Amanhã, domingo
A Gafanha da Nazaré vai viver amanhã o Cortejo dos Reis, uma
tradição secular que tem merecido a adesão do povo, crente e até não crente ou
indiferente às questões da fé. É curioso este fenómeno que bem conheço e que está
enraizado no coração de todos os gafanhões e ainda dos que adotaram esta terra
como sua. Talvez os sociólogos e outros analistas sociais possam explicar tudo
isto.
No fundo, o Cortejo, organizado desde sempre pela comunidade
católica, representa a caminhada dos Reis Magos com seus séquitos, bem como dos
pastores e do povo em geral, ao encontro do Deus-Menino acabado de nascer.
Durante o percurso, apresentam-se autos alusivos à
natividade, nunca faltando a alegria de quantos acreditam no Menino que será,
afinal, o Salvador anunciado pelos profetas, que quis dar um sinal de
humanidade, humildade e proximidade a todos os homens e mulheres de boa vontade. Um
Deus que se fez homem, que cresceu e viveu como qualquer um de nós e que
morreu, crucificado, para nossa salvação.
No final do Cortejo, acontece o ansiado encontro de todos
os que, guiados pela estrela, desejaram beijar e adorar o Menino. Momento
profundamente expressivo, direi mesmo marcante, para os que têm fé ou para os
que, não a tendo, descobrem que o nascimento do Menino-Deus pode ser o primeiro
passo para uma nova caminhada, para uma nova humanidade.
Fernando Martins