sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Um artigo de Carlos Borrego, no JN

Futuro hipotecado Quem for capaz de produzir o mesmo, fazendo uso de tecnologias mais limpas, vencerá
Decorreu em Montreal (Canadá), a XI Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, onde se juntaram os países que ratificaram o Protocolo de Quioto (a chamada COP/MOP) e os que não ratificaram, como os EUA (a chamada convenção das partes). O debate foi marcado pela confirmação do aumento das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) desde 1990, continuando a Administração Bush a opor-se ao cumprimento de limites de emissão para o seu país.
É interessante verificar que já em 1896, Svante Arrhenius, prémio Nobel da Química, foi o primeiro a alertar para o facto de que a revolução industrial, ao "lançar minas de carvão para o ar" iria alterar o clima da Terra. A sua perspectiva era optimista, porque considerava que isso iria providenciar, no futuro, um melhor clima para a Humanidade, "especialmente nas partes frias da Terra". Estava-se muito longe de equacionar a problemática ambiental e ter capacidade para fazer cenários sobre as consequências das mudanças globais, mas percebia-se que estávamos perante mais um exemplo que ilustra o íntimo ciclo de desenvolvimento humano e os sistemas naturais.
Estas emissões de GEE decorrem de uma economia maioritariamente baseada no carbono fóssil (de que o carvão e o petróleo são exemplos proeminentes), tendo, por isso, dado lugar ao que hoje se designa de Economia do Carbono. A reunião de Montreal teve três pequenos pecados e três grandes virtudes
1) Perdemos 13 anos em negociações e conversações. E nestes anos perdidos, entre a Conferência do Rio de Janeiro (1992) onde se lançou a ideia de uma política planetária para resolver o efeito de estufa e esta Conferência de Montreal que pretende projectar o Protocolo de Quioto para além de 2012 (o dito Quioto II), o problema agravou-se.
2) A não participação em Quioto II dos EUA, responsáveis por mais de 25% de todas as emissões, torna-o menos abrangente do que o desejável.
3) Quioto II é menos ambicioso do que o inicialmente desenhado (à custa de tanto querer garantir um compromisso, a UE teve de ir flexibilizando a sua posição).
(Para ler todo o artigo, clique aqui)

Um artigo de Pedro Lomba, no DN

RELIGIÃO E ESTADO
Não quero ser aborrecido, mas há algumas evidências que ficaram por dizer sobre a laicidade do Estado. Primeiro, o Estado não pode coagir ninguém a ser religioso, nem impedir ninguém de ser religioso. Segundo, o Estado não deve subsidiar a religião. Terceiro, o Estado deve proteger a liberdade religiosa. Quarto, o Estado deve garantir a laicidade do ensino público. Quinto, cabe ao Estado proteger os bens religiosos e a segurança dos locais de culto. Sexto, o Estado deve respeitar a Igreja como instituição, os seus membros e os leigos. Sétimo, embora obviamente separado da Igreja, o Estado tem que ser colaborante na sua relação com as religiões e com a presença da religião no espaço público. E, nono, o Estado deve ter bom senso.
Isto tem consequências quem adere a uma igreja ou a um credo religioso fá-lo por opção livre e voluntária. As escolas devem ser neutras em matéria religiosa, mas não devem ser culturalmente assépticas e historicamente ignorantes: o estudo da Bíblia e da História das religiões devem figurar nos programas curriculares. As religiões devem ter direitos iguais, sem que isso crie um igualitarismo radical entre confissões, tendo em conta as suas diferenças de representatividade. Os crimes contra a propriedade da Igreja ou a devassa de locais de culto devem ter condições de punibilidade específicas e qualificadas. O Estado deve ser solene com as autoridades eclesiásticas. A exibição de símbolos religiosos com um sentido predominantemente secular deve ser admitida. E, finalmente, a religião não é só um assunto privado. O respeito pela presença da religião no espaço público implica que as pessoas devem poder exprimir a sua fé como entenderem, o que inclui a liberdade de culto nos feriados religiosos, o direito a manifestações públicas de fé como as procissões e até mesmo, se quiserem, o direito de um político expressar livremente as suas convicções religiosas. Assim é tudo mais equilibrado.

PORTO DE AVEIRO: Ligação ferroviária já pode avançar

Posted by Picasa Porto de Aveiro DECLARAÇÃO DE IMPACTE AMBIENTAL FOI FAVORÁVEL
O Governo acaba de emitir Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável ao projecto da ligação ferroviária ao Porto de Aveiro - Plataforma Multimodal de Cacia. A declaração foi assinada no passado dia 30, pelo Secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa.
"É mais uma etapa superada rumo à viabilização de um projecto que a APA e a região de Aveiro acalentam há muitos anos" - afirma o Presidente do C.A. do Porto de Aveiro." A partir de agora, encontram-se reunidos todos os pressupostos para a obra avançar, na linha do que tem vindo a ser defendido pelo governo, através da Secretária de Estado dos Transportes" - acrescenta José Luís Cacho.
Recorde-se que Ana Paula Vitorino ainda recentemente voltou a manifestar o empenho do governo nesta importante obra, indicando que a abertura do concurso pode ocorrer já em Janeiro de 2006.
A ligação ferroviária foi incluída pelo Governo no Programa de Investimentos em Infra-estruturas Prioritárias.
Aguarda-se agora que a REFER proceda ao lançamento do concurso para a execução da obra.
Se os planos forem cumpridos,a ligação ferroviária pode estar a funcionar em 2008, e a partir dessa data começar a sentir os efeitos do alargamento da área de influência do Porto de Aveiro até Espanha, nomeadamente a Madrid, Burgos ou Valladolid.
Para estas cidades, o porto de Aveiro é "a estrutura portuária mais próxima" - sublinha José Luís Cacho.O projecto envolve a construção de uma plataforma multimodal de mercadorias, em Cacia, a ligação ferroviária do porto de Aveiro à linha do Norte e construção das ligações ferroviárias aos várias terminais da área portuária.
Com um investimento de 68,5 milhões de euros (56,5 milhões para a ligação ferroviária e 12 milhões para a plataforma multimodal), a estrutura de financiamento recebe uma comparticipação em 50 por cento do Fundo de Coesão e 50% PIDDAC e REFER.
Fonte: "Site" do Porto de Aveiro

“DESAFIOS À IGREJA DE BENTO XVI”

Posted by Picasa PERSONALIDADES PORTUGUESAS
REFLECTEM SOBRE
O FUTURO DA IGREJA Editado por Casa das Letras/Editorial Notícias, acaba de sair “Desafios à Igreja de Bento XVI”, da colecção “Religiões”, onde 16 personalidades portuguesas reflectem sobre o futuro da Igreja. São elas de vários quadrantes políticos e religiosos, que só vêm enriquecer, com as suas contribuições, o diálogo entre fé e cultura, uma exigência dos novos tempos e de sempre. Na apresentação da obra, assinada pelo jornalista Alexandre Manuel (Director Editorial) e pelo padre e docente da Universidade de Coimbra Anselmo Borges (Director da colecção), sublinha-se que “a Igreja de Bento XVI vai confrontar-se cada vez mais com esta pergunta dogmática: como defender a inclusão do outro com os riscos da dissolução, pelo outro, do tecido humano e social das comunidades de acolhimento? Por outras palavras: como apostar na causa da inclusividade contra as tensões e pulsões xenófobas, racistas, estruturalmente ‘anti-humanas’, sem descurar os perigos da hiperinclusividade associada a ‘fundamentalismos’ e a ‘terrorismos? Como estar ao lado dos imigrantes, dos refugiados, dos asilantes, dos marginalizados, sem incorrer nas acusações da religiosidade de subversão?” Gomes Canotilho, Adriano Moreira, Guilherme d’Oliveira Martins, António Vitorino, João Duque, João Maria André, Peter Stilwell, Alexandre Castro Caldas, Clara Pinto Correia, Teresa Martinho Toldy, Rui Coelho, Manuel Vilas-Boas, Dimas de Almeida, Januário Torgal Ferreira, Maria Julieta Mendes Dias e Bento Domingues foram as personalidades escolhidas para, com as suas ideias, nos levarem a todos a reflectir sobre os desafios que se põem à Igreja que João Paulo II nos legou, com as nossas contribuições ou com as nossas indiferenças. Para quem não sabe, aqui estão professores universitários, advogados e políticos, cientistas e teólogos, médicos e jornalistas, um bispo católico e um pastor protestante. Os temas são os mais diversos e tiveram em conta as especialidades de cada um: Direitos Humanos e Geopolítica, Política e Europa, Fé e Autonomia, Multiculturalismo e Religiões, Ciências e Bioética, Mulheres e Sexualidades, Comunicação Social e Ecumenismo Cristão, Descentralização, Religiosos e Religiosidades. Como desafio a uma leitora meditada, aqui deixo questões que ilustram a contracapa: Terá o Papa de continuar a governar a Igreja sozinho? Que fazer perante o número crescente de crentes que não frequentam a igreja? Qual o lugar de Fátima na Igreja? Será que a Igreja está, hoje, ao lado dos pobres, imigrantes e marginalizados? Quando verão as mulheres respeitados os seus direitos na Igreja? Como responder à homossexualidade, à sida, à pedofilia? Pode e deve a fé conviver com a ciência? Fernando Martins

NATAL: Um texto de Fialho de Almeida

Posted by Picasa A Bairrada em noite de Natal
No mirante torreado da portaria, defronte do chalet aonde agora fica o hotel, a vista descortina toda a Bairrada, num soberbíssimo leque de montanhas e campinas, e as dunas brancas da Figueira e Costa Nova; e, sobre o pano desdobrado desse leque, aguareladas em pálido, num fundo anil mui caprichoso, trinta ou quarenta povoações esmaltam a monotonia da paisagem, fumando na emurchecida luz das tardes hibernais. O Buçaco é, para assim dizer, o botão terminal para cujo eixo convergem as varetas todas dessa maravilhosa ventarola e aguarela, e o foco acústico de quantos rumores se esgarcem por qualquer ponto daquela enseada formosíssima de vinhedos e couvais. Meia-noite dada, os apelos de quarenta campanários de paróquias rústicas chegaram, chamando à missa, ao mirantezinho quadrado da portaria e, por todas as quebradas do vale, luzes errantes, vagas como pirilampos, começaram a mover-se, em divertidíssimos sentidos, deixando os casais caminhos dos presbitérios, sob a neve diáfana de Dezembro, como uma emigração de almas em busca da celeste bem-aventurança. Com o meu bordão eu apontava e conferia o repique festival daqueles sinos, desde os lugarejos bisonhos de Betão e do Paço, até às paredes brancas de Grade, Anadia, Vila Nova e Vacariça: e em espírito recompunha as cenas emotivas dessa hora sagrada no catálogo das alegrias de família, em cada um daqueles casalitos enterrados na fuligem da noite, por cujas janelas brilhava, aos mendigos das estradas, o olho benéfico do candeeiro de três bicos, aceso ao centro da mesa ornamentada para a ceia de Natal.
Fialho de Almeida In “Pasquinadas”

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Rádio Terra Nova, sempre ao serviço da comunidade


QUASE 20 ANOS A APOSTAR NUMA TERRA NOVA


Se há órgãos da comunicação social que merecem elogios pela sua acção diária em defesa dos interesses da comunidade ilhavense, e não só, a Rádio Terra Nova, a emitir da Gafanha da Nazaré há cerca de 20 anos, é um deles. 
Desde a primeira hora dirigida por Vasco Lagarto, tem sabido, ao longo destes anos, merecer a estima de todos os seus ouvintes, sobretudo pelo esforço com que procura ser a voz dos sem voz nem vez, tanto na denúncia de injustiças, como no anúncio do que de positivo se faz por estas terras de maresia. 
O trabalho dos seus sempre disponíveis profissionais, jovens na sua maioria e notoriamente dinâmicos, ultrapassa as fronteiras de Ílhavo, espraia-se pelos concelhos vizinhos, chega aos píncaros de serras distantes, e projecta-se, via Internet, nos mais recônditos países do mundo, onde houver um português que tenha saudades da Língua Pátria ou goste de saber o que se passa na terra natal.
Ontem, como modesto colaborador e como um dos primeiros que embarcaram na onda das rádios piratas, há mais de duas décadas, tive o privilégio de participar num jantar com muitos dos que fazem ouvir e se ouvem no dia-a-dia na Rádio Terra Nova. Foi um momento agradabilíssimo, enriquecido pela possibilidade de alguns recordarem o que foram os primeiros tempos desta emissora que nasceu com o projecto de contribuir para uma terra nova, terra de mais justiça social, de mais verdade, de mais cultura, de mais participação cívica, de mais entretenimento sadio, de mais fraternidade. 
Daqui, deste meu espaço, desejo, a todos os dirigentes, profissionais e colaboradores da Rádio Terra Nova, ânimo forte para que todos possamos construir um Natal e um Ano Novo muito melhor. 

Fernando Martins

NATAL: Um poema de Carlos Pais

Posted by Picasa Presépio russo Ele anda por aí Ele anda por aí e eu vi-O, na sequência de tantas vidas reveladas, na generosidade de tanta gente consagrada, na sabedoria de tantos idosos felizes, na frescura de tantas crianças imaculadas, na fecundidade de tantos casais dedicados, na fidelidade de tantos lutadores esforçados, na teimosia de tantos pesquisadores da verdade... Eu vi-O! E por isso aqui estou a celebrar, com todos os irmãos e irmãs de boa vontade o Seu Natal. In Voz da Verdade

Um artigo de D. António Marcelino

FREGUESIAS, ESCOLAS,
CENTROS DE SAÚDE,
EXAMES, UM VENDAVAL Penso que as decisões de quem governa, quando têm consequências inevitáveis, são ponderadas, embora às vezes não pareça. Podem é receber luz apenas de um lado e acabam por ficar coxas e sempre agressivas de direitos de cidadãos normais. O país está cansado por ver que quem chega ao poder já traz no saco, como primeiro objectivo, mudar o que os outros fizeram. Também é verdade que, se fosse para ficar tudo na mesma, não era necessário mudar os governos. Mas há modos e limites. Ao bom senso do povo não é fácil dar-lhe a volta quando vê que muito dinheiro se deita fora com mudanças pouco pensadas e, não raro, muitas coisas que agora se fazem, ontem eram criticadas pelos mesmos políticos quando estavam fora do poder. A alternância, que devia ser uma normalidade positiva e esperançosa, não passa, na maioria dos casos, de um ajuste premeditado de contas e de corrida a novos interesses. As mudanças e alterações, agora anunciadas, sucedem-se em catadupa e muitas delas provocam, como seria de prever, dúvidas e forte contestação. Eliminação de freguesias, encerrar de escolas, desactivação de maternidades e urgências, exames que incomodam, alunos preguiçoso e desequilibram estatísticas europeias…Soltou-se o vendaval. Acontece, é o caso das escolas com um número reduzido de alunos, que a procura de melhores condições para a educação justifica que o problema se ponha, não porém sem acautelar as consequências previstas. Eliminar freguesias por esses país fora, em maior número no interior desertificado do país, merece especial cuidado e atenção. A nossa terra é a nossa terra. A sua grandeza não tem que ver com o número de habitantes. A gente da cidade não tem terra, nem raízes, nem história. Isso são coisas do povo atrasado. A Igreja tem igual problema com as paróquias pequenas, mas não pensa resolver o problema eliminando-as. Há outros caminhos que não tocam com os sentimentos. E, quando um dia tudo for evidente, as soluções inevitáveis aceitam-se. Das maternidades, de há muito se vem falando. Agora, é o serviço das urgências nos centros de saúde e nos hospitais. Os políticos locais da cor do regime já se mexem por via dos compromissos eleitorais, mas há sempre maneira de os calar. Calam-se depressa e logo mudam de tom e de razões. É a vida… O povo atingido é o elo fraco e acaba por depor armas. Não é fácil entender. Se o dinheiro dos impostos é igual, porque têm uns tudo ao pé da porta e se queixam sempre, e outros nem sabem onde o têm e se calam… Contenção das despesas, exigências do orçamento? Isto tem muito que se lhe diga e o povo pergunta sempre porque é que por um lado se esbanja tanto com os interesses de poucos e, por outro, se poupa tanto, mas sempre a desfavor dos mesmos. Agora, nem dá para acreditar. Menos exames para o 12º ano! A cortar, diz-se, que seja nos de Português e Filosofia. Deixem-me brincar um pouco, porque a brincar se castigam os costumes. Para menor escândalo corta-se em primeiro lugar o exame de Filosofia. O Português acabará por si, que a hora agora é do Inglês. Filosofia, pode cortar-se já. O choque tecnológico dispensa essa banalidade que não entra nos raciocínios que levam a um progresso competitivo. Ele nem há um prémio Nobel da Filosofia… E, depois, se os jovens se habituam a pensar, a concluir e a aprofundar teorias que outrora deram revoluções, lá se vão as juventudes partidárias… É preciso que o povo conte nas mudanças anunciadas e noutras que o atingem Ou ele agora, para os novos democratas já não ordena, nem muito nem pouco? Teremos de ser sempre os mais pobres, os mais ignorantes, os eternos dependentes?

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

A ACÇÃO SOCIAL NÃO É MONOPÓLIO DE NINGUÉM

Posted by Picasa Irmã Maria Isabel Monteiro
IRMÃ MARIA ISABEL
MONTEIRO:
"A acção social não é
monopólio de ninguém"
"A acção social não é monopólio de ninguém nem pode ser politizada; no momento em que se transformar em bandeira política, acaba a acção social." Este foi um alerta da Irmã Maria Isabel Monteiro, directora da Casa Nossa Senhora do Rosário, da Figueira da Foz, em conversa com o Solidariedade. E logo adianta que "não podemos admitir que as populações sejam exploradas nas campanhas eleitorais".
Conhecedora profunda da problemática social, sector a que se dedica há muito no âmbito da comunidade das Irmãs Doroteias, a que pertence, a Irmã Maria Isabel Monteiro viu já reconhecido o valor da sua capacidade de intervenção social pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, que lhe atribuiu uma comenda da Ordem de Mérito, em 2004, no Dia Internacional da Mulher.
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Maria Isabel Monteiro referiu, em resposta à questão que o SOLIDARIEDADE lhe pôs, sobre os objectivos das IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social), que todas têm de ser a "consciência social das populações", criando desenvolvimento, fomentando a igualdade de oportunidades, estando sempre ao serviço dos mais pobres. No seu caso concreto, e porque a instituição que dirige - Casa Nossa Senhora do Rosário - é uma instituição católica, não pode menosprezar a acção evangelizadora.
No entanto, adianta, o facto de ser uma instituição católica, não significa que pretenda ser um "gueto", porque não fecha a porta seja a quem for. "Somos uma comunidade integradora: temos os mais pobres e temos os que têm posses, possibilitando a convivência entre todos, o que é uma urgência, hoje mais do que nunca", salientou.
Sublinhou que as pessoas "têm de sentir que todas são importantes na construção da própria comunidade", devendo as IPSS estar atentas ao contexto social em que se integram, apresentando-se com uma abertura muito grande, face às exigências dos tempos que correm. "Hoje, perante a multiplicidade de situações de necessidade, e sobretudo à grande heterogeneidade das sociedades, nós temos de estar abertos a todos, trabalhando com todos, porque a pobreza é um conceito muito lato, muito abrangente", disse.
(Para ler mais, clique SOLIDARIEDADE)
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NB: Nas minhas saídas, aproveito para conhecer instituições e pessoas cuja intervenção social e cultural merece ser divulgada. A acção da Irmã Maria Isabel Monteiro poderá servir de estímulo a muita gente.

“A esperança é a alavanca que levanta o mundo”

O Alto Comissário para os Imigrantes e Minorias Étnicas, Rui Marques, esteve no Centro Universitário Fé e Cultura, na noite de 7 de Dezembro, e mostrou a sua visão dos imigrantes, dos recentes problemas sociais em França, ou do caminho que a Europa está a seguir. Uma visão crítica, desassombrada, realista, mas acima de tudo cheia de esperança. Excertos de uma conversa de duas horas.
Conflito ou encontro?
As dicotomias do “ou” devem ser postas de lado. Vivemos um tempo de conflito e de encontro. Tem sido muito acentuada pela dinâmica mediática a dimensão do conflito, desde o atentado às Torres gémeas. Há dimensões importantes de conflito entre o Ocidente e o Islão que importa não ignorar, mas não são as mesmas que os mídia nos trazem.
Os mídia são como
as salas de espelhos
Vivemos num contexto de sala de espelhos, onde uma pessoa se vê mais gorda, mais magra, aos bocados, complemente distorcida na sua realidade. Os mídia deformam significativamente a realidade nas suas proporções e relevância. A dimensão do conflito tem sido realçada pelos mídia.
O comum
é que nos separa
Todo o discurso do conflito é estruturado em função das diferenças. São assumidas diferenças. Mas o problema não está no que nos separa, mas no que nos é comum, como naquela história magnífica do “século cristão” do Japão. No início, os missionários europeus foram bem acolhidos. Tal como os comerciantes. Mas, quando chegam os militares, os japoneses pensam que vai acontecer a guerra que estava a suceder nas Filipinas e martirizam os missionários e os cristãos. O desejo de domínio era comum. Aí é que está a raiz do conflito. E não no que separa.
(Para ler mais, clique aqui)

Gaspar Albino mostra “Percurso”

De uma pintura feita aos nove anos até aos trabalhos “concluídos há dois dias”. Este é o arco temporal de “Percurso”, exposição de trabalhos de Gaspar Albino, patente na Galeria Morgados da Pedricosa.
Mas não se trata de uma retrospectiva da vida artística do autor aveirense, nascido em 1938, vencedor de um concurso de desenho a nível mundial, na sua juventude, e fundador do CETA (Círculo Experimental de Teatro de Aveiro) e da AveiroArte, que organiza esta exposição. É antes uma mostra representativa dos estilos, técnicas e temas do artista, numa exposição comissariada pela esposa, Claudete.
Estilos: o abstracto, com uma obra que, segundo o autor, terá sido “a primeira pintura abstracta feita em Aveiro”, ou o neo-realista, que o aproxima de Júlio Resende e Pomar – escreve Jeremias Bandarra no folheto da exposição. Técnicas: o óleo sobre tela, o desenho a tinta, a aguarela, o acrílico, o linóleo. Temas... Não será antes tema? Sim, Aveiro é o tema principal de Gaspar Albino.
Na abertura da exposição, no último sábado, o artista agradeceu aos amigos – eram muitos, incluindo autarcas da gestão anterior e da actual e o governador civil – e disse, emocionado: “Agradeço acima de tudo, à minha terra, Aveiro, por tudo”. E é maioritariamente Aveiro que se admira na obra de Gaspar Albino.Aveiro na forma dos seus ilustres, como no linóleo de Mário Sacramento; Aveiro nos moliceiros omnipresentes (foi um moliceiro que pintou aos nove anos); Aveiro nas figuras típicas da peixeira, do salineiro; Aveiro num quadro aparentemente abstracto mas que é feito, afinal, das curvas de uma canastra; Aveiro na arte de xávega. “Arte de xávega, porque xávega é substantivo e não adjectivo”, esclareceu, para depois rematar: “E quem anda no mar sabe como são substantivos os trabalhos do mar!” Aveiro numa série de dois quadros em que predomina o azul e em que a linha do horizonte foi abolida, como se não houvesse fronteiras entre a Ria e o céu.
Talvez seja mesmo essa a mensagem de Gaspar Albino. Há continuidade entre a Ria de Aveiro e o céu.A exposição, na Galeria Morgados da Pedricosa (Av. Princesa Santa Joana, 8), pode ser vista até 4 de Janeiro de 2006 (excepto nos dias 24, 25 e 31 de Dezembro e 1 de Janeiro), das 14 às 19h.
J.P.F.
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Fonte: Correio do Vouga

NATAL: Um texto de Alexandre Cruz

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Natal na Cidade? Repensar as Cidades, nas suas desagregações e mobilidades, evoluções e misérias escondidas, será hoje um desafio de humanização cada vez mais premente. Ao apercebermo-nos de que setenta por cento da população da Europa, Ásia e América vive em cidades, uma imensidão de reflexões serão cada vez mais uma oportunidade inadiável no sentido de humanizar, de passar do típico anonimato às pontes fraternas entre as pessoas. A Cidade, enquanto organização da sociedade é, por si mesma, um ponto brilhante da própria Civilização. Todavia, a Cidade, para o ser de facto, nunca poderá simplesmente existir por si mesma, nunca poderá ser um conjunto de avenidas, edifícios, instituições, comércios, apartamentos, … A Cidade reclama que o Cidadão seja mesmo Homem da Cidade! Como na amálgama da multidão, das escravaturas ou interesses do corre-corre individual de hoje, da vida familiar fragmentada e mais ligada à ‘empregada doméstica TV’ que às palavras humanas, conseguir gerar espaços e tempos de reencontro do Cidadão (com os outros e por isso) com a Cidade Natalícia? Reflectir a urbanidade, toda a panóplia de âmbitos (com valores e limites) da Cidade contemporânea, tem sido tarefa levada a cabo em termos eclesiais pelo Congresso da Nova Evangelização das Cidades, onde, a par de algumas cidades Europeias, está também a nossa capital, Lisboa, que acolherá o Encontro de 2005. Aproximando-se a época natalícia cabe reinterpretar os sinais que vemos ao nosso redor, colher neles o que haverá de sensibilização colectiva, e proporcionar um reconstruir do pensamento e vida que nos leve à verdadeira origem do acontecimento Natal. Mas aquele Natal, que não se compra nem se vende! Que contém em si uma chama de simplicidade e humildade capazes de encher de luz e sentido de viver as noites da caminhada pessoal e social. Seria possível hoje dizer ‘Natal’ sem o acontecimento de há cerca de 2000 anos, o nascimento de Jesus Cristo? (Já dizia Lapalisse, claro que não!) Na sociedade e Cidade(s) do Ocidente já globalmente rendidas, vendidas, patrocinadas e vestidas de vermelho e de barbas brancas, que, após dolorosas e saturantes compras, carregam de presentes as crianças que já estão fartas,… que lugar para a raiz de toda esta festividade colectiva, o Natal de Cristo? Será este já só o ‘arranjo’, ou nem sequer isso?!... É preciso parar, e vermos donde vimos para saber onde vamos! Nem que seja por honestidade intelectual, da quadra por excelência da maior sensibilização comunitária repleta de valores e referências positivas, terá de haver lugar de sensibilidade para Ele re-nascer e recriar as nossas cidades. A Cidade humana precisa do Natal, ou não existam tantas pessoas que ainda não viram sua dignidade reconhecida; as pessoas, cidadãos, precisam de se aperceber sempre mais de que sem esse humilde ‘gesto’ Absoluto (de Deus), o nascimento de Cristo estaríamos muitos séculos atrás no re-conhecimento do Ser Humano em si mesmo e com possibilidades bem menores na (às vezes tão frágil) convivência de uns com os outros. Estes dados serão, simplesmente, uma questão de reconhecimento intelectual, mesmo para a nossa Cidade Europeia que vai caminhando para a asfixia (das raízes) dos seus Valores. Um estudioso deste fenómeno das cidades há dias dizia que “a cidade contemporânea é um organismo vivo que tenderá a suicidar-se como sociedade humana se esquecer o lugar das Pessoas”. Só com uma grande dose de humildade e projecção da esperança no invisível, depois de toda a inteligência se ter esforçado ao máximo na Sua compreensão, será possível apreciarmos o que na enigmática Gruta de Belém ocorreu no primeiro Natal… Fomos visitados pelo Absoluto, em primeira Pessoa! Inédito, para sempre! Lá, nesse espírito infinitamente criativo e dinâmico, motor da história, nunca chegará a frase feita, pois tudo foi e continua a ser constante novidade; aquilo que os homens do século XX encontraram como o sonho de coordenadas comuns, a Declaração dos Direitos Humanos (celebrada cada 10 de Dezembro), já há 2000 anos fora a gigantesca janela aberta da dignidade (divina) de cada ser humano. Uma vida lida nesta ‘chave’ atingirá novas altitudes, terá a arte de construir Natal cada dia! Que todas as luzes da(s) Nossa(s) Cidade(s) sejam mesmo sinal profundo da Grande Luz que quer possibilitar um renascimento de cada Pessoa, no caminho da justiça, do amor, da felicidade comum. Se assim for, será mesmo confraternização de Natal! Se não, será só uma (vazia, desenraizada) festa social…

"Pela-Positiva": Um texto de José Carlos Sá

PARECE QUE FOI ONTEM E JÁ LÁ VAI UM ANO
Parece que foi ontem e, afinal, já lá vai um ano. Este é, porventura, o melhor elogio que podemos fazer ao blogue "Pela Positiva" da autoria do professor Fernando Martins. Primeiro por curiosidade, depois por manifesto interesse pelos artigos e pelas fotografias que são editadas com uma regularidade notável passei a ser um leitor atento. Sem surpresa, o "Pela Positiva" faz parte da minha lista de sítios na internet aos quais dedico atenção diariamente.
Pelos temas que trata, pelos pontos de vista que regista, pela atenção que presta a temas de inegável interesse, o blogue "Pela Positiva" passou, com toda a naturalidade, a ser uma referência obrigatória na blogosfera regional. Chegou, viu e venceu.
Acresce que este espaço já ultrapassou fronteiras e, ao completar um ano de actividade, é também uma presença semanal, às quartas-feiras, na "Rádio Terra Nova". Depois de mais de trinta anos ao serviço do Ministério da Educação, o professor Fernando Martins continua, por esta via, a “ensinar” os cidadãos anónimos dos quatro cantos do mundo que não dispensam uma visita regular ao seu espaço na Internet.
Bem-haja por isso e conte muitos anos de actividade na blogosfera. Sempre Pela Positiva. Parabéns e um forte abraço deste seu leitor, José Carlos Sá.

“Pela-Positiva” nasceu há um ano

TUDO FOI BOM.
VOU CONTINUAR A ideia já fervilhava há muito. Mas foi há um ano, precisamente no dia 14 de Dezembro de 2004, que o meu blogue viu a luz do dia. Graças ao estímulo e às primeiras lições, rápidas mas muito objectivas, do meu amigo e jornalista José Carlos Sá, foi possível, poucas horas depois, entrar na blogosfera. Até hoje. Foi um ano em que tempos porventura mortos foram ocupados com a partilha de gostos, saberes, sentimentos, emoções e sonhos com amigos e desconhecidos. Foi um ano de troca de ideias, de receber e de dar experiências e certezas, de oferecer a quem me lê o que gostei de ler e de ver, na esperança de contribuir para um mundo melhor. Não fiz tudo o que queria, houve muita coisa bonita que me passou ao largo, mas o saldo foi positivo, tendo em conta os reflexos que ao longo do ano me foram chegando. Deste meu recanto aberto ao mundo, cheguei onde nunca pensei que fosse possível chegar, contactei com gente que longe me leu, respondi a questões que muitos me lançaram, de conhecidos e desconhecidos. Senti-me membro interveniente da aldeia global de cujo futuro todos somos responsáveis. Tudo foi bom. Vou continuar. Fernando Martins

terça-feira, 13 de dezembro de 2005

CRUCIFIXOS NAS ESCOLAS

Conferência Episcopal pede bom senso na questão dos Crucifixos
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) espera “bom senso” de todas as partes na questão da retirada dos Crucifixos das escolas do país.Reunido esta manhã em Fátima, o Conselho Permanente da CEP analisou este tema da actualidade e defendeu um sistema de laicidade que respeite os símbolos religiosos e não que os elimine.
Em declarações à Agência ECCLESIA, D. Carlos Azevedo, secretário da CEP, esclarece que “esta é uma questão de respeito para com uma dimensão religiosa e cultural dos cidadãos”.“O debate, sereno ou mais acalorado, que tem ocorrido nestes últimos dias, é muito proveitoso”, considera o prelado, esperando que o mesmo ilumine “qualquer decisão sobre este tema”.
Este responsável assegura que “a Igreja Católica não vai exigir que os Crucifixos permaneçam nas escolas, porque não foi ela quem exigiu que eles lá fossem colocados”. “Aqui há uma questão de bom senso, em cada comunidade educativa, e não pode haver um grupo de pessoas que se dê à inquisição das escolas que têm ou não crucifixos para denunciar esse facto ao Ministério”, acrescenta.
Para o futuro, refere o secretário da CEP, é necessário “que se tenha em conta a realidade das comunidades educativas, os problemas que lá existem ou não, o que levará a que se respeitem, retirem ou acrescentem símbolos religiosos”.“As pessoas devem habituar-se a viver na tolerância, num verdadeiro regime de laicidade, que é um regime de respeito para com os sistemas religiosos e não de apagamento dos seus símbolos, como parece ser o sistema laicista”, observa.

BANCO ALIMENTAR RECEBE PRÉMIO

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HÁ FOME MESMO À NOSSA PORTA Se há prémios merecidos, o que foi atribuído ao Banco Alimentar Contra a Fome (BACF), pela Assembleia da República, é um deles. Aliás, penso que ninguém em Portugal desconhece a acção desta instituição que tem lutado, com denodo, contra a fome, flagelo que atinge mais de um milhão de portugueses, sendo certo que outros tantos estão no limiar da pobreza, numa época de tanta abundância para tantos. Na cerimónia de entrega do Prémio Direitos Humanos, na Assembleia da República, a presidente do BACF, Isabel Jonet, apontou como objectivo fundamental da organização que dirige “quebrar o ciclo de pobreza, permitindo aos beneficiários partir para uma nova vida digna e autónoma”, segundo li no “PÚBLICO”. Entretanto, Osvaldo de Castro, presidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia da República, sublinhou que “a entrega do prémio ao BACF não constitui um lavar de consciências, mas antes um estímulo ao trabalho desenvolvido, com muita imaginação e grande recurso ao voluntariado, na luta contra a pobreza e a exclusão social". E como deputado, ainda disse que “há muito a fazer e há muito a aprender com os exemplos da sociedade civil”. Ao apontar este exemplo do BACF, quero simplesmente lembrar que nesta quadra não hão-de faltar iniciativas para matar a fome a alguns portugueses, com a mobilização de muitos voluntários, o que é de louvar. Mas seria muito mais bonito se essas acções se repetissem durante todo o ano ou se a justiça social fosse capaz e estivesse à altura de erradicar a fome que grassa entre nós, quantas vezes à nossa porta. F.M.

NATAL: Um poema de Miguel Torga

Posted by Picasa NATAL Um Deus à nossa medida… A fé sempre apetecida De ver nascer um menino Divino E habitual. A transcendência à lareira A receber da fogueira Calor sobrenatural. In Diário

"AVEIRO JOVEM CRIADOR"

EXPOSIÇÃO DOS TRABALHOS DO CONCURSO ATÉ 6 DE JANEIRO
A Câmara Municipal de Aveiro, através da Divisão de Juventude, informa que foi inaugurada a Exposição dos Trabalhos do Concurso «Aveiro Jovem Criador – 2005» no Museu da República Arlindo Vicente, podendo ser visitada até 6 de Janeiro, todos os dias, das 14 às 20 horas.
O Concurso “Aveiro Jovem Criador 2005”, instituído pela Câmara Municipal de Aveiro, teve por objectivo promover a participação de todos os jovens artistas, nas áreas de arte digital, escrita, fotografia e pintura, bem como o reconhecimento pelo público de novos talentos.
O número total participantes no Concurso “Aveiro Jovem Criador 2005” foi de 168, distribuídos pelas quatro áreas a concurso da seguinte forma.
(Para ver a quem foram atribuídos os prémios, clique aqui)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

PELA-POSITIVA mais político?

VOU TENTAR, ENQUANTO ESPERO SUGESTÕES
Têm-me chegado apelos no sentido de tornar este meu espaço mais “político”. Penso que esses apelos mostram que os meus leitores estão preocupados com as questões políticas que a todos dizem respeito, porque todos andamos preocupados com as politiquices. Não sei, contudo, se valerá a pena entrar mais a fundo nessa questão, quando há outros campos que estão mais deficitários, a nível da intervenção da e na sociedade. Mas vou tentar não descurar essa área, não obstante sentir que o tenho feito, pela positiva, quando sublinho acções e comportamentos meritórios. Eu sei que a política ainda é, infelizmente, um factor de contendas e de guerras, quando devia ser um fórum de trocas de ideias e de partilhas, no sentido de se procurar o melhor para toda a gente. De qualquer modo, acho que vale a pena insistir na aposta de contribuir para o debate de projectos políticos que a todos interessam, sobretudo se o fizermos sempre pela positiva. Vou tentar, enquanto espero sugestões. Fernando Martins

Um artigo de Francisco Sarsfiel Cabral, no DN

MULTICULTURAL
A falência do modelo francês de assimilação dos imigrantes relançou o debate sobre o multiculturalismo. Isto é, sobre se, em vez de os integrarmos na nossa cultura, deveríamos aceitar as culturas desses estrangeiros. Cada vez mais as nossas sociedades são multiculturais, com grupos seguindo diferentes religiões, hábitos e valores. Até onde deve ir o respeito pela diferença? Na Grã-Bretanha, por exemplo, os sikhs estão autorizados a andar de moto sem capacete e com o seu turbante. E não há proibição de usar o véu islâmico ou de ostentar símbolos religiosos.
A identidade pessoal inclui uma dimensão colectiva - por isso há um direito à cultura em que se está originariamente inserido. E quando esse direito colide com direitos que, nós, ocidentais, reputamos básicos? Por exemplo, a tolerância de culturas alheias não pode ir ao ponto de, em Portugal, se permitir a poligamia, a mutilação genital das mulheres, os casamentos forçados pelas famílias, etc. Ou de se negar a igual dignidade do homem e da mulher. Nesses casos, o respeito pela cultura específica do imigrante desrespeita-o como pessoa. É algo não tolerável. Nem são aceitáveis os argumentos daqueles que, na Ásia, defendem a violação dos direitos humanos em nome do que chamam "valores asiáticos", encarando como imperialismo cultural a vigência de valores universais.
O imigrante que vem viver e trabalhar para a nossa terra não pode ser obrigado a seguir todos os hábitos nem a adoptar todos os valores entre nós prevalecentes. Mas tem o dever de não violar algumas regras essenciais do nosso convívio social. Transigir aí, em nome do politicamente correcto ou de outra moda qualquer, só traz problemas para o futuro. Por muito multiculturais que sejam - e serão cada vez mais - as nossas sociedades.

NATAL: PROVÉRBIOS

Posted by Picasa PROVÉRBIOS
- Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar. - Caindo o Natal à segunda-feira, tem o lavrador de alugar a eira. - Festa do Natal no lar, da Páscoa na praça, do Espírito Santo no campo. - Mal vai a Portugal se não há três cheias antes do Natal. - Natal à sexta-feira, por onde puderes semeia; ao domingo, vende bois e compra trigo. - O Natal ao assoalhar e a Páscoa ao luar. - Depois que o Menino nasceu, tudo cresceu. - Natal ao sol, Páscoa ao fogo – fazem o ano formoso. - Depois do Natal, saltinho de pardal - Pelo Natal, cada ovelha no seu curral. - Pelo Natal, neve no monte, água na ponte. - Chuva em Novembro, Natal em Dezembro. - Do Natal a Santa Luzia, cresce a noite e mingua o dia. - Dos Santos ao Natal, bom é chover e melhor nevar. - Dos Santos ao Natal, perde a padeira o seu capital. - Dos Santos ao Natal, é inverno natural. - Natal em casa, junto à brasa. - No dia de Natal têm os dias bico de pardal. - No Natal semeia o teu alhal se o quiseres cabeçudo pelo Entrudo. - Pelo natal se houver luar, senta-te ao lar; se houver escuro, semeia tudo. - Pelo Natal, sachar o faval. - Pelo Natal, tem o alho bico de pardal.
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NB: Há mais provérbios... Quem quer dar uma ajuda?

MENSAGEM DO PAPA: "NA VERDADE, A PAZ"

Mensagem para o Dia Mundial da Paz Será apresentada no próximo dia 13 de Dezembro
A Sala de Imprensa da Santa Sé anunciou que na próxima Terça-feira, 13 de Dezembro, apresentará, oficialmente, a mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz 2006, que terá como tema "Na verdade, a paz".
O documento papal será apresentado às 11h30 da manhã – hora de Roma – pelo Cardeal Renato Martino, o Bispo Giampaolo Crepaldi e D. Frank J. Dewane, respectivamente Presidente, Secretário e Subsecretário do Pontifício Conselho “Justiça e Paz”.
A Jornada Mundial da Paz, estabelecida pelo Papa Paulo VI, celebra-se o primeiro dia de Janeiro.

domingo, 11 de dezembro de 2005

GAFANHA DA NAZARÉ: Novas placas toponímicas

A Gafanha da Nazaré tem novas placas toponímicas, que vêm substituir as que haviam sido aplicadas há muito, com os mesmos nomes. Pequenas e sóbrias, de fundo azul e com o brasão da cidade, lêem-se com facilidade. A ideia foi boa. Apenas uns curtos reparos: 

1 – Podiam ter evitado erros, vendo bem o que se escreve, tanto mais que vão ficar à vista de todos. Assim, logo na minha rua (Rua Almeida Garrett), lá aparece Garret só com um tê. E o mais curioso é que a velha placa ainda pode ser vista, no outro extremo da rua, com o nome do célebre e multifacetado escritor e político escrito como deve ser. Aliás, conta-se que ele um dia terá dito que o seu apelido se escrevia com dois tês, embora só se lesse um. 
Um outro erro está também na placa alusiva ao famoso parlamentar José Estêvão. Estevão, sem acento circunflexo, é erro notório, porque a palavra é grave e sem acento soa mesmo muito mal. Experimentem dizer Estevão, acentuando a sílaba "vão", como se fosse palavra aguda. 

2 – Outra coisa: Se na placa de José Estêvão acrescentaram um atributo, “Tribuno”, e muito bem, por que motivo não fizeram o mesmo, por exemplo, na placa de Almeida Garrett, que foi um dos maiores escritores portugueses, com honras de ter sido sepultado nos Jerónimos? 

3 – Por hoje fico-me por aqui, com desejos de que corrijam o que está mal. 

Fernando Martins

NATAL: Um texto de Cecília Sacramento

Eram os convidados de honra
 

A noite de Natal. A ceia. 

A aproximação do acontecimento, a repetição sempre apetecida, igual e nova, o diferente que pairava e nos invadia e ficava a agitar-nos como um vento bom. A grande sala de jantar repensada desde os primeiros dias de Dezembro, limpa do tecto às frinchas do soalho, sob a fiscalização da Avó, que já sabia de cor os sítios mais vulneráveis, entre as frinchas que iam de lado a lado, ao comprido das tábuas, na juntura, muito penetradas pela piaçava, rija, a escovar o mais fundo possível, metia-se a vassoura no balde, esfregava-se-lhe o sabão, “é preciso que a água com o sabão entre abundante na frincha e seja arrastada com o rasar da piaçava, para com ela vir todo o lixo”, dizia ao ensinar, depois o pano apanhava-o, depois passava-se por água limpa, constantemente renovada, o pano limpava, por fim, muito espremido, e a madeira ficava repousada, amarelinha e seca, quase. Esta, a última fase da limpeza, todo o resto fora metodicamente executado de cima para baixo e, por fim, podia-se respirar o ar cheiroso a lavado fresco. 
Os potes cheios de verdes ficavam junto à parede do fundo, rente à janela, à esquerda da lareira o grande pinheiro erguido, coberto de coisas brilhantes como se o céu tivesse baixado até ali. A tarde do dia de Ceia era destinado à mesa e aos cozinhados. A Mãe, na sala, enquanto a Avó, na cozinha, supervisionava a doçaria, o grande fogão de ferro em ebulição como se fosse uma caldeira a todo o vapor, a lenha a estalar em baixo, na lareira, à volta das panelas altas e bojudas, de pés esguios e asas ajustadas. Sobre a trempe, o enorme tacho de cobre, nele as maravilhas que a Rosa mexia, a espaços, com uma comprida colher de pau. 
Na sala, a mesa, ao meio, esticada para um e outro lado e, na contingência, acrescentada com uma outra que se ajustava numa das extremidades, a somar mais lugares, sei lá, vinte as cadeiras, alinhadas, em volta, pareciam ameias a cercar o castelo, a mesa, uma toalha a cair generosamente, bordada a cores com motivos alusivos ao Natal, sinos, ramos de azevinho espalhados por toda ela; candelabros nos topos, cada um com cinco velas, parecia um altar cada extremidade da mesa, quando elas estavam acesas, irreais; ao meio, em sentido longitudinal, um grande centro de camélias, entremeadas de bolas de várias cores, os talheres das festas a luzir como prata, os copos lindos, esguios, eles também a cintilar como espelhos iluminados — a mesa era um painel estendido e, sobre ele, os objectos a comunicarem-nos a alegria que está no interior das coisas nos dias de festa. Nos dias de sermos pessoas.
Os mais pequenos, como os maiores, o lugar da Rosa ali, ao lado da Avó, ela esquiva, sem ter corpo para o ocupar, o lugar do ti Né Velho, de mãos muito escuras e grandes, com o garfo agarrado como quem pega na foicinha. 
No fim de todos os preparos para a grande refeição, era o acender da lareira, o Toninho e eu a trazer as achas e os cepos em cestos, cuidadosos, nem uma talisca a cair, a Mãe punha caruma num montículo, sobre ela duas ou três pinhas, uns cavacos, riscava o fósforo, o fogo nascia, depressa subia, enrubescendo a cara dela, mais rosada naquela tarde de fadiga amorosa. E finalmente, os dois, mais tarde os três, depois... então, sentados no chão, em frente ao lume, e a Mãe no último ritual: abria uma caixa de papelão e dela tirava cuidadosamente as três figuras mágicas a que se reduzia o presépio, que punha na base do pinheiro e que aí ficavam, a contemplarem-se mutuamente, quedas, na disponibilidade, para estarem na nossa festa. Eram os convidados de honra. Outros viriam.

Cecília Sacramento
In “Apenas uma luz inclinada”

NB: Com a publicação deste texto de Natal da escritora Cecília Sacramento, quero lembrar e homenagear, desta forma singela mas muito sincera, a minha querida professora de português, falecida há meses. Aqui fica uma curta expressão da sua riquíssima sensibilidade.

F.M.

A revista “XIS” anuncia um projecto interessante

“A Música da Bíblia” A revista “XIS”, que se publica aos sábados com o “PÚBLICO”, anunciou, no seu último número, um projecto interessante, que é, nem mais nem menos, “uma Bíblia falada e musicada, um conjunto de CD com sete meses de horas de gravações. Para ir ouvindo como uma história, musicada para tranquilizar o ambiente”. A ideia e o projecto nasceram com Jorge Quintela, 41 anos, e Paulo Coelho, 54 anos, que contaram com a “revisão minuciosa” do biblista Isaías Araújo e com o apoio da Igreja. No fundo, são 22 CD que estão a ser comercializados e que não deixarão de ser apreciados por todos quantos têm a Bíblia como referência para a vida e como um dos muitos pontos de partida para encontrar Deus. Paulo Coelho diz, a propósito deste trabalho, que “ler a Bíblia da forma como se leu gera uma reacção interessante, porque chega-se à conclusão de que a Bíblia tem ali respostas para praticamente tudo o que se passa na nossa vida do dia-a-dia. É só saber ir procurá-las no sítio certo”. E acrescenta: “Eu encontrei muitas coisas para poder meditar e para poder ajudar a resolver os nossos problemas do quotidiano. Era como se tivesse ali um manual da própria vida.” Por sua vez, Jorge Quintela refere que “o mais impressionante é, de facto, a actualidade do texto. Não só é uma obra fabulosa como há alturas em que mexe connosco. O que está lá escrito faz todo o sentido perante o que se passa hoje em dia”. Este é um projecto que tem o objectivo de levar a Bíblia a todos: às crianças, aos cegos, a quem já a conhece e a quem nunca a leu. É, afinal. Uma história contada em CD. F.M.

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