sexta-feira, 12 de novembro de 2010

As modas: Av. Dr. Lourenço Peixinho precisa de rejuvenescer

Av. Dr. Lourenço Peixinho


Ontem passeei um pouco pela Av. Dr. Lourenço Peixinho para matar saudades. Andava uma equipa atarefada a arrancar árvores e a transportá-las para fora daquele espaço que foi, outrora, a sala de visitas da cidade. Era por ali que aos domingos, dia de folga, eu passeava com minha mulher e filhos, para ver as montras e para equacionar eventuais compras. Depois, chegada a hora do lanche, entrávamos num café ou numa pastelaria para saciar os apetites, que gente nova precisa de comer com frequência. Também havia o Parque Infante D. Pedro, como zona que atraía as pessoas, sobretudo no Verão.
Quando surgiu o OITA, a sala de visitas mudou-se, em grande parte, para aquele novo centro, onde não faltavam novidades para todos os gostos e apetites. Mal se podia passar pelos corredores e pelas escadas que davam acesso aos quatro pisos. As novidades sempre atraíram as pessoas e continuam a atrair. Gostamos de visitar o que aparece, gostamos de apreciar as inovações, gostamos de ver as novidades. Mas o OITA de hoje já não atrai o público como antigamente. Vi por lá muito pouca gente. As lojas praticamente sem ninguém, num dia de semana à tarde. Novas propostas nasceram e outros desafios desviaram as nossas atenções.
Presentemente, as salas de visitas são outras. As Glicínias e o Fórum despertam os interesses das populações, com ofertas sedutoras e variadas. O pessoal está todo voltado para aqueles espaços.
Pensa-se em revitalizar a antiga Av. Dr. Lourenço Peixinho. Há muitos aveirenses envolvidas no processo da sua reconstrução. Oxalá consigam descobrir uma forma de dar vida nova àquele espaço, para que ele não fique reservado apenas para zona de passagem, sem motivos que nos desafiem a ficar.

FM
 

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O dinheiro tanto fecha os olhos ao pobre como ao orgulhoso



O gigante e o anão

António Marcelino


Parece que a esperança da salvação do país virá agora da China. De lá veio, já desde há anos, a ruína do pequeno comércio, porque ninguém pode competir com quem de lá veio e encheu cidades e vilas de novas lojas dos 300, com patrocínios dos nossos governos, que os de cá não têm, nem nunca tiveram. E ainda não sabemos tudo. Nem sei se alguma vez o saberemos. Até os governantes democráticos cultivam tabus de seu interesse e nem sempre dão contas de tudo.
O senhor da China passeia-se disponível pela Europa, no meio de manifestações a favor e contra, para comprar as dívidas dos países falidos ou à beira da falência, e propondo-se assinar acordos que lhe permitam acessos sempre crescentes e sem regresso. Quem só vê o dinheiro que precisa, nem se interroga sobre a fonte que o produz e como se acumulam biliões num país com milhões de pessoas forçados a viver como escravos. Para ajudar a Europa virá agora dinheiro de um país que tem o último Prémio Nobel da Paz na prisão, milhares de trabalhadores expropriados na sua terra, gente sem voz para reagir à injustiça, muitos que vivem sob o fio ameaçador da pena de morte, verdadeiros proletários obrigados a produzir sem direitos, milhões de cidadãos proibidos de sonhar com uma vida livre. Mas, como se diz que o dinheiro não tem cor…

Fátima Ribau: Uma catequista persistente


Fátima Ribau

A mais antiga catequista
da Gafanha da Nazaré em actividade



Fátima Ribau, funcionária aposentada da Junta de Freguesia, é a mais antiga catequista no activo da nossa comunidade. Viúva, duas filhas e seis netos, cuidou de duas crianças, agora adultas, filhas de uma família pobre e desestruturada, ainda a viverem consigo. Estudante voluntária, na juventude e quando casada, licenciou-se em Português e História e tirou o curso Básico de Teologia no ISCRA (Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro). Participou também em inúmeras acções de formação ao nível da Catequese.
Neta de Manuel Ribau Novo (Ribau da Russa), um dos grandes obreiros da construção da nossa igreja matriz, Fátima Ribau naturalmente viveu os problemas da comunidade com muito empenho. Começou a dar catequese em 1962, com 15 anos apenas, depois de ter estagiado dois anos, ajudando catequistas mais experientes. O responsável na altura pela organização e dinamização da catequese era o Padre José Manuel, coadjutor do Prior Domingos Rebelo.
Recorda que já havia fichas de inscrição das crianças da catequese, catecismos e guias para os catequistas. As Senhoras Mestras, que ela ainda frequentou para se preparar para a Primeira Comunhão, tinham dado lugar aos novos catequistas, agora sob orientação mais programada.
Recordando os seus primeiros passos como educadora da fé, cita a Fernanda Matias, como a catequista que mais a marcou pela sua dedicação à catequese. E acrescenta que há décadas havia muito o espírito de levar as crianças a recitar orações e fórmulas, embora já houvesse orientações no sentido de ajudar «as crianças a sentirem a presença de Deus na vida, com a indispensável colaboração das famílias».

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Na catedral de Sagrada Família não trabalha só o prodígio da altura


Começou o Século XXI

José Tolentino Mendonça


A Sagrada Família não trabalha só o prodígio da altura. Nestes tempos, como dizia Pierre Bordieu, tão afunilados numa desvitalizante miséria simbólica temos aqui o dinâmico esplendor do símbolo



O Papa Bento XVI deu início, em Barcelona, ao Século XXI. Um dia comentar-se-á assim a primeira sagração que se fez de uma parte da catedral da Sagrada Família. Ainda faltam construir três quartos, as melhores previsões atiram a sua conclusão para 2025 ou 2030, mas o actual momento da obra, com a finalização e funcionalidade da nave central, coberta com um inesquecível céu de colunas arborescentes, representa a viragem há muito desejada.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Livraria Lello: notável pela arquitectura interior





Durante a minha vida, passei diversas vezes pela célebre livraria Lello, que ostenta a fama de pertencer a um grupo restrito das mais belas do mundo. De facto, ali tão perto da também célebre Torre dos Clérigos, tudo  faria crer que eu a  tivesse visitado, mas assim não aconteceu, por razões que desconheço, já que sou um frequentador assíduo de livrarias. A fachada é notoriamente  diferente das que a ladeiam, dando por isso nas vistas. A verdade é que lá fui pela primeira vez há dias, aquando da minha visita ao Porto. A sua beleza e fama estão na arquitectura do seu interior, realmente histórica e digna de ser vista. Não há quem lhe fique indiferente e julgo que é por isso que há sempre quem entre e aprecie com gosto. Aconteceu comigo. Fotografei de um lado e de outro, subi para desfrutar a livraria Lello por todos os cantos. E até desci à cave onde há umas tantas edições,  próprias, de bolso,  provavelmente únicas, no género.


Cá estão visitantes de máquina em punho, fazendo o que eu havia feito, depois de outros me convidarem, pelo seu exemplo, a fotografar. Pelo que vi, o interior é chamariz para muitos turistas. Portugueses e estrangeiros, havia no rosto de muitos um certo ar de espanto. Depois lá olhavam para os livros.


Livros em estantes antigas, em expositores e em prateleiras. Edições recentes de publicações novas. Edições de livros mais antigos. Tudo como na maioria das livrarias. Menos livros do que em livrarias modernas. Um casal estranhou, como eu estranhei, não haver edições de colecção, para além de algumas num recanto. O gerente, que estava na caixa, convidou o casal, com aspecto de gente endinheirada, a acompanhá-lo ao seu gabinete, onde teria, provavelmente, o que procuravam. Como não sou coleccionador de obras ou edições  raras, fiquei no espaço comum. Ao fundo, uma vagoneta com livros, pronta para deslizar sobre os carris. Como decoração, claro.
Confesso que, para além do aspecto arquitectónico  da  Lello, fiquei um tanto ou quanto desiludido. As suas ofertas são muito inferiores às de muitas livrarias que apostam em chegar a grandes número de eventuais compradores, com obras variadas  para todos os gostos. Valeu a visita pelo símbolo de uma época que ela  representa, mas que já não volta. O comércio de livros exige espaços mais funcionais, com arrumações que chamem e cativem os que que entram. 

Noite ao Luar

Novembro, sábado, 13, a partir das 15 horas,
no Centro Cultural de Ílhavo




Esta segunda edição da Noite ao Luar vai recriar a velha tradição dos contos à volta da fogueira, com jovens e crianças, lembrando os segredos e o imaginário de Outonos de antigamente. O S. Martinho e as castanhas, para animar o pessoal, garantindo tradições válidas.

PROGRAMA:

A partir das 15h00

Mostra de Artesanato
Mercado de Trocas e Vendas
Contadores de Histórias
Espectáculo e Workshop de Marionetas
Workshop de Dança
20h30 Caldo Verde e Castanhas
22h00 Concerto de Música e Dança

Visita de amigo emigrante

João Carlos


PRECISAMOS DA CULTURA DO NOSSO POVO


Há dias recebi a visita de um amigo emigrante, radicado há 30 anos nos EUA, mais concretamente em Elizabeth, New Jersey. Foi, enquanto jovem, meu vizinho e esteve recentemente em Portugal uns dias para celebrar o 80.º aniversário de seu pai, José Vareta, que reside na Gafanha da Nazaré. É ele o João Carlos Neto Rodrigues, filho do referido José Vareta e da Alice Neto, falecida há muito tempo.
Foi um prazer receber este nosso conterrâneo, pela simpatia e pela oportunidade de me levar a recordar tempos idos. É casado com a Fátima, natural de Sangalhos, e tem dois filhos, o André e a Lídia. Os filhos, americanos, não escondem o seu orgulho pelas origens dos seus antepassados e até «se assumem como portugueses», lembra o João Carlos.
Depois de evocarmos os seus avós, Manuel de Mira e Maria Merendeiro, o João Carlos fez questão de dizer quanto aprecia o meu blogue, que considera «uma janelinha por onde nós espreitamos para ver Portugal e a nossa terra; é uma fonte positiva de informações».
Formado em fisiologia, é presentemente investigador analítico numa empresa de fármacos genéricos, profissão que o faz feliz. Mas não deixou de lamentar o estado de abandono em que se encontram os emigrantes. «Os Governos não apoiam nem mostram interesse pelo ensino da Língua Portuguesa; nós pagamos pelo ensino do Português aos nossos filhos menores o que aqui se paga pelos filhos que frequentam as Universidades», adiantou.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Unidade de Cuidados Continuados vai ser inaugurada

Unidade de Cuidados Continuados


Presidente da CMI e provedor em visita à Unidade a inaugurar

No próximo sábado, 13 de Novembro, pelas 11.30 horas, vai ser inaugurada a Unidade de Cuidados Continuados Integrados, com a presença da ministra da Saúde, Ana Jorge. Trata-se de uma obra de largo alcance social, da iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo. Isto mesmo foi hoje anunciado pelo provedor, Fernando Maria, e pelo presidente da Câmara Municipal, Ribau Esteves. No dia 15 começam a entrar os doentes, dando-se, assim, início à actividade desta Unidade de Saúde.

Ruas da Gafanha da Nazaré: Rua 1.º de Maio

Rua 1.º de Maio

Homenagem legítima ao trabalhador

Se pensarmos bem, o nome de cada rua é uma lição de história. Internacional, nacional, local. Santos, heróis, artistas, reis, navegadores, professores, sábios, cientistas. Gente que fez história e de estórias. Mas também de gente humilde, que foi exemplo para o comum do cidadão. A rua de hoje — 1.º de Maio — é uma homenagem ao trabalhador que, há décadas, era explorado pela indústria nascente.
A Rua 1.º de Maio estende-se da Rua Camilo Castelo Branco até à Rua Padre Américo. Atravessa um núcleo populacional recente, com prédios novos, ocupando um espaço na antiga zona agrícola da Marinha Velha.
Em 1886 surgiram nos EUA as primeiras manifestações de trabalhadores a exigirem 8 horas de trabalho diário, o que provocou respostas violentas por parte da polícia. Aconteceu em Maio e uma greve geral mostrou o descontentamento reinante contra a exploração do homem pelo homem.

domingo, 7 de novembro de 2010

Bento XVI celebra «génio» de Gaudí

Basílica da Sagrada Família de Gaudí

Papa repete convite 
à redescoberta de Deus e elogia beleza
da basílica da Sagrada Família

«Bento XVI celebrou este Domingo, em Barcelona, o “génio” de Antoni Gaudí ao dedicar ao culto a igreja da Sagrada Família, um "milagre arquitectónico" que elevou à categoria de basílica.
Segundo o Papa, que falava perante uma igreja completamente repleta, obras como esta ajudam a “mostrar ao mundo o rosto de Deus, que é amor e o único que pode responder ao desejo de plenitude do homem”.
“Essa é a grande tarefa, mostrar a todos que Deus é o Deus da paz e não da violência, da liberdade e não da coacção, da concórdia e não da discórdia”, disse na homilia da Missa de consagração do templo, em construção há mais de 125 anos.
Para Bento XVI, esta celebração é de “grande significado” numa época em que “o homem pretende edificar a sua vida de costas para Deus, como se já não tivesse nada a dizer-lhe”.»

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Fome em Portugal

Nos refeitórios sociais a procura quase triplicou

Foto do PÚBLICO de hoje


A classe média está a chegar à sopa dos pobres
Natália Faria

«Ficaram sem ter como pôr comida na mesa e começam agora a engrossar as filas nas instituições que prestam ajuda assistencial. Muitos dos 280 mil portugueses que dependem dos cabazes do Banco Alimentar contra a Fome são da classe média. Tinham emprego, férias, acesso à net e tv por cabo, cartão de crédito. Ficaram com uma casa para pagar ao banco, um subsídio de desemprego que tarda a chegar - quando chega - ou que já acabou. Um carro que já não sai da garagem.»

 
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A propósito da fome que grassa no país


Padre João Gonçalves, director das Florinhas do Vouga, alerta:

Padre João
É urgente inventar


«As valências que mais me entusiasmam não são as chamadas valências clássicas (Creche, Jardins-de-Infância, ATL e Lares); isto qualquer instituição pode fazer», frisou o Padre João Gonçalves. E, com ênfase, sublinhou: «O que é preciso é que as instituições saiam dos próprios muros; é preciso avançar para valências atípicas; é urgente inventar, com imaginação e objectividade, respostas a novas emergências sociais, que trazem muitas carências!»
E no mesmo tom, o Padre João, que ainda é capelão hospitalar e Coordenador Nacional da Pastoral Prisional, afirmou: «Não nos podemos acomodar, fazendo só o que está estabelecido; eu acho que a nossa imaginação tem de ir muito além disso, respondendo aos desafios que a sociedade nos traz.»
Reforçando a importância da imaginação na luta contra a pobreza e pela inserção social, o nosso entrevistado lembrou o problema do desemprego em crescendo no nosso país, mas ainda alertou para a necessidade de combatermos a solidão. E sobre esta questão, garantiu que já tem mais um projecto a «fermentar», que se resume em organizar voluntários para acompanharem idosos em solidão.

FM



PÚBLICO: Crónica de Bento Domingues

(Clicar na foto para ampliar)


TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 209

PELO QUINTAL ALÉM – 46



A ROMÃZEIRA

A
Juventino
e Herdeira
Caríssima/o:

a. A plantação da primeira romãzeira obedeceu a uma lógica interesseira: os grãos da romã são muito apreciados cá em casa. Havia já uma que dava frutos pouco convidativos, azedos; e ainda uma outra que em tempos (há quantos anos!) trouxera da casa do Juventino mas que, sendo das doces, só muito poucas vezes nos brindou com escassos frutos. Em horto especializado comprou-se a garantia de romãs de óptima qualidade! E de novo a expectativa ficou aquém do prometido... que o doce esperado nunca apareceu...
Finalmente de casa de gente boa e amiga veio uma plantazinha que já este ano nos regalou com duas belas, magníficas romãs e, finalmente, das boas, daquelas que os grãos são mesmo doces!

e. As nossas memórias tragam grãos de romãs azedos, mas bonitos...

i. A utilização da romãzeira é usual em jardins e é crescente o seu cultivo em vasos, adaptando-se a varandas e pequenos espaços.
As romãs, cujas sementes, envoltas por uma polpa translúcida e líquida, são as partes comestíveis e apresentam um sabor doce e suavemente adstringente, podem ser consumidas ao natural, em saladas de frutas ou na forma de sumos, geleias e vinhos.
Em Portugal é muito utilizada no Natal e Fim do Ano.

o. Indicações medicinais: afecções da boca, olhos e pele, amigdalites, cólicas intestinais, envelhecimento, doenças cardíacas.
Propriedades: anti-séptico, antiinflamatório, antioxidante, adstringente, diurético.
As folhas, casca da raiz e do fruto são usadas para efeitos medicinais. Os frutos são ricos em ácido gálico, grenalina e tanino. A casca da planta, de sabor acre, é utilizada em gargarejos no tratamento da amigdalite (inflamação das amígdalas e gengivas).

sábado, 6 de novembro de 2010

Arte na rua: Garrett na porta do Hotel Teatro

(Clicar na foto para ampliar)

Em Sá da Bandeira, no Porto, no Hotel Teatro, de linhas modernas e convidativas, registei, com prazer, este poema de Almeida Garrett. Decerto uma homenagem ao escritor multifacetado e renovador do Teatro Português, Almeida Garrett. Nada melhor para um hotel que ostenta o nome de TEATRO.

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Aqui fica o poema...

Seus olhos

Seus olhos — se eu sei pintar
O que os meus olhos cegou —
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.

Divino, eterno! — e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda a alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.

Almeida Garrett (1799-1854)

É PRECISO EDUCAR PARA A ACEITAÇÃO DO PLURALISMO

Sínodo para o Médio Oriente

Anselmo Borges

Passou despercebido entre nós, mas foi um acontecimento importante, a ponto de ter sido objecto de crítica por parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita.
Refiro-me ao Sínodo dos Bispos para a Médio Oriente, que teve lugar no Vaticano de 10 a 24 de Outubro passado. Participaram 185 Bispos, do Médio Oriente e da África do Norte e do Leste, onde os cristãos vivem entre a maioria muçulmana e judeus. Houve representantes das Igrejas ortodoxas e comunidades evangélicas, bem como convidados hebreus e muçulmanos. Os cristãos no Médio Oriente são apenas 1,6%, com tendência a diminuir - teme-se mesmo o seu lento desaparecimento -, por causa da situação político-social.
Logo na primeira sessão, o patriarca de Alexandria dos Coptas, A. Naguib, referiu que nos Territórios Palestinianos a vida é "muito difícil, por vezes insustentável", e que a situação dos cristãos é muito delicada. Lamentou que a política mundial "não tome em consideração suficiente a situação trágica dos cristãos no Iraque". No quadro da expansão do islão político, a partir de 1970, referiu que ele "deseja impor um modo de vida islâmico a todos os cidadãos, por vezes com violência". Evidentemente, o islão não é uniforme e as dificuldades surgem do facto de os muçulmanos "não distinguirem entre religião e política". E afirmou: "Os cristãos sentem-se cidadãos de segunda e precisamos de um reconhecimento que passe da tolerância à justiça e à igualdade, baseado na cidadania, na liberdade religiosa e nos direitos humanos."

Uma reflexão para este fim-de-semana


À procura do tesouro
«Vivemos tempos em que o ritmo do desenvolvimento e da mudança é tão rápido e radical que nem sequer ousamos pestanejar com medo de perdermos algo importante. Só precisamos de pensar na palavra “Internet” ou “computador” para sentirmos o vento da mudança soprar na nossa direção.
Nada disto aconteceu por acaso. Centenas de milhares de mentes brilhantes, criativas e laboriosas contribuíram para criar este novo mundo. E muito pouco desta evolução se realizou sem imenso esforço e sacrifício.»


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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Um livro de Inês Amorim: Aveiro e os Caminhos do Sal

Capa do livro

Marnoto e moço

Um registo de D. João Evangelista de Lima Vidal


Quando vou ao Porto, tenho por hábito passar por um alfarrabista (Sousa & Almeida, L.da), onde encontro livros que já não andam muito pelas bancas dos livreiros. Editados há algum tempo, passam de moda e dão lugar a outros. Tem mais de 50 anos de existência aquela livraria, como me confidenciou o gerente, Joaquim de Oliveira Almeida, pessoa simpática, diga-se de passagem.
Ontem comprei dois livros e muitos outros ficaram debaixo de olho. Aqui falo hoje de “Aveiro e os caminhos do Sal”, (sécs. XV e XX), de Inês Amorim, a autora de um outro, mais recente, “Porto de Aveiro: Entre a Terra e o Mar”.
“Aveiro e os caminhos do Sal” tem edição da Câmara Municipal de Aveiro, com data de 2001. Não o tenho visto pelas livrarias, talvez por estar na posição dos que deram lugar a outras obras. Mas vale a pena ser lido, apreciadas as ilustrações e interpretados os mapas que nos mostram a evolução do salgado aveirense, sobretudo até à fase decadência, que se situa nos finais do século XX, como é sabido de todos.
Aqui fica a referência, sucinta, mas suficientemente capaz de mostrar que há trabalhos que merecem um pouco mais da nossa atenção.

FM

Notícias Breves

Férias divertidas no Natal

A Câmara de Ílhavo aprovou férias divertida para o Natal, destinadas a crianças dos 6 aos 14 anos. Para além do desporto, haverá ainda o recurso a uma língua estrangeira, o Inglês. As inscrições, limitadas ao número de vagas, serão aceites nas Piscinas Municipais de Ílhavo e da Gafanha da Nazaré. Mais informações nos mesmos locais.

Via de Cintura Nascente

Foi inaugurada, no dia 31 de Outubro, a Via de Cintura nascente de Ílhavo. Na véspera, dia 30, foi inaugurado no jardim central da Gafanha do Carmo um monumento que assinala os 50 anos da criação da freguesia.

O moliceiro contado às crianças

“O Moliceiro da Ria — Fantasia e Realidade”, com ilustrações da artista aveirense Sara Bandarra, é o segundo livro do historiador Amaro Neves, destinado ao público infantil.

Concurso Literário Jovem

A CMI organizou um Concurso Literário Jovem para os alunos do Ensino Básico do 1.º, 2.º e 3.º Ciclos, assim como do Ensino Secundário. Os trabalhos deverão ser entregues até 31 de Março de 2011, por mão própria ou pelo correio, na Câmara Municipal.

Programa Vocação 2011

 
Por iniciativa da CMI, vai decorrer o Programa Vocação 2011, durante o ano civil, com interrupção para férias, nos meses de Julho, Agosto e Setembro. É composto por vários projectos, encontrando-se cada um deles dividido em turnos de três meses. A distribuição pelo turno será acordada no início entre os jovens e o responsável. Informações na CMI.

PORTO: cidade invicta

Igreja do Carmo

Ontem foi dia de folga. Melhor dizendo, foi dia de ir ao Porto. Sem horários para cumprir. Apenas, ou quase, para deambular pelo centro, para sentir o palpitar da cidade que sempre me fascinou. Sobretudo por manter a sua inconfundível marca de burgo. Foi dia de caminhar, subindo e descendo, até mais não poder. Podia ter programado umas visitas, mas preferi ir assim, recordando tempos de estudante de há muitos anos. O tempo passou a correr, é certo, mas valeu a pena. Hei-de voltar, de comboio, como desta vez, por ser mais cómodo e mais barato. A terceira idade tem destas regalias, ou direitos. Oxalá a crise nos deixe gozar estes benefícios.
Voltarei a falar desta visita, ao sabor do meu tempo.

FM

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O OE foi aprovado na Assembleia da República, mas...

Em entrevista ao PÚBLICO, Luís Campos e Cunha alerta para o que ainda pode vir por aí




Com o FMI, as medidas não seriam diferentes das que estão no OE


O antecessor de Teixeira dos Santos diz que Sócrates é o verdadeiro ministro das Finanças e defende que a proposta de OE é uma proposta "desesperada"


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Bar-Restaurante no Jardim Oudinot

Abertura de Concurso Público



 Concessão da Concepção, Instalação
e Exploração do Bar-Restaurante
do Jardim Oudinot

O Executivo Municipal deliberou a abertura de Concurso Público para a Concessão da Concepção, Instalação e Exploração do Bar/Restaurante do Jardim Oudinot, junto ao Ancoradouro (e integrando a Guarita), com um preço base de renda mensal de 600 euros e um prazo da Cessão de Exploração de 15 anos, estabelecendo como critérios de adjudicação a ponderação entre a solução arquitectónica apresentada, a proposta de renda mensal e a capacidade de manutenção e limpeza das instalações sanitárias públicas na envolvente e do parque de merendas.
Com esta medida a CMI pretende que sejam criadas novas dinâmicas e vivências no Jardim Oudinot, rentabilizando o edifício da Guarita, apostando na conquista de mais visitantes a este espaço do Município de Ílhavo pela prestação de novos serviços, bem como assegurar com a máxima qualidade a limpeza e manutenção do parque de merendas e dos sanitários públicos disponibilizados na envolvente ao Bar-Restaurante.

Fonte: CMI

Nunca serão os lugares a dar competência às pessoas


Novos e velhos,
uma parceria necessária

António Marcelino


O tema andava-me no espírito desde há muito. Um entrevista de há dias fê-lo vir ao de cima e motivou-me a escrever. Um cirurgião de renome internacional, Gentil Martins, conhecido pelo êxito de operações com siameses, retirou-se há dez anos por reforma. Tendo-lhe sido perguntado se, em casos difíceis como o dos bebés angolanos, que acabaram por morrer, lhe era pedida opinião, dado o seu saber e experiência respondeu: “Não me disseram nada, porque se uma operação destas corre bem, tecnicamente é um brilharete. E eu entendo que não queiram partilhar o brilharete” (DN 19.10.2010). É este o problema. Muitos novos na política, na profissão, na vida social e até em instâncias da Igreja, preferem mais fazer caminho sozinhos do que com outros que os precederam e procurar com eles a melhor maneira de servir a comunidade e o bem de todos. Por este caminho, a solução de problemas que se poderia, quiçá, encontrar com a ajuda dos mais velhos e experientes, redunda, por vezes, em decisão menos acertada.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Municípios de Aveiro reclamam suspensão do plano da orla costeira

A jornalista Maria José Santana escreveu, no PÚBLICO de hoje, que «A Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA) reclama a "suspensão imediata do Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Ovar-Marinha Grande, nas zonas críticas da região", exigindo também "a implementação de medidas complementares das obras já realizadas, de modo urgente e eficaz, visando a salvaguarda de pessoas e bens".»

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Goethe na sua residência romana

A janela

José Tolentino Mendonça


Vi há uns anos na Casa Goethe, em Frankfurt, uma imagem que me tem acompanhado. É uma aguarela de J.H.W. Tischbein que representa Goethe na sua residência romana, situada na conhecida Via del Corso. Vemo-lo de costas, a partir do interior da casa, trajado com a informalidade das horas domésticas. E está à janela. Na verdade, esgueira o corpo e a curiosidade por meia janela apenas. Mas mesmo meia janela, por vezes, é como se fosse o mundo todo. Gosto daquela mistura de descontração e atenção que atravessa a sua figura, daquele estar debruçado (dir-se-ia mergulhado) para uma coisa que só ele vê. Gosto da luz azulada ou branca desse exterior, talvez a luz de uma manhã já alta.
Teixeira de Pascoaes escreveu: «Ai, se não fosse a névoa da manhã/ E a velhinha janela onde me vou/ Debruçar para ouvir a voz das cousas,/ Eu não era o que sou». Eu sei que isso é verdade. Quando fecho os olhos e penso nas janelas que frequentei (nas janelas da infância e da adolescência, donde o visível se avista com um intacto esplendor; nas janelas da vida adulta; nas janelas de lugares próximos ou distantes; nas janelas de passagem; nas janelas fechadas contra a noite ou para ela abertas, numa espécie de silêncio ou súplica…), reconheço a certeza do verso de Pascoaes: «eu não era o que sou».

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Centro Cultural: Música e Dança

Centro Cultural


Participei, ontem, domingo, num espectáculo musical, com organização da Escola de Música Gafanhense e da Casa do Povo da Gafanha da Nazaré. Aconteceu no Centro Cultural, à tarde, e mostrou mais uma vez o que se vai fazendo na nossa terra, ao nível das artes. Neste caso, da música e da dança.
Na impossibilidade de captar imagens do evento, no respeito pelas normas da casa, limitar-me-ei a simples comentários, sobretudo para enaltecer a importância destes espectáculos, não apenas pelo nível alcançado por crianças e jovens, mas ainda pelo valor humano bem patente no que vi.
Vi jovens de ambos os sexos, músicos e dançarinos, que mostraram à evidência o trabalho daquelas duas instituições da nossa terra, garantidamente ao longo de muito tempo, como sinal de que na Gafanha da Nazaré não falta vontade e determinação, quer de quem dirige, quer de quem ensina, quer, ainda, de quem aprende com gosto.
Penso que não é fácil nos dias de hoje pôr de pé projectos desta natureza, em favor da nossa juventude, sendo certo que é preciso ultrapassar outras solicitações da sociedade, qual delas a mais desafiadora. Fúteis muitas delas, sem sentido outras tantas, mais cómodas algumas. E estimular os nossos jovens para as artes, durante o ano inteiro, e mais uns anos e mais outros, será digno de louvor.  Decerto com a colaboração dos pais, mas também de entidades e pessoas, porque tudo ali o pude apreciar.
Os meus parabéns.

Fernando Martins 

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