Evoca-se hoje, a
data de nascimento deste poeta parnasiano. (1855-1886) que estudei, na
juventude. De poesia delicada, com tendências ecologistas, (!?) Cesário
empregou técnicas impressionistas, com extrema sensibilidade, ao retratar a
cidade e o campo, seus cenários prediletos. Usa um vocabulário muito concreto,
com que retrata o quotidiano, aproximando-se do naturalismo.
Naquele pique-nique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
houve
talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário
Verde
Mª Donzília Almeida
25.02.2012