e garantiu que “a moral tanto pode estar nos filmes de cow boys como nas tragédias”. Recordou que os filmes nos devem levar a pensar, fazendo cada um a sua leitura. Num filme de Charlot, a criança ri-se com o artista a tropeçar e o adulto culto “medita sobre a tragédia humana”, disse. Noutra passagem da sua intervenção, sublinhou que é preciso combater a ideia de que tudo é simples e fácil, enquanto recordou que “o óbvio não é o mais divertido”. Aliás, referiu que o gosto pelo fácil cria “um vazio mental”, gerando pessoas “sem coluna vertebral”. Frisou, entretanto, que se tem proclamado que “a vida deve ser fácil”, ao mesmo tempo que estamos a ser educados para o “imediatismo, como valor a cultivar”. Por outro lado, defendeu que o “mal é a ausência de sentido para a vida” e que a sociedade de consumo “remeteu o silêncio e a utopia para o caixote do lixo”. Também recordou que o problema do nosso tempo não é a falta de cultura (nunca houve tantas propostas culturais como nos dias de hoje), tendo denunciado que “a cultura de massas nos oferece programas que se tornam abafantes”.
Fernando Martins
(Mais considerações sobre este tema das Jornadas da Pastoral da Cultura nos próximos dias)

sábado, 25 de junho de 2005

Eugénio de Andrade

MOMENTOS INESQUECÍVEIS 

Mil Folhas, um suplemento do “PÚBLICO” aos sábados, vem hoje dedicado ao poeta Eugénio de Andrade, recentemente falecido. Quem gosta de poesia, não pode deixar de ler esta oferta do “PÚBLICO”, que mais não é do que uma homenagem e um documento para guardar, depois de bem meditado. 
Na apresentação, sublinha-se que “não passa em revista a vida e a obra do poeta”, como costumam fazer os suplementos literários, mas é tão-só “um lugar onde alguns amigos de Eugénio vieram despedir-se dele. E fizeram-no falando-nos do Eugénio vivo, já que não há outro do qual se possa falar”. 
Textos e imagens de muitos amigos do poeta mostram-nos quanto Eugénio de Andrade era apreciado e que lugar ocupava e continua a ocupar no panorama cultural do nosso País, onde a poesia é a expressão máxima da sensibilidade do nosso povo.
Agustina, António Ramos Rosa, Eduardo Lourenço, Eduardo Prado Coelho, Frederico Lourenço, Gastão Cruz, Graça Morais, Herberto Helder, Isabel Pires de Lima, José Pacheco Pereira, José Tolentino Mendonça, Mário Cláudio e Vasco Graça Moura, entre outros, oferecem-nos momentos inesquecíveis.

Fernando Martins





Um poema de Eugénio de Andrade
 
 Os amigos

Os amigos amei 
despido de ternura fatigada; 
uns iam, outros vinham, 
a nenhum perguntava
porque partia, 
porque ficava; 
era pouco o que tinha, 
pouco o que dava, 
mas também só pedia
a liberdade; 
por mais amarga

Nota: Poema publicado no MIL FOLHAS

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Posted by Hello Santuário de Fátima: Presépio do recinto

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Posted by Hello Santuário de Fátima, antes do nascer do Sol

Um poema de Ruy Cinatti

Posted by Hello Ruy Cinatti ESPELHO Não serei capaz de entrar em minha casa se não vencer o medo na alma. Mas tenho que entrar na minh'alma para vencer o medo que paira em casa. Nota: Poema inédito e publicado em edição para assinalar a Jornada da Pastoral da Cultura.

"O ENTRETENIMENTO: valores e contradições"

Posted by Hello D. Manuel Clemente A Igreja tem de fazer uma conversão cultural
em todas as áreas da pastoral Decorreu em Fátima, ontem e hoje, uma Jornada sobre “O entretenimento: valores e contradições”, promovida pela Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicação Social, com a participação de representantes de diversas dioceses do País. Uma dezena de especialistas de diversas áreas do saber deu o seu contributo à reflexão que há muito se impõe e que a Igreja católica não tem descurado, apesar de tudo, no sentido de dinamizar o diálogo entre fé e cultura. “O encontro entre cultura e fé não é apenas um desafio da cultura; é também uma exigência da fé”, sublinha-se, aliás, no “site” do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura. D. Manuel Clemente, Bispo Auxiliar de Lisboa e presidente daquela Comissão Episcopal, afirmou que a Jornada pretende motivar as pessoas da Igreja para olharem para a importância do entretenimento, no sentido de que “a vida, a festa e os tempos livres são realidades que não podemos deixar de considerar”. Referiu que “o Evangelho tem de incidir nesta área cada vez mais alargada da vida das pessoas”, tendo ainda afirmado que o entretenimento “pode ser fruto do envolvimento pessoal e criativo de cada um”. José Tolentino Mendonça, padre e poeta, mas também director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, adiantou, em jeito de mote, na abertura dos trabalhos e citando o Vaticano II, que “não há cultura que não seja do homem, pelo homem e para o homem”. Frisou que a Igreja “necessita de fazer uma conversão cultural em todas as áreas pastorais”, e disse que urge valorizar uma “rede de complementaridades”, que interligue todos os agentes empenhados nas comunidades eclesiais. Tolentino Mendonça denunciou que “é muito fácil ser pessimista quando se fala de cultura e do entretenimento”, mas logo reforçou que este “é fundamental para a transmissão de valores”, nos nossos dias. Lembrou, entretanto, que “hoje vivemos um drama muito grande, que é o da eliminação da cultura popular”, que está a ser substituída por uma “cultura suburbana, muito desenraizada, na qual há poucas expressões que traduzam a alma das pessoas”. Fernando Martins (continua amanhã)

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