domingo, 16 de abril de 2006
sábado, 15 de abril de 2006
Gotas do Arco-Íris - 13
PARA ALÉM DO ARCO-ÍRIS...
Caríssimo/a:
Hoje terei de pedir desculpas aos senhores Teólogos e à minha Professora de Física, ... mas a culpa é do arco-íris... E já agora aproveito para relembrar a minha velha Mestra da Doutrina [que não me repreenda...] e os companheiros [que não se riam muito...]
Foi-nos explicado o prisma óptico, no velho Liceu...
E do prisma e do arco-íris à Páscoa foi um pequeno salto da imaginação, colocando dois prismas seguidos; e, se o primeiro origina a decomposição da luz, o segundo actuará na composição...
Mas que confusão aí vai nessa cabeça!...
O pobre-de-mim tenta explicar-me:
A LUZ, vinda do ALTO, ao atravessar esta face, a face ANUNCIAÇÃO/NASCIMENTO, aspergiu mistérios de alegria que irradiaram no CANTO DOS ANJOS, na EPIFANIA, na APRESENTAÇÃO NO TEMPLO, no BAPTISMO, nas BODAS DE CANÁ, no ANÚNCIO DO REINO, na TRANSFIGURAÇÃO e na EUCARISTIA;
surgindo a dupla face, a do AMOR, tudo se torna mais denso e difícil, com a emersão dos mistérios da dor: a AGONIA, a FLAGELAÇÃO, a COROAÇÃO DE ESPINHOS, a CONDENAÇÃO À MORTE, o TRANSPORTE DA CRUZ, a FUGA DOS AMIGOS, a CRUCIFIXÃO...
Com o grito:
- TUDO ESTÁ CONSUMADO!,
atravessa a outra face, a face MORTE/RESSURREIÇÃO, e a LUZ radiosa ascende ...
Santa Páscoa!
Manuel
:
NB: Porque não sei se amanhã poderei estar por aqui, resolvi inserir o "Gotas do Arco-Íris" neste momento. Afinal, trata-se de um texto para reflectir nesta quadra de tanto significado para os seguidores de Jesus.
FM
Igreja quer antigo Convento das Carmelitas
Erro histórico
pode e deve
ser reparado
O padre João Gonçalves, pároco da Glória (Sé), é uma das pessoas que defende a entrega incondicional do antigo convento das Carmelitas à Igreja, como forma de reparar um «erro histórico cometido exclusivamente por motivos ideológicos, há 95 anos», quando após a implantação da República, em 1910, o Governo de então entregou a propriedade do convento à Câmara Municipal de Aveiro.
Como o convento foi feito para o serviço da Igreja, o padre João Gonçalves lembra que «quando temos um bem que não nos foi legitimado, não há razão para continuarmos a manter a sua propriedade e, muito menos, quando os seus legítimos proprietários existem e reivindicam os seus direitos».
Para o padre José Belinquete, autor do livro «As Carmelitas em Aveiro – Ontem e Hoje», publicado em 1996, a entrega do antigo convento à Igreja é a melhor forma da Câmara de Aveiro reparar a «injustiça cometida contra o próprio edifício conventual», quando, em 1905, o Executivo municipal de então, liderado por Gustavo Ferreira Pinto Basto, conseguiu convencer o Governo a autorizar a demolição de parte do convento, incluindo parte da igreja conventual, para a abertura de uma avenida, que nunca o chegou a ser construída porque o projecto não avançou para Nascente, avenida que deu lugar à actual Praça Marquês de Pombal. Para este padre, o imóvel deve «voltar às origens religiosas», pelo que a autarquia «não deve continuar a pô-lo ao serviço de outras funções civis, como tem acontecido desde a implantação da República», como parece que irá novamente acontecer se aí for instalado o prometido Juízo Tributário.
Monsenhor João Gaspar, investigador e autor de inúmeros livros sobre Aveiro e único aveirense membro da Academia Portuguesa da História, considera que o Executivo municipal tem competência para ceder à Igreja, por um período de 50 anos, o direito de utilização do convento, mantendo a autarquia a propriedade do imóvel, tal como aconteceu durante o período em que o edifício esteve ocupado pela PSP.
:
(Para ler todo o artigo do jornalista Cardoso Ferreira, clique Diário de Aveiro)
sexta-feira, 14 de abril de 2006
Mensagem Pascal do Bispo de Aveiro
VIDA NOVA A VIVER!
Páscoa de Cristo!
Tesouro a descobrir,
Amor em primeiro lugar,
Esperança a desfrutar,
Graça a saborear,
Vida Nova a viver!
Páscoa de Cristo!
Maravilha a contemplar,
Dom a acolher,
Momento a festejar,
Rumo a prosseguir,
Vida Nova a viver!
Páscoa de Cristo!
Mistério a desvendar,
Luz a iluminar,
Vitória a alcançar,
Dádiva a partilhar,
Vida Nova a viver!
Páscoa de Cristo!
Morte que foi vencida,
Tristeza ultrapassada,
Coragem readquirida,
Medo já sem lugar,
Vida Nova a viver!
Páscoa de Cristo!
Fé a testemunhar,
Alegria a comunicar,
Certeza a não perder,
Bússola a nortear,
Vida Nova a viver!
Páscoa de Cristo!
Novidade a agradecer,
Riqueza a desfrutar,
Fonte a alimentar,
Festa sem terminar,
Vida Nova a viver!
“Se Cristo não ressuscitou, a nossa fé é vã…Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de todos os homens.” ( 1 Cor 15, 14 e 19)
“ Não tenhais medo. Procurais Jesus, o Crucificado? Não está aqui: ressuscitou como tinha dito…Ide dar a notícia aos irmãos...” (Mat 28, 5 e 10)
Feliz e Santa Páscoa para os cristãos e para quem procura Deus de coração sincero!
António Marcelino,
Bispo de Aveiro
Um artigo de Alexandre Cruz
Páscoa,
o florescer do ideal
1. Se há tempo para tudo, “agora” é Páscoa!
Não é só tradição, agarrada ao passado, como se fosse uma pegada de dinossauro o centro das atenções dos olhares curiosos. Não é isso, é Páscoa, é a vida em jogo! É a “visão pascal”! Ainda que com as doces amêndoas e os cuidadosos folares regionais (com ou sem ovos) a marcarem a sua presença, mas a razão de toda essa rica doçura é mesmo a Páscoa!
São milhares as viagens do norte ao sul, do litoral ao interior, familiares e amigos que nesta quadra encurtam as distâncias e se tornam presentes uns com os outros para partilharem este “momento”. E tudo porque a vida é mesmo para ser vivida, e não para se perder num corre-corre que esqueça as pessoas e os momentos importantes. O ritmo do tempo e dos calendários que marca a nossa vida, traçado no mapa da história que nos precedeu, não existe ao acaso. Em época de florescer da primavera vem a Páscoa lembrar-nos e convidar-nos a robustecer o “ideal”, o “sonho”, a esperança.
É por isso que o tempo não cíclico, não é sempre a mesma “coisa”, os dias de vida por vezes parecendo mas não são iguais; dessa perspectiva do tempo repetitivo, sempre à volta, numa giratória donde não pudéssemos fugir, daí já vimos nós, pois essa foi a fase histórica do pensamento grego que acabaria por ser superada, em qualidade de sentido, pela cultura judeo-cristã. Esta veio dizer-nos que a vida é uma caminhada irrepetível, inclonável, sempre em forma de subida, de aperfeiçoamento histórico até ao (Jesus) Absoluto Pessoal que vence o “tempo” abrindo a história à “eternidade”…
2. Ao falar-se de “Páscoa”, dando significado à palavra e sentido à tradição agora tornada (muitas vezes em excesso) estratégia comercial, quer assinalar-se a pertença a uma continuidade que procura assumir a vida num sentido dinâmico de construção, de “passagem”. É verdade, a vida não é produto descartável, é convite a respirar renovação e esperança! É o maior tesouro e por isso importa bem preservá-lo, cuidá-lo, como a planta…alimentá-lo, regá-lo!
Grandes são as vidas que se conhecem e sabem que no “nada” não se vai a lado nenhum e que só com metas, etapas, itinerários e desafios, se vai subindo a qualidade de vida e do ideal que se procura para ser feliz. Grandes são os que, nesta apressada viagem da história dos nossos dias, vão ganhando sábia equidistância crítica (mas compromisso) em relação a si próprios e à vida da sociedade. O mundo, mesmo o mundo das “rejeições” ao projecto existencial mais profundo de cada ser humano, cada vez mais espera dos que dão sentido pleno à Páscoa, ao Natal, ao Domingo. Estes, simples e inabaláveis nas suas colunas fundamentais do SER, dando sentido ao tempo, encontraram a raiz mais profunda da dignidade humana.
3. “Hoje”, ao acolher-se a “Páscoa”, todas as expressões exteriores de alegria, festa e convívio terão sentido…mas tanto mais pleno quanto mais o tempo que precedeu a Páscoa foi de auto-conhecimento e de exigência construtora. Haverá algum bom atleta que chegue à vitória sem exigente treino?! De modo algum! Assim também nas questões fundamentais da vida e na conquista do ideal que se procura, o “treino” pode-se comparar a este pensar e reforçar do ideal, o que fará florescer sentimentos e dias melhores, que saibam vencer as tempestades da vida.
A “Páscoa”, enquanto “passagem”, faz-nos perguntar sobre “o que fica de nós e em nós(?)” num mundo em que tudo passa. A resposta a esta difícil questão obriga-nos a dar mais valor ao que tem mesmo valor. Haverá Páscoa sem paz e sem sentido renovado de vida e de “fé”? Chegará simplesmente o hábito social?!... Seria como o ir para um banquete de casamento e não comer nem beber nada, tudo ficaria incompleto, a meio do caminho, um puro engano, faltaria o essencial.
A autêntica Páscoa de há dois mil anos, pelo seu “dar a vida” que abre janelas infinitas, ajuda-nos e inspira-nos à renovação de todos os ideais, para que as cores da esperança encham as medidas de cada coração humano!
Paz a todos que habitamos nesta grande casa que é o mundo!...
SEXTA-FEIRA SANTA
passo para
a nossa redenção
Três horas da tarde. À mesma hora, numa sexta-feira de há quase dois mil anos, Jesus Cristo morreu na cruz. Morte infamante que o Filho do Homem suportou para remir todos os pecados da humanidade. Daquele tempo, de hoje e de sempre.
Jesus aceitou as acusações da hierarquia judaica e a sentença decretada por um político romano covarde, sem protestos e sem revoltas. Sem reivindicações e sem testemunhas que abonassem o Seu bom comportamento na sociedade.
Também sem advogados que pudessem falar do seu amor à justiça, à verdade, à paz e ao amor. Sem o testemunho de cegos a quem Ele deu a possibilidade de ver, de surdos a quem Ele deu o dom de ouvir. De leprosos que Ele limpou, de mortos que Ele fez regressar à vida. De gente a quem deu de comer, quando pouco havia para repartir por milhares de pessoas que deixaram tudo para O escutar.
Jesus, com a Sua entrega ao suplício por nós, quis assumir o sacrifício, séculos antes profetizado, para redimir os pecadores, oferecendo-lhes, como caminho de libertação, um mandamento novo: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei.”
Com o Seu sacrifício supremo, Deus feito Homem veio mostrar a cada um de nós e a todos que até a morte pode ter sentido. Pela Sua morte, veio a garantia de uma vida nova para todos, assente na certeza da ressurreição que Ele próprio experimentou três dias depois.
É por isso que os crentes, os que acreditam que Jesus é o Redentor da humanidade, vêem na Sua morte de cruz, ao lado de dois criminosos, o sinal de resgate que nos faz filhos de Deus e herdeiros da vida eterna.
A nossa tristeza desta hora, humanamente compreensível, vai passar muito em breve pela alegria da vitória de Cristo sobre a morte. Com a ressurreição de Cristo, na Páscoa da libertação, culminam todas as tristezas, todas as dúvidas, todas as hesitações. E todos então poderemos cantar aleluias.
A morte de Jesus Cristo é, verdadeiramente, o primeiro e definitivo passo para a nossa redenção.
Fernando Martins
quinta-feira, 13 de abril de 2006
Um artigo de Tiago Mendes, no Diário Económico
A minuta
O corporativismo em algumas universidades portuguesas é tanto mais condenável quando esperamos que elas sejam pólos de excelência e exemplos a seguir.
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A endogamia, no contexto do ‘job market’ universitário, consiste na contratação preferencial de indivíduos da mesma instituição. Do ponto de vista da racionalidade, a endogamia é perfeitamente entendível: trata-se de uma forma de protecção mútua entre agentes que estabelecem, de forma não necessariamente explícita, um contrato de protecção mútua. Num país de cidadãos avessos ao risco, o comportamento não surpreende. Mas se a endogamia é racionalmente entendível, ela não é, obviamente, aceitável. Uma universidade que pretenda fazer investigação e oferecer ensino de qualidade, não pode fechar-se ao exterior nem ter um corpo docente receoso de competição. O corporativismo que existe em algumas universidades portuguesas é tanto mais condenável quando esperamos que elas sejam pólos de excelência e exemplos a seguir.
Um caso caricato chegou-me há dias ao conhecimento. Rezava assim: um cientista português, radicado no estrangeiro, respondera a um concurso duma universidade portuguesa, publicitado na internet. A sua candidatura fora desqualificada, informava a Reitoria da instituição em causa, por não incluir “a minuta de candidatura”. A dita “minuta”, que não era referida no anúncio nem estava acessível ‘online’, não passava de um formulário no qual se requeriam o nome próprio, a filiação e a referência do concurso. Só a informação relativa à filiação não era deduzível da restante candidatura. Conclusões? Duas. Uma geral e uma particular.
A primeira: é nos pequenos detalhes que muitas vezes se percebem as grandes diferenças. Este tipo de requerimentos, essencialmente burocráticos, mesquinhos e alimentadores da mediocridade, não se coadunam com uma cultura meritocrática. Erguer este tipo de “muralhas”, de forma kafkianamente engenhosa, para proteger os habitantes do “castelo” não é prática admissível numa instituição onde a busca de conhecimento seja o móbil maior. A segunda: só com uma invejável dose de ingenuidade conseguiremos não suspeitar que a instituição em causa, a Universidade de Lisboa, tenha encorajado, ao mais alto nível, a contratação preferencial de pessoas da casa.
Confesso-me particularmente à vontade para expor este caso por não ter qualquer relação pessoal ou profissional com o visado (o biólogo Miguel Araújo). Cumprindo, ‘en passant’, a máxima de que a justiça deve ser cega. Não fora a seriedade da questão, mais a autonomia universitária, e o título do texto poderia ter sido “A 334ª” - a medida “essencial” e “emblemática” que faltaria à desburocratização do país. Como assim não é, opto por citar o visado nesta história: “Não há planos tecnológicos, estratégias de Lisboa ou protocolos com o MIT que resistam a uma burocracia cuidadosamente arquitectada para defender os interesses da mediocridade instalada. Assim, não vamos lá.” Pois é.
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Nota: A burocracia ridícula e castradora anda por aí à solta. Ao transcrever este texto, muito oportuno, de Tiago Mendes, pretendo, tão-só, mostrar como o País tem andado. Manietado pela burocracia, que está comodamente instalada em todo o lado, não é possível progredir. E ainda há quem lute, com todas as garras, contra o processo em curso de acabar com ela.
FM
Aveiro: Ecomuseu da Troncalhada
Uma tradição
que deve ser
conhecida
Troncalhada é nome de marinha de sal que a autarquia aveirense preservou e mantém em funcionamento, na época própria, para garantir a tradição. Fica ali bem perto da saída de Aveiro, na rotunda que dá acesso às praias da Barra e da Costa Nova. Quando se entra nessa rotunda, segue-se em direcção às Pirâmides e à esquerda, quem olhar vê logo a antiga marinha, em pleno funcionamento.
Penso que esta época de férias para alguns, sobretudo para quem estuda, é uma excelente oportunidade para ficarem a conhecer uma actividade que tem tendência para desaparecer da nossa paisagem lagunar.
O Ecomuseu da Troncalhada está bem cuidado e preparado para receber visitantes. Há guias para orientarem a visita e para explicarem o que muitos gostarão de saber: como se fabrica o sal, a partir da evaporação da água salgada depositada nas janelas do céu, como lhe chamou o artista multifacetado Almada Negreiros.
Um artigo de D. António Marcelino
NA FESTA DA VIDA,
PROJECTOS DE MORTE?
De uma maneira viva e irrespondível, os bispos de Espanha, em documento recente sobre a “reprodução humana artificial”, assim lhe chamam, denunciam que “o embrião humano recebe uma tutela legal menor do que aquela que se dá aos embriões de certas espécies animais protegidas”. Faz pensar, a tal ponto chegou o laicismo do estado.
Por estes dias de Páscoa, a festa da vida, o problema também se vem pondo entre nós, com preocupação de muita gente que luta por uma sociedade que respeite a vida. O legislador escuda-se na maioria parlamentar para assegurar a vitória antecipada. Mau caminho, em matéria tão delicada. e grave. Não podemos, nem queremos habituar-nos a aceitar a ligeireza com que se vão abordando problemas sérios, com vista a novas leis.
Não se pede agora mais, e este pedido é mais que legítimo, do que, em relação à “reprodução medicamente assistida”, assim lhe chamamos nós, se dê tempo e espaço para que as pessoas sejam esclarecidas, vejam, em todas as suas dimensões, o alcance das decisões possíveis, e possa reagir livremente.
Não basta falar do vazio legal sobre o tema e aproveitar a maré para preencher este vazio de uma maneira menos adequada. Se é grande o vazio legal, a culpa não é, nem do povo, nem dos embriões, previamente condenados à morte. É o órgão legislador que tem de se interrogar, porque o povo está farto do parlamentarismo à século XIX, em troca da atenção, estudo e reflexão, sobre assuntos do seu interesse.
Consta que tudo se tentava decidir, se é que não se continua na mesma, na calada dos arranjos da noite partidária e na distracção de um povo, cada vez mais alheio à política, porque, com futebol, jogos e novelas televisivos se dá por satisfeito, se não o acordarem. Por isso mesmo, os atentos são considerados cada vez mais incómodos num povo anestesiado e alheio a coisas essenciais.
Sabemos que há muitas esposas desejosas de procriar e mulheres solteiras, ansiosas por um bebé, sem o incómodo de terem de o gerar. Para as primeiras há caminhos já traçados, para as segundas não vemos que caminhos legítimos, porque uma criança não é um brinquedo de luxo, e tem direitos que não se casam com caprichos e emoções.
“ O embrião, lê-se no documento dos bispos vizinhos, merece o direito devido à pessoa humana, porque não é uma coisa, nem um mero agregado de células vivas, mas o primeiro estádio da existência de um ser humano.”
Não respeitar o embrião, embora se lhe dêem outros nomes para acalmar a consciência, é abrir portas a formas que podem ir da procriação à comercialização, a fins cosméticos ou outros de igual teor. Procriação, investigação, indústria e negócio são termos que, no caso presente, se colam. Mesmo com leis que se dizem reguladoras de abusos, a ânsia de ir à frente na investigação e de tirar proveito material desta indústria, tem sempre patronos, dentro e fora do sistema.
Os políticos, menos esclarecidos e pouco seguros, gostam de aproveitar, quando não mesmo de provocar, o facto consumado, que torna, depois, mais difícil o recuo. O facto consumado sempre foi uma estratégia marxista, para depois se poder gritar pelo respeito devido a direitos adquiridos. Todos sabemos que assim é, e aí está a prová-lo a Constituição, votada em circunstâncias que nada têm a ver com a realidade democrática de hoje, intocável em aspectos fundamentais, mas mutável, ao sabor de interesses e arranjos partidários. Não é caso único nesta estratégia antidemocrática, dominada pelo medo de perder, sempre que no jogo as regras são claras.
Celebra-se a festa da vida. A Páscoa é isso mesmo. Sonham-se, entretanto, projectos de morte: o aborto prometido, o divórcio agilizado, o embrião destruído… Pode a Igreja calar-se, quando a pessoa humana é espezinhada, sem se poder defender? Nunca.
quarta-feira, 12 de abril de 2006
Páscoa para um mundo mais justo
Bento XVI convida
católicos a preparar
bem a celebração
Bento XVI desafiou hoje os católicos de todo o mundo a fazer da Páscoa uma festa de vida, comprometendo-se “com mais coragem na construção dum mundo justo”. O Papa falava perante 40 mil peregrinos, reunidos na Praça de São Pedro para a audiência geral desta semana, com reflexão centrada no Tríduo Pascal.
Perante um mundo em que continuam a ser visíveis as “divisões, os dramas da injustiça, do ódio, da violência e da impossibilidade de reconciliação com perdão sincero”, o Papa espera que os católicos dêem um testemunho de fé, mostrando que “o mal não tem a última palavra”, porque Cristo ressuscitou.
Nos próximos dias, disse Bento XVI, os fiéis devem manifestar “um desejo mais vivo de seguir Jesus e servi-lo, sabendo que ele nos amou ao ponto de dar a vida por nós”.
Para preparar o Tríduo Pascal, o Papa convidou os católicos a procurarem “a reconciliação com Cristo, para saborear mais intensamente a alegria que Ele nos comunica com a sua ressurreição”.“O seu perdão, que é dado no sacramento da Penitência, é fonte de paz e torna-nos apóstolos de paz”, explicou.
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(Para ler mais, clique aqui)
D. Manuel Clemente na antiga Capitania
“O sentido
da vida à luz
da arte cristã”
No próximo dia 20 de Abril, quinta-feira, pelas 21.30 horas, na sede da Assembleia Municipal de Aveiro (antiga Capitania), D. Manuel Clemente, Bispo Auxiliar de Lisboa, fará uma conferência, subordinada ao tema “O sentido da vida à luz da arte cristã”. Trata-se de uma iniciativa da Comissão Diocesana da Cultura, em parceria com a Câmara Municipal de Aveiro e a associação AveiroArte, integrada na exposição que está patente ao público no mesmo local, até ao dia 23 do corrente. Nesta exposição, 48 artistas assumiram expressar o que pensam, em termos artísticos, sobre “O sentido da vida: que horizontes?”
Um artigo de António Rego
O culto do oculto
Recordo bem o choque que constituiu para mim, no início do estudo de Sagrada Escritura, o desmoronamento de alguns cenários construídos sobre a criação do mundo, as figuras de patriarcas e profetas, acontecimentos exemplares de tragédia ou festa descritos no Antigo ou Novo Testamento.
Conhecer os géneros literários, a hermenêutica gerada por uma aproximação aos textos originais, traduções, cânones, apócrifos – tudo isso provocou salutar iluminação sobre cenas desenhadas mais na imaginação que nos conteúdos essenciais da fé.
Estudar a Bíblia não é chegar à idade de compreender que o Pai Natal não existe e que não há nada a fazer. Trata-se de um acesso rigoroso à exegese, clarificada com o maior número de dados possível da história e da ciência. E da tradição da Igreja como fonte continuada da cristalinidade da fé.
É um bom momento na vida o da harmonização tranquila da fé com a ciência sem misticismos artificiais. Apercebemo-nos que os pilares da razão são óptimos mas insuficientes para sustentarem os conteúdos globais da fundamentação do homem e de Deus. Por isso aconteceu a Revelação.
De tempos a tempos surgem miragens de ciclones que ameaçam “desmoronar” as bases comuns das certezas e crenças adquiridas. Surpreendentemente Dan Brown e o seu Código Da Vinci com a sua fantasia espectacularizada (e presumivelmente copiada de outra fantasia) parece ter feito estremecer a fé de pré-iniciados em questões bíblicas e históricas.
Vendeu melhor os livros que as ideias mas terá deixado algumas dúvidas sobre quem estava à direita de Jesus na Última Ceia, e se Leonardo Da Vinci terá sido melhor em construir charadas que em trabalhar como pintor, escultor ou físico.
Recente notícia (inocentemente surgida perto da Páscoa) sobre o Evangelho de Judas, dispara as campainhas das redacções e produz reportagens em volta das dúvidas sobre a figura de Judas descrita nos Evangelhos Canónicos.
Surgem de novo as insinuações sobre um acumulado erro histórico, dando a entender que os cristãos andam eternamente ludibriados pela máquina eclesiástica.Há conteúdos essenciais da fé e esses estão explicados e proclamados. Há questões de textos e contextos sempre abertas a novos dados filológicos, paleontológicos, como todos os grandes estudos históricos. Mas nada disso se enquadra na literatura cor de rosa, lida entre dois mexericos de sala de espera.
As ciências teológicas e bíblicas trabalham em laboratórios bem mais consistentes, com dados frios, tratados por investigadores insuspeitos que não passam a vida ao telemóvel para comunicar mais uma descoberta oculta e sensacional.
Quem, nestes dias, ler serenamente a Paixão em qualquer dos Quatro Evangelistas, terá o essencial dum capítulo da história da fé e da humanidade. Sem se perder no culto do oculto ou da dúvida.
SAÚDE: É preciso combater o desperdício
Manuel Antunes
pede medidas de fundo
Manuel Antunes, director do serviço de Cirurgia Cardiotorácica dos Hospitais Universitários de Coimbra e conselheiro de Saúde do Presidente da República, Cavaco Silva, disse na “Visão”:
“Continuam a usar-se paliativos para melhorar a acessibilidade aos serviços, em vez de se tomarem medidas de fundo. Nada poderá resultar, enquanto não se combater os desperdícios e a ineficiência dos serviços. Isso terá de passar por uma alteração profunda do esquema de trabalho dos profissionais, sobretudo dos médicos. Só assim se conseguirá, por exemplo, reduzir eficazmente as listas de espera para cirurgias e consultas. Em contrapartida, tem de entregar-se mais responsabilidades aos directores de serviço.”
Disse, ainda, que é preciso responsabilizar os cidadãos pelos cuidados que recebem, porque “abusam do sistema e desperdiçam alguns meios postos ao seu alcance. Por exemplo, um terço dos medicamentos prescritos não são tomados.”
O doutor Manuel Antunes sabe do que fala. Isso significa que há muito que fazer no campo da Saúde, para se acabar, de facto, com as listas de espera nas cirurgias e nas consultas hospitalares.
Quando uma personalidade como esta fala, penso que não deixará de ser ouvida pelo Governo, no sentido de responder aos desafios que preconiza. A saúde é um bem precioso que merece mais atenção de todos nós e dos responsáveis por este sector a nível nacional.
Como Manuel Antunes é assessor do Presidente da República, talvez isso seja uma mais-valia para os encontros que Cavaco Silva mantém às quintas-feiras com o primeiro-ministro José Sócrates.
F.M.
Citação
Para pensar
“Num tempo de planos tecnológicos e de programas simplex de ataque à burocracia, é chocante constatar que quase três milhões de portugueses não possuem qualquer ligação domiciliária à rede de esgotos”.
(…)
“É assustador o facto de mais de quatro milhões de portugueses não possuírem sistemas adequados de tratamento de esgotos e de, entre estes, quase três milhões não terem qualquer ligação à rede de drenagem de esgotos”.
:
António José Teixeira,
no editorial de ontem do DN
terça-feira, 11 de abril de 2006
Um artigo de Alexandre Cruz
A inutilidade
do sofrimento?
1. O sofrimento, enquanto experiência humana do limite em nós próprios, apresenta-se como uma realidade certa que, mais cedo ou mais tarde, bate à porta de todos. E é particularmente na experiência do sofrimento que, após levantadas todas as dúvidas e questões fundamentais, novas caminhadas de sentido de vida se fazem, novas janelas de entendimento sobre o “essencial” da vida se abrem, mostrando a esperança e a clarividência para um sempre melhor discernimento diante de tantos acessórios insignificantes. É por isso que nas sofridas fronteiras da vida, todos os ideais se renovam, (quase) todas as pazes se fazem, todas as esperanças e projectos se levantam.
Mas, com sensibilidade, precisamos de apurar a nossa própria atenção porque ao falarmos do sofrimento humano (ele por si não existe) não falamos de teorias mas de pessoas concretas que sofrem; tal como ao falarmos de humanidade, teremos sempre de fazer o esforço de passar da abstracção à realidade concreta das pessoas que caminham, que procuram e encontram, pessoas essas que somos “nós”… É no superar das generalidades teóricas ao encontro de vidas muito pessoais que navegamos quando, especialmente, avançamos por estas águas de escrita, também num tempo pré-pascal em que caminhamos…
2. Vem esta reflexão a propósito de uma obra publicada e publicitada com destaque na revista Notícias Magazine (do JN de 2 Abril). Trata-se de uma visão, livro com o título “A Inutilidade do Sofrimento”, de uma psicóloga com 25 anos de experiência e que constata que não fomos educados para gerir os sofrimentos e perdas naturais da vida, e que insistimos em diante do mesmo acontecimento preferir ver as coisas de forma pessimista; optamos por ver o “copo meio vazio” em vez de o “copo meio cheio”.
Despertou-nos o título, e uma primeira visão de perspectiva, uma sensação de confirmação em que estamos mesmo a querer afastar a experiência do sofrimento da própria experiência humana realista; preferimos as modas, as estéticas, as elegâncias, só uma face (a linda!) da moeda da vida. Ainda que abordando a obra oportunos horizontes de equilibro emocional, auto-estima, auto-conhecimento, superação e gestão das ansiedades, contudo, em última análise, considerando os sistemas éticos, normativos e religiosos como “imposições de culpabilidade” que não deixam a libertação do ser florescer…num levar às últimas consequências, ao limite, correr-se-ia o terrível perigo de não olhar a meios para atingir fins, perdendo a vida todo o sentido diante do sofrimento tão realista, um passo “eutanasiante”. Quererá esta visão a promoção de uma sociedade de perfeitos? Será a ideia de “esconder” ainda mais da vida pública as feridas das pessoas? Será esta afirmação da psicologia sobre a “inutilidade do sofrimento” sinal de que cada vez é mais difícil reconhecermos em nós próprios a limitação?...
3. O sofrimento está aí, todos os dias! Integrar positivamente, no mais possível, para melhor viver será o caminho… Não, como algumas perigosas teorias apontam, que seja um mal necessário para a purificação; não que o sofrimento tenha mesmo de acontecer para apurar sentidos de vida, arrependimento, de forma alguma. Esta visão perderia o sentido da plena liberdade humana em que cada momento de vida é apelo à própria felicidade… Mas que na experiência do sofrimento, quer pessoal quer de dedicação aos outros, é possível uma abertura a toda a esperança e, fruto de um sentido / integração positiva do sofrimento (que nunca é um fim em si mesmo) é possível dar felizes passos adiante, isso é bem verdade.
A autora, psicóloga Maria Jesus Reyes, toca, em contrapartida, em alguns aspectos fundamentais da nossa vida em sociedade e das escolas da maturidade de vida, no que constroem em nós (ou não) deste espírito de aprendizagem em lidar com o menos positivo: “Fazemos cursos para ensinar os executivos a controlar a ansiedade e é o que mais agradecem, porque lhes ensinaram a negociar, algo a trabalhar em equipa, a liderar, mas não lhes ensinaram a ser felizes, a controlar as emoções negativas. E com o mesmo trabalho, a mesma família, os mesmos problemas, pode-se viver muito bem ou muito mal. Essa é a grande diferença.”
Sem dúvida que uma vida bem trabalhada por dentro pode aliviar muito do peso sofrido dos medos, das ansiedades, das perdas, mesmo das dores. Mas também é certo que a arte de viver em que tudo tem sentidos de esperança (inclusive a leitura do sofrimento humano), será a via capaz de melhor reavivar a “inteligência emocional” para a reconstrução da grandeza do SER.
O sentido pascal, da passagem esperançosa fruto de aperfeiçoamento da própria vida, desperta de forma mais feliz este estímulo positivo. Claro que teorias nada são comparadas com as cruas feridas e dores do corpo… mas nelas saber ler a serenidade, a esperança e a paz, é o melhor discurso silencioso que faz ver bem mais longe o quanto valemos e a que dignidade absoluta somos chamados!
segunda-feira, 10 de abril de 2006
Partidos Políticos
Os Estados têm de apoiar
os Partidos Políticos, mas…
Todos os democratas são unânimes em considerar que os Partidos Políticos são fundamentais nos regimes democráticos. Por isso, os Estados têm de o dever, a meu ver, de contribuir para a sua existência. São eles que, afinal, oferecem e mostram aos eleitores as várias formas de Governo, sublinhando, cada um a seu modo, as virtualidades das ideias que defendem e pregam.
Os Partidos Políticos têm filiados e simpatizantes, como é óbvio, que os ajudam a sobreviver e os fazem chegar ao Governo ou os alimentam nas oposições, também importantes nos regimes democráticos. Sem oposições credíveis poder-se-ia cair nas ditaduras ou nos abusos do poder, na corrupção ou na degradação do sistema. Sendo assim, os Estados têm, de facto, de apoiar os Partidos.
Acontece que de tempos a tempos vêm a lume as contas que o Governo tem de suportar com esse apoio. E elas são tão elevadas que me custa aceitar que seja mesmo necessário despender tanto dinheiro com os Partidos Políticos e com as campanhas eleitorais.
A “Visão” disse na passada semana que as forças políticas vão receber, nos próximos três anos, os mesmos 64 milhões de euros que Bill Gates (o homem mais rico do mundo) vai investir em Portugal, como ajuda à renovação tecnológica.
Eu acho que é muito dinheiro, até porque os Partidos têm as quotas dos seus filiados. Que houvesse um apoio, de alguma forma modesto, ainda seria de aceitar. Mas dar tantos milhões, num país com tantas carências e tanta fome, não me parece bem.
Fernando Martins
Primeira saída do Presidente da República
Gratidão e mérito
Na sua primeira saída oficial do palácio de Belém, o Presidente da República, Cavaco Silva, privilegiou a gratidão e o mérito. Cavaco Silva deslocou-se ao Hospital de D. Estefânia, em Lisboa, não só para agradecer o modo como ali foram tratados familiares seus, mas também para cumprir uma promessa da campanha presidencial, como foi a de dedicar “uma atenção particular às crianças”, que “são um grupo vulnerável na nossa sociedade”.
O presidente da República quis salientar o facto de aquela unidade hospitalar ter recebido, no ano passado, um prémio pelo trabalho da sua Comissão de Humanização e Qualidade, bom estímulo para continuar na senda do sucesso, para bem dos pacientes. Estímulo esse que, se todos os hospitais quiserem, também o podem aproveitar para humanizarem os seus serviços.
Cavaco Silva deixou ainda um recado, quando disse aos jornalistas, que o questionavam, que “O Presidente da República tem um direito de reserva em relação àquilo que diz em Público”.
F.M.
Quotas para o mérito
A jornalista Isabel Stilwell disse, no “Notícias Magazine”, que “O bom povo português agradecia uma lei a exigir a presença obrigatória de pelo menos um quarto de pessoas inteligentes nos partidos políticos. Independentemente do sexo. Mas essas quotas não as quiseram eles!”. E acrescentou que “Os homens bem podem começar é a pensar numa lei de quotas para eles, enquanto ainda os deixam assinar leis e diplomas”.
Ora aqui está uma ideia que merece uma oportuna reflexão, numa altura em que tanto se discute sobre quotas (humilhantes) para mulheres na política. Mais importante do que isso será, então, estabelecer quotas para o mérito. Aí, muitos políticos, homens, ficariam de fora.
F.M.
Na antiga Capitania
“O sentido da vida: Que horizontes?”
Até 23 de Abril, pode apreciar, na antiga Capitania, uma exposição colectiva de Artes Plásticas, subordinada ao tema “O sentido da vida: Que horizontes?”. Trata-se de uma iniciativa da Comissão Diocesana da Cultura, em parceria com a Câmara Municipal de Aveiro e com a associação AveiroArte.
De terça a domingo, das 14 às 19.30 horas, o visitante pode debruçar-se sobre trabalhos de 48 artistas, procurando reflectir, com a ajuda de todos eles, sobre o sentido da vida.
Uma exposição a não perder, até porque, na Quaresma, há razões mais do que suficientes para compreendermos que só uma vida com sentido pode projectar-se em todos os horizontes.
F.M.
Na Loja do Cidadão
Fotografias na Loja
Na Loja do Cidadão, em Aveiro, os alunos de Fotojornalismo do ISCIA (Instituto Superior de Ciências de Informação e Administração) expõem fotografias captadas com arte e sensibilidade. A Vida num parque de Aveiro, Peixeiras e Rastos da Noite podem ser apreciados na Loja do Cidadão até ao próximo dia 29, de segunda a sexta-feira, das 8.30 às 19.30 horas, e aos sábados, entre as 9.30 e as 15 horas.
F.M.
Citação
“É possível viver com o fracasso. Não se consegue é viver com os sonhos no armário”
Bill Clinton,
antigo Presidente dos EUA,
in Jornal de Negócios
Um artigo de D. António Marcelino
PERGUNTAS FATAIS
PARA UM PROCESSO
EDUCATIVO VÁLIDO
Um pedagogo argentino, de nome consagrado, ao passar por Portugal, como orador num Curso de Verão sobre problemas da educação, deixou-nos esta reflexão final: “Interrogar-se acerca da formação da personalidade é, afinal, formular as perguntas fatais da educação: para quê e para onde queremos educar”. Um pouco atrás, fez outra pergunta, que ele mesmo classificou de fundamental: “ Como ensinar e promover as capacidades exigidas a um cidadão democrático?”
Quem faz perguntas, procura respostas. Quem não se interroga não tem condições para progredir. Ouvir de outros e fazer perguntas a si mesmo pode ser incómodo, por isso as respostas ou não existem ou são tolas e desfasadas. Em educação as perguntas pertinentes podem determinar o processo educativo.
O “para quê” e o “para onde” ou o “em que sentido” têm de iluminar e orientar toda acção educativa da família e da escola e, de modo igual, das diversas instâncias educativas. De outro modo, o esforço para educar será inútil e o tempo perdido.
Não vai para parte nenhuma quem não sabe para onde vai, nem para onde quer ir. Não será, porventura, esta fatalidade, que explica fracassos e insucessos na educação?
Num suplemento de fim-de-semana, que um dos jornais diários anexava há dias ao caderno principal, fazia-se a publicidade de um famoso grupo rock estrangeiro, nestes termos: “Para acabar de vez com as boas maneiras!”. O mesmo era dizer que não havia regras para apreciar ou para presenciar, e que destruir conceitos e preconceitos era a palavra de ordem. Na música e na vida. Muito aliciador, para gente sem peso nem norte.
Como nessa semana o prato forte das minhas actividades andou à volta de encontros com professores e de reflexão sobre a educação e a escola que temos, vieram-me à memória as perguntas fatais e fundamentais, do mestre argentino.
Educar é sempre construir com projecto e, por isso, precisa horizontes e regras. As regras geram constrangimento para quem julga que ser livre é fazer tudo quanto lhe apetece, e não aceitar qualquer intervenção de outrem na sua vida. Ora, educar é sempre um processo relacional que permite permuta e possibilita transmissão de saber já adquirido e de experiências de vida, torna livremente activo quem está em aprendizagem mais evidente, e não dispensa o horizonte do porquê, do para quê, do como e do para onde, para que haja motivação para aprender, desenvolver capacidades, ter opções com critérios, agir com discernimento e vontade, ter alegria de viver e de realizar, dispor, enfim, de um sentido na vida e para a vida.
Um horizonte reduzido acaba por não apaixonar. Largo e a perder-se no longe do tempo, obriga a persistência, criatividade, necessidade de ajuda, vontade determinada, esperança e utopia. As desistências, os insucessos e os desvios condenáveis de um agir sem regras, maneiras e ética, mostram que as interrogações que motivam a agir da pessoa, não funcionaram. Há, por vezes, estrangulamentos no processo educativo, influências estranhas com poder, medos justificáveis de educadores, desinteresse ostensivo de educandos, leis patetas de técnicos e psicólogos sonhadores e ineptos, omissões graves de quem determina o processo, desconhecendo a realidade e a vida, instituições que andam à caça de fracassos nos espaços educativos dos outros, para desviar a atenção da noite que cobre os seus campos de acção, de teor idêntico. Os que querem, acabam por ser prejudicados pelos que não querem ou não sabem, passando o mal a ter história e o esforço do bem a ser esquecido, quando não mesmo vilipendiado.
Admiro cada vez mais os educadores que não desistem e os jovens que prosseguem no caminho que traçaram, resistindo às influências que os rodeiam. Nenhuma sociedade tem futuro sem uma educação séria que não medo das interrogações fatais.
Gotas do Arco-Íris - 12
ARCO-ÍRIS, MODELO E MESTRE ...
Caríssimo/a: Ouve-se, com frequência, que “a Primavera já não é o que era”... Não sei se concordo, mas, observando o meu pequeno mundo, nunca vi tantas flores nos nossos jardins (o «meu» jardim, os jardins do condomínio, os jardins dos bancos: os bcps, os bpis, os bes, eu sei lá..., e até de uma ou outra repartição pública, que também as há com as suas floreiras..., e vamos lá de alguns hospitais, e, sejamos justos, os jardins públicos...).
Se antigamente Portugal era um jardim à beira mar plantado, hoje talvez o mar esteja plantado a ver o nosso jardim... E vem esta prosa tão pouco garrida, porque um canteiro me cativou... Vi-o de longe e admirei a sua mancha colorida... Logo me pus a lançar elogios para o ar dirigidos aos meus dois bons Amigos Manuel Casqueirita e João Matias; aquele da Marinha Velha e este de Vilar...
Numa época em que a decoração de altares de Igreja era exclusivo das Mulheres e Raparigas das nossas aldeias, o ti Casqueirita e o João Matias ousaram e conquistaram um espaço que por todos era respeitado e hoje é saudado... Bem hajam!
Ia assim divagando e aproximando-me, a pé, vagarosamente como as minhas pernas mo vão permitindo, olhando e reparando para o dito canteiro... E ali está, deitado, sonolento, nesta tarde chuvosa... Mas onde estão as flores? Os jardineiros foram ardilosos e de uma imaginação inimaginável: as manchas de cor foram conseguidas com ...couves e pedrinhas... Só o arco-íris pode ter sido o mestre de artistas tão requintados!... E por hoje, vamos com o nosso ramo, mais ou menos florido, saudar outro Mestre.
Manuel
Nota: Por motivo de ausência, só hoje posso introduzir no meu blogue a habitual colaboração do amigo Manuel.
Agradecimentos
Alguns leitores foram muito simpáticos, como veriquei, com e.mails, mensagens e telefonemas, preocupados com a minha ausência. Não foi por doença, graças a Deus, mas por necessidade de mudar de ares. O homem, mais do que os outros seres vivos, precisa, de quando em vez, de respirar noutros ambientes. Foi o que fiz.
Mesmo fora de casa, porém, aqui estou como prometi, ao sabor das portas que se abrem, o que, felizmente, se está a tornar mais fácil.
O meu muito obrigado pelos cuidados dos meus leitores.
Fernando Martins
quarta-feira, 5 de abril de 2006
Mais uma saída
Mais uma saída. Mais uma ausência. Quando puder, por cá passarei para a partilha do que penso e sinto com os meus amigos e habituais leitores.
Fernando Martins
terça-feira, 4 de abril de 2006
Um artigo de António Rego
A glória
de João Paulo II
A celebração do primeiro aniversário da morte de João Paulo II seguiu, por inteiro, o dinamismo pessoal e pastoral de Karol Wojtyla: exposto ao mundo do primeiro ao último momento, tão visível nas horas de brilho e festa como nos momentos frágeis no aspecto, no andar, no falar, no encontro com os povos, com os governos, as Igrejas, e com esse universo incontável de interesseiros que não quiseram perder a oportunidade de serem fotografados com o Papa como peça de currículo. Bento XVI expressou bem todo o percurso, acentuando o seu despojamento progressivo: “Nos últimos anos, o Senhor foi a pouco e pouco privando-o de tudo, para que a Ele se lhe assemelhasse. A sua morte foi o cumprimento de um testemunho de fé que tocou o coração de tantos homens de boa vontade”. Esteve em pleno na sua imagem, depois apenas no gesto e na voz como aconteceu na última Via Sacra a que presidiu na sua Capela particular onde nem o seu rosto foi mostrado ao público. O mundo seguiu o drama e a festa da vida deste homem que sempre vibrou ao ritmo das comunidades a que presidiu e à Igreja Universal que, como pastor, confirmou vigorosamente na fé.
Dado o seu longo Pontificado, as últimas gerações já não se aperceberão inteiramente das mudanças e sobretudo do ritmo e estilo que ele imprimiu à Igreja no seu original pastoreio.
Tudo mudou. Se o essencial é o mesmo, a forma de o apreender, transmitir e aplicar, altera-se com o tempo, as revoluções culturais, políticas, técnicas e religiosas.
João Paulo II não é isento dos contextos da história na sua vida pessoal, nas perturbações da Polónia, da Europa, no choque da modernidade que ganhou uma explicitação e visibilidade nunca antes vistas, dos dramas de guerra e dos progressos de paz que nunca deixaram de acontecer.
Este todo teceu o seu Pontificado a que imprimiu uma tónica particular. É mais fácil a homenagem que a análise objectiva e pedagógica para a Igreja e para o mundo. Por isso o esfumar-se do tempo ajuda melhor à percepção distanciada da realidade.
Abre-se agora esse período. Da transição do afecto para a clareza dos factos. À frente dos quais está o próprio processo de beatificação que não é alheio a todo o itinerário do Papa Wojtyla.
A Gafanha vista por Júlio Dinis
"IMAGINEI-ME
TRANSPORTADO
À HOLANDA"
“Escrevo-te de Aveiro. São 7 horas da manhã do histórico dia de S. Miguel. Acabo de me levantar. Acordou-me o silvo da locomotiva. Abri de par em par as janelas a um sol desmaiado que me anuncia o Inverno.
A primeira coisa que este sol alumiou para mim, foi a folha de papel em que te escrevo; aproveito-a, como vês, consagrando-te neste dia os meus primeiros pensamentos e o meu primeira quarto de hora.
Aveiro causou-me uma impressão agradável ao sair da estação; menos agradável ao internar-me no coração da cidade, horrível vendo chover a cântaros na manhã de ontem, e imensas nuvens cor de chumbo a amontoarem-se sobre a minha cabeça, mas, sobretudo intensamente aprazível, quando, depois de estiar, subi pela margem do rio e atravessei a ponte da GAFANHA para visitar uma elegante propriedade rural que o primo, em casa de quem estou hospedado, teve o bom gosto de edificar ali.
Imaginei-me transportado à Holanda, onde, como sabes, nunca fui, mas que suponho deve ser assim uma coisa nos sítios em que for bela.
Proponho-me visitar hoje os túmulos de Santa Joana e o de José Estêvão, duas peregrinações que eu não podia deixar de fazer desde que vim aqui.
A casa em que eu moro fica fronteira à que pertenceu ao José Estêvão. Há ainda vestígios das obras que ele projectava fazer-lhe e que, por sua morte, ficaram incompletas. Tudo isto se vendeu, e dizem que por uma ninharia.
Chequei a Aveiro um pouco dominado pela apreensão de que talvez viesse ser infeccionado pelos eflúvios pantanosos da terra e cair atacado por sezões, circunstância que não obstante o colorido local que me havia de dar, nem por isso me havia de ser muito agradável.
Nada porém de novo me tem por enquanto sucedido, e continuo passando bem, e, o que é mais, engordando”.
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Carta escrita em Aveiro,
em 28 de Setembro de 1864,
e dirigida ao seu amigo Custódio Passos
MENSAGEM DE PÁSCOA DO BISPO DE VISEU
Páscoa, Festa da Vida
A Páscoa acontece no tempo da primavera, quando a natureza desperta e a vida ressurge e refloresce como que por milagre. Neste contexto natural do ressurgir da vida, a Páscoa cristã celebra a vida ressuscitada de Cristo como explosão de vida nova para o mundo: é, ao mesmo tempo, a festa da vida de Deus em nós, a festa da vida humana renovada em Cristo, a festa da esperança mais forte do que a morte. Por isso, esta festa expande-se: sai das igrejas para as ruas, através da visita pascal, para levar o canto do Aleluia a todas as casas e a todos os corações; comunica-se com um sorriso e um gesto de amizade nas ruas, nos autocarros, no trabalho, na escola, na família, na paróquia, nos hospitais.
O canto pascal do Aleluia mostra que a voz humana não sabe apenas gritar, gemer, chorar, mas também cantar a vida e a sua beleza. Afirma que Jesus Cristo vive, que vale a pena viver e gritar a bondade e a beleza da vida humana, protegê-la, defendê-la e promovê-la em todas as circunstâncias.
A Páscoa propõe-nos pois um programa de vida que compete a cada um acolher e realizar. Anuncio-o e ofereço-o a todos vós, com os votos de que vos ajude a compreender e a viver a alegria da Vida em Cristo e a beleza de levar apoio fraterno a cada existência humana.
Feliz Páscoa em Cristo Ressuscitado! Aleluia!
D. António Marto,
Bispo de Viseu
segunda-feira, 3 de abril de 2006
As nossas paisagens
Hoje, no meu passeio matinal, um pouco antes de o Sol se ver na sua plenitude, cruzei-me com amigos na Praia da Barra. Captei, na fotografia, o casamento entre o Farol e o Obelisco, cujas inscrições valem como lição de história.
Vi que muitos passavam a correr sem as ler e senti a falta de curiosidade que algumas pessoas ostentam. Acho que não podemos nem devemos andar sempre a correr. De quando em vez vale bem a pena parar e ler o que nos é oferecido, sem nada nos exigirem em troca. Aqui fica a sugestão.
ARTE SACRA: Restauros
RESTAUROS:
Todo o cuidado
é pouco
Há muitas histórias de restauros (?) de Arte Sacra que me deixam perplexo. Por ignorância de quem os encomenda e por incom-petência de quem os faz. Daí que se exija a uns e a outros que não brinquem com coisas sérias e que consultem quem sabe do assunto, para se evitarem erros que podem levar a perdas irreparáveis.
Portugal é rico em Arte Sacra, o que tem de levar a um redobrado cuidado para se não perder ou prejudicar um património de valor incalculável, normalmente na posse da Igreja Católica. A Arte Sacra exposta nos museus e que, em muitos casos, é património do Estado, está, em princípio, salvaguardada dos ataques de curiosos e de incompetentes. Mas a outra, a que ainda ornamente alguns templos, essa deve merecer de todas as comunidades e dos seus primeiros responsáveis um carinho muito especial e um esforço muito grande de preservação.
Quando for chegada a hora do restauro, que é uma forma de se evitar a morte lenta das peças artísticas, então que se siga a via da consulta a quem sabe, para que o trabalho seja executado com todo o rigor e apoiado em bases científicas.
F.M.
domingo, 2 de abril de 2006
Exposição na antiga Capitania
A não perder, até 23 de Abril
“O sentido da vida:
que horizontes?”
:
Foto: Claudette Albino e Gaspar Albino, que orientaram uma visita à exposição, apresentam Maria Aurora, antiga professora de Matemática, que começou a pintar há 13 anos, apenas quando se aposentou.
Morte de João Paulo II: um ano depois
A morte de João Paulo II, há um ano, não passou despercebida a ninguém, crentes, não crentes e indiferentes. A sua personalidade forte e por isso carismática marcou o nosso tempo de forma indelével. Mas os crentes, esses, sentiram de forma diferente a sua vida e o seu testemunho de fé.
Um ano depois da sua partida para o Pai, não posso deixar de partilhar com os meus leitores quanto admirei (e ainda admiro) o Papa com quem mais me relacionei como homem e como católico interessado em lutar por um mundo melhor. Ao ler as suas encíclicas e outros documentos, ao ouvir a sua palavra em sentido de escuta, ao fixar-me nos seus olhos e nas suas expressões, continuo a experimentar uma certa tranquilidade. O arauto de Deus, o mensageiro da Boa Nova de Jesus Cristo e o lutador por uma sociedade mais justa e mais fraterna mantém-se presente no meu dia-a-dia, nos meus sonhos e projectos, mas também na minha fé em tempos de mais fraternidade universal.
Afinal, o Papa peregrino de tantos horizontes, do diálogo entre gerações e entre religiões, o Papa da paz e da aproximação entre as pessoas, O Papa da libertação dos oprimidos e dos mais pobres dos pobres, dos jovens e dos mais velhos, o Papa do sorriso terno e do gesto simples, aí está entre nós.
É bom, pois, recordá-lo neste dia em que celebramos a sua entrada definitiva na história dos homens e mulheres do nosso tempo, na certeza de que, por muitos e muitos anos, a sua palavra, escrita ou dita, permanecerá como farol para muitos de nós.
Fernando Martins
Um poema de Sophia
O poema
O poema me levará no tempo
Quando eu não for a habitação do tempo
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Com o rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo
In Livro Sexto
:
Nota: Este poema foi publicado no sábado, na revista XIS, por Laurinda Alves, em jeito de homenagem à Primavera e ao Dia Mundial da Poesia, que se celebraram no dia 21 de Março.
Diz Laurinda Alves, na apresentação do poema e de um texto muito poético de Sophia, com que abre a revista: “com infinita gratidão pela luz com que ela [Sophia] continua a iluminar a nossa vida”. Subscrevo, obviamente.
F.M.
João Paulo II: Um ano depois da sua morte
João Paulo II
recordado
em todo o mundo
Fiéis de todo o mundo preparam-se para comemorar hoje o primeiro aniversário da morte de João Paulo II. Um pouco por todo o lado, esta data vai ser assinalada com numerosas celebrações, mas os olhares vão estar voltados, com toda a atenção, para a Praça de São Pedro, em Roma, lugar onde o Papa, à hora precisa do falecimento de João Paulo II (21:37H, hora local), irá dirigir-se aos cerca de 120 mil peregrinos esperados, a partir da janela, e recitar a oração do Terço em memória de seu predecessor.
Nesta vigília promovida pela Diocese de Roma, a Praça de São Pedro vai reviver, a partir das 20h30 (menos uma em Lisboa) o ambiente que precedeu o momento da morte do Papa polaco, começando com a actuação do Coro diocesano, que apresentará cânticos marianos e passagens de textos de Karol Wojtyla aos peregrinos.
Ao mesmo tempo, em Cracóvia e Varsóvia, na Polónia, centenas de milhar de polacos no decorrer de grandes missas campais erguerão ao céu velas acesas para recordar Karol Wojtyla. Já hoje ao final da tarde o antigo secretário pessoal de João Paulo II, o cardeal Stanislaw Dziwisz, actual arcebispo da cidade de Cracóvia, presidirá à celebração que marca o final dos trabalhos do tribunal rogatório para a causa de beatificação, sem que, no entanto, esteja concluída a fase diocesana deste processo.
Em Moscovo será celebrada uma missa solene na Catedral da Imaculada Conceição, na presença do corpo diplomático e de representantes de diferentes confissões. Do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, o centro cultural João Paulo II, em Washington, organiza este domingo um dia de comemoração com missa, concerto e uma conferência sobre a herança do antigo papa.
Na Segunda feira, dia 3 de abril, pelas 17h30 locais, o Bento XVI presidirá a uma Missa de sufrágio por João Paulo II, no exterior da Basílica de São Pedro.
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Fonte: Ecclesia
Um artigo de Anselmo Borges, no DN
Diálogo
inter-religioso
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Uma religião não começa por ser uma doutrina, pois tem a sua raiz numa experiência: a experiência do Sagrado, do Mistério vivo, que traz salvação aos homens e dá Sentido último à existência.
No cristianismo, essa experiência do Sagrado dá-se pela mediação do encontro com Jesus Cristo, que revelou que Deus é amor. Essa experiência necessita também de uma tradução doutrinal e, sendo vivida comunitariamente, portanto, em Igreja, requer um mínimo de organização institucional.
Mas nunca se pode esquecer que o núcleo da Igreja é a experiência viva do Deus vivo, cuja outra face é o amor e o serviço da Humanidade. O Deus de Jesus não se revelou para que lhe prestemos culto, mas para que nos respeitemos e amemos uns aos outros. O interesse de Deus são mulheres e homens vivos. Portanto, a concentração na doutrina e na instituição pode levar a distorções da mensagem originária do Evangelho.
Aliás, no que se refere aos aspectos doutrinais e institucionais, não se deve esquecer a necessidade de atender às diferentes culturas, para se não cair na uniformidade. Há um só Evangelho, mas expresso em quatro evangelhos: segundo São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João.
Que compreensão teríamos de Jesus se as primeiras comunidades cristãs, em vez de derivarem de Jerusalém para Atenas e Roma, tivessem caminhado para a Índia e para a China? O Evangelho é tão rico que exclui toda a tentativa de uniformização. Dirigindo-se a mulheres e homens concretos, que são constitutivamente seres culturais, tem de encarnar nas diferentes culturas.
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(Para ler todo o artigo, clique aqui)
GOTAS DO ARCO-ÍRIS - 11
E SE O ARCO-ÍRIS
QUEBRASSE
AS ROTINAS?
Caríssimo/a:
Dizia-me um Amigo:
“Olha, cá estamos de novo a recriar as nossas rotinas: uns a ir aos médicos, outros a fazer aquilo de que gostam.”
E eu fiquei-me a pensar nesta das rotinas...
Rotina... aquilo que se repete... e repete... e repete... até ao infinito...
Dirão alguns: mas que seca! ...
Mas o Lúcio, é dele que se trata (vós não o conheceis), acrescenta: outros a fazer aquilo de que gostam!
Quer dizer que a rotina também nos pode dar prazer!...
E à medida que vamos avançando, não será a rotina a maneira de nos tornar a vida mais fácil?!
Bem, o certo é que aqui estou sentado dentro do carro, a ouvir música sinfónica, enquanto escrevo (outras vezes, leio), à espera dos netos que vão sair das aulas...
Também já outros tiveram a sua rotina à nossa espera...
De vez em quando é bom quebrar as rotinas, tal como o está fazendo o Arco-Íris que nos mimoseia com uma valente chuvada! Mas depois volta a sorrir, prazenteiro no seu colorido que, apesar de ser sempre o mesmo, até ao infinito, nos adverte perguntando:
Será que já não gostas das minhas cores?
Rotinando e saudando,
Manuel
:
Foto de um "site" brasileiro
sábado, 1 de abril de 2006
Um artigo de Francisco Sarsfield Cabral, no DN
Fazer melhor com menos dinheiro
Portugal atrasa-se no con-junto das economias euro-peias porque a produtividade portuguesa é inferior à da maioria dos nossos parceiros e não tem melhorado.
Dantes, desvalorizava-se o escudo para manter competitivas as exportações e o turismo. Desvalorizar significava ser preciso exportar mais para importar o mesmo. Era uma forma de empobrecimento nacional, mas dava jeito aos empresários, que assim não precisavam de se esforçar muito em melhorias de produtividade. Mas o euro acabou com a bengala da desvalorização da moeda.
Tudo isto é sabido, falta é aumentar a nossa produtividade. Aqui jogam inúmeras variáveis, desde a utilização de novas tecnologias aos factores culturais (como os nossos maus hábitos em matéria de pontualidade, aversão ao risco e sentido de organização, ou o baixo nível de formação dos gestores e dos trabalhadores). É difícil atacar todos esses factores e alguns deles, os culturais, demoram gerações a mudar. Ora há uma área onde poderemos obter substanciais subidas directas e indirectas de produtividade em tempo relativamente curto: o Estado, que gasta quase metade do PIB português.
É certo que cerca de um terço da despesa pública são meras transferências (pensões, subsídios de desemprego, etc.).
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(Para ler todo o artigo clique aqui)
António Guterres recebe Prémio Personalidade do Ano 2005
"Já é prémio
suficiente o que
estou a fazer"
António Guterres aceitou ontem o Prémio Personalidade do Ano 2005, atribuído pela Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP) com agrado evidente. Confessou-se "surpreendido" pela honra, tanto mais que "é já prémio suficiente estar a fazer aquilo que estou a fazer, que era exactamente aquilo que queria nesta fase da minha vida", sustenta. Uma missão de serviço público que procurou, e à qual se candidatou, a recolher agora os frutos mais visíveis.
O facto de Kofi Annan ter escolhido o seu nome para o Alto-Comissariado facilitou a tarefa à Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal. Os membros foram unânimes na decisão de lhe atribuírem o galardão, ninguém hesitou na resposta final.
"Os últimos meses do ano costumam ser tensos para nós, muitas vezes as preocupações chegam mesmo a ameaçar-nos o Natal. Mas este ano não, foi tudo muito fácil e um enorme prazer. Não tivemos problemas existenciais", brincou o presidente da AIEP, Ramón Font, na cerimónia de entrega que animou a noite de quinta-feira no Casino Estoril, apoiada pela RTP.
:
(Para ler todo o texto, clique DN)
Ruy Belo: A chegada dos dias grandes
A chegada dos dias grandes
Da luva lentamente aliviada
a minha mão procura a primavera
Nas pétalas não poisa já geada
e o dia é já maior que ontem era
Não temo mesmo aquilo que temera
se antes viesse: chuva ou trovoada
é este o Deus que o meu peito venera
Sinto-me ser eu que não era nada
A primavera é o meu país
Saio à rua sento-me no chão
e abro os braços e deito raiz
E dá flores até a minha mão
Sei que foi isto que sem querer quis
e reconheço a minha condição.
Da luva lentamente aliviada
a minha mão procura a primavera
Nas pétalas não poisa já geada
e o dia é já maior que ontem era
Não temo mesmo aquilo que temera
se antes viesse: chuva ou trovoada
é este o Deus que o meu peito venera
Sinto-me ser eu que não era nada
A primavera é o meu país
Saio à rua sento-me no chão
e abro os braços e deito raiz
E dá flores até a minha mão
Sei que foi isto que sem querer quis
e reconheço a minha condição.
sexta-feira, 31 de março de 2006
"Jogos do Mundo" no Centro de Ciência Viva
Até 23 de Abril
ainda pode ver
esta exposição
Dado o número elevado de visitas, foi prolongado o prazo de exibição da exposição «Jogos do Mundo» até 23 de Abril.
O jogo constitui ocupação dos tempos livres do Homem, desde os tempos mais remotos. Esta exposição mostra as características de alguns deles e ensina a jogá-los! Os tabuleiros, as peças de jogo, e um pouco da sua história cuidada nesta exposição, facilitam ao visitante deixar-se transportar às origens de cada um deles.
Depois de uma breve apreciação, e de atender às regras, que vão do mais difícil ao mais fácil, o visitante pode mesmo optar por jogar um ou outro dos 30 jogos expostas e com origens em países distintos.
Desde o Xadrez circular ou Bizantino (variante do antigo jogo Shatranj que, por sua vez é uma variante do jogo Chaturanja que é a primeira versão do xadrez); o Hiena, do Sudão, descoberto, em 1920 por antropólogos (jogo curioso baseado num conto tradicional para crianças retratando os perigos da vida nómada); o Senet, que reflecte as principais regras religiosas do Egipto e que se poderá considerar um dos antepassados do Gamão moderno; o Ouri, de Cabo Verde (um jogo essencialmente de transferência) e, por fim, ainda como exemplo, A raposa e os gansos, de origem Escandinava, que é um jogo de caça ou perseguição (caracterizado pelo facto de se confrontarem duas forças desiguais com objectivos e poderes diferentes) são alguns dos jogos aqui expostos.
:
Fonte: UA
Mensagens de João Paulo II à imprensa
Livro com mensagens
de João Paulo II
à imprensa
A província de Roma e a Associação de Imprensa romana vão apresentar a obra "Jornalistas, tenham coragem", que reúne o conjunto das mensagens para os Dias Mundiais das Comunicações Sociais que João Paulo II escreveu em 26 anos de pontificado. O livro quer ser uma homenagem ao Papa Wojtyla no primeiro aniversário da sua morte.
Para os editores da obra, esta é "a 15ª encíclica de Wojtyla". O volume foi organizado por Alessandro Guarasci e Piero Schiavazzi e será divulgado amanhã, às 11.30 horas (menos uma em Lisboa), no Palácio Valentini, a representantes do Vaticano e de organizações profissionais dos jornalistas.
O Cardeal Achille Silvestrini e o embaixador do Papa na Itália, Paolo Romeo, participarão no evento.
Duas cópias especiais do livro foram feitas, uma para Bento XVI e outra para o presidente italiano, Carlo Ciampi.
As várias mensagens de João Paulo II para o Dia Mundial das Comunicações Sociais podem ser encontradas em http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/mes-sages/communications/index_po.htmDe recordar ainda que o último documento oficial do Papa polaco foi a Carta Apostólica“O Rápido Desenvolvimento”, dirigida aos responsáveis pelas Comunicações Sociais em todo o mundo.
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Fonte: Ecclesia
Dia do Porto de Aveiro, 3 de Abril
"PORTO DE AVEIRO:
ESTRATÉGIA E FUTURO"
O Conselho de Administração da APA, S.A. decidiu instituir, a partir de 2006, o Dia do Porto de Aveiro. Foi escolhida esta data emblemática, 3 de Abril, para evocar a abertura da barra, ocorrida nesse dia e mês de 1808.
O programa deste ano inclui um colóquio e uma exposição de fotografias.
Programa do colóquio "PORTO DE AVEIRO: ESTRATÉGIA E FUTURO", a decorrer no Museu Marítimo de Ílhavo a partir das 9 horas, do próximo dia 3.
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"Planeta Água"
- Fotos de Paulo Magalhães no Navio Museu Santo André -
As comemorações do Dia do Porto de Aveiro incluem também a inauguração da exposição "Planeta Água", com fotos da autoria de Paulo Magalhães. A inauguração está prevista para as 18.30 horas, contando com uma breve apresentação do autor.
As fotos estarão patentes no Navio-Museu Santo André até ao próximo dia 30 de Junho.
Internet, Pais e Filhos
Aula de informática (Foto de arquivo) |
1. Novos instrumentos, novas atenções. Novos mundos de comunicação, novas virtudes mas com outros tantos perigos. Como em tudo, não há bela sem senão! O mundo fascinante das novas tecnologias da comunicação, algo de muito estranho para a grande parte dos pais portugueses, apresenta-se hoje tanto como algo de irreversível nas suas mil possibilidades que encurtam todas as distâncias, como, também, algo que reclama a urgência, sempre premente, do saber estar lendo os sinais. A quem pensa que por elas vem o mal ao mundo, será preciso dizer claramente que as novas tecnologias com a Internet torna-nos mais próximos do mundo, uns dos outros; que estas novas formas de comunicar vêm simplificar processos, sendo também facilitador e motor de desenvolvimento. Aos que, por outro lado, pensarão que as tecnologias são agora a palavra mágica e solução de tudo, importa resfriar o ânimo, retemperar o equilíbrio, pois as comunicações globais não salvam ninguém, também podem agarrar “vírus”, nem são a solução “enter” para as grandes questões quer do sentido da vida pessoal que da própria humanidade. Como tudo quanto é instrumento, fruto de magnífica ciência e investigação humana, a Internet será hoje a mais fascinante ferramenta básica de acessibilidades, utilidades, conhecimento, partilha científica, proximidade com o mundo. Mas ainda que hoje muito importante (só isso mesmo), é relativa, trata-se de um “acessório” ao longo do caminho da nossa vida. Valor absoluto há só um, a VIDA, como espelho na criatividade e pensamento da consciência humana do próprio Ser Absoluto Superior. Na gestão da fronteira do saudável terá, por isso, de estar bem presente a noção do pensar “o que é o essencial?” e da própria responsabilidade humana, pois só por esta haverá futuro. Todos os excessos trarão malefícios à própria vida…
2. Sempre foi motivo de forte inquietação, quando do primeiro fulgor pujante das novas tecnologias que, por meados dos anos noventa, algumas Universidades dos EUA passassem a formar especialistas nas áreas de Psicologia Cibernética com a finalidade de curar os doentes (já dependentes e mesmo loucos) destas formas de comunicar. Esse primeiro sinal estava dado, como forte apelo a uma saudável regulação a fim de preservarmos o sentido de humanidade dos humanos. Hoje, nos nossos dias e já em Portugal, são muitos os conhecimentos travados pela Internet, para o bem e para o mal. São muitas as crianças e adolescentes que “navegam na Net” toda a noite, que marcam encontros com estranhos, que saem e mesmo fogem de casa com a nova pessoa (sabe-se lá quem!) conhecida pela Internet. Diante deste mundo novo de tecnologias que deslumbra os novos fazendo desconfiar os mais velhos, como gerir, como lidar, como educar, como transmitir princípios de vida (que são sempre vistos como “imposição moral”, quando comparados com a total liberdade da net)? Que fazer de significativo, tanto mais que a vertigem é tão forte e as maravilhosas tecnologias são hoje – é um facto objectivo - um dos principais entraves nas linguagens do diálogo de gerações? Os problemas são tanto mais graves, e são questões sociais do bem comum de todos nós, quando, diante de uma (certa) desagregação da ordem familiar e da falta de tempo de todos em conversar, o adolescente, no silêncio, vai… (como referia uma reportagem alarmante de há dias) a ponto de acreditar em tudo o que lhe dizem do “outro lado”, dá as indicações da morada, abre a casa a estranhos, dá as jóias dos pais, foge com o amor virtual encontrado à pressão... (e tudo enquanto os pais estão a trabalhar ou a dormir).
3. Claro, tudo isto que escrevemos não quer significar “receio”, mas também não se tenha “ilusão”! Se há área onde a capacidade receptiva e curiosidade do adolescente absorve toda a informação (de bom e de mau) será nesta nova dimensão comunicacional em que, por vezes, o “lixo” é transformado em “tesouro”. Mas, mais que tudo, como sabemos, este novo mundo suscita redobradas atenções para que não sejamos surpreendidos com os novos códigos de linguagens, de caminhos, de silêncios, de tácticas e fugas. É por isso que nestes tempos que correm, conseguir parar algumas horas para ajudar a ver TV, a ler jornais, a “navegar” na Net, a contactar com o mundo, poderá ser um contributo absolutamente precioso no processo da confiança entre pais e filhos e de maturidade humana e mesmo na prevenção em relação ao mundo que (infelizmente) não é o país da maravilhas. Não que signifique “fórmula ética”, mas a frase da sabedoria popular “ninguém dá o que não tem” ajuda-nos a perceber que para conseguir dar sentido e horizonte de felicidade e paz às vidas (dos vindouros) em construção temos de “SER” sempre mais. Há tempo e lugar para isto hoje?... Afinal, está em causa o essencial.
Alexandre Cruz
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