Património de Aveiro no Moliceiro
1. (Aceitámos o repto lançado...) Há breves dias ocorreu mais uma oportuníssima tertúlia promovida pela Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Aveiro (http://www.aaaua.ua.pt/), entidade atenta na dinâmica da mobilização nas mais variadas áreas de iniciativa, sempre aberta à comunidade em geral tendo como especial referência os antigos alunos da academia aveirense. O local destas iniciativas de periodicidade (sensivelmente) mensal é o Hotel Moliceiro. Um espaço ex-libris da cidade que, numa visão de “hotel como cultura”, acolhe esta habitual linha programática de reflexão e debate sobre assuntos que dizem respeito a todos os cidadãos, quer da cidade e região quer da “aldeia” do mundo actual. Desta vez o tema era «o património aveirense»; e que melhor local para o acolher que um (Hotel) Moliceiro!...
2. Sempre que esta reflexão vem à ribalta juntam-se muitas vozes de zelo cuidadoso a par dos sentimentos de ansiedade sobre o que vai ficando por cuidar. Passado, presente e futuro entrecruzam-se neste reconhecimento admirável aos que “deram a vida” (e em que lutas!) por um património aveirense mais preservado e amado. Mas também se reconhece a continuada carência de elos de ligação potenciadores de uma comunidade que viva, conheça, estude, aprecie e se identifique com o seu património cultural. Dos canais (sempre adiados) da Ria de Aveiro, aos canais das comunicações articuladas e programáticas entre todos os “agentes” ainda paira “ruído” no ar, não chegando um cómodo dizer-se que “estamos disponíveis” como se o futuro se fizesse de uma simples “boa vontade” sem o agarrar determinado dos processos de forma concreta, parceira e objectiva.
3. Até quando as causas do património terão de ser uma “luta”? Não corresponderá ele ao que de melhor temos para viver com qualidade e partilhar com quem nos visita? A história dos que edificaram no tempo entidades como a ADERAV (Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro: http://www.aderav.com.sapo.pt/) mostra-nos que a determinação do “agarrar” a causa salvou Aveiro de “cegueiras” contra o património. Os esforços contemporâneos também são muitos. Alguns, seja sublinhado, como a Rota da Luz, surgem mesmo como plataforma de visibilidade nunca vista para Aveiro. Mas, cá dentro, numa mesma “mesa”, a “rede” poderá despertar as 1001 potencialidades… O primeiro passo é sempre o querer, valorizando o essencial que une a região e suas gentes. Embarcar num mesmo “moliceiro visionário” pode multiplicar caminhos e rentabilizar estratégias. Ninguém que pense a cultura, que “tenha” património e que ame a região pode ficar de fora (do que é público, da sociedade civil ao religioso ou privado). E podem uns ovos-moles ajudar a criar pontes!...
4. Agora só pessoalmente: das coisas que lançam grande interpelação é o facto de em Portugal existirem muitas redes de turismo espanholas a organizar os nossos roteiros do património regional / nacional… Sem palavras, pena. Claro, a nossa menor visão ou o desentendimento são (lhes) um presente caído do céu! (E depois, em Portugal, falta-nos a auto-estima!...)
Alexandre Cruz