quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Mons. João Gaspar submetido a uma operação

Soube, pelo Correio do Vouga, que Mons. João Gaspar foi submetido a uma intervenção cirúrgica, no passado dia 9 de Setembro. Considerada uma “operação ligeira”, o Vigário-Geral da Diocese de Aveiro deixou no dia seguinte o Hospital, encontrando-se agora em repouso. Desejo rápidas melhoras a Mons. João Gaspar, na esperança de que retome, o mais breve possível, as suas actividades eclesiais e culturais.

FIGUEIRA DA FOZ: CAE COM ARTE

Conforme prometi, passei hoje pelo CAE (Centro de Artes e Espectáculos) da Figueira da Foz. Para olhar o parque das Abadias, mas também para sentir o palpitar artístico desta cidade de encantos vários. Antes do café da manhã, no bar onde se respira tranquilidade, agora sem o incomodativo tabaco, passei por exposições de dois jovens artistas: Paula Ferrão e Rui Santos.
PAULA FERRÃO
Paula Ferrão, natural de Coimbra e licenciada em Artes Plásticas – Ramo Pintura, expõe Imagens Sem Título na Sala Zé Penicheiro. Curiosamente, Zé Penicheiro, natural da Figueira da Foz, está tão identificado com as paisagens, cores, traços, sombras e silhuetas da nossa Ria de Aveiro. Paula Ferrão, usando uma técnica mista, teve como ponto de partido, como se lê no desdobrável promocional, a imagem fotográfica, apoiando-se no “ponto de vista de quem está por detrás da objectiva”. Deixa-nos como desafio a descoberta do lugar da pintura perante a realidade da fotografia. Bom desafio este de Paula Ferrão, numa altura em que o choque (se é que ele existe) entre fotografia e pintura confunde as pessoas, quando confrontadas com as técnicas da manipulação da arte fotográfica, inúmeras vezes ensaiadas por diversos fotógrafos. A artista pintou, neste caso, à volta do espaço real envolvido pelo imaginário claramente patente em rostos, cores e posições. Fico, agora, à espera que a Paula Ferrão dê o salto, deixando, progressivamente, os sinais do figurativo. A imaginação terá o seu lugar, mais tarde ou mais cedo, nesta artista. Uma exposição a ver, sem falta, até 21 de Setembro.
RUI SANTOS

Rui Santos, figueirense com apenas 17 anos de idade, apresentou Paisagens da Figueira na Sala Afonso Cruz. Não é todos os dias que podemos ver uma exposição de fotografia artística de um jovem com esta idade. E quando tal acontece, tenho realmente de me regozijar. Olhei, por isso, a sua exposição com redobrada curiosidade. O Rui Santos manifestou interesse pela fotografia desde tenra idade. Em 2005, porém, a dedicação intensificou-se e hoje mostra uma maturação, que há-de crescer muito mais, porque tem obrigações que não pode descurar, por ama aquilo faz. Um artista nunca atingirá a plenitude, o que o leva, naturalmente, a colocar à sua frente metas cada vez mais altas. Nesta mostra, que está patente até 30 de Setembro, há fotografias que revelam uma sensibilidade muito grande para captar cores, com o sol e o jogo de luzes e sombras a marcarem presença muito forte. A Figueira está ali, bem visível, com reflexos de um jovem que tem olhos para ver e arte para captar o que vê.

FM

PONTES DE ENCONTRO

A FALÊNCIA ESTÁ AÍ!
Já por diversas ocasiões, tenho feito referências, nomeadamente neste blogue, à necessidade de uma nova arquitectura internacional, capaz de garantir a satisfação dos mais elementares direitos humanos como, por exemplo, o direito à alimentação diária, de todas as pessoas, ao mesmo tempo que dê um impulso decisivo à resolução dos gravíssimos problemas mundiais que, há décadas, se encontram por resolver pela comunidade internacional, através de acções concretas das suas instituições. Diz o provérbio que “não há pior cego do que aquele que não quer ver”, ou seja, a sociedade internacional tem sobre si toda uma série de dados, indicadores, avisos e ameaças concretas, que já ninguém pode disfarçar como não existentes ou, então, minimizar como não prioritários e importantes na sua resolução. Há poucos meses, quem é que imaginava, a nível do pacato cidadão dos chamados países desenvolvidos, nos quais se inclui Portugal, que a questão da escassez de alimentos ou dos seus brutais aumentos, começasse a colocar-se como uma ameaça séria, para os próprios países desenvolvidos, nestes primeiros anos do século XXI? Já não bastavam os gravíssimos problemas, que se arrastam, indefinidamente, no tempo, relativos à falta, sistemática, de alimentos suficientes para alimentar tantas populações do continente africano, entre outros, cuja resolução está longe de se encontrar num estado satisfatório, como ainda se (re)confirma que a lógica de pôr um novo problema em cima de um ainda não resolvido persiste e não tem tendência para ficar por aqui. A chamada crise financeira internacional está aí a demonstrá-lo, inequivocamente! Em linguagem empresarial, a conclusão óbvia a reter é que a arquitectura internacional, em vigor, está falida e, como qualquer empresa falida, deve dar o seu lugar a outras, capazes de se adaptarem às novas realidades, aos novos tempos e com novos protagonistas. Quando se fala em novos conceitos de inovação, aprendizagem permanente, globalização, reestruturação constante, investigação aplicada, adaptação às novas realidades e de muito mais que se queira acrescentar à lista, fica a ideia de que tudo isto é para aplicar a seres de outras galáxias e não a toda uma série de organismos internacionais que mais parecem viver ainda no tempo em que foram criados. A ONU (1945), a Organização Mundial de Comércio (1994), o Fundo Monetário Internacional (1945) ou o Banco Mundial (1944) são exemplos de organismos parados no tempo ou amarrados a poderosos interesses que os impedem de se reformularem e com eles a sociedade e o que dela imana. Não está em causa a existência destas instituições – cada vez mais necessárias –, mas sim a forma como insistem em se manterem num mundo que já nada tem a ver com as realidades e os contextos em que foram e para que foram criadas. Estamos, pois, perante, uma série de crises estruturais, das quais a do sistema financeiro norte-americano é a mais recente, que já não se resolvem com as duvidosas receitas de antigamente, tão de agrado de alguns. O não criar condições para a existência de um comércio mundial livre e justo, o não reestruturar toda a economia mundial, para que a riqueza seja melhor distribuída por todo o planeta, o querer lucros desmesurados e a qualquer preço, a falta de regulação e regulamentação dos mercados, entre outras causas que podiam ser, aqui, referidas, são alguns dos obstáculos que estão a impedir um progresso e um desenvolvimento sustentado e partilhado por todos, que garanta a paz, preserve o ambiente e dignifique o homem. Se os principais dirigentes mundiais, designadamente os políticos e economistas, persistirem em fazer que não percebem esta nova realidade e a não querer ver os múltiplos desafios – e oportunidades – que ela comporta em si mesmo, para o presente e o futuro do mundo, é porque continuam a insistir em por remendos num pano gasto e roto, cuja factura acaba, como sempre tem sucedido, por ser paga pelo cidadão comum, que em nada contribuiu para que se atingisse este estado caótico e imprevisível.
Vítor Amorim

Carimbos terríveis

Regresso de Paulo Pedroso 
à Assembleia gera desconforto

Li hoje no Público que o regresso de Paulo Pedroso à Assembleia da República está a gerar algum desconforto entre os deputados socialistas. Isto mostra quanto a política, ao nível dos interesses partidários, é uma entidade sem alma. É conhecido que Paulo Pedroso foi acusado de estar envolvido no crime da pedofilia da Casa Pia. Recordo-me bem do seu sofrimento e da luta que teve de travar para se libertar dessa acusação. Esteve preso e suspendeu a sua intervenção política, por questões de ética. O tribunal arquivou o processo por falta de provas credíveis e o Estado foi obrigado a indemnizá-lo por danos materiais e morais. Julgando-se livre das peias que o envolviam, entendeu que seria hora de retomar os seus direitos cívicos e políticos. Alguns camaradas seus, do seu PS, admitem agora que, mesmo assim, a sua presença na Assembleia da República é incómoda para o partido. A vida tem destas coisas. Põe carimbos terríveis numa pessoa e recusa retirá-los por interesses mesquinhos. Sem mais comentários.

 FM

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Jornalismo reumático

Há dias, um blogue de gente amiga, falou de “jornalismo reumático”, a propósito da visita do Papa a França. Referia-se, obviamente, ao jornalismo que ignora o essencial, favorecendo o que possa vender notícias: o polémico, o insólito, a ofensa, a calúnia, o escabroso, o crime de faca e alguidar. Dir-me-ão que esse é que é o verdadeiro jornalismo, na linha daquela teoria que diz que notícia acontece quando é o homem que morde o cão e não o contrário. Mas eu não posso alinhar nisso, porque tal seria negar a essência do jornalismo, que deve apostar na informação isenta e plural, na formação do homem todo e de todos os homens e no divertimento saudável. Tenho para mim que um jornalismo pela positiva valoriza o que é deveras importante para a sociedade e para as pessoas, mesma que vá contra a corrente. Porém, isso nem sempre acontece. Nas reportagens sobre a visita do Papa, o que de doutrinário e de catequético ele sublinhou, o que ele falou de estimulante para os católicos e para os homens de boa vontade, nada disso despertou qualquer interesse em muitos jornalistas, mais voltados para temas que Bento XVI, no seguimento dos Papas que o antecederam, já andará cansado de tanto deles falar: aborto, eutanásia e missas em latim. Quando leio reportagens de acontecimentos relevantes da sociedade, por vezes fico espantado com as banalidades que alguma comunicação social aborda, ficando-se por resíduos marginais e esquecendo o que os intervenientes sublinharam de fulcral. O essencial, a matriz das intervenções, isso ficou apenas para quem esteve presente. O tal “jornalismo reumático” não teve pernas para lá chegar.
FM

Senhora dos Navegantes no Forte da Barra - 5

Procissão: na hora da partida para o Forte
5 – Tradição a manter-se Sou dos que pensam e defendem que as boas tradições devem ser mantidas e cultivadas, no sentido de que, tudo quanto faz parte da nossa identidade, precisa de estar na base do futuro. Futuro sem raízes na história pode estar condenado a ser absorvido por hábitos que nada nos dizem. Daí a importância de continuarmos a apostar nas festas religiosas, de tradição popular, embora imbuídas de projectos mais ambiciosos, isto é, que possam enriquecer as pessoas, levando-as a viver a fraternidade e o espírito do bem e do belo mais aberto aos outros. Antigamente, a Festa da Senhora dos Navegantes unia as pessoas da região, de tal forma que Aveiro e Gafanhas suspendiam os trabalhos para se juntarem em torno da sua capelinha. Participavam na missa, incorporavam-se na procissão, pagavam as suas promessas, conviviam umas com as outras, saboreavam as merendas no Jardim Oudinot, ouviam música, cantavam e dançavam. E ainda consta que, na festa, muitos jovens se conheceram, muitos namoricos se iniciaram e alguns casamentos se combinaram. Tudo à sombra de Nossa Senhora dos Navegantes.
FM

Figueira da Foz

Jardim interior do CAE
Da minha janela vejo o CAE (Centro de Artes e Espectáculos) da Figueira da Foz, por onde passarei hoje à tarde. Para além da tranquilidade que ali se respira, poderei ver algumas exposições, de que darei nota por aqui. Será uma curta semana, também com mar à vista e a perder de vista.

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