Rumar a MAR ALTO
Não sei se as gentes da Ria de Aveiro já se aperceberam da importância da abertura da Barra há dois séculos, que os completará em 3 de Abril de 2008. Diz a história, contada pelo Comandante Silvério da Rocha e Cunha, que, “Às 7 horas da tarde, em segredo, acompanhado por Verney, pelo marinheiro Cláudio e poucas pessoas mais, arrancam a pequena barragem de estacas e faxinas que defendia o resto da duna na Cabeça do Molhe. Cortam a areia com pés e enxadas, e Luís Gomes, abrindo um pequeno sulco com o bico da bota no frágil obstáculo que separava a Ria do mar, dá passagem à onda avassaladora da vazante para a conquista da libertação económica de Aveiro, depois de uma pressão que durava há 60 anos”. Como sublinha, na parte final deste pequeno mas elucidativo texto, aquele gesto deu passagem à onda avassaladora da vazante para a conquista da libertação económica de Aveiro. Eu acrescentarei: de toda a região.
Direi ainda que as águas estagnadas da laguna eram, frequentemente, causa de doenças que afectavam as populações ribeirinhas. A importância económica e social da abertura da barra está à vista de todos, residentes e visitantes. E se mais progresso não tem havido à sombra da ria e do Porto de Aveiro, tal ficará a dever-se à falta de visão dos responsáveis políticos, que não souberam, em muitas circunstâncias, criar incentivos e condições que mobilizassem as populações para mais notório desenvolvimento económico, social, cultural e turístico. Quantas vezes tenho ouvido dizer que a nossa laguna, em países com visão estratégica no campo do turismo, teria possibilidades, com as suas potencialidades, para se tornar num dos mais apetecidos destinos de quem passeia e gosta de gozar férias em recantos paradisíacos.
Isto vem a propósito da exposição “Rumar a MAR ALTO” que está patente ao público no Teatro Aveirense até 12 de Novembro e que precisa de ser visitada por todos. Eu já lá fui. Encontrei muito pouca gente. Enquanto estive a apreciar pintura, escultura, fotografia e desenho, tudo de braço dado com instalação multimédia, só vi um jovem casal mais preocupado com o amor que estava a sentir, e a viver, do que com a arte exposta.
De qualquer forma, aqui ficam algumas fotos da exposição organizada pelo Teatro Aveirense e pela Comissão do Bicentenário da Abertura da Barra de Aveiro. Se lá forem, e julgo mesmo que vão, hão-de reconhecer que a arte, qualquer que ela seja, é sempre uma mais-valia para qualquer comemoração.
Fernando Martins