Neste
mês de outubro, em que se assinala o 16.º Aniversário da Ampliação
e Remodelação do Museu Marítimo de Ílhavo, dedicamos a rubrica “A
Nossa Gente” a José Rodrigues Vareta, também conhecido por
“Mestre Vareta”.
Nascido
na Gafanha da Nazaré, a 24 de outubro de 1930, o Mestre Vareta
estudou na Escola Primária da Chave, onde estudou até à 4.ª
classe. Com apenas 14 anos de idade, começou a trabalhar como
ajudante de Carpinteiro Naval nos antigos Estaleiros Mónica, empresa
de referência na construção de navios da frota bacalhoeira
nacional.
Tornou-se,
depois, Carpinteiro Oficial passando pelas suas mãos navios como o
“Condestável”, o “Lutador” ou o “Inácio Cunha”,
destacando o “Celeste Maria” e o “Ilhavense” como muito
especiais. Tempos bons aqueles em que via partir os navios para a
Faina Maior, a pesca do bacalhau à linha praticada por homens e
navios portugueses durante os séculos XIX e XX, regressando meses
mais tarde, abastecidos de bacalhau, ao Cais dos Bacalhoeiros, na
Gafanha da Nazaré, onde, sempre que podia, os ia apreciar.
Reformado
desde os 65 anos, passou a dedicar-se à construção de miniaturas
de barcos e outros apetrechos de madeira, autênticas réplicas de
navios bacalhoeiros, dos seus dóris e de diversos utensílios usados
pelos pescadores, como o foquim ou a bilha
O
Mestre Vareta estará para sempre ligado à Sala da Faina Maior
Capitão Francisco Marques do Museu Marítimo de Ílhavo: fez parte
do grupo que construiu, em tamanho real, o belo iate da pesca do
bacalhau que se encontra no centro daquela sala, representando um
navio típico das primeiras décadas do século XX.
Talhado
a meia água ou pelo limite inferior do convés, permite aos
visitantes ir a bordo e tocar todos os elementos materiais que faziam
parte da grande faina. Foi um desafio lançado pelo Capitão
Francisco Marques que José Vareta aceitou com muito orgulho,
recordando o antigo Diretor do Museu Marítimo de Ílhavo como “um
homem com muitos conhecimentos, muito saber e muito simples”.
Com
quase 87 anos de uma vida preenchida, o Mestre Vareta continua a
fazer aquilo que mais gosta, laborar minuciosamente a madeira,
imprimindo arte e amor nas suas peças e recordando, com saudade,
histórias da sua vida profissional, tendo sempre como premissa
manter-se ativo e útil.
Fonte: Agenda "Viver em..." da CMI, mês de outubro.
Nota: Congratulo-me com a distinção atribuída a Mestre Vareta, que conheço desde sempre. Era eu jovem, quando o mestre veio residir para bem perto da minha família. Sempre o vi e apreciei como um homem sereno, trabalhar e respeitado por toda a gente. O mesmo fazia ele em relação a todos.
A vida dá sempre muitas voltas e o Mestre José Vareta mudou-se para o lugar da Chave, onde ainda vive. E reformado, não descurou a seu gosto pela carpintaria naval, construindo agora miniaturas, como refere a agenda "Viver em..." da CMI. Entrevistei-o há meses e gostei de o ver como sempre o vi: feliz com a vida que Deus lhe tem dado. Ele merece. Um abraço de parabéns.
Fernando Martins