quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Valdemar Aveiro vai lançar novo livro

"Ecos do Grande Norte 
— Recordações da Pesca do Bacalhau"


Valdemar Aveiro


Tive o prazer há dias de conversar um pouco com o Capitão Valdemar Aveiro, um ilhavense que assumiu, como sua, a nossa Gafanha da Nazaré. Por aqui andou desde menino, brincando com miúdos da sua idade nas ruas da nossa terra, enquanto sua mãe fazia os seus negócios de porta em porta, caiando casas, também,  o que fazia com maestria, pois, como me garantiu o amigo capião, não deixava "santos" nas paredes por onde passavam a broxa e os pincéis.
Nessa conversa, fiquei a saber que já está no prelo um novo livro, "Ecos do Grande Norte — Recordações da Pesca do Bacalhau", que será apresentado no auditório do Museu Marítimo de Ílhavo, no dia 20 de dezembro, pelas 17 horas.
Valdemar Aveiro, com toda a sua obra, predominantemente ligada à pesca do "fiel amigo", merece a nossa admiração, por trazer até ao presente vivências dos nossos pais e avós, nos mares gelados da Terra Nova e da Gronelândia. Vivências dignas de heróis do mar, ignorados ou esquecidos pelas gerações atuais, mais dadas a olhar o presente com todos os seus desafios onde não cabem as lutas e os sofrimentos dos nossos antepassados, alguns dos quais enbarcaram com 14 anos, idade das brincadeiras e de escolas que raros frequentaram.
Estou com muita curiosidade de ler "Ecos do Grande Norte — Recordações da Pesca do Bacalhau". 

Caso José Sócrates

José Sócrates



Não comentei a prisão do antigo Primeiro-Ministro José Sócrates, embora não tenha ficado indiferente ao espetáculo mediático que se seguiu, com horas e horas de diretos nos horários nobres de todos os órgãos de comunicação social, com destaque para as televisões. E não me pronunciei para não cair na tentação de reproduzir banalidades, umas cheias de ódio e outras de compreensível contenção, vindas estas de amigos próximos e de correligionários de Sócrates. Dos partidos, da esquerda à direita, vieram comentários pautados pela prudência, alegando quase todos que «à política o que é da política e à justiça o que é da justiça». Partilho desta mesma opinião.
Sobre a forma como José Sócrates foi esperado à saída do avião e a prisão preventiva decretada pelo juiz de instrução criminal, nada devo dizer, simplesmente porque não conheço as investigações que levaram a justiça a proceder assim, nem tão-pouco está ao meu alcance o que ditam os nossos códigos sobre o assunto. 
Penso apenas que, num estado de direito, não há nem pode haver portugueses de primeira e de segunda, muito menos tratamento desigual seja para quem for. Todos somos iguais perante a lei e não pode um português, qualquer que ele seja, só porque foi ministro, alto quadro do Estado ou poderoso membro da Finança ter direito a benesses negadas aos demais, como ter cadeia especial, cela com todas as comodidades, refeições distintas dos presos comuns, etc.
Há a promessa de que vão ser investigadas as fugas de informação que conduziram ao espetáculo a que assistimos em direto. Gostaria, francamente, de conhecer os resultados e de ver julgados os infratores que, presumivelmente, estarão dentro dos espaços judiciários. 

Fernando Martins



terça-feira, 25 de novembro de 2014

Ainda o meu aniversário



A propósito da celebração do meu 76.º aniversário, recebi dezenas de mensagens pelo Facebook, por e-mail, por telefone e pessoalmente. Tantas que, realmente, se torna muito difícil responder a tamanhas provas de amizade e generosidade de familiares e amigos das mais diversas idades e quadrantes geográficos. 
Quando se prega e escreve que o nosso mundo está a abandonar a rota dos valores que constituem a essência da nossa civilização, é pertinente frisar que a amizade, a gratidão, a ternura, a franqueza, o sentido de proximidade e sinceridade, bem como a alegria da partilha de sentimentos e emoções, permanecem intocáveis, manifestando-se na hora própria. Foi isso que senti por estes dias. Li e ouvi palavras que me tocaram profundamente. Com todas elas saí muito mais rico. 
Um abraço amigo para todos.

Fernando Martins

Papa Francisco no Parlamento Europeu

Papa Francisco


Francisco falou ao Parlamento Europeu
do drama da «solidão» 
e denuncia «tecnicismo burocrático» 
das instituições comunitárias




O Papa disse hoje [25 de novembro] aos deputados do Parlamento Europeu em Estrasburgo que a alma do Velho Continente está ameaçada por “doenças” como a “solidão” e as consequências da crise económica e social.
“Uma das doenças que hoje vejo mais difundida na Europa é a solidão, típica de quem está privado de vínculos. Vemo-la particularmente nos idosos, muitas vezes abandonados à sua sorte, bem como nos jovens privados de pontos de referência e de oportunidades para o futuro”, declarou Francisco, na primeira das duas intervenções previstas durante a visita à cidade francesa.
A este problema, acrescentou, juntam-se estilos de vida “egoístas”, caraterizados por uma “opulência atualmente insustentável e muitas vezes indiferente ao mundo circundante, sobretudo dos mais pobres”, passagem do discurso que mereceu uma salva de palmas dos eurodeputados.

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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Reformados, eméritos, etc

Crónica de Anselmo Borges 
no DN de sábado

Em tempos de crise, 
os governos, para a austeridade, 
têm sempre facilmente à mão os reformados, 
com este ou aquele nome

Há muito que me pergunto porque é que uns são reformados, outros jubilados, outros eméritos, outros pensionistas ou aposentados. Pus-me no encalço das palavras, à procura do seu sentido originário. O que aí fica é o resultado, confesso que um pouco apressado, desse exercício.

1. Claro que reformado vem de reforma. A reforma que, em certos contextos, aparece mais imediatamente é a Reforma protestante. Aqui, porém, ela tem que ver com a situação de ir para a reforma e receber uma reforma, que é, em princípio, um quantitativo em dinheiro. Reformado é, pois, o que passou à reforma, por ter atingido uma certa idade e trabalhado um certo número de anos, com os respectivos descontos, ou porque ficou pura e simplesmente incapacitado para o trabalho. De modo estranho, reforma vem do latim reformare, com o significado de voltar à primeira forma, restabelecer, alterar, e reformado é o que torna à sua primeira forma, mas também o desfigurado, modificado.

domingo, 23 de novembro de 2014

Que rei é este?

Crónica de Frei Bento Domingues 

Que rei é este que esvazia 
a solenidade divina 
e exalta a condição humana?


1. A celebração litúrgica de Cristo Rei foi instituída por Pio XI, em 1925, com as monarquias em crise e as repúblicas em conflito com a Igreja Católica.
Tornou-se, depois, a coroa do ano litúrgico que recomeça com o Advento, ritmando o infindável acontecer da graça divina – simbolizado na Liturgia – que atinge todos os tempos e lugares, como fonte de libertação das nossas servidões mentais e afectivas, antigas ou novas, materiais, culturais ou religiosas. Sem um programa libertário, o ciclo litúrgico anual dará a ideia do eterno retorno do mesmo.
Quem, por outro lado, desejar conhecer a história do Santuário Nacional de Cristo Rei, elevado, em Almada, a 113 metros acima do Tejo, pode recorrer às informações do Google. Mas com ou sem esse facilitador, abandone os preconceitos e suba ao miradouro mais abrangente sobre a deslumbrante e inesgotável beleza de Lisboa. Regale os olhos e medite no que o tempo faz às cidades e à nossa vida, entre a ruina e o contínuo renascer. Com passaportes dourados ou não, não deixemos privatizar as cidades de milenares gerações de povos e culturas. Que as mil formas de criatividade as tornem cada vez mais acolhedoras.
A simbólica bíblica de “Cristo Rei” implica a luta contra miragens de grandeza efêmera das dominações imperiais e a redescoberta de uma cidadania de acolhimento e serviço de todos, a começar pelos mais pobres, os sobrantes e descartáveis, na linguagem do Papa Francisco.

Mulheres da Gafanha

Mulheres da Seca do Egas

As mulheres da Gafanha merecem um estudo profundo sobre o seu papel na construção das povoações e das comunidades desta região banhada pela Ria de Aveiro. É certo que alguns estudiosos e escritores de renome já se debruçaram sobre elas, cantando loas à sua tenacidade e coragem, mas também ao seu esforço, desde sempre indispensáveis na luta de transformação de areias improdutivas em solo ubérrimo. Há décadas, e é sobre essas mulheres que nos debruçamos, elas eram as mães solícitas e amorosas dos filhos, mas também os “pais” que garantiam o sustento da casa, enquanto os maridos se aventuravam nas ondas do mar na busca de mais algum dinheiro que escasseava em terra. 
Em jeito de desafio a quantos podem e devem, pelos seus estudos e graus académicos, retratar as nossas avós, com rigor histórico, já que, hoje e aqui, não há lugar nem tempo para isso, apenas indicamos algumas pistas, que há mais de 50 anos nos foram oferecidas por Maria Lamas, na célebre obra “As mulheres do meu país”, que viu há pouco a luz do dia em 2ª edição, numa iniciativa da “CAMINHO”, e que tão esquecida tem andado.


Pode ler todo o texto  aqui

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