SOCIEDADE MAIS INCLUSIVA, QUANDO?
1. Já estivemos a anos-luz deste ideal que perseguimos. Que o digam os heróis que ao longo tantos dos séculos como das últimas décadas têm lutado por uma sociedade (mais) inclusiva, que saiba acolher cada pessoa na sua situação, especialmente na procura de um tempo social que tenha como referência de especial atenção a pessoa que tem mais dificuldades, o “pobre” (aquele a quem falta algo) e nele elas a pessoa com deficiência.
2. Periodicamente, de forma especial em datas comemorativas (seja de âmbito local ou mundial) convivemos com as promessas interessantes de quem diante dos factos espelha a justa sensibilidade para com esta causa de todos. Mas no dia (mês, ano) seguinte tudo volta à estaca “zero”, quase ao ponto de partida, deixando na ansiosa insegurança quem já vive um peso incalculável, como também as suas famílias e as pessoas e instituições que acompanham a vida das pessoas com deficiência.
3. Do ano 2003, Ano Europeu da Pessoa com Deficiência, continuam ainda um conjunto de expectativas para serem cumpridas (dos passeios das estradas públicas até aos acessos a edifícios, e muitas vezes em construções novíssimas); da estruturante Declaração de Salamanca (10 de Junho de 1994, http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/deficiente/lex63.htm) continua aberto o longo caminho a percorrer nessa estruturação de uma educação inclusiva que tarda em ser a referência paradigmática na perspectiva de uma educação para todos e ao longo de toda a vida. Mas, sublinhe-se, para se chegar onde já se chegou tem sido heróica a entrega daqueles que, contra todos os ventos do pragmatismo, vão dando esta sensibilidade como o único caminho possível de futuro.
4. Todos sabemos que passeios da rua adaptados para a pessoa com deficiência são caminhos melhores para todos. Desta evidência, porque tarda desmedidamente a implementação dos novos modelos de acessibilidades (tanto de “caminhos” porque antes) de mentalidades? Porque aquilo que deveria ser o essencial pedagógico para todos é praticamente esquecido? Porque os cidadãos não “sentem” (só quando toca na pele) esta como uma causa de todos e essencial para uma sociedade mais sensível? Porque vêm as políticas, agora, também, sacar os cêntimos de pessoas cuja vida…? Porque andamos para trás em termos de sensibilidade social? Eis onde chegámos, e como o permitimos. Quem diria!
Alexandre Cruz