terça-feira, 23 de outubro de 2007

Igreja portuguesa apresentada no Vaticano



D. Carlos Azevedo, Secretário da CEP, antecipa visita dos Bispos ao Papa, a primeira em oito anos


AE - Não era preferível dar algumas tarefas aos leigos para aliviar o trabalho dos padres?
CA - Os padres devem dedicar-se mais à sua missão específica.
AE - Qual é essa missão específica?
CA - Verem-se livres de tarefas adjacentes que foram acumulando ao longo da história. Têm alguma dificuldade em se desprenderem do que acumularam. Um padre não tem que ser gestor de centros sociais. O padre não tem que ser administrador dos bens de uma paróquia ou diocese. O padre não tem que ser o burocrata de serviço da paróquia. A sua missão específica é evangelizar e formar cristãos. Ser mistagogo. Esta é outra dimensão que tem sido descuidada.
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Ler toda a entrevista em Ecclesia

No funeral do Padre Domingos

AS AMIZADES QUE PERDURAM Diz-se, com alguma razão, que há amigos que só se vêem de longe em longe, em situações especiais, mormente em funerais. E depois, como hoje mesmo verifiquei, no meio da tristeza vive-se a alegria do reencontro. Amigos de infância, com quem senti, há décadas, a amizade comum com um sacerdote que tinha uma forma muito especial de lidar connosco. Sempre do mesmo modo. Com um sorriso aberto, límpido, terno. Com palavras e conselhos evangélicos. Todas as situações eram oportunidades para nos brindar com a mensagem certa. Ao abraçá-los, abracei tempos que não voltam… tempos com marcas de amizades que perduram… leais, francas, sinceras… cristãs. Na missa de corpo presente (como presente estava também em todos a alma do nosso querido amigo), D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro, recordou “o servidor generoso da Igreja” que o Padre Domingos foi, tão expressivamente, em especial junto dos que mais sofriam, no corpo e no espírito. Incansável no zelo e na preocupação de ser “pedra viva”, com uma maneira muito peculiar de estar com as pessoas, em comunhão plena com os Bispos da Diocese de Aveiro, com o presbitério, com todos, afinal. Evocado por D. António e confirmado por muitos foi ainda o seu amor para com a Mãe de Deus e nossa Mãe, que encaminhou o Padre Domingos para testemunhar, no dia-a-dia, a ressurreição de Cristo. Despedi-me de amigos com a certeza de que este encontro nos serviu de estímulo para o imitarmos dentro dos nossos limites e sensibilidades, na convicção de que não há dois testemunhos iguais, duas maneiras iguais de viver os valores em que acreditamos, dois caminhos iguais neste mundo carregado de contrastes. Por mais voltas que dêmos, cada um de nós partilhará o que tem para partilhar, à medida dos seus horizontes e da claridade espiritual que dá ânimo, cor e sentido à vida. FM

ÍLHAVO: Semana da Educação


A Câmara Municipal de Ílhavo promoveu a Semana da Educação, que se vai desenvolver até 26 de Outubro. O programa inclui encontros entre os responsáveis autárquicos e diversos agentes da comunidade educativa, incluindo associações de pais. Se bem aproveitada, a Semana será uma mais-valia para o ensino e para a educação que se vive e pratica entre nós. Mais encontros, nesta linha fundamental da formação de cidadãos mais comprometidos com os interesses colectivos, serão sempre importantes, não se ficando por iniciativas que têm princípio e fim no curto espaço de uma semana. Há urgências que não podem ficar mais de 50 semanas à espera da Semana de Educação que ano após ano a autarquia ilhavense promove, e bem.
Isto vem a propósito da fraca participação dos pais das nossas crianças e jovens nas reuniões programadas pelas escolas. É conhecidíssimo o divórcio que existe entre os vários membros da comunidade educativa, ficando os alunos, na sua grande maioria, entregues apenas às escolas, as quais não têm capacidade para dar respostas às múltiplas exigências de todos os alunos, quer no campo do ensino, quer da educação.
Neste contexto, urge criar mecanismos para alertar os pais para a premência de viverem a educação e o estudo dos seus filhos com mais atenção, empenhando-se, regularmente, nas associações de pais e nos projectos das respectivas escolas.

Quem tem medo da Europa unida?


Para alguns analistas os tempos nunca são bons. Sobretudo nas vésperas duma crónica ou comentário, os tempos são os piores que a história já conheceu. Há críticos tão mal dispostos cuja alegria única é azedar o maior número de pessoas possível. Isto acontece com quase tudo: na política, economia, cultura, ou mesmo religião. Não há milagre que valha.
Mas falemos, para não irmos mais longe, da Europa. Do nosso Continente, da nossa matriz e memória. Do nosso passado e do nosso futuro. Com as glórias e desaires que vamos conhecendo e adivinhando. Entre lutas, opressões, pecados mortais contra a humanidade e contra Deus. Terra de heróis e santos, sábios e místicos, aventureiros e contemplativos. Ponto de irradiação de tantos sinais luminosos que ajudaram a desenhar o planeta que habitamos.
Não esquecemos as guerras e mortes. Não esquecemos o pós-guerra e as iniciativas de ressurgimento que surgiram. Ligada ao que chamamos Ocidente, a Europa deu corpo aos tempos novos que vivemos. A União Europeia começou, como sabemos, por ser uma estratégia económica de muito poucos. A história e o espírito empreendedor de alguns foi rasgando horizontes, abrindo portas, alargando a comunidade. Com maiores e menores, mais ricos e mais pobres. O Tratado há pouco aprovado em Lisboa pelos líderes da União Europeia, surge na esteira de entendimento entre os mais e menos velozes na caminhada do progresso. Se são os mais pequenos que correm mais riscos - e são - também em muitos aspectos serão os que recebem maiores benefícios com a aproximação. A solidariedade favorece mais os mais fracos.
Certamente poucos pacientes lerão o complexo texto do Tratado. Mas o essencial está dito e entendido, foi sendo relatado ao longo de anos com total abertura para os protestos e achegas em ordem ao respeito por todos e à solidariedade dum Continente que conhece a sua importância no concerto das Nações.
A questão que agora se coloca é esta: quem explicará todo o articulado do Tratado de Lisboa para o colocar em Referendo? Como pode o povo dizer sim ou não a um todo que é muito mais que meia dúzia de chavões? Para que servem os eleitos do povo se não para estudarem e decidirem questões na especialidade? O gosto pelo desprazer não justifica o número de objecções artificiais que agora se podem levantar. Nem, a esta hora, o pretenso arranjo dum tijolo deve colocar em risco todo o edifício.

António Rego

Na Linha Da Utopia



Sociedade de (des)confiança?

1. As recentes declarações do (PGR) Procurador-Geral da República têm proporcionado os mais variados sentimentos, e vindo despertar mesmo uma opinião pública tantas vezes longínqua destes mecanismos essenciais do Estado de Direito. Ao fim de um ano na gestão de órgão tão importante para a credibilidade democrática, o que está declarado, declarado está, a ponto de o próprio Procurador-Geral, dono da “tutela”, sentir alguns “sons” no telefone. No mínimo estranho, no máximo alarmante; mas está dito, e em entrevista não formal, o que torna as coisas mais verdadeiras.
2. Como comentário ao “comentário” do PGR, muitas vozes se fazem sentir, algumas mesmo estando contra a realização de qualquer escuta telefónica e outras a favor da sua generalização, dizendo que só com um sistema fiscalizador constante (quase inquisitorial) é que conseguiremos instaurar uma ordem de justa justiça. Dir-se-á que tudo isto (da realidade ao comentário) é muito preocupante, mas tanto mais quando o “dono” da casa partilha a sua impotência no lidar com este barco social que, diremos, mais que imposição de uma ordem pela “força” terá de ser capaz de instaurar uma ordem educativa, numa (insistente) ética transversal, pessoal e social.
3. Há breves anos, quando da obra Portugal, o Medo de Existir, do filósofo-ensaísta José Gil, muito se falou sobre a “inveja” como manifestação cultural de menoridade (se o vizinho tem, também tenho de ter!). Alguns pensadores vão sublinhando que, em comparação com outros países europeus, a CONFIANÇA terá de ser a base de construção da nossa comunidade. Mas como assumir a confiança, como factor decisivo, diante de sistemas de corrupção e crime organizado? Se o “combate” tem de ser em todas as frentes (dos sistemas judiciais aos da educação ética), uma coisa será certa: não se pode() generalizar a desconfiança, tanto na comunidade em geral, como fundamentalmente naqueles de cuja acção depende a esperança de sociedade justa.
4. O eco das declarações do PGR estão aí, pairando no ar. Um ar poluído que carece de purificação. Novamente, só a ética nos pode salvar! Como multiplicá-la como antídoto para todas as desconfianças?

Alexandre Cruz

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

ARES DO OUTONO



Pisei a areia da praia
à cata do silêncio terno
do teu olhar
E vi no teu andar
ao longe
a ternura que brota
sempre
da tua caminhada
Segura
serena
feliz
É a certeza da paz
que me dás
É a garantia
que aceito
e anseio
Numa tardinha quente
do Outono
Fernando Martins

Um livro de Georgino Rocha




“AO SERVIÇO DA FÉ
NA SOCIEDADE PLURAL”

Acaba de sair mais um livro do Padre Georgino Rocha, que vai merecer, decerto, a atenção dos agentes de pastoral, clérigos, religiosos e leigos. “Ao Serviço da Fé na Sociedade Plural” reveste-se de uma oportunidade evidente, ou não fosse a sociedade globalizada um desafio constante para todos, sobretudo para quantos acreditam que a acção da Igreja Católica tem de estar em sintonia com as exigências dos tempos que correm.
A obra, editada pela Princípia, reúne 12 ensaios deste sacerdote da Diocese de Aveiro, os quais reflectem uma boa diversidade de documentos do Magistério Pontifício e da Conferência Episcopal Portuguesa. São fruto, sem dúvida, do seu labor académico e das suas vivências pastorais, como pessoa aberta às realidades concretas da vida, em todas as suas vertentes.
Na apresentação, o autor sublinha que, “Para ter consciência recta e agir livremente, a consciência necessita de estar bem informada e de ser bem formada”, porque “só assim se defenderá do relativismo e do subjectivismo”. Adianta que “os direitos humanos fundamentais e a mensagem cristã devem destacar-se entre os conteúdos substanciais da informação e da formação” e frisa que a construção da sociedade, tendo como sonho utópico o lema de São Paulo –“Tudo é vosso, vós sois de Cristo e Cristo é de Deus” –, “é desafio que indicará o rumo de todo o progresso, mobilizará todas as energias humanas e dará sentido a todas as opções fundamentais alicerçadas nesta escola de valores e nas respectivas realizações”.
No Prefácio, D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro, recorda que o autor tem “credenciais que o recomendam” e acrescenta que a sua vida tem sido “dedicada à formação dos mais diversos agentes pastorais”. Fala das experiências pessoais e reflexões do Padre Georgino Rocha, da preocupação de diálogo com “as realidades sociais e culturais mais diversas”, da “capacidade de entender e dar sentido à vida diária dos cristãos” e, ainda, da “sua vivência conciliar diária, numa Igreja diocesana que não se cansa de fazer esforços para ser fiel aos tempos que vive e aos desafios que enfrenta”.
“Ao Serviço da Fé na Sociedade Plural” comporta temas elaborados em épocas distintas para situações concretas, tendo merecido, agora, uma actualização, na certeza de que nada neste mundo é estático. No fundo, este trabalho vai ser, indubitavelmente, uma mais-valia para a formação e informação dos que não se resignam a ficar parados a ver passar a carruagem da globalização, característica fundamental das gerações do presente e do futuro.
Ao ler este trabalho, com o cuidado que ele merece, senti, de forma bem palpável, em cada tema, direi mesmo em cada parágrafo, vontade de parar, para meditar cada ideia e cada proposta, que o autor nos oferece para estes dias de correrias, quantas vezes sem sentido.
Como estímulo a quem busca um trabalho de referência, nem que seja simplesmente para a sua autoformação, é pertinente indicar alguns temas que o autor desenvolveu, com citações que são outras tantas pistas de estudo: Educação e Pastoral dos Direitos Humanos; Por uma Evangelização Eficaz; Propor a Fé com Ousadia Confiante; Conversão Cristã e Propostas Pastorais; Evangelizar o Social, Missão Urgente; Função dos Bens e Consumo Responsável; Cristãos com Cristo? Provocação Oportuna; e Testemunhas e Arautos da Fé.

Fernando Martins

Na Linha Da Utopia



A IMPORTÂNCIA DE REFLECTIR

1. Não se pode fazer omeletas sem ovos! As omeletas serão a vida diária, os ovos poderão ser a reflexão, o pensar, o interiorizar. Reflectir, criar a própria (equi)distância em relação às coisas e à vida agitada, discernindo o essencial (Ser) dos acessórios relativos será, hoje, a base fundamental da construção. Garantirá a continuada “reciclagem” da frescura e do equilíbrio da gestão da própria vida e do que cada “hora” temos em mãos, sempre para que tudo seja para o bem de todos. No tempo sociológico presente, onde é exigido qualidade em quantidade, redescobrindo cada dia essa novidade de sentidos e de sabedoria poderemos, bem melhor, aliar a criatividade à responsabilidade o ser pessoal ao compromisso comunitário.
2. Não dando lucro imediato, não se enquadrando na lógica do pragmatismo que nos pode ir cegando os horizontes, a “reflexão” assumirá hoje um lugar decisivo, determinante, para ser possível reinventar cada dia o sentido da própria vida, lendo-a acima das coisas acidentais. E quanto mais as tecnologias (da velocidade) nos inundam tanto mais, em proporção, deverão ser as oportunidades criadas como tempo e espaço diferentes, da profunda paz criativa, esta que saberá da escuridão vislumbrar a luz da esperança. No ano passado, em iniciativa internacional sobre o papel da Educação Artística destacava o investigador António Damásio que está a ocorrer uma profunda transformação especialmente verificada nas idades mais novas que acolhem todo o impacto as novas tecnologias, facto que está fortemente a limitar a criatividade gerando posturas como a apatia ou a indiferença. Será este (já) o futuro?
3. Há dias em conversa com um grupo de adolescentes, deparámo-nos com uma pergunta inquietante: “O que é reflectir?” Surpreendidos, procurámos, da forma possível, explicar que reflectir é pensar, ter uma visão crítica de tudo, ter ideias, e que é algo tipicamente humano… Após essa conversa (ao que parece pouco frutífera), a inquietação interrogante ficou-nos a pairar o pensamento sobre, afinal, o que andamos a ‘fazer’ e que mensagens conseguimos passar… Como às mãos cheias de telemóveis dizer que o essencial são os VALORES que se sentem no coração e que as “coisas” pouco valem?... Precisamos de valorizar mais a reflexão, o pensamento, as ideias (para mais e melhor agir); seja valorizada a “sabedoria”, esta que requer tempos e modos: a sabedoria que se vive, que se partilha, que se apr(e)ende. Mas, quem a ensina? Onde ela se aprende? (Ninguém dá o que não tem…) Precisamos mesmo de “reflectir” sobre estas questões. Quando não, vamos perdendo características de sermos humanos…

Alexandre Cruz

TODOS EM MISSÃO


HÁ AINDA MUITO A FAZER

Onde quer que estejas. Seja qual for a tua idade e profissão. Cultives os sonhos e projectos que cultivares. Tenhas as aspirações que tiveres. A missão é a força dinâmica da vida a que estás chamado.
Estar em missão é sentir a urgência do amor com que Deus ama o mundo. É deixar-se envolver por Jesus Cristo na sua paixão pela humanidade. É viver em sintonia com o Espírito que, de forma irreversível, quer suscitar em nós um “coração novo” e renovar a face da terra, suas estruturas e organizações.
Há ainda muito a fazer. Há horizontes a prosseguir, caminhos a percorrer, iniciativas a promover.
Os problemas parecem maiores do que os esforços empreendidos. Só a fé alicerçada no amor alimenta a esperança num mundo melhor, numa sociedade digna da condição humana, numa Igreja que, graças ao Espírito Santo, permanece fiel ao mandato de Jesus Cristo e o prolonga no tempo por meio de nós.
A coragem de evangelizar é a medida do amor. Agir com o coração em benefício de todos, sobretudo dos mais necessitados. Dando e recebendo o que há de melhor na vida: Colaborar com Deus no projecto de salvação; estar disponível para a missão, pronto para servir sem hesitação, firme na convicção.
Esta é a fonte da nossa alegria. Esta é a razão da nossa maior responsabilidade. Colaborar com Deus para que Jesus realize a sua obra e todos possam descobrir e apreciar o amor com que somos amados.
Então, encher-se-ão de brilho os olhos da humanidade inteira, de contentamento os corações amargurados, de alimento os estômagos atrofiados, de esperança as aspirações silenciadas, de harmonia o universo, liberto de tudo o que desumaniza e aberto à plenitude que, sorridente, nos atrai à família dos filhos de Deus reunidos à mesa do Pai comum a celebrar festivamente a sua vida em família.
O serviço à missão reveste muitas e atraentes modalidades. Umas já estão experimentadas com êxito, outras terão de ser criadas pela “fantasia da caridade”. É o desafio que o Espírito nos faz por meio das situações provocantes que exigem soluções concretas
A oração é o primeiro e principal contributo missionário. É tempo de rezar mais e, sobretudo, melhor. Procurar a sintonia e o ritmo do coração de Cristo. Escutar o desabafo que sempre nos segreda: Vim para que tenham vida em abundância. Ide até aos confins da terra e comunicai esta boa nova a todas as pessoas que Deus ama. A vós, a ti confio esta missão, fruto do meu amor e prova da tua fé.

Georgino Rocha

domingo, 21 de outubro de 2007

Faleceu o Padre Domingos Rebelo Santos

DEUS JÁ O TEM NO SEU SEIO

Acabo de receber a triste notícia do falecimento do Padre Domingos José Rebelo dos Santos. Ainda no domingo o vi, com a alegria a que sempre me habituou. Mas se a sua partida me comoveu, conforta-me a certeza de que regressou ao seio de Deus, momento que ele está a viver na plenitude do bem que fez a muita gente. Ao Padre Domingos, o meu prior como sempre o tratei, muito fiquei a dever, como crente que sou e como comprometido na construção do Reino de Deus que ele me ajudou e estimulou a compreender.
É muito difícil, num momento como este, recordar, com a riqueza de pormenores que a sua memória merecia, a fé que ele me ensinou a viver, o testemunho de entrega à vontade de Deus que ele incutiu em mim. O Padre Domingos viveu intensamente o sacerdócio, como discípulo amado de Deus que ele tanto amou, como arauto do Evangelho que tão bem assumiu, como homem de fé que nunca regateou o serviço à Igreja, especialmente no apostolado junto dos que mais sofriam, no hospital ou em suas casas. Também o conheci na situação de doença, na flor da minha juventude inquieta. Estou a vê-lo, aos pés da minha cama, a esclarecer-me dúvidas de fé, com um entusiasmo que nunca tinha visto. Nem nunca mais vi. Por isso, a amizade que nutria por ele, o carinho que lhe dedicava, sempre que o via e com ele falava. Ainda no meu último internamento hospitalar, lá foi ele ao meu encontro com a preocupação que só uma grande empatia justificava.
Deus já o tem Consigo. E junto d’Ele, o Padre Domingos não se esquecerá de nós.

Fernando Martins

Nota: O Padre Domingos foi prior da Gafanha da Nazaré entre Dezembro de 1955 e Abril de 1973. O funeral será na Murtosa, na terça-feira, às 10 horas.

Bicentenário da abertura da Barra de Aveiro



Rumar a MAR ALTO

Não sei se as gentes da Ria de Aveiro já se aperceberam da importância da abertura da Barra há dois séculos, que os completará em 3 de Abril de 2008. Diz a história, contada pelo Comandante Silvério da Rocha e Cunha, que, “Às 7 horas da tarde, em segredo, acompanhado por Verney, pelo marinheiro Cláudio e poucas pessoas mais, arrancam a pequena barragem de estacas e faxinas que defendia o resto da duna na Cabeça do Molhe. Cortam a areia com pés e enxadas, e Luís Gomes, abrindo um pequeno sulco com o bico da bota no frágil obstáculo que separava a Ria do mar, dá passagem à onda avassaladora da vazante para a conquista da libertação económica de Aveiro, depois de uma pressão que durava há 60 anos”. Como sublinha, na parte final deste pequeno mas elucidativo texto, aquele gesto deu passagem à onda avassaladora da vazante para a conquista da libertação económica de Aveiro. Eu acrescentarei: de toda a região.
Direi ainda que as águas estagnadas da laguna eram, frequentemente, causa de doenças que afectavam as populações ribeirinhas. A importância económica e social da abertura da barra está à vista de todos, residentes e visitantes. E se mais progresso não tem havido à sombra da ria e do Porto de Aveiro, tal ficará a dever-se à falta de visão dos responsáveis políticos, que não souberam, em muitas circunstâncias, criar incentivos e condições que mobilizassem as populações para mais notório desenvolvimento económico, social, cultural e turístico. Quantas vezes tenho ouvido dizer que a nossa laguna, em países com visão estratégica no campo do turismo, teria possibilidades, com as suas potencialidades, para se tornar num dos mais apetecidos destinos de quem passeia e gosta de gozar férias em recantos paradisíacos.
Isto vem a propósito da exposição “Rumar a MAR ALTO” que está patente ao público no Teatro Aveirense até 12 de Novembro e que precisa de ser visitada por todos. Eu já lá fui. Encontrei muito pouca gente. Enquanto estive a apreciar pintura, escultura, fotografia e desenho, tudo de braço dado com instalação multimédia, só vi um jovem casal mais preocupado com o amor que estava a sentir, e a viver, do que com a arte exposta.
De qualquer forma, aqui ficam algumas fotos da exposição organizada pelo Teatro Aveirense e pela Comissão do Bicentenário da Abertura da Barra de Aveiro. Se lá forem, e julgo mesmo que vão, hão-de reconhecer que a arte, qualquer que ela seja, é sempre uma mais-valia para qualquer comemoração.

Fernando Martins

TECENDO A VIDA UMA COISITAS - 43



O S. PAIO DA TORREIRA


Caríssima/o

Desta vez também fomos ao S. Paio de motorizada – atravessámos na lancha e lá vamos nós pela nova estrada que, junto à Ria, nos leva à Torreira. Mas outras e várias fomos de bicicleta; algumas ainda a estrada era, em boa e longa distância, por areia, apenas e só projecto (e mesmo assim lá íamos, lembras-te, Diamantino?). De bateira ou de barco não tenho memória de lá ter ido (falha minha!). Mas ali o Baltasar mai-la sua Madalena anos seguidos o fizeram e acampavam na sua característica tenda!
Depois lendas, tradições, cantares e dizeres vão surgindo.
Este escrito aí fica à vossa consideração:

«A romaria de S. Paio da Torreira é uma tradição formada no século XIX, que não tardou a transformar-se numa das maiores e mais concorridas romarias da costa norte de Portugal. Só o facto de estar voltada para a ria, integrando o grosso da frota de moliceiros da Ria de Aveiro, dá-lhe um invulgar colorido e uma rara animação. Inclusive na aposta que é feita através de uma corrida de moliceiros e outras embarcações, que diariamente se movem mais pachorrentamente. Ah, o dinamismo que aquela gente consegue desenvolver quando tem os seus barcos engalanados!
Agora uma das razões mais fortes para a concorrência crescente à romaria é que o santo, o bom do S. Paio da Torreira, é molhado em vinho. Aliás, no antigamente, por altura da festa, a imagem do santo era posta ao lado de uma tina de vinho, na qual eram depositadas as oferendas. E estas eram constituídas por tudo aquilo que os pescadores consideravam com valor.
E a tina não estava ali só para vista, não. À própria imagem do santo era dado um banho a preceito, as mais das vezes por crentes que naquele instante já se encontravam um tanto aquecidos pelo que já haviam bebido! Bem, mas apesar deste banho ter sido riscado do programa, desde há algum tempo, o S. Paio continua a ser encarado pela população da Torreira como Santo Bêbado. Mas isto é dito com todo o respeito…
Ora, pensando que, durante muito tempo, a Murtosa viveu os chamados caprichos da barra de Aveiro, que ora abria ora cerrava, provocando várias vezes a estagnação das águas da bela laguna, o reflexo disto era o surgimento de doenças. Aliás, uma das mais perigosas que sobreveio numa dessas situações foi o paludismo. Daí a veneração de um santo que é advogado divino das febres quartãs, que é como quem diz sezões.
E de 6 a 8 de Setembro, as gentes da Torreira entregam-se à festa da invocação de S. Paio, para que ele as proteja o ano inteiro. Por esses dias, de toda a parte da Ria de Aveiro chegam romeiros e festeiros. A elegante Ponte da Varela enche-se de automóveis e gente a pé. E as cinco léguas de dunas entre o Furadouro e S. Jacinto são pisadas por milhares de pessoas que vão para a romaria que à conta deles cresce que é um regalo.
S. Paio, recorde-se, foi um jovem mártir que deu a vida em defesa da fé cristã. Teria uns doze ou treze anos. Desprezou ofertas de riqueza e de liberdade. E conta-nos a lenda que se encontrava preso como refém dum rei sarraceno e era a garantia do regresso de um tio, que tinha sido condicionalmente posto em liberdade para encontrar maneira de pagar o resgate de ambos. Pois o menino Paio, mostrando-se inflexível na sua opção de crença cristã, acabaria por ser cruelmente torturado pelo rei mouro, que o tinha em cativeiro, e feito em pedaços, que foram lançados ao Guadalquivir. De qualquer modo, não esquecer a caldeirada de enguias pelo S. Paio da Torreira como quem põe um ex-voto pela consolação prandial dos povos…

A formação do núcleo populacional da Murtosa data do século XIII, altura em que ali se fixaram famílias de marmoteiros e pescadores, que se valeram dos recursos da terra e do mar. Já a sua actual freguesia da Torreira pertenceu ao termo de Cabanões e depois Ovar. Em 1855, a Torreira é integrada no concelho de Estarreja, ficando então a pertencer administrativa e judicialmente à freguesia da Murtosa. Passou a Torreira a freguesia em Outubro de 1926 e incluída no concelho da Murtosa, mas apenas em 1997 obteve a categoria de vila.»
[V. M., 168]

E como este ano o S. Paio e as festas populares já lá vão, resguardemo-nos que… para o ano há mais!...

Manuel

sábado, 20 de outubro de 2007

SAIR NA HORA CERTA

Aqui ao lado, em OPINIÃO, publiquei uma afirmação, oportuna, de Miguel Sousa Tavares. O colunista do EXPRESSO e escritor tem razão. Se quisesse, poderia indicar outras pessoas, dos vários campos sociais, que têm dificuldade em deixar o poder. Sublinha ele que “A grandeza está em largar e não em continuar agarrado ao poder. Como acontece com tantas outras situações, em determinadas alturas da vida, a sabedoria consiste em saber sair, antes que nos peçam para sair". É verdade. Acontece, porém, que não vale a pena continuar a indicar pessoas que só sabem viver no poder e com o poder. Há casos evidentes em todo o lado, mesmo em campos onde era suposto encontrarmos gente com a humildade suficiente para ceder o lugar a outros. Concretamente, nas Igrejas, nos clubes, na política, nas instituições de solidariedade social e da cultura, em todo o lado. Tanto quanto sei, são pessoas generosas, capazes dos maiores sacrifícios, mas convencidas de que são insubstituíveis. Pensam, até, que a sua saída dos lugares que ocupam pode ser o caos, o fim do que lideram. Puro engano. As pessoas passam e as instituições permanecem de pé, quiçá com outras dinâmicas. Pelo que tenho visto, em diversas situações, estes responsáveis que se encontram agarrados ao poder parece que já não sabem viver sem ele. De tal modo que, uma vez fora das lideranças, até são capazes de fazer a vida negra a quem os substituiu, procurando estar na crista da onda, esforçando-se por dar nas vistas, teimando em mostrar que estão vivos. E afinal, mesmo sem os lugares de mando, poderiam muito bem continuar a trabalhar para o bem comum, em lugares mais humildes, mais apagados, mas úteis. FM

ARES DO OUTONO


O PÔR DO SOL É PARA NOS ELEVAR
Há anos recebi uma lição que jamais esquecerei. Viajava com um amigo, com o crespúsculo do fim de tarde a aproximar-se a passos largos. De repente, ao virar de uma esquina, eis um pôr do Sol deslumbrante. O meu amigo parou o carro, de repente, e convidou-me a sair. E disse: esta beleza é para ser apreciada com serenidade; isto eleva-nos. E ali ficámos a contemplar, numa tarde de Outono, a riqueza multivariada do colorido de um Sol coado pelas nuvens que iam emprestando tonalidades quase inexplicáveis ao astro rei que mudava de hemisfério.
O meu amigo e leitor Ângelo Ribau tem destas sensibilidades. Esta foto, que lhe agradeço, foi tirada junto ao navio-museu Santo André. Aqui a partilhamos com os leitores do meu blogue.

O CASTIGO A SCOLARI

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) multou Scolari em 35 mil euros, pela sua infeliz atitude num jogo internacional de futebol. Esta multa vem na sequência do castigo que foi aplicado ao seleccionador Scolari pela UEFA, que não ignorou o gesto impróprio de um homem que tem de ser um educador. Scolari reconheceu, na altura, embora um pouco tarde, que fez mal. Agora, a verba que lhe vai ser retirada do ordenado vai ser aplicado "num fundo de fair play", conforme informou Gilberto Madail, presidente da FPF.
O presidente esclareceu, ainda, que "o fundo de fair play e código de ética" já estava a ser pensado antes do incidente que envolveu Scolari no Portugal-Sérvia, realizado em Alvalade."A UEFA tem mecanismos de decisão mais rápidos que nós", explicou Madail sobre as razões que levaram a Federação Portuguesa de Futebol a só agora sancionar o treinador brasileiro.
Gestos de ofensas ao “fair play" no desporto português, nomeadamente no Futebol, não faltam. Infelizmente. Indiciará este comportamento, sobretudo de atletas, pouco cuidado, ao nível dos responsáveis, na sua preparação global? Penso que sim. Tantas atitudes irreflectidas, tanta má educação, tantas agressões na disputa da bola e tantas simulações no sentido de enganar os árbitros (que alguns consideram legítimas, como um dia disse o treinador Fernando Santos) só podem ter uma explicação: ensinam os jovens a dominar a bola, mesmo com arte, mas não educam para o respeito absoluto pelos adversários, profissionais da mesma profissão, e pelos adeptos.
Então, que o "fair play e o código de ética" venham quanto antes, com um objectivo fundamental: educar os atletas, os treinadores e os dirigentes. Os castigos serão sempre secundários, porque não resolvem problemas nenhuns. Se os resolvessem, nos países com pena de morte para os infractores não haveria crimes.

FM

DEUS: UMA QUESTÃO ABERTA




"O que entender por ateísmo? Perante o mistério da existência, talvez alguns não ponham sequer a questão da fé. Outros têm respostas prontas, claras e indiscutíveis. Há também os que não compreendem e, porque, no meio de um mundo ambíguo, grandioso e inquietante, se não satisfazem com nenhuma resposta, se interrogam angustiados: porquê? G. Minois, na sua História do Ateísmo, pensa que é tarefa do historiador explorar o passado destas três atitudes com "compreensão e compaixão". Assim, ele 'fala da história dos descrentes, agrupando sob esse vocábulo todos os que não reconhecem a existência de um Deus pessoal que intervenha na sua vida: ateus, panteístas, cépticos, agnósticos, mas também deístas'."
Leia todo o artigo em DN

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

AVEIRENSES ILUSTRES



EXEMPLO A IMITAR



Está a decorrer, em Aveiro, por iniciativa da Câmara Municipal, um ciclo de conferências, com o objectivo de manter viva a nossa memória, a respeito dos nossos maiores. Este projecto, a todos os títulos louvável, tem o aplauso de toda a gente e merece ser repetido, por esta ou outra forma, nas autarquias do País. Isto, porque nem sempre somos dados a recordar, com ênfase, aqueles que se deram ao serviço público, às ciências, às artes, à solidariedade, aos valores do espírito, ao desporto, ao amor ao próximo.
É frequente olharmos para a toponímia, lermos os nomes de baptismo de algumas ruas e praças, mas nem sempre sabemos, verdadeiramente, quem foram e o que fizeram de relevante essas personalidade, famosas ou humildes, que, de alguma maneira, contribuíram para o enriquecimento da sociedade, projectando-se e projectando-nos para um futuro mais justo e mais fraterno.
Os meus parabéns e que outros sigam o exemplo da autarquia aveirense, são os meus votos.

FM

Museu Marítimo de Ílhavo






PARA ABRIR O APETITE
:
Para abrir o apetite, aqui ficam três fotografias do Museu Marítimo de Ílhavo, mais concretamente da Sala da Ria de Aveiro. Claro que há outras salas, outros espaços, onde o nosso mar e o nosso povo também são reis.

MUSEU MARÍTIMO DE ÍLHAVO




6º ANIVERSÁRIO
DA SUA AMPLIAÇÃO E REMODELAÇÃO

O grande dia das comemorações do 6º aniversário da ampliação e remodelação do Museu Marítimo de Ílhavo será no domingo, 21, no auditório, pelas 17 horas. O evento principal será a apresentação do livro “Museu Marítimo de Ílhavo - Um Museu com História”, que assinala o fecho das comemorações dos 70 anos do Museu. Na mesma sessão será também apresentado o catálogo da exposição “A Diáspora dos Ílhavos”.
Entretanto, hoje e amanhã, tem lugar no mesmo museu o Colóquio Internacional de Patrimónios Marítimos e Museologia.
Permitam-me que reforce o conselho, tantas vezes aqui formulado: visitem o Museu Marítimo de Ílhavo, porque vale bem a pena. As especificidades das suas colecções, que tanto dizem às nossas gentes, precisam de ser apreciadas. E se aproveitarmos a circunstância de haver festa, como é o caso deste fim-de-semana, tanto melhor.

Na Linha Da Utopia



SOCIEDADE MAIS INCLUSIVA, QUANDO?

1. Já estivemos a anos-luz deste ideal que perseguimos. Que o digam os heróis que ao longo tantos dos séculos como das últimas décadas têm lutado por uma sociedade (mais) inclusiva, que saiba acolher cada pessoa na sua situação, especialmente na procura de um tempo social que tenha como referência de especial atenção a pessoa que tem mais dificuldades, o “pobre” (aquele a quem falta algo) e nele elas a pessoa com deficiência.
2. Periodicamente, de forma especial em datas comemorativas (seja de âmbito local ou mundial) convivemos com as promessas interessantes de quem diante dos factos espelha a justa sensibilidade para com esta causa de todos. Mas no dia (mês, ano) seguinte tudo volta à estaca “zero”, quase ao ponto de partida, deixando na ansiosa insegurança quem já vive um peso incalculável, como também as suas famílias e as pessoas e instituições que acompanham a vida das pessoas com deficiência.
3. Do ano 2003, Ano Europeu da Pessoa com Deficiência, continuam ainda um conjunto de expectativas para serem cumpridas (dos passeios das estradas públicas até aos acessos a edifícios, e muitas vezes em construções novíssimas); da estruturante Declaração de Salamanca (10 de Junho de 1994, http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/deficiente/lex63.htm) continua aberto o longo caminho a percorrer nessa estruturação de uma educação inclusiva que tarda em ser a referência paradigmática na perspectiva de uma educação para todos e ao longo de toda a vida. Mas, sublinhe-se, para se chegar onde já se chegou tem sido heróica a entrega daqueles que, contra todos os ventos do pragmatismo, vão dando esta sensibilidade como o único caminho possível de futuro.
4. Todos sabemos que passeios da rua adaptados para a pessoa com deficiência são caminhos melhores para todos. Desta evidência, porque tarda desmedidamente a implementação dos novos modelos de acessibilidades (tanto de “caminhos” porque antes) de mentalidades? Porque aquilo que deveria ser o essencial pedagógico para todos é praticamente esquecido? Porque os cidadãos não “sentem” (só quando toca na pele) esta como uma causa de todos e essencial para uma sociedade mais sensível? Porque vêm as políticas, agora, também, sacar os cêntimos de pessoas cuja vida…? Porque andamos para trás em termos de sensibilidade social? Eis onde chegámos, e como o permitimos. Quem diria!

Alexandre Cruz

VIVER SEM OBRIGAÇÕES, GOZAR SEM TRABALHAR

No seu discurso inicial, o Presidente Sarkozy recordou uma frase escrita nas paredes da Sorbone, em Maio de 68, para dizer nesse dia ao povo francês que esse não podia ser o caminho para a renovação e desenvolvimento do país. A frase foi esta: “Viver sem obrigações e gozar sem trabalhar”. Era o ideal de muitos dos protagonistas desse dia.
Os tempos que vão correndo mostram que este parece ser ainda hoje o sonho de muita gente. O ambiente reinante vem, em muitos casos, ao encontro de quem assim pensa e deseja isso mesmo para si. Ganhar muito com pouco ou nenhum trabalho e sem esperar nem gastar tempo. O frenesim na procura do mais fácil e rentável, leva por vezes a entrar por caminhos enviesados e escusos, à margem da lei ou sob uma protecção duvidosa da mesma, permitido o aumento da corrupção, da marginalidade, da irresponsabilidade social. Tudo isto é possível, mesmo habitando-se vivendas vistosas, gozando da estima de uns e dos favores de outros. Uma clandestinidade com muitas abertas, que passa desapercebida a quem só olha para o lado e, quando os olhos se abrem, logo a luz os incomoda.
As obrigações, que tantos rejeitam e que podemos traduzir por deveres e compromissos pessoais e colectivos, pressupõem consciência de responsabilidade, sujeição a normas de conduta, compreensão do bem comum, participação activa na construção de uma comunidade de direitos e deveres, abertura à mútua colaboração, espírito de serviço e de disponibilidade, capacidade de convivência salutar e de verdadeiro discernimento. Só neste clima se pode esperar a satisfação dos legítimos direitos de cada um e de todos. Então, tem sentido a luta pelos mesmos direitos, quando não reconhecidos, negados ou dificultados
Ninguém ignora que governar, até a própria casa, é uma tarefa cada vez mais difícil e penosa. Muita gente não quer regras, a obediência traduzem-na por sujeição de escravos, cada um sabe sempre mais do que os outros e só o que o que ele faz e diz é que tem valor e mérito. Os outros existem para incomodar quem se incomoda com pouco.
A sociedade está a empobrecer progressivamente. Só um atordoamento publicitário que cria e alimenta ilusões e anestesia a inteligência de quem devia pensar e ser crítico, pode impedir esta dolorosa e preocupante verificação. Também têm culpa desta doença que vai minando a vida em sociedade, muitos meios de comunicação social que cultivam o superficial e o emotivo e só aterram na realidade quando o escândalo é grande e torna a notícia rentável. As revistas dos escaparates, que são depois as que nos consultórios são monte de papel à disposição de quem espera, para poder queimar o tempo e alimentar a fantasia, dizem, com grande aparato gráfico, o vazio de muitas vidas, tornadas “famosas” pelo número de casamentos e de escândalos.
Gozar à tripa larga, sem dar nas vistas, foi o conselho de um conhecido treinador de futebol a alguns jovens jogadores, envolvidos em festa, que não honrava pessoas decentes e sérias. Porque se abriu para eles, em corrente abundante, a torneira dos milhões, muita gente julga que está aí para eles e para a gente nova, em geral, o segredo de uma grande felicidade, presente e futura.
A vida não se pode isentar de obrigações. Ela mesma as necessita e as gera para evitar a sua desagregação e obter a honrosa classificação de ser serviço. Do mesmo modo, também para o normal das pessoas, o trabalho que proporciona a alegria do que se goza e satisfaz. Fugir a obrigações e a trabalhos é falsear a vida e envenenar o prazer do que legitimamente se goza. Aqui o segredo da história que perdura e deixa rasto. A opção pela historieta e pela banalidade, pelos caminhos sujos e pelos meios falsificados, é de vida curta, porque de consciência perturbada.

António Marcelino

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

CONSTRUÇÕES EM TERRA, NA ANTIGA CAPITANIA







Alguns aspectos da exposição


ADOBES EM AVEIRO E NO RESTO DO MUNDO

Até ao próximo dia 21, domingo, ainda pode visitar a exposição de fotografia e de utensílios do fabrico de adobes, na galeria da antiga Capitania, junto ao olho da cidade. Da região de Aveiro e doutras partes do mundo. São fotografias que nos mostram uma arte de tempos ancestrais, com vestígios dos nossos tempos. Vi edifícios, com que me cruzei tantas vezes, sobre os quais nunca me tinha debruçado com a atenção que eles mereciam. As exposições, afinal, têm esta missão de nos alertar para a arte e para as artes que teimam em marcar presença entre nós. Fui de propósito a Aveiro para ver duas exposições, mas não encontrei muita gente com gosto por estas coisas. É pena.
O desafio que aqui deixo é muito simples: vão à exposição antes que ela encerre.
Muitas das fotografias expostas são-nos de alguma forma familiares. Mas os testemunhos de antigos adobeiros também são bastante expressivos. Manuel de Oliveira Silva, 85 anos, de Requeixo; Georgina Gonçalves dos Santos, 84 anos, de Esgueira; e Aristides Marques Ferreira, 92 anos, de Eirol, estão bem retratados, como bem retratadas estão vidas e artes doutras gerações.
Fotografias do fabrico e aplicação de adobes mostram ao visitante que é preciso olhar à volta para apreciar o que resta da riqueza dos nossos avoengos, nomeadamente das freguesias dos concelhos de Aveiro e Ílhavo. E doutras paragens, em especial da Índia, Angola, Moçambique, Egipto, Espanha, Argentina e Marrocos.
Se gosta destas coisas (e mesmo que não goste; está sempre a tempo de começar a gostar), não perca esta oportunidade.

ARES DO OUTONO

Foto de Ângelo Ribau
::
Alegria! Alegria!
Ó céu do meu País,
Onde as nuvens até são quase luminosas,
Ó Sol de Maio a rir nos canteiros de rosas,
Ó Sol Alegre, ó Sol Brilhante, ó Sol Feliz
Para quem o Inverno é um momento apenas.
Sol de ingénuas manhãs e de tardes serenas,
Ó Sol quente de Julho, ó Sol das romarias,
Queimando e endoidecendo as multidões sadias,
Sol candente do Algarve, ó Sol doce do Minho,
Florindo amendoais ou a espumar no vinho.
Sol das searas de oiro e dos vergéis de Outono
Palpitantes de cor como um largo poente;
Sol que ao dormir a terra o seu fecundo sono,
Lhe dás sonhos de luz, voluptuosamente.
Sol das eiras do milho e da roupa a corar,
Sol dos verdes pinhais e das praias trigueiras,
Ó Sol moreno e forte a resplender no mar
Tisnando as carnações mais as velas ligeiras
Ó Sol moreno, ó Sol alegre, ó Sol feliz
Sendo ainda clarão na hora da agonia.

- Canta a glória da Luz, canta a glória do dia
Em todo o meu País!

João de Barros

In Vértice, revista de cultura e arte, Junho de 1952

DIAS POSITIVOS


Desafio espiritual


Al Gore e o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas foram os escolhidos para o Nobel da Paz. A escolha do comité norueguês não foi consensual. Raramente é. Não se pode agradar a gregos e a troianos. E qualquer opção implica exclusões – logo, permite que qualquer um diga que há um lóbi de qualquer coisa por detrás da escolha. Mas a contestação recai principalmente sobre o norte-americano. É difícil ser americano nos tempos que correm.
Um ponto, porém, é de realçar no discurso daquele que, em 2000, teve mais votos do que Bush, mas não foi eleito para a Casa Branca (não foi injustiça – todos sabiam que as regras eleitorais dos EUA permitiam e permitem que tal aconteça). Diz Al Gore, e é de crer que o repita quando, no dia 10 de Dezembro, receber o prémio: “A crise do clima não é uma questão política, é um desafio moral e espiritual para toda a humanidade”.
Não é difícil, para os cristãos, entender que assim seja. A crise do clima é a Criação a dar sinais dos maus-tratos por parte do ser humano, que em vez de ter cultivado o jardim (expressão do Génesis) que é de Outro, andou e anda a explorá-lo como se fosse seu. Já João Paulo II havia dito, num Dia Mundial da Paz, que a Paz com Deus, a paz entre os homens e a paz com a natureza andam todas ligadas.
A crise do clima é um puxão de orelhas ao nosso egoísmo geracional, ao nosso hiperconsumismo. Tudo acabará por ser resolvido com medidas políticas globais, mas estou certo de que, individualmente, isso implicará a adopção de virtudes morais e espirituais, com novos sentidos para a temperança, a solidariedade, o jejum e a abstinência...

J.P.F.
In Correio do Vouga

Na Linha Da Utopia


O perdão da dívida


1. Não se pense que falamos do “perdão da dívida” aos países pobres. Esse perdão seria bem-vindo, pois verdade se diga que muita da riqueza dos países ricos é conseguida à custa dos recursos explorados nos países pobres. Muitas destas nações em maior dificuldade estarão ainda a acolher a novidade efectivamente democrática e a encetar caminhos de real desenvolvimento, este que foi sendo travado pelo interesse estratégico de grandes (con-sideradas) potências ocidentais. Esse “perdão da dívida externa” tem merecido as maiores atenções e divulgações e, no fundo, não se trata de perdão mas sim de JUSTIÇA. Felizmente muitas têm sido já as vozes, da política às artes, sensibilizadoras para esta justiça do perdão da dívida, permitindo aos países de economia pobre um novo arranque no seu processo de justo desenvolvimento. Embora perdão sem um novo compromisso sociopolítico cai em saco roto…
2. Falamos de outro pretenso perdão (esquecimento, será?) de dívida. O caso do pai rico banqueiro que não sabia que seu filho havia pedido ao banco alguns milhões de contos (alguns, tanto faz o número para quem vive nessas esferas!), e, pelos vistos, pelo passar dos dias e das ideias, a dívida já deve estar quase perdoada!... Acontece tudo neste país!... Claro que, de facto, oficialmente, pouco se sabe e quase nada se deve dizer sobre o caso. Mas, o simples facto dessa possibilidade existir nessa gigante entidade bancária do país continua a fazer vir à luz do dia a desconfiança das entranhas dos processos, das agendas económicas, do modo como – em regime de pretensa igualdade de dignidade no tratamento das questões – uns continuam a ser mais iguais que outros. Pobre (rico) país!
3. Felizmente levantaram-se algumas vozes…mas que até têm lá os seus interesses, não vão os euros parar a outra algibeira! Mobilizaram-se entidades competentes, mas tudo em versão soft (leve), pois está consagrado prioritário a “imagem” em relação à “ética” dos milhões. Um arrastamento de silêncios e cumplicidades demonstra-nos bem a raiz dos nossos travões a um desenvolvimento justo, onde os tempos e lugares da ética e transparência terão de ser a fasquia de referência em qualquer área comum. Segundo os analistas da especialidade, essa entidade já havia passado um complexo “verão quente” ao que agora este caso denuncia maus hábitos de um “sistema”. Mas, não será possível ir à boleia por muito tempo; quando a ética de esvai abre-se a permeabilidade a tudo... No implacável mundo económico, não se resiste muito tempo na suspeita, a todo o custo se procuram seguranças. Assim, ISTO, por quanto tempo?!

Alexandre Cruz

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza


AINDA HÁ LIÇÕES DE VIDA

A ideia generalizada de que é impossível erradicar a pobreza no mundo não pode levar-nos a cair no desânimo, nem a limitar-nos na acção diária em favor dos mais pobres. Começando, naturalmente, pelos pobres que existem no pequeno mundo que nos rodeia. E às vezes, temos de o reconhecer, há projectos que podem estimular-nos para uma intervenção mais activa na sociedade.
Há anos participei numa cerimónia em que se homenageava um amigo meu, conhecido pela sua entrega aos outros. Celebrava ele uma data marcante da sua vida, penso que os 25 anos da sua ordenação sacerdotal, à qual se associou a comunidade em que exercia o seu múnus pastoral.
A comunidade, atenta à situação, entendeu oferecer-lhe um automóvel novo, já que o seu, antigo, estava bastante gasto pelo uso. Então resolveu quotizar-se para no dia da festa lhe entregar o cheque com a verba necessária.
Depois das palavras de circunstância, mescladas pelos elogios à sua entrega à comunidade, um membro da comissão organizadora da homenagem simples e de acção de graças sai da assembleia e dirige-se ao homenageado, a quem entregou o cheque, com a sugestão de que seria para um carro novo. Depois dos agradecimentos da praxe, o homenageado diz, com alguma alegria, mais palavra menos palavra: vem mesmo a calhar; este dinheiro vai direitinho para uma cozinha social; há gente que passa fome; o carro pode esperar.
Belo exemplo. Uma grande lição de vida que jamais esquecerei. E a cozinha social ainda hoje existe, fornecendo refeições económicas a quem tem algum dinheiro para as pagar; os que nada têm comem na mesma, porque não podem passar fome.

FM
:
Nota: Não divulgo o nome deste amigo para não ferir a sua sensibilidade.

Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza



NÃO NOS ESQUEÇAMOS DE PARTILHAR


O dia que hoje assinalamos – Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza – tem mesmo de nos fazer pensar. Confesso que nem sei bem o que hei-de dizer, depois de tanto já ter lido sobre o tema. É por demais evidente que todos estamos muito agarrados àquela ideia de que “pobres sempre os teremos”, ficando, por isso, muito tranquilos. Verdade seja dita que pobres não são só os que não têm o essencial para se alimentarem no dia-a-dia. Há muitíssimas formas de pobreza, mas a que mais vem à colação é a que está ligada à falta de pão. As outras “pobrezas” ficam relegadas para um plano secundário. Nesta linha, aceita-se a velha máxima, porquanto não estará ao nosso alcance debelar a pobreza que é a infelicidade de muita gente. Quando muito, poderemos admitir que, mesmo aí, haverá sempre a possibilidade de algo sair de nós para ajudar quem sobre, no corpo ou na alma.
Voltando então à pobreza que caracteriza a falta de meios para viver com dignidade, custa-me aceitar que os cientistas, nomeadamente os economistas, não consigam descobrir formas palpáveis que conduzam à erradicação da pobreza.
Há cerca de um ano foi premiado com o Nobel o criador do banco do microcrédito, para ajudar famílias e pessoas no lançamento de projectos que oferecessem meios de sustento. Depois tudo se calou. Os grandes bancos e os seus lucros fabulosos, mais os seus escândalos de permeio, distraíram-nos. Os pobres continuam por aí, à nossa porta inclusive. Os pobres envergonhados, diz-se, estarão a ser cada vez mais. Serenos, indiferentes mesmo, nós todos continuaremos a saber disso e de muito mais, mas pouco fazemos para erradicar a pobreza.
Eu sei que há muita gente que se dedica aos outros, abdicando de tudo, mas continuo a pensar que a luta contra a pobreza tem de passar, também, pela luta em favor de mais justiça social, de mais envolvimento das pessoas nos lugares de decisão, de mais denúncia do que está mal, paralelamente ao anúncio de decisões que sirvam para apoiar e estimular os que mais precisam.
E já agora, não nos esqueçamos de partilhar, no dia-a-dia, o que pudermos com os que sofrem à nossa porta.

FM


Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza


Oito propostas prioritárias

No assinalar do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza - 17 de Outubro -, a Rede Europeia Anti-Pobreza / Portugal (REAPN) apresenta “8 propostas de acção estratégicas prioritárias” para que o assinalar deste dia “não se transforme em mais uma rotina sem significado e, sobretudo, sem consequências”.
:
Ler mais em Ecclesia

NOTA: Foto que me foi enviada por um amigo para este dia

Na Linha Da Utopia



Pobreza: o beco sem saída?

1. Já desde os tempos antigos, falar a “estômagos vazios” é literatura que cai em saco roto. Quando os que têm pão em abundância discursam simpaticamente sobre os que não o têm, e rapidamente passam a outro assunto pelas naturais pressas da agenda e da vida, estamos, no fundo, diante de ideias surdas e mudas, que adiam esta resolução fundamental dos mínimos da dignidade humana. É assim que, salvaguardando esforços heróicos de pessoas e entidades, vamos continuando na manutenção da pobreza. Verdade sublinhada se diga, se os senhores do mundo quiserem, que HOJE será possível terminar com a pobreza extrema.
2. Por ironias do calendário (ou talvez não), depois do Dia Mundial da Alimentação (16 de Outubro), celebra-se o Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza (17 de Outubro). Como as cerejas, num encadeado sempre crescente em que as consequências são novas causas de pobreza, os modelos globais da hiperconcentração dos poderes (macroeconómicos) vão-nos dizendo que “a lei do mais forte” é implacável para quem não se adapta ou tarda em conseguir vislumbrar o caminho. Das antigas (rurais) às novas formas de pobreza (citadina), da envergonhada à desavergonhada, o certo é que até algumas formas clássicas (a horta e o galinheiro!) de sobrevivência foram recebendo a ordem de fechar, deixando o pão ainda mais longe e (mesmo) a ociosidade bem mais perto.
3. A margem da sociedade está a ficar cada vez maior. Os publicitados números económicos espelham o seu fruto, não permitem respirar muitas famílias já de cinto bem apertado, numa classe média que tende a esvaziar-se. O antídoto sempre foi a FORMAÇÃO: esta é a chave da porta de uma sobrevivência que se vai abrindo a novas formas de resolução dos problemas. Formação, tanto para o mundo longínquo (sem água nem pão), como para nós que tardámos em aceitá-la, com motivação e compromisso, será a ferramenta salvadora. Lá longe, muitos ditadores vão impedindo o acesso a essa renovadora qualificação dos povos; cá perto, como é possível que tantos e tantos adolescentes abandonem levianamente a sua formação escolar?! Como tudo se conjuga nessa indiferença da entrada no “beco”?
4. E mais: por exemplo, há dias observámos (e libertámos) num dos parques de estacionamento da cidade uma luta entre duas pessoas; eram dois sem-abrigo, arrumadores de carros, vindos de outro país. Um julgava-se proprietário desse parque e não queria aceitar o outro que lhe vinha “tirar” alguns clientes; álcool e fumo fazem parte dessa vida, dando ao menos para aquecer as noites que começam a ficar frias (o chamado Natal ainda está longe, também é só um dia)… E como podemos proclamar que está tudo bem quando cresce o número de excluídos da sociedade? E como “ensinar a pescar” com mais eficácia e compromisso? E como ligamos mais a política (seja económica) e um ensino como estratégia nestas questões de fundo? E como...

Alexandre Cruz

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Dia Mundial da Alimentação

PAPA LEMBRA AS CRIANÇAS

O Papa Bento XVI assinala este Dia Mundial da Alimentação com um olhar especial sobre as crianças, defendendo o “direito de todos os seres humanos à alimentação”.
Numa mensagem enviada ao director-geral da FAO, o Papa lamenta que os esforços levados a cabo em todo o mundo não tenham permitido diminuir “significativamente” o número de pessoas atingidas pela fome.
A mensagem enviada a Jacques Diouf faz uma referência especial à situação das crianças, “primeiras vítimas desta tragédia que sofrem pela falta de desenvolvimento físico e psíquico”.
Na celebração do Dia Mundial da Alimentação, dedicado este ano ao tema “O Direito à Alimentação", Bento XVI aproveita para ligar o drama da fome ao respeito pelos Direitos Humanos, frisando que os dados disponíveis mostram que a falta de alimentos não está ligada apenas a causas naturais, “mas sobretudo a comportamentos humanos e a uma deterioração geral de tipo social, económica e humana”.
Segundo o Papa, “é necessária uma consciência de solidariedade que considere a alimentação como um direito universal, sem distinções nem discriminações”.

Fonte: Rádio Renascença

Dia Mundial da Alimentação

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL


A agenda diz-me que hoje é o Dia Mundial da Alimentação. E porque é uma agenda do nosso País e para a classe média alta, recomenda que devemos evitar açúcares, gorduras, óleos e aditivos.
É natural que haja cuidados com a alimentação, tanto mais que há muitas doenças que resultam do consumo imoderado de certos produtos, feitos a gosto dos nossos apetites. E dos nossos olhos. Afinal, o homem é o único animal, dizem, que come com os olhos. É, então, importante comer com moderação, optando pelos produtos mais saudáveis. Bom apetite, apesar de tudo. Amanhã direi por que motivo a nossa moderação até pode ter uma finalidade bem útil e importante.
Já agora, aprenda a calcular o índice de Massa Corporal, dividindo o seu peso, em quilos, pela sua altura ao quadrado, em metros. Se o resultado estiver entre 18,5 e 24, parabéns.

Na Linha Da Utopia



Alargar (ou limitar) o debate europeu?


1. Aproximam-se dias importantes para o projecto europeu. 50 anos depois do Tratado de Roma (já ineficiente no nova Europa) procura-se a todo o custo a assinatura de algo, de documento, de um tratado com linhas comuns. De uma ideia de Constituição “chumbada” pela França e Holanda, nestes últimos tempos o receio é tanto que se procuram ler mesmo em novas nomenclaturas essa esperança continuadora do inédito percurso europeu pós-guerra.
2. Mas talvez o maior de todos os problemas continue a ser a distância das comunidades locais em relação ao sonho europeu. Quando os votos nos possíveis referendos europeus derivam (ou não) do estado da situação económica, dos custos ou dos benefícios, tal facto demonstra-nos bem em que critérios temos andado. Dir-se-á que já no princípio assim era: o carvão e o aço, como permutas geradores de “laços” que ao menos evitassem a guerra como solução dos problemas.
3. O assunto (europeu) anda, mais que nunca, a ser lidado com pinças. A tal ponto que, de receio em receio, o “lema” norteador é mesmo evitar referendos, não venham estes a desiludir as expectativas. Neste contexto, por défices anteriores de explicar a Europa aos europeus, será que chegámos a uma situação em que o melhor será fechar, silenciar, limitar o debate europeu? Quase como uma operação clínica, qualquer distracção pode ser fatal. Os tempos actuais são de ansiedade, mas, melhor seria que ao longo dos tempos passados se tivesse conseguido alargar, efectivamente, o debate europeu.
4. O mundo precisa de uma Europa viva, com ideias, muito para além de um afirmado “racionalismo” (este hoje já quase sem razão, asfixiado na tecnologia); a Europa precisa de se repensar à luz do mundo e dos seus valores constitutivos. Nestes estarão tanto um pluralismo inclusivo de visões dignificantes como a constatação de matrizes que ergueram esta forma de democracia. Não será o esvaziamento de si mesmo que dará a capacidade acolhedora da diferença de pensamento e de modo de vida. Na Europa da dignidade humana, por ilusão ou confusão (no entendimento do que significa “pluralismo”), por medo ou pré-conceito, temo-nos esvaziado, quase esquecendo (pluralmente) donde vimos.
5. Claro, neste terreno pantanoso (pela “rama”), é tanto mais difícil saber para onde vamos. Ainda assim, continuará a ser histórico o caminho europeu; mas será tanto melhor quanto mais cedo se “escancarar” um debate aberto de uma Europa social e existencial no Séc. XXI. Parece que por agora este debate antropológico continua a ser adiado; o que se procuram são mesmo as assinaturas, não ideias que saibam ser unas e plurais. Pena, mais uma oportunidade adiada (?)!

Alexandre Cruz

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Poema


DÁ GOZO VER A FLOR
Dá gozo ver a flor
que desabrocha no meu jardim

Sentir que procura a luz
de manhã à noitinha
em silêncio

E descobrir que mais brilha
sozinha
ao amanhecer


Dá gozo ver a flor
que desabrocha no meu jardim

E ler no colorido das suas pétalas
vida límpida
reflectida nos meus olhos
Fernando Martins

Diocese de Aveiro




"IGREJA AVEIRENSE"

Veio a lume mais um número da revista “Igreja Aveirense”, uma iniciativa da Diocese de Aveiro, através da Comissão Diocesana da Cultura. Trata-se do número referente ao primeiro semestre de 2007.
A “Igreja Aveirense” nasceu para registar para a história da Diocese de Aveiro textos fundamentais do prelado diocesano, bem como dos departamentos e demais serviços da Igreja Católica, em terras da ria e do Vouga. Nessa perspectiva, a revista posiciona-se na linha de servir quem pretenda valorizar-se por meio da leitura, bem como ajudar os estudiosos que venham a debruçar-se sobre a vida e a intervenção da Igreja na sociedade aveirense, na multiplicidade das suas paróquias.
Neste número, os leitores podem continuar a reflectir sobre “A Igreja ao serviço da família”, tema do 2º ano do Plano Diocesano, de que se sentem marcas do programa desenvolvido durante os últimos tempos, nas acções levadas a cabo nas paróquias e movimentos, obras e grupos, “embora com ritmos e intensidades muito diversas”, como se lê na Apresentação da revista.
Mensagens, homilias e catequeses, mais alguns textos diversos do Bispo de Aveiro, D. António Francisco. Homilias, catequeses e outros escritos do Bispo Emérito de Aveiro, D. António Marcelino. Vêm a seguir as expressões dos vários serviços diocesanos, na diversidade das suas intervenções eclesiais, culturais e sociais.
A revista oferece também um trabalho sobre o diálogo inter-religioso e notícias breves. A rubrica Publicações apresenta um livro alusivo à acção pastoral dos Bispos de Aveiro, de Mons. João Gaspar. Há efemérides que enriquecem a nossa memória. O último capítulo, Pessoas Notáveis, evoca Maria da Anunciação Filipe, uma diocesana que se entregou sem limites à causa do Reino de Deus. Penso que estes exemplos de vida, cuidadosamente preparados e divulgados pelo padre Georgino Rocha, são uma mais-valia para a “Igreja Aveirense” e para todas as pessoas, independentemente de terem fé ou não. Permitam-me que diga isto: A Igreja esquece, frequentemente, gente que se dá aos que mais precisam, com toda a força de uma fé autêntica. Gente anónima para as parangonas da comunicação social, sem grandes títulos académicos, mas com a alma cheia de generosidade e do sentido de missão que devia caracterizar todos os cristãos. As nossas paróquias estão cheias de pessoas dessas. Felizmente. São elas que deixam marcas indeléveis no coração do povo. Sem estátuas nem honras. Essas estão, seguramente, no coração de Deus. Mas sabe bem recordá-las. É o que a “Igreja Aveirense” tem feito.

Fernando Martins

"Aveirenses Ilustres"


Ciclo de conferências abre com análise
à figura de Alberto Souto


A primeira sessão decorre hoje a partir das 18h30 no Museu da Cidade. O Ciclo de Conferências irá abordar cientificamente os seguintes “Aveirenses Ilustres”: Alberto Souto por Luís Souto da Universidade de Aveiro; António Gomes da Rocha Madahil por Luís Filipe Sampaio Camejo; José Estêvão por José Tengarrinha da Universidade Nova; Mário Duarte por Manuel Alegre; Antónia Rodrigues por Regina Tavares da Silva da Universidade Nova de Lisboa; José Ferreira Pinto Basto e Gustavo Ferreira Pinto Basto pela Sociedade Histórica da Independência de Portugal; Padre Fernando Oliveira pelo Capitão de Mar e Guerra António Manuel Fernandes da Silva Ribeiro, do Conselho Consultivo e Científico do Centro de Estudos do Mar; Princesa Santa Joana e Infante D. Pedro por Saul António Gomes da Universidade de Coimbra; João Afonso de Aveiro por João Paulo Oliveira e Costa da Universidade Nova de Lisboa; João Jacinto de Magalhães por Isabel Malaquias da Universidade de Aveiro; José Luciano de Castro por Fernando José Grave Moreira; Lourenço Simões Peixinho por Rosa Maria Oliveira; Luís Gomes de Carvalho e Von Haff por Comandante de Mar e Guerra José Rodrigues Pereira, do Museu da Marinha; e Vale de Guimarães por Gaspar Albino e Gilberto Nunes.
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Fonte: Rádio Terra Nova
Foto de Miguel Lacerda

PARQUE INFANTE D. PEDRO

MONUMENTOS NO JARDIM DO PARQUE
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Apreciar os monumentos dispersos pela cidade, qualquer que ela seja, é sempre uma lição de história. Ler o que se escreveu neles, procurando depois outras informação, pode ajudar-nos a descobrir curiosidades interessantes. Leiam o que está nestes monumentos. Há personalidades da região que marcaram o seu tempo. E o nosso.

Efeméride


ESTÁTUA DE JOSÉ ESTÊVÃO EM LISBOA

1984 – Voltou a ser colocada junto do edifício da Assembleia da República a estátua do insigne parlamentar aveirense José Estêvão Coelho de Magalhães, que fora inaugurada em 1878 em Lisboa, no Largo das Cortes, e daí retirada em 1935. No mesmo dia, o Parlamento prestou ao grande tribuno uma significativa homenagem, falando os representantes dos principais partidos políticos.

Fonte: Calendário Histórico de Aveiro, de António Christo e João Gonçalves Gaspar
Foto de Dias dos Reis

domingo, 14 de outubro de 2007

FÁTIMA


D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, em entrevista publicada no PÚBLICO de hoje


Fátima é muitas vezes vista pelas coisas feias - o negócio, o urbanismo, a emoção exagerada. Como olha para isso?


Quem quiser ver os aspectos negativos, encontra-os. Mas há também multidões que ali vivem e testemunham a sua fé, com alegria. Há gente que ali encontra uma espécie de oásis espiritual, a frescura e a dimensão interior da sua existência, que é capaz de sair dali transformada e levar essa transformação aos outros.

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ARES DO OUTONO



EPÍLOGO

Não receio fantasmas nem duendes
Na jornada que vai quase a findar…
Hoje como ontem, meu Desejo, acendes
O mesmo facho para me guiar.

Ontem como hoje, uma lição aprendes
Na luz do Sol, na longa voz do mar:
- Que, se é grande a saudade a que te prendes,
Maior é sempre a glória de esperar…

Toda a noite amamenta a manhã nova…
E o mar, onda após onda, já renova
Sem apelo de longe em seu clamor.

Eternidade desta vida breve!
- Nunca morre a ansiedade que te leve
A criar, dia a dia, a paz e o amor…

João Barros

In VÉRTICE, revista de cultura e arte, Junho de 1952

Ponta de Lança


LIBERDADE

Há situações verdadeiramente incontornáveis no universo que é a nossa casa!Entre nós, Aveiro na sua amplitude, há uma tradição de luta pelos ideais de liberdade que atravessam muito mais de meio século, como Aveiro comemorou no dia seis de Outubro, a propósito do I Congresso da Oposição Democrática que o Aveirense acolheu em 1957.
De uma forma contida, a oposição reuniu-se em Aveiro para debater a situação e o situacionismo nacional e dirimir as teses que entreabririam uma nesga de céu azul, nas palavras de Mário Sacramento, recordadas no Sábado, pelo Prof. Luís Farinha. E a liberdade ainda vinha tão longe!
Passados estes cinquenta anos, enquanto no Aveirense se actualizava a memória, corriam pelas ruas da cidade aquilo que poderemos considerar como consequência da parte dos ecos dessas teses que, num crescendo de esperança, foram eclodindo a ditadura, mas não conseguiram o triunfo necessário na altura, meados de cinquenta, como agora passados cinquenta (anos)!
O ideário de liberdade vem chocando uns e outros por não ser acompanhado pela responsabilidade de actos e compromisso cívico!
Porque, no decurso da semana de recepção ao caloiro em ambiente festivo, emergem laivos de pré-história, de rocambolescas indigências pouco democráticas!E a noite semeia-se de devastação do património, pelo qual tantos pugnaram, e de dejectos de toda a ordem. O Canal do Cojo fez corar o aterro de Taboeira!
O triunfo do álcool, da indisposição colectiva!?
A revolução está na rua!
Enquanto isto, o campeonato continua!

Desportivamente… pelo desporto!

M. Oliveira de Sousa
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Fonte: Correio do Vouga

PARQUE INFANTE D. PEDRO










NB: Painéis de azulejo, com motivos históricos da região. Na gruta, junto à escadaria de acesso ao jardim. Para apreciar...

Na Linha Da Utopia


O Nobel da Paz Ambiental

1. Nestes dias, a paz com a natureza foi causa reconhecida com o Nobel. Não precisava de tal atribuição, mas este “reforço positivo” renova os imperativos ecológicos nas agendas políticas. É uma questão de sobrevivência. Como em tudo e como sempre, há quem tenha apoiado a atribuição e há quem não a veja com bons olhos; uma coisa é certa, não há alternativa, será mesmo necessário a transformação de alguns hábitos (diários) a fim da preservação do maior e mais belo património de todos que é, afinal, a nossa própria sobrevivência: a natureza que nos envolve, que somos, e que está em perigo. É um facto, a mudança (já em exercício+-) inadiável, ganha um novo impulso.
2. Na data de 10 de Dezembro, Dia dos Direitos Humanos, será entregue o Prémio Nobel da Paz 2007 a Al Gore, ex-vice-presidente da Casa Branca (ex-futuro presidente dos EUA!) e ao Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, ligado às Nações Unidas). Poder-se-á perguntar: que têm os direitos humanos a ver com as questões ambientais? Será que agora esta uma nova moda? Talvez se vivêssemos noutros sítios do mundo entenderíamos bem melhor a urgência destas questões. Cada ano que passa, as alterações climáticas confirmam-se como um facto alarmante que, em última análise, poderá mudar a configuração do planeta; diante de catástrofes de um lado do mundo, as migrações populacionais, e a própria corrida aos recursos disponíveis, podem mudar radicalmente o cenário populacional global.
3. A propósito deste reconhecimento a Al Gore, alguns analistas consideram-no como o homem que chegou sempre cedo demais; tanto a perceber os alcances da Internet, como o erro da invasão do Iraque (claro, por contraposição à política de W. Bush), como ainda nos anos 80 foi pioneiro a compreender os riscos do aquecimento global. Não se pense, por isso, que o seu famoso documentário global “Uma Verdade Inconveniente” é uma moda dos últimos dias. Trata-se de uma linha de coerência, naturalmente mediatizada e mediatizadora, mas em que claramente Gore muito contribuiu nestes últimos anos para criar uma opinião pública planetária para esta urgência. Agora, o Nobel, premiando (verdade se diga) o uso dos instrumentos comunicacionais ao serviço desta causa, subscreve essa urgência inadiável! É mesmo importante que entendamos a mudança; das políticas institucionais aos cidadãos informais, a mudança será intensificada. Ou não queremos deixar mundo aos vindouros?! No fundo, hoje, é esta a pergunta essencial. Claro que sim!

Alexandre Cruz

sábado, 13 de outubro de 2007

PAIXÃO POR DEUS, COMPAIXÃO PELA HUMANIDADE


"A compaixão tem de ser universal, porque nenhum ser humano gosta de sofrer e todos têm direito à felicidade: não há nós e os outros, pois vivemos todos nesta Terra, que é a nossa habitação comum. Por outro lado, todos temos a semente da compaixão, pois a natureza humana é gentil e compassiva - pense-se na importância do contacto da criança com a mãe: a vida emocional e afectiva boa na infância tem influência decisiva na vida adulta."


Anselmo Gorges, no DN de hoje

NOBEL DA PAZ

O antigo vice-presidente dos Estados unidos Al Gore recebeu on-tem o prémio Nobel da Paz, em conjunto com o Painel Intergovernamental da ONU para as Mudanças Climáticas. Os dois venceram pelo seu trabalho de alertar a opinião pública para o problema do aquecimento global.

Ver em DN


FÁTIMA: IGREJA DA SANTÍSSIMA TRINDADE



UM POEMA DE SOPHIA
NA CERIMÓNIA DA DEDICAÇÃO
DO TEMPLO, LIDO PELO BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA, D. ANTÓNIO MARTO






A CASA DE DEUS

A casa de Deus está assente no chão
Os seus alicerces mergulham na terra
A casa de Deus está na terra onde os homens estão
Sujeita como os homens à lei da gravidade
Porém como a alma dos homens trespassada
Pelo mistério e a palavra da leveza

Os homens a constroem com materiais
Que vão buscar à terra
Pedra vidro metal cimento cal
Com suas mãos e pensamento a constroem
Mãos certeiras de pedreiro
Mãos hábeis de carpinteiro
Mão exacta do pintor
Cálculo do engenheiro
Desenho e cálculo do arquitecto
Com matéria e luz e espaço a constroem

Com atenção e engenho e esforço e paixão a constroem
Esta casa é feita de matéria para habitação do espírito

Como o corpo do homem é feito de matéria e manifesta o espírito
A casa é construída no tempo
Mas aqui os homens se reúnem em nome do Eterno
Em nome da promessa antiquíssima feita por Deus a Abraão
A Moisés a David e a todos os profetas
Em nome da vida que dada por nós nos é dada

É uma casa que se situa na imanência
Atenta à beleza e à diversidade da imanência
Erguida no mundo que nos foi dado
Para nossa habitação nossa invenção nosso conhecimento
Os homens constroem na terra

Situada no tempo
Para habitação da eternidade

Aqui procuramos pensar reconhecer
Sem máscara ilusão ou disfarce
E procuramos manter nosso espírito atento
Liso como a página em branco

Aqui para além da morte da lacuna da perca e do desastre
Celebramos a Páscoa

Aqui celebramos a claridade
Porque Deus nos criou para a alegria

Páscoa de 1990

(In Igreja de Santa Maria,
Marco de Canaveses; poema oferecido por Sophia à igreja;
in «Correntes D'Escritas», nº.2, Fevereiro, 2003)

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