quarta-feira, 29 de junho de 2005

Bispos Portugueses pronunciam-se sobre a crise financeira em Portugal

Um olhar de responsabilidade e de esperança sobre a crise financeira do país
1. As medidas anunciadas pelo Governo da Nação, em ordem a resolver o problema do défice das contas públicas do Estado, originam um período de austeridade e exigência, geram contestação social, suscitam visões particularistas de pessoas e grupos na defesa dos próprios interesses, ameaçam penalizar ainda mais aqueles que já são mais sacrificados, pela situação de pobreza ou de falta de trabalho, pela doença e pela desajustada carga fiscal.
Não compete aos bispos pronunciar-se sobre questões técnicas de política económico-financeira. Mas porque se trata de um problema grave que afecta toda a comunidade nacional, que condiciona o presente e compromete o futuro, de incontornáveis dimensões éticas, parece-nos oportuno relembrar alguns aspectos da doutrina social da Igreja, que devem inspirar o comportamento dos cristãos e de quantos procuram o melhor para o país.
2. Antes de mais parece-nos claro que estamos num momento em que é preciso realçar as exigências do bem comum, isto é, a prevalência do bem de toda a colectividade sobre interesses pessoais ou corporativos. A busca do bem comum supõe lucidez de discernimento e generosidade de comportamentos. Essa salvaguarda do bem comum sublinha a responsabilidade de todos, na consciência de que a harmonia da sociedade será irremediavelmente comprometida pela defesa de interesses particularistas.
As soluções encontradas e propostas têm de ser globais e não particulares, privilegiando aquelas que não se limitam a resolver aspectos imediatos do problema, mas são portadoras de solução a médio e longo prazo, como o são, por exemplo, o investimento na inovação tecnológica, uma economia geradora de emprego, uma educação para a liberdade responsável, a análise aprofundada das causas da pobreza e a responsabilização social. O contributo de todos para o desenvolvimento colectivo, faz de cada cidadão protagonista das soluções, quer pagando os impostos justamente distribuídos, quer empenhando-se criativa e solidariamente no implementar de soluções.
(Para ler toda a Nota Pastoral, clique aqui)

Ouvir e ler na Rádio Renascença

Aborto: Entre a "falta de política de família" e a "trapalhada"
A intenção do Governo de marcar o referendo sobre a despenalização do aborto para o final do ano continua a suscitar críticas, nomeadamente da ex-Coordenadora Nacional para os Assuntos da Família.
(Para ler mais, clique RR)

João Paulo II a caminho dos altares

Posted by Hello Fama de santidade chega a todo o mundo
A Diocese de Roma abriu ontem oficialmente o processo de beatificação e canonização de João Paulo II, menos de três meses depois da morte do Papa polaco, um dos mais carismáticos Bispos de Roma, na história da Igreja. Na cerimónia, que decorreu na Basílica de São João de Latrão, o Cardeal Camillo Ruini, vigário do Papa para a Diocese de Roma e presidente do tribunal diocesano encarregado de instruir o processo, desejou que o percurso seja rápido.“Pedimos ao Senhor, de todo o coração, que a causa de beatificação e de canonização que começou esta tarde possa chegar rapidamente ao seu termo”, declarou o Cardeal Ruini, perante milhares de fiéis reunidos no interior e no exterior da Catedral.
No seu discurso, o Vigário de Roma assegurou ainda que é “unânime e universal o convencimento da santidade” do Papa falecido.
O Cardeal sintetizou o legado de João Paulo II através do “seu amor pela humanidade, que o levou a uma obra incansável para evitar as guerras e restabelecer a paz; para assegurar aos povos mais pobres, aos últimos da terra, uma esperança de vida e de desenvolvimento; para defender a dignidade da pessoa, desde a sua concepção até à morte natural”.
O homem da confiança de João Paulo II para a Diocese de Roma destacou o impacto que a II Guerra Mundial teve na vida do Papa polaco, bem como os duros anos do comunismo na Polónia e os ensinamentos de São João da Cruz e Santa Teresa de Jesus.
O Cardeal Ruini precisou que, até ao último momento da sua vida, as suas dores foram um testemunho para a humanidade sobre o significado cristão do sofrimento e a morte. “Por isso, os dias das suas exéquias foram, para Roma e para o mundo, dias de extraordinária unidade, de reconciliação, de abertura da alma a Deus”, acrescentou.
A cerimónia de abertura do processo começou com a recitação das I Vésperas da festividade de São Pedro e São Paulo, Padroeiros de Roma, que se celebra hoje, seguido pelo juramento em latim do Cardeal Ruini, os juizes do tribunal e os notários. Depois, o postulador da causa, o padre polaco Slawomir Oder, apresentou os papéis que o creditam como tal, os documentos que já recolheu sobre a figura do defunto Papa e a lista das pessoas que terá de interrogar.
O processo de beatificação foi inaugurada na Catedral de Roma e não no Vaticano, porque o Papa era Bispo de Roma. O Tribunal diocesano de Roma é responsável pela primeira fase do processo (análise da vida e dos escritos do Servo de Deus, audiência às testemunhas). Se o veredicto for positivo, o sumário passará à Congregação para as Causas dos Santos, onde, depois de um novo exame do material relativo à causa, se analisarão com a ajuda de médicos e peritos os favores extraordinários que poderiam ser milagres. Depois da certificação de um milagre, o Papa pode dispor desta beatificação. O sítio oficial da causa de beatificação de João Paulo II é www.JohnPaulIIBeatification.org.
O postulador da causa, Pe. Slawomir Oder, explicou que brevemente essa página "oferecerá espaço aos testemunhos sobre as graças recebidas, os encontros pessoais com João Paulo II, bem como informação sobre as iniciativas dos fiéis para apoiar no mundo todo a causa de beatificação". Mais de cem testemunhas de todo o mundo constam do elenco que fará parte do processo diocesano sobre a vida, virtudes e fama de santidade do "Servo de Deus", o primeiro grau da beatificação de João Paulo II. "No momento é imprevisível saber quanto vai durar o processo. Só depois de nomeado o Colégio dos Teólogos Censores, que deverá examinar e analisar os escritos de João Paulo II. Se estes estiverem de acordo com a doutrina, seguem-se as audições das testemunhas em todo o mundo. São tantas e é possível que aumentem, é preciso decidir ainda qual a técnica jurídica para recolher esses testemunhos", declarou o Pe. Oder.
Fonte: Agência ECCLESIA

Outro poema inédito de Ruy Cinatti

OS NOMES DE DEUS Repetindo Teu nome, Deus sagrado, não me canso de O disfarçar nas árvores, animais, no barro de que sou feito para glória Tua. Qual o denominador que nos socorre? Mas qual a oculta glória deste suor que me inunda? NB: Edição do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura

BOAS FÉRIAS - 1

Posted by Hello A Serra do Caramulo pode ser uma boa opção para levar um amigo que nunca viajou O Prazer de conviver
Com o corre-corre da vida, nem sempre temos tempo para conviver. Bem nos lembramos disso, mas vamos adiando o encontro sempre agradável com familiares e amigos, para momento mais tranquilo. Esse momento, se pensarmos com calma, pode ser nas férias. Porém, nem nessa altura conseguimos olhar para o lado para descobrir quem precisa da nossa atenção. Façamos, então, o propósito de nas próximas férias dedicarmos algum do nosso tempo aos familiares e amigos, para pormos em dia a conversa interrompida talvez há anos. Sem pressas, mais com a preocupação de escutarmos os outros, falemos de coisas agradáveis, recusemos a maledicência e apostemos no positivo. Olhemos para eles como gente que é capaz de partilhar connosco ideias que contribuam para um mundo melhor. Recordemos vivências experimentadas em comum, na certeza de que lembrar o passado pode ser reviver. Procuremos amigos isolados na sua solidão, talvez doentes e acamados, talvez esquecidos, talvez marginalizados e à espera de alguém que os oiça. Se isso acontecer, saibamos escutá-los generosamente para, a partir daí, conseguirmos recriar amizades que nos ajudem a ser mais fraternos. As férias não podem ser somente um espaço de tempo exclusivamente para nós. É fundamental que nos saibamos dar aos outros para um dia também recebermos, decerto em duplicado. Penso que temos a obrigação de oferecer um sabor especial ao mundo, de beleza, de bondade, de fraternidade e de paz, porque só assim chegaremos a uma sociedade mais solidária. Saibamos, então, aproveitar todas as oportunidades para conversar, deixando fluir em nós critérios pela positiva, com toda a serenidade, compreensão e disponibilidade, porque é preciso reconquistar o tempo perdido com a vida cheia de futilidades, tantas vezes. Fernando Martins

Recordando Ferreira de Castro

Posted by Hello O autor de A SELVA faleceu há 31 anos
José Maria Ferreira de Castro, mais conhecido como Ferreira de Castro, nasceu a 24 de Maio de 1898, em Salgueiros, freguesia de Ossela, Oliveira de Azeméis, e faleceu no Porto, em 29 de Junho de 1974. Talvez com a alegria de ter vivido a Revolução dos Cravos, por que tanta ansiara. Órfão de pai aos 8 anos, aos 12 vê-se obrigado a emigrar para o Brasil, onde trabalhou num seringal, no interior da Amazónia, período que evoca, com cruel mas autêntico realismo, no seu mais apreciado romance, que foi e é A Selva. Quatro anos depois de viver nesse ambiente de inclemente semiescravatura, regressa a Belém do Pará, e ali vive pobremente. Em 1917, com apenas 19 anos, funda, com o seu amigo e compatriota João Pinto Monteiro, o semanário PORTUGAL, ao mesmo tempo que se entrega a uma intensa actividade literária e jornalística. Em Setembro de 1919 volta a Portugal, para se impor como romancista, sendo considerado, com o seu romance Emigrantes (1928), um precursor do neo-realismo. Depois, escreveu A Selva (1930), Eternidade (1933), Terra Fria (1934), A Tempestade (1940), a Lã e a Neve (1947), A Curva da Estrada (1950), a Missão (1954), o Instinto Supremo (1968) e Os Fragmentos (obra póstuma), entre outros trabalhos. Fernando Martins Uma página de Ferreira de Castro “Não levava já a ânsia de volver, como há nove anos, quando partira para o Brasil; desejava apenas ocultar em Lisboa a sua miséria e que nunca mais se lembrassem dele, que o esquecessem para sempre. A camioneta passou rente ao palacete do Nunes, que emanava para a estrada perfume intenso de rosas; parou junto à porta do Tavares, pela mala do correio, obrigando-o a dizer lá para dentro, com máscara improvisada, que talvez voltasse brevemente, que ia gozar uns dias a Lisboa e depois se estabeleceria lá ou regressaria, conforme resolvesse… Retomada a marcha e aliviado da obrigação de mentir, espraiou os olhos, em derradeiro adeus, pela freguesia. Veio-lhe, então, um desejo enorme de chorar – de chorar a sua vida inutilizada, o passado que não volveria, as ilusões que fora abandonando ao longo da áspera jornada. Sentia agora o irremediável, o tempo perdido, os anos em que se esgotara, avelhentando-se, correndo, correndo, atrás da quimera fugidia. A camioneta rodava velozmente, levando-o para o esquecimento, roubando-o à sua vida de fecundador da terra, para entregar, indefeso, vencido, a uma outra vida que era ainda, para ele, um enigma. Tudo passava lesto; tudo, casais, árvores e caminhos, se confundia, humildemente, na mansidão bucólica da tarde. De altivo, berrante, orgulhoso, só o palacete do Nunes, que enriquecera sem ir a nenhum país da América – que enriquecera com os que tinham ido e por lá ficaram, entregues aos acasos da sorte, ou haviam regressado pobres, desiludidos e gastos como o Manuel da Bouça!” (Últimos parágrafos do romance EMIGRANTES)

terça-feira, 28 de junho de 2005

Um artigo de Alexandre Cruz, do CUFC

Univer(sal)idades
Um farol de referência 1. O farol da Barra recebe visitas (informações 234 397 230). Visitas organizadas, individuais ou colectivas. Com a imponência dos seus 62 metros de altura, o nosso, faz a diferença entre os 50 faróis em território nacional. Este museu vivo da história da navegação, farol das gentes aveirenses, relembra as histórias do século XVIII, época dos primeiros faróis nacionais. Mas foi por fins do século XIX, ano de 1893, que este ponto de referência da aproximação à costa teve a sua conclusão. É o mais alto de Portugal, com um alcance de 20 milhas do sinal luminoso. Do seu topo, depois de subir os cerca de 300 degraus, avistam-se os braços da Ria, o encanto da imensidão do mar, o dourado sol que tanto nos contagia… Podem existir todos os sistemas modernos de proximidade, o radar, GPS,…mas o farol é o farol da Barra de Aveiro! Está sempre ali a comunicar novos horizontes ao Portugal que precisa de subir a confiança! 2. Temos vivido dias desastrosos. Não vamos falar do preço do barril do petróleo e suas implicações da nossa debilidade económica com efeitos em mais debilidade social. Referimo-nos a acidentes que, sendo evitáveis alguns deles, vão assinalando o panorama noticioso. Também não falamos de questões orçamentais mal rectificadas, números gigantes que perturbam a condução da vida de cada vez mais famílias portuguesas. Referimo-nos às condições habituais que, dia-a-dia, como que sem dar por isso, o viver em perigo já se tornara rotina até ao dia em que a tragédia acontece. Os maus hábitos daquele “vai-se andando” nacional em que… Avioneta a colidir com carro em pista de aterragem onde há mais de setenta anos passa estrada de automóveis (caso Espinho)?! Ponte de estrada entre Penacova e Coimbra, onde após detectadas graves lacunas há um ano, põe-se uns andaimes, um sinal de proibição de mais de 10 toneladas e… todos os dias passam carros, autocarros, camiões… até ao dia em que…e passado dois meses da tragédia então já haverá nova ponte?! E para ajudar à festa, depois, nas horas da tormenta e de apurar responsabilidades, o “lavar das mãos” até à culpa que morre solteira que cria predisposição para um “ir andando” até esquecer o caso…é processo normal a seguir. Somos mesmo assim!? Está no nosso código genético este “desenrasca” que faz de nós na Europa, incomparavelmente, por exemplo, o país com mais acidentes de trabalho? Será talvez preciso implementar um estilo cultural onde cada cidadão re-pare na estrada, semáforo, ponte, aeroporto,…até ao mais simples papel do chão que terá de ser ecologicamente apanhado para construir e viver o gosto de fazer da vida social a casa de cada um. É preciso acreditar, a educação é o precioso tesouro!

Portugal precisa de um farol

3. Pontualidade. Há dias um cidadão comum partilhava em jornal nacional o tempo perdido em tribunal de justiça, e faz a clara apologia da pontualidade. Dirá o actor cómico que estamos habituados, sempre foi assim, em diversos sítios! Esta será matéria que exigirá sempre muita sensibilidade e tolerância para compreender, mas ao mesmo tempo toda a determinação para todos constatarmos que em Portugal (porventura) já perdemos muito tempo num vaguear cultural do “pr’á’qui’stamos!” Se tempo é oportunidades e possibilidades (não dizemos “time is Money”, pois isso seria a visão economicista que é sempre menor), quantas nos terão fugido pelo arrastar, atrasado, sem motivação? Para que o comboio não passe e nós a ficarmos em terra, a apologia do rigor na pontualidade talvez seja oportuníssimo desafio cívico…. São as pequenas coisas que constroem a vida! Até porque pontualidade é motivação! Se a crise (de que importa falar só “qb” para que as pessoas todos os dias se levantarem com uma luz de esperança) tem sido nossa companhia de anos a fio, em que nos perguntávamos “como vamos sair desta”, talvez este seja mesmo o tempo de sabermos criar o (humilde) consenso em matérias fundantes de um país. Não haverá incentivos de inovação ou tecnologias que resistam sem alicerces estruturais e reformistas que consigam criar noções de sustentabilidade à distância de 20 anos. O nosso problema não serão os casos isolados, pois aí temos grandes génios, algumas empresas, o problema é o todo, a massa colectiva, os elos comuns inexistentes. Talvez, com um farol de referência colectivo, a motivação seja capaz de afastar o pessimismo, transformado em conceito de “depressão” pela comunicação social (logo um passo fundamental será começando por falar menos deste sentido negativo, até evitando sondagens desta ordem). Que queremos para o futuro? Como lá chegar? Se o caminho é sofrido (como a exigência dos degraus para chegar ao topo do farol da Barra), o que importa é saber que a paisagem será melhor! Que o caminho duro que Portugal terá de atravessar não seja, isso sim, sofrer por sofrer para ficar tudo na mesma, mas que exista um horizonte. Este só no consenso possível entre “todos”, em que esteja ou venha quem vier o rumo continua. Portugal precisa de um farol (que não seja o futebol), uma ideia clara que refresque, congregue energias e estimule a esperança colectiva no preparar das gerações futuras! Uma luminosidade de atenção, educação, prevenção em cada metro quadrado da terra lusa!

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