terça-feira, 9 de novembro de 2010

Visita de amigo emigrante

João Carlos


PRECISAMOS DA CULTURA DO NOSSO POVO


Há dias recebi a visita de um amigo emigrante, radicado há 30 anos nos EUA, mais concretamente em Elizabeth, New Jersey. Foi, enquanto jovem, meu vizinho e esteve recentemente em Portugal uns dias para celebrar o 80.º aniversário de seu pai, José Vareta, que reside na Gafanha da Nazaré. É ele o João Carlos Neto Rodrigues, filho do referido José Vareta e da Alice Neto, falecida há muito tempo.
Foi um prazer receber este nosso conterrâneo, pela simpatia e pela oportunidade de me levar a recordar tempos idos. É casado com a Fátima, natural de Sangalhos, e tem dois filhos, o André e a Lídia. Os filhos, americanos, não escondem o seu orgulho pelas origens dos seus antepassados e até «se assumem como portugueses», lembra o João Carlos.
Depois de evocarmos os seus avós, Manuel de Mira e Maria Merendeiro, o João Carlos fez questão de dizer quanto aprecia o meu blogue, que considera «uma janelinha por onde nós espreitamos para ver Portugal e a nossa terra; é uma fonte positiva de informações».
Formado em fisiologia, é presentemente investigador analítico numa empresa de fármacos genéricos, profissão que o faz feliz. Mas não deixou de lamentar o estado de abandono em que se encontram os emigrantes. «Os Governos não apoiam nem mostram interesse pelo ensino da Língua Portuguesa; nós pagamos pelo ensino do Português aos nossos filhos menores o que aqui se paga pelos filhos que frequentam as Universidades», adiantou.


Considera, por isso, que os emigrantes são «como filhos bastardos de Portugal; só se lembram de nós quando precisam de dinheiro». E disse mais: «Não há a promoção da cultura portuguesa; estamos cansados de ouvir falar da cortiça, dos vinhos e dos Descobrimentos Portugueses; Portugal é muito mais do que isso; não precisamos do dinheiro do nosso país; precisamos é da cultura do nosso povo, das nossas raízes.»
Referiu mais uma vez a importância dos elos de ligação com a nossa terra, através do Pela Positiva, porque «nos mantém a par do que aqui se passa; e não são só os da Gafanha da Nazaré, mas da região; alguns até me dizem que gostavam que escrevesse mais sobre as terras deles».
O João Carlos frisou que os emigrantes são, na verdade, embaixadores de Portugal, mesmo sem o apoio do Estado, e sublinhou que nas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo há imensa gente de capacidades acima do normal. Há médicos, advogados, investigadores, técnicos de várias áreas e artistas que, no estrangeiro, «elevam alto o nome de Portugal, mas que aqui [Portugal] ninguém conhece».
Obrigado, João Carlos, pela tua visita e pelo teu testemunho. Um abraço para todos os emigrantes.

Fernando Martins

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