Vemos o argueiro no olho do vizinho,
mas não vemos a trave que está no nosso
A doença da "patologia do poder" e do “sentir-se imortal”;
A doença do “trabalho excessivo, sem repouso para a meditação e interioridade”;
A doença da "fossilização mental e espiritual";
A doença do “excesso de planificação e do funcionalismo”;
A doença da “má coordenação”;
A doença do "Alzheimer espiritual”;
A doença da “rivalidade e da vanglória";
A doença da "esquizofrenia existencial";
A doença dos "rumores, mexericos, murmurações, má-língua";
A doença de "divinizar os chefes";
A doença da “indiferença para com os outros”;
A doença da “cara de enterro";
A doença da “acumulação de bens materiais”;
A doença dos "círculos fechados";
A doença do “mundanismo, do exibicionismo”.
Declaração de interesses: Aceito, humildemente, que também fui atingido pelas denúncias bombásticas do Papa Francisco. Não o reconhecer seria orgulho, no mínimo. Posto isto, vamos à reflexão. E a reflexão surge na sequência do que tenho lido e ouvido, isto é, ninguém se revê no grupo dos que na sala Clementina escutaram a mensagem natalícia do Papa, que era suposto ser uma mensagem cordial cheia de frases bonitas, semelhantes àquelas que todos (ou quase) trocámos nesta quadra.
Ora, o Papa, se falou diretamente para Cardeais, Arcebispos, Bispos e Monsenhores, entre outros dignitário, falou, também, indiretamente, para os cristão em geral, neles incluindo clérigos, consagrados e leigos, onde não faltam pecadores com aqueles atributos, que nem vale a pena repetir.
Eu já li e reli a lista que o Papa Francisco elaborou na quadra natalícia, decerto com a intenção de chegar a toda a gente, porque sabia que a comunicação social não lhe ficaria indiferente.
Realmente, por aquilo que li e ouvi, o «Papa sem papas na língua», como lhe chamou Inês Pedrosa, tem andado na boca de todo o mundo, crente e não crente, com declarações de aplauso. Mais ténues, permitam-me que o diga, do lado dos católicos. E só referem, por sistema, o mau serviço da Cúria Romana, como fonte de todos os males. Dá a impressão que tudo está bem fora de Roma. Trata-se de ver o argueiro que está no olho do vizinho sem ver a trave que está no nosso.
É claro que o poder central, por mais visto, é tido como espelho de toda a Igreja Católica. E sendo assim, espera-se que o Papa consiga varrer o Vaticano da podridão que encontrou quando ali chegou, vindo do outro lado do mundo. Mas não será possível a conversão dos acusados? Não terão eles capacidade para se arrependerem? Ficamos à espera.
Já agora, seria muito bom que a outros níveis se fizesse um exame de consciência profundo, na Igreja Católica e fora dela.
Fernando Martins