sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Professores protestam



Não sei se alguma vez, na nossa demo-cracia, os professores protestaram tanto como estão a fazê-lo agora. Que me recorde, não. De qualquer modo, esta classe profissional que está na base da formação das presentes e futuras gera-ções, dependendo dela os que hão-de continuar Portugal, não merecia que a obrigassem a andar nas ruas a protestar. Que o protesto público, quando justo, é tão digno como o que decorre dentro dos espaços de trabalho, diga-se, contudo, desde já. Porém, os professores, das mais variadas idades e graus de ensino, deviam poder contar com os nossos governantes para um diálogo face a face, donde pudesse sair uma reforma justa.
Ninguém contesta o direito de o Governo, democraticamente eleito, proceder às reformas há tanto esperadas e que constam das suas promessas eleitorais. Mas também é verdade que qualquer reforma pressupõe um trabalho conjunto entre quem governa e quem é parte interessada e fundamental para dar seguimento ao que vier a ser decidido.
Custa-me imenso ver o desalento dos professores, certamente por se sentirem marginalizados na discussão dos problemas que lhes dizem respeito. Quem nasceu para ensinar e para educar, jamais compreenderá quem insiste em lhe impor reformas sem diálogo, sem explicações plausíveis e muitas vezes sem lógica.
É sabido que o ministro da Saúde saiu do Governo por falta de capacidade para explicar as suas reformas no sector. Penso que a ministra da Educação está a seguir o mesmo caminho.
O melhor, a meu ver, será o primeiro-ministro decretar uma pausa para pensar. Depois, calmamente, que todos se sentem à mesa para conversar. Sem radicalismos. De uma parte e de outra. As nossas crianças e jovens, mais as suas famílias, exigem-no.

FM

Rão Kyao: Paz interior

Entrevista no DN



O que é que encontra no campo que a cidade não lhe oferece?


Principalmente, a paz interior. Há um reco-lhimento muito forte que é difícil de conseguir na cidade. Todos os dias viajo até ao campo para tocar um pouco. É um ambiente calmo, com muito ar puro. O lado contemplativo está sempre pre-sente.



PISCAR DE OLHOS



É esta a forma de comunicar de Jean-Dominique Bauby. Tudo o que pensava e sentia era transmitido por um piscar de olhos. Se queria dizer “sim” piscava uma vez; se pretendia dizer “não”, piscava duas vezes. E com que facilidade o fazia! E que serenidade transparecia do seu rosto! De uma enorme desgraça, emergia uma maravilha!
Há uma grande cumplicidade natural entre o coração e os olhos. A quadra popular expressa-o muito bem: “O coração mais os olhos, são dois amigos leais; quando o coração está triste, logo os olhos dão sinais”. Esta cumplicidade funciona com normalidade. O olhar é o espelho do coração e da multiplicidade de afectos e emoções, de preferências e critérios, de opções e atitudes que dão origem à qualidade de um estilo de vida humanizado.
Bauby era director da revista francesa “Elle” e aos 42 anos foi vítima de uma doença que o deixou intelectualmente lúcido, mas totalmente paralisado. Apenas um piscar de olhos lhe permitia expressar-se. Foi assim que escreveu o livro “O escafandro e a borboleta", adaptado ao cinema com rara felicidade. A borboleta é o símbolo das mensagens que envia do escafandro – a prisão em que se encontra. Em cada voo, vem um postal com um hino à vida, o valor das pequenas coisas, a força da esperança, o brilho da luz e tantas outras maravilhas que, quando perdidas ou debilitadas, adquirem mais valor.
Aquele piscar de olhos gravou-se na minha imaginação e deixou-me marcas profundas. Envolve a passagem da cegueira à visão, do isolamento à comunicação, do estar só à companhia, do orientar a vida por critérios subjectivos a ter referências objectivas, humanas e cristãs, do deixar escapar o momento fugaz a agarrar o tempo como única oportunidade de salvação.
O Evangelho – que narra a cura do cego de nascença – apresenta esta passagem em forma de itinerário espiritual. Quem se prepara para o baptismo vai adquirindo um novo olhar iluminado por Jesus Cristo – a luz do mundo. E, depois de baptizado, sente a necessidade de aprender a ver com o coração e não apenas com os olhos.
De facto, ver com o coração é ir além das aparências e descobrir a realidade, é apreciar o belo e o bom ainda que camuflados de laivos de fealdade e de maldade, é despertar o melhor de cada consciência mesmo que misturado em desvios erráticos notórios, é deixar o lodo e contemplar as estrelas, é sentir o “piscar dos olhos” de Quem aponta o caminho e respeita a liberdade, de Quem confia em nós, mas exige responsabilidade.

Georgino Rocha

Ano Europeu do Diálogo Intercultural

Mais de 500 actividades
agendadas de Norte a Sul do país

Rosário Farmhouse,
Alta-comissária para a Imigração
e Diálogo Intercultural

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

NECESSIDADE PERMANENTE DE PURIFICAÇÃO

Diz a história do Vaticano II, por muitos já esquecida ou nunca aprendida, que foi grande a discussão dos padres conciliares quando se reflectiu sobre a condição, ao longo do tempo, da Igreja, Povo de Deus, que peregrina no mundo. Viu-se então que, na sua história, havia páginas de santidade, mas também páginas com desvios do rumo que o seu Fundador lhe imprimira.
Era preciso deixar explicito que se assumiam umas e outras na sua verdade total. Foi assim que surgiu uma proposta de redacção para ficar no texto conciliar e que falava da Igreja de Jesus Cristo “santa e pecadora”. A afirmação, tal qual, não agradou, pois se acreditamos que o Espírito Santo a conduz e a anima na sua vocação à santidade, que é a vocação de todos os seus membros, o pecado não faz parte da natureza da Igreja, mas é resultado da falta de verdade e coerência daqueles que, dizendo-se cristãos, lhe desfiguram o rosto, que é o de um Deus Pai, rico em misericórdia, e de um Filho, que a quer pura e santa e por ela se entregou à morte, vencendo esta com a sua ressurreição.
Encontrou-se então uma fórmula mais aceitável, verdadeira e estimulante: “Igreja santa, mas sempre necessitada de purificação”. Assim se respeita a verdade da santidade e se faz apelo a que se considere a condição do pecado como transitória, com a libertação sempre à vista para quem quiser livremente aceitar o caminho, que Cristo abriu para todos.
A santidade de muitos cristãos, mais numerosos que os que recebem o reconhecimento público das suas virtudes, é um património da Igreja, rico e inegável. Ela mostra a todos, deste modo, aos de dentro e os de fora, como não faltam, nem nunca faltaram, cristãos para os quais Deus é o único Senhor, a Luz das suas vidas e a Força do seu caminhar, crescendo cada dia à medida de Cristo, no meio de contrariedades, lutas e trabalhos.
A Palavra de Deus, revelada e transmitida pela Tradição, ajuda-nos a entender que o santo é o cristão normal e que a santidade está ao alcance de todos os filhos de Deus, constituindo para cada um o apelo a ir mais longe, iluminado interiormente por uma fé esclarecida e coerente.
Porém, a Igreja não esquece nem pode esquecer que o tempo da peregrinação no mundo, se é o tempo do mérito, é também o tempo “da grande tribulação”. O tempo põe à prova tanto a grandeza, como a debilidade de cada um de nós. Por isso, a Igreja nunca deixará de convidar os cristãos à conversão evangélica, a voltarem-se para Deus com as suas forças e fraquezas, vitórias e derrotas, e a alinharem a vida toda, segundo o amor que lhe dá sentido e com garantia de segurança e de êxito. Assim, vai dizendo que todos podemos ser vencedores nos combates da vida, dando sentido de vitória a cada pequeno ou grande combate que vamos travando.
Só o amor a Deus e aos outros, por razão de Quem primeiro nos amou, é caminho de salvação. Só o deixar de estar ligado à Fonte da vida e de amar aqueles de nós mais precisam é prenúncio de perda e sinal do pouco que Deus pode significar para nós.
Não é fácil reconhecer a nossa condição, tanto de romeiros a caminho da santidade, por gestos de verdade e coerência de vida, como de humildes pecadores, que, por acções e omissões, vão deixando secar no coração o amor que salva.
Cada ano, na Quaresma, e, ao longo dos meses, através das acções mais diversas, a Igreja, mãe e mestra, nos estimula e adverte, tanto para a possibilidade da santidade ao alcance de todos, como para o perigo do pecado pessoal, social e comunitário, ao qual não faltam ocasiões aliciantes e portas abertas e convidativas a entrar.
É, também, tempo para dizer a todos que a necessidade de purificação acompanha a Igreja no seu a dia de peregrina e constitui um apelo claro com as suas exigências e verdade.
No tempo da peregrinação, que é o do enraizamento, prova e purificação da fé, nem há santidade consumada, nem situações irremediáveis. Definitivo, só o amor de Deus para com todos.

António Marcelino

Na Linha Da Utopia

O apagão mundial de 29 Fev. 2008

1. Já de há algum tempo a esta parte tem circulado nos diversos canais de comunicação e na internet a mensagem do “apagão mundial”. Não sabemos quem é a origem específica desta ideia que, ao que parece, percorre o mundo, mas provirá de linhas de reflexão e actuação da ordem ecológica. O dia escolhido é o último de Fevereiro, a hora que nos cabe é das 19.55h às 20.00h. Nestes mesmos 5 minutos o mundo pensará na mesma mensagem, para o planeta “respirar”. Apesar, naturalmente, de muita indiferença do pragmatismo das sociedades que não vêm resultado prático destas coisas estando sempre à espera dos resultados imediatistas, o certo é que procura-se (e espera-se) uma resposta massiva, a fim de estudar e ver o que acontece em termos da «brutal» poupança energética.
2. Este apelo, usando a força da união mundial pela Internet, apresenta mesmo um comunicado em várias línguas. Não só na lusofonia ou no inglês do ocidente mas em línguas orientais, árabes e asiáticas. Trata-se, efectivamente, de uma corrente global, do que chamaríamos um despertar da sociedade planetária e suas opiniões públicas para as defesas e preservações fundamentais. Já não é novo este recurso comunicacional. Foi usado tanto para a solidariedade mundial em causas como o Tsunami da Ásia ou os apelos prementes à não execução de pessoas em determinados pontos do globo. Mas, verdade se diga, ao que parece, nunca como neste “apagão mundial” (como estudo e sensibilização de poupança energética) a mensagem chegou tão longe, no apelo ao desligar de todos os instrumentos possíveis a fim de nos encontrarmos “despidos” de todos os aparelhos alimentados de energia.
3. Também neste apelo a deixar “respirar” o mundo (em que poluímos, segundo estudiosos, mais em 30 anos que nos últimos 30 séculos), brota o convite a parar um pouco, a deixar respirar e sentir a vida, esta às vezes tão carregada das corridas ou das coisas instrumentais. A mensagem vai a ponto de dizer em todas as línguas: «Sim, estaremos 5 minutos às escuras, podemos acender uma vela e simplesmente ficar a olhar para ela, estaremos a respirar nós e o planeta». Procuraremos, também, “parar” nesse momento, mesmo à luz da vela... Fazer a pausa do exercício de cidadania planetária nesta mega e humanizante sensibilização. No dia seguinte estarão aí os números da participação e mesmo da poupança energética desses 5 minutos. Também desta forma vamos sentindo que pertencemos ao mundo que aguarda a preservação de todos. Claro, não se esperem resultados que esta experiência não pretende nem pode dar. Mas ela também oferece um sinal daquilo que é a identidade global na defesa de ca(u)sas de todos!

Alexandre Cruz

AVEIRO: Festa do Livro no Rossio



Organizada pela Câmara Municipal de Aveiro e pela distribuidora “Calendário das Letras”, a Festa do Livro, que ficará instalada numa grande tenda no Rossio, expõe milhares de livros, organizados por escalões e preços, com mais de 18 meses de publicação, a preços muito baixos.
Desde um até dez euros, podem ser encontrados os mais diversos tipos de livros de centenas de editoras: infantis, juvenis, romance, técnicos, entre outros.
As Festas do Livro são hoje, em paralelo com as Feiras do Livro tradicionais, grandes momentos onde se promovem os livros e a leitura.
Nas Festas incluem-se especificamente os fundos editoriais mais antigos, a preços especiais e nas Feiras promovem-se, fundamentalmente, as novidades.
A primeira Festa do Livro decorre até 16 de Março, das 11 às 21 horas, no Rossio, em Aveiro

Fonte: CMA

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