Rua 1.º de Maio
Homenagem legítima ao trabalhador
Se pensarmos bem, o nome de cada rua é uma lição de história. Internacional, nacional, local. Santos, heróis, artistas, reis, navegadores, professores, sábios, cientistas. Gente que fez história e de estórias. Mas também de gente humilde, que foi exemplo para o comum do cidadão. A rua de hoje — 1.º de Maio — é uma homenagem ao trabalhador que, há décadas, era explorado pela indústria nascente.
A Rua 1.º de Maio estende-se da Rua Camilo Castelo Branco até à Rua Padre Américo. Atravessa um núcleo populacional recente, com prédios novos, ocupando um espaço na antiga zona agrícola da Marinha Velha.
Em 1886 surgiram nos EUA as primeiras manifestações de trabalhadores a exigirem 8 horas de trabalho diário, o que provocou respostas violentas por parte da polícia. Aconteceu em Maio e uma greve geral mostrou o descontentamento reinante contra a exploração do homem pelo homem.
Três anos mais tarde, em 20 de Junho 1889, a Internacional Socialista, reunida em Paris, convocou uma manifestação anual, para o 1.º de Maio, no sentido de manter a luta pelas 8 horas de trabalho diário. Era, de certa forma, uma homenagem aos que morreram na defesa de melhores condições laborais e de menos horas de laboração.
Em 1 de Maio de 1891, numa manifestação em França, morrem dez operários e meses depois, em Bruxelas, a Internacional Socialista proclama o 1.º de Maio como dia internacional para as reivindicações de melhores condições de trabalho. Outros países, sobretudo os mais industrializados, seguem o exemplo dos pioneiros. Havia países em que os operários tinham de trabalhar 16 horas por dia, muitas vezes em condições péssimas e mesmo desumanas. Na nossa terra, nas secas e não só, trabalhava-se de sol a sol.
Em Portugal houve também celebrações do 1.º de Maio muito incipientes. Na primeira República, os sindicalistas chegaram a ser perseguidos e durante o chamado Estado Novo foram proibidas manifestações sindicais. Só com o 25 de Abril, com as portas que se abriram às liberdades fundamentais, é que o 1.º de Maio passou a ser celebrado, como o Dia Mundial do Trabalhador. É feriado nacional e as festas de e com trabalhadores generalizaram-se a todo o território português. Manifestações, comícios, convívios, com organização das Centrais Sindicais ou mesmo sem elas, os nossos trabalhadores, agora debaixo de um conceito mais alargado, sentem este dia como seu, respeitando-o como homenagem a todos os que, com o seu esforço físico e científico, mas também com a sua capacidade criativa, constroem riqueza e alimentam projectos de dignificação do homem e da mulher para os nossos tempos.
Fernando Martins