sábado, 21 de novembro de 2015

A violência nas religiões

Crónica de Anselmo Borges 


«O pensamento total 
desemboca em totalitarismo»

1 Na base das religiões está a experiência do Sagrado, de Deus, de quem se espera salvação para todos. Mas, depois, é o que se sabe: há uma brutal "história criminosa" das religiões, devendo, porém, acrescentar-se que essa história se estende ao ateísmo, que cai no mesmo paradoxo: uma das suas razões é a tolerância, mas, depois, foi também o horror - basta citar o nazismo e o comunismo e o seu ateísmo. E isto dá que pensar.
Como faz notar o teólogo J. I. González Faus, "a violência não é própria da experiência crente: é, sim, intrínseca ao ser humano", por necessidade de autodefesa e de sobrevivência, sobretudo por causa da sua dimensão racional e da pretensão de universalidade, intrínseca à razão: "A maior parte das violências impostas por alguns contra outros apenas pretendiam, em teoria, fazê-los "entrar na razão" ou "aceitar a verdade"." Nas religiões, lá está o alegado encontro exclusivo com a verdade e a necessidade de impô-la, precisamente para defender a verdade e Deus. Foi isso que aconteceu também com o comunismo, que, segundo uma expressão de Karl Marx, "é a resolução do enigma da história e sabe que o é".

É como dizes: Sou Rei

Reflexão de Georgino Rocha



«Jesus quer afirmar positivamente
 que “outro mundo é possível”»

Jesus e Pilatos estão frente a frente. Sem mediadores. No tribunal do procurador romano que podia ditar sentenças de morte. Diálogo directo e claro sobre questões fundamentais. Marcos o narrador do encontro condensa-o de forma exemplar na realeza de Jesus. “És o Rei dos Judeus?”- pergunta Pilatos. “É por ti que o dizes ou foram outros que to disseram de Mim?” responde Jesus, indagando a fonte de informação e devolvendo a questão ao seu interlocutor. (…) “Que fizeste”? prossegue o procurador. A explicação é dada abrindo um horizonte novo: “ O meu reino não é deste mundo” (…) “Então, Tu és Rei?” “É como dizes: sou Rei”, declara com prontidão Jesus que encaminha o diálogo inquisitorial para a questão da verdade, terminando por afirmar:” Todo aquele que ama a verdade escuta a minha voz”.
Não será difícil imaginar a confusão que iria na cabeça de Pilatos. A progressão da conversa é desconcertante. O réu apresenta-se como verdade que ele procura. Possui uma realeza que não é deste mundo que ele nem sequer sonha. Afirma-se rei sem qualquer restrição de tempo e de espaço. Não se confina aos judeus e à época em que vivia. Garante ser testemunha e porta-voz da verdade. Então e a lei romana e o seu famoso direito? O procurador via nas respostas simples e claras de Jesus serem questionadas as suas convicções mais consistentes e estruturantes.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Portugal tem as melhores estradas da Europa

Afinal, somos um país bem estruturado! 
Vejam só: A nível de autoestradas 
somos os melhores da Europa



«Portugal completou já a rede transeuropeia principal de transportes rodoviários e tem nesta área infraestruturas da melhor qualidade europeia, segundo o painel de avaliação de transportes da Comissão Europeia, hoje divulgado.»

Li no Sapo

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Ares de Outono: Soneto de Florbela Espanca



Outonal

Caem as folhas mortas sobre o lago;
Na penumbra outonal, não sei quem tece
As rendas do silêncio… Olha, anoitece!
 — Brumas longínquas do País do Vago…

Veludos a ondear… Mistério mago…
Encantamento… A hora que não esquece,
A luz que a pouco e pouco desfalece,
Que lança em mim a bênção dum afago…

Outono dos crepúsculos doirados,
De púrpuras, damascos e brocados!
— Vestes a terra inteira de esplendor!

Outono das tardinhas silenciosas,
Das magníficas noites voluptuosas
Em que eu soluço a delirar de amor…

Florbela Espanca,
“Charneca em Flor”, in “Poesia Completa”


Mundo perigoso

«O mundo tornou-se perigoso, 
porque os homens aprenderam a dominar a natureza 
antes de se dominarem a si mesmos.»

Albert Schweitzer (1875-1965), 
teólogo, filósofo, músico e médico alemão


Escritores e a Ria de Aveiro — 5



«Eu nunca tinha visto a ria de Aveiro. Daí — dirão — este meu entusiasmo. Ora a laguna, com os seus múltiplos canais, seus campos encharcados, seus horizontes abertos, sua exuberância de luz e seu sonho de distância — é bela sempre e cada vez mais, afirmam os que todos os dias se banham no mistério da sua extensão panorâmica.
A ria de Aveiro — é uma maravilha. Fujo a descrevê-la, porque isso não está agora no meu programa.
Faltam aos meus olhos os palácios de mármore, as colunas de oiro, as igrejas erguidas em renda, as margens coalhadas de sonho e arte: S. Maria degli Scalzi, S. Marcuola, a casa de Contarini, e a distância de oiro sobre gaze de azul de S. Giorgio Maggiore. Mas — lembro-me de Veneza… Uma Veneza despida, no seu estado imaculado, em plena exuberância primitiva, onde se adivinha a vontade de Deus, de tudo ficar como ele a criou. Maravilha contemplativa!
O canal segue até o mar, lá pr’a baixo, nem eu sei pr’a onde. E as margens respiram humildade e humildade; evolam-se dos pisos encharcados emanações salinas, vêem-se fumos de casas que há um quarto de século abrigam heróis que refazem as areias em seiva, até darem rosas e pão, frutos e sombra — e, ao longe, com riscos de asas brancas de patos ou de gaivotas, esplendem as cidades: cidades agachadas que se fizeram a esforços que nenhum homem da Cidade é capaz de entender: cidades a que se chamam vilas, aldeias, lugares, praias de doce título e dulcíssima vida laboriosa: a Gafanha, mais Gafanha, S. Jacinto, a Murtosa, o Bunheiro, a Torreira. Os fundos cenográficos são recortados em bruma que não cabe nas paletas dos pintores: a Gralheira, o Caramulo, e adivinha-se o Buçaco na má vontade da manhã, que acordou sombria.
É uma maravilha a ria de Aveiro!»

Norberto de Araújo (Lisboa, 1889; Lisboa, 1952), jornalista,
In “Aveiro e o seu Distrito”, n.º 12, 1971

Tirania

«Muitos odeiam a tirania apenas para que possam estabelecer a sua»

Platão (-427/-347), filósofo e matemático da Grécia Antiga

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Carlos Fiolhais denuncia pseudociências

Carlos Fiolhais
Na “Visão” desta semana, Carlos Fiolhais denuncia pseudociências de que toda a gente ouve falar e muitos apreciam e seguem. Na abertura da entrevista, o jornalista Luís Ribeiro apresenta-o como «triturador de homeopatas, naturopatas, astrologias» e outras “ciências” que não passam de embustes. Estou com ele. 
Realmente, tal como Carlos Fiolhais, recebo muitos e-mails cheios de aldrabices, incluindo tratamentos milagrosos à base de frutos e plantas, capazes até de erradicar o cancro do nosso organismo. Também recebo denúncias não provadas, calúnias infames, informações sem sentido, muitas vezes dirigidas a pessoas honestas, obviamente de cores políticas opostas às dos seus divulgadores e difamadores. E fazem-nos covardemente, sob a capa do anonimato no suporte da Net. 
Já por várias vezes tive de devolver a pseudonotícia com a informação de que se trata de uma descarada mentira, cuja fonte não é mencionada. Alguns dão-se ao estúpido luxo de enviar textos atribuídos a conhecidos cronistas e pessoas de bem.

Figueira da Foz: Poesia na cidade




Clicar nas imagens para ler melhor

A Nossa Gente


Com a vida agitada que levamos, nem sempre damos conta de pessoas que ao nosso lado se entregam, de formas muito variadas, à comunidade a que pertencem, pessoalmente ou nas instituições. 
Tanto quanto me é possível, vou dando nota de pessoas e organizações que, não se fechando em si mesmas, oferecem  contributos preciosos para o desenvolvimento do nosso viver em comum.
Permitam-me que vos encaminhe por aqui e aqui. Boas leituras sobre excelentes exemplos para todos seguirmos, cada um a seu modo.

Servir e não servir-se

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO de ontem


1. Dizem-me que a papolatria, que denunciei várias vezes nestas crónicas, morreu. Era um culto hipócrita usado para esconder as manobras anticristãs da Cúria vaticana e de algumas cúrias diocesanas. Quando o Papa Francisco manifestou que esses poderes arbitrários seriam desmantelados, os ratos não abandonaram a barca. Criaram redes, internas e externas, de sabotadores das iniciativas da liderança de Bergoglio.

Segundo essa opinião, não se trada da defesa da liberdade e do pluralismo na Igreja que, aliás, raramente tiveram um clima tão favorável. Procura-se semear alguns escândalos e multiplicar as insinuações para convencer os carreiristas clericais e os dirigentes de movimentos e instituições da Igreja de que o argentino está velho e um tumor no cérebro seria o responsável pelos seus desmandos doutrinais. A voz diária das missas na capela de Santa Marta, os discursos e as mensagens, a enumeração das quinze doenças da Cúria, desde a falta de autocrítica, avidez de poder, acumulação de bens materiais até à hipocrisia, não irão sobreviver a um funeral mais ou menos solene e próximo.
Confesso que essa tese me pareceu demasiado elaborada e vizinha das teorias da conspiração, mas foi o próprio Papa Francisco que, no passado domingo, dia 8, a confirmou, quanto ao essencial.

sábado, 14 de novembro de 2015

Ares de Outono: Jardim da Figueira da Foz


Há muitos que passam pelos jardins, públicos ou privados, a correr. A vida assim o exige inúmeras vezes. Mas se tivermos um bocadinho de calma, há sempre algo de diferente nos jardins por onde passamos apressados.
Tendo por tema as estações do ano, podemos garantir que novidades não faltam  em cada planta que nasce, cresce e envelhece: em cada flor que rebenta e se faz adulta até fenecer. O mesmo com os troncos, ramos, folhas e frutos. Com todas as suas formas e tonalidades variegadas. 
Hoje, no jardim municipal da Figueira da Foz. Encontrei-me com esta árvore que, na sua copa, permite apreciar vários tons.


Pequenas oportunidades

«Pequenas oportunidades são muitas vezes 
o começo de grandes empreendimentos»

Demóstenes (-384/- 322), 
político e orador da Grécia Antiga



Li no PÚBLICO


Jesus e o Vaticano

Crónica de Anselmo Borges no DN


1- Como se pode andar distraído! Como é que, tendo estado várias vezes na Praça de São Pedro, não fui ler o que está escrito no famoso obelisco, no centro da praça?! Foi preciso lê-lo agora em Jesús Bastante, que lembra que o obelisco veio do Egipto no ano 37 da nossa era, tendo sido trasladado, 15 séculos depois, do circo de Nero para o lugar que agora ocupa, fazendo o Papa Sisto V, em 26 de Setembro de 1586, gravar na sua base de mármore uma antiga fórmula de exorcismo: "Ecce crux Domini" (eis a cruz do Senhor), "Fugite, partes adversas" (Fugi, forças do caos) - um autêntico exorcismo, "Vicit Leo de tribu Juda" (o Leão da tribo de Judá venceu). Desse modo, a Praça de São Pedro delimitaria simbolicamente o enfrentamento entre o Bem e o Mal, "e o exorcismo impediria que o Demónio chegasse à sede de Pedro".

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Avisados, esperamos confiantes o Senhor

Reflexão de Georgino Rocha



Sentado no monte das Oliveiras, Jesus contempla Jerusalém e o seu Templo, de onde havia saído após o episódio da viúva que deitou todos os seus haveres na caixa de esmolas. E desabafa com os discípulos que lhe chamam a atenção para a grandiosidade da cidade e das suas contruções: “Não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. Refere-se Jesus ao futuro imediato e longínquo: à sua paixão e morte, à invasão e destruição da cidade pelo exército romano e ao feixo da história, ao findar do tempo, à chegada de “uma nova primavera” da vida, à inauguração da eternidade feliz.

Marcos, o autor da narrativa, escreve mais tarde o seu evangelho e reveste esta “profecia” com uma linguagem codificada que só os iniciados entendiam. É a linguagem apocalíptica, com imagens dignas de um filme de ficção, de terror e angústia, mas portadoras de uma enorme esperança e elevação. De facto, é preciso, penetrar na “carruagem” vendo para além da “aragem” e situar a interpretação do texto na época e na cultura em quue foi escrito. Mc 13, 24-32. A apocalíptica destina-se a dar conforto em tempos de desânimo e de tentação, de deserção, de perseguição e de morte. É, normalmente, uma linguagem imperceptível pelos verdugos e entendida pelas vítimas. Vamos destacar algumas dessas imagens com a intenção de fazer despertar o sabor da mensagem que Jesus nos oferece.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Os direitos dos leitores



Hoje, na Biblioteca da Figueira da Foz, encontrei, mal cheguei, este aviso, logo à entrada, sobre os Direitos Inalienáveis dos Leitores. Li e reli o texto, ficando elucidado. Os deveres estão implícitos. Bom serviço da Comunidade de Leitores da Biblioteca da Figueira da Foz. Aqui, em qualquer recanto deste grande espaço de leitura, estudo, consulta e pesquisa, respeito esses direitos, mas não leio em voz alta, para não perturbar quem está.



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Bom São Martinho para todos

Com sol a brilhar, que o dia assim pede, evoquei o santo que, segundo a lenda, terá repartido a sua capa com um pedinte a tiritar de frio. Em homenagem a essa atitude, de atenção a quem precisa e de partilha solidária, o Criador terá abençoou esse gesto para a posteridade, dando-nos um sol que acalenta, precisamente neste período. Tenha havido esse milagre de Deus ou não, a verdade é que, face ao dia luminoso que hoje desfrutamos, me apetece sublinhar o facto.

Escrevi sobre o dia de São Martinho aqui


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De novo na Figueira da Foz



Estou de novo na Figueira da Foz. Busco por estas bandas renovar o astral para enfrentar com mais determinação o inverno que se aproxima, com as suas inevitáveis exigências. O mesmo espaço que não cansa, os mesmos ares que não destoam, os mesmos caminhos para andar. Mar por perto, foz do Mondego que desafia a destreza dos mestres dos barcos de pesca, areais a perder de vista e a serra da Boa Viagem debruçada sobre o casario que a envolve.
Olhos atentos, digital à espera de atuar, bloco de apontamentos para eventuais registos do que de novo ou inédito surge. Haverá sempre algo de interessante a reter e a partilhar, reflexões que me conduzam a tomar posições e a optar por novos caminhos ou por caminhos renovados, que a indiferença perante a vida é morte antecipada.
Depois, tudo o mais virá naturalmente.


segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Jamie Oliver declara guerra ao açúcar

«As pessoas pensam que para comer bem 
tem de se ser rico. 
Isso aborrece-me porque nas minhas viagens 
a comida mais extraordinária que experimentei 
foi sempre em comunidades pobres»


Passou um ano a viajar por países onde há pessoas a viver até aos 100 anos. Contratou professores para estudar nutrição. Fez 40 anos, foi isso. Voltou com um novo livro e programa de televisão e com menos alguns quilos. E elegeu o seu novo grande inimigo: refrigerantes cheios de açúcar.

Uma entrevista de ALEXANDRA PRADO COELHO (texto) e MIGUEL MANSO (fotos, em Londres)

Ler no PÚBLICO

DIVORCIADOS RECASADOS

Patriarca de Lisboa: 
"Estou cheio de curiosidade" 
sobre o que o Papa vai dizer 
da comunhão dos divorciados


«Patriarca de Lisboa pensa que possibilidade de divorciados recasados poderem voltar a comungar não está prevista
Nesta entrevista de balanço de um debate de dois anos sobre a família, D. Manuel Clemente diz que a doutrina da conceção foi mantida porque assim pensam muitos grupos de católicos e que a proposta cristã "não passa por validar" as relações homossexuais. Já sobre o processo, o patriarca considera muito positivo o aparecimento de ideias diferentes, diz que é precisa outra política de habitação e de apoio às famílias e alerta para os riscos do crescimento da xenofobia na Europa.»

Ler entrevista no Diário de Notícias

domingo, 8 de novembro de 2015

Acordo sem simpatia

«Acordo sem simpatia dá uma relação antipática»

Hugo Hofmannsthal (1874-1929), escritor austríaco

Li hoje no PÚBLICO

NOTA: Será que isto tem alguma coisa a ver com a situação política atual? Ou será pura coincidência? 

Escritores e a Ria de Aveiro - 4

Bestida
«No velho pontão da Bestida, que as invernias todos os anos despedaçam, dir-se-ia que Portugal acaba. Portugal e a terra na sua solidez física, nos seus costumes mais vulgares, e até nalguns dos elementos mais primordiais da sua vida. É outro mundo, líquido, brumoso, feito de distância azul, isolado do continente por uma ria maravilhosa, paleta de mil cores, tão larga que cabe nela o Tejo, nos seus dois quilómetros de água tranquila e adormecida. Fecham-se atrás de nós, como sob o pano de uma ribalta, as terras ribeirinhas da Murtosa, e de Bunheiro, entre pâmpanos virentes, muito tufados, milheirais extensos que ondeiam as suas bandeiras doiradas, pomares cerrados, onde os ramos já nos estendem os frutos maduros, corados de sol, que fendem a casca, pejados de sumo.»

Artur Portela

800 anos é muito tempo!

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO


«Cada sociedade
 tem a sua história
 reescreve-a à medida 
que ela mesma muda»


1. Continuam a perguntar-me o que significa o acrescento, O.P., à minha assinatura, nomeadamente nestas crónicas.
Explico. Em 1953, no Convento de Nossa Senhora do Rosário, em Fátima, abrindo o tempo de Noviciado, o Prior conventual, numa celebração comovente, perguntou-me: que pedis? A misericórdia de Deus e a vossa, respondi.
Disse-me que esperava que já tivesse recebido a misericórdia de Deus, mas a da Ordem dos Pregadores (O.P), não era incondicional. Depois de um tempo de experiência, haveria uma avaliação recíproca e nela se veria se queríamos continuar juntos ou não. Entretanto, Frei Bento passava a sobrepor-se ao nome que usara até esse dia.
Não estranhei muito, pois o padroeiro da minha aldeia é S. Bento e muito perto havia a romaria de S. Bento da Porta Aberta, a mais importante do norte de Portugal. Por outro lado, o meu irmão chamava-se Domingos e ao entrar na Ordem fundada por S. Domingos, passou a chamar-se Frei Bernardo!

sábado, 7 de novembro de 2015

Papa lamenta padres e bispos «agarrados ao dinheiro»

Avareza (det.) | Pieter Bruegel, o Velho
«Também na Igreja há pessoas assim, que em vez de servir, de pensar nos outros», acabam por «se servir da Igreja: os arrivistas, os agarrados ao dinheiro. E quantos sacerdotes e bispos temos visto assim. É triste dizê-lo, não?», disse o papa. E disse mais: À «radicalidade do Evangelho, do chamamento de Jesus Cristo a servir, a estar ao serviço, de não se deter, de ir sempre mais além, esquecendo-se de si próprio», alguns respondem com a «comodidade do estatuto»: «Eu atingi um estatuto e vivo comodamente, sem honestidade, como aqueles fariseus de que fala Jesus, que passeavam nas praças, fazendo-se ver pelos outros».

Ler mais aqui

NOTA: Leio, frequentemente, elogios dirigidos ao Papa Francisco pelo seu testemunho de vida, pela sua coragem, pela sua determinação e capacidade de denúncia do que vai mal no mundo e na Igreja, que está, ou deve estar, no mesmo mundo. Mas se denuncia, também anuncia os caminhos do evangelho de Jesus Cristo. É, portanto, um grande profeta do nosso tempo. Também ouço, por aqui e por ali, que a Cúria Romana e uns "ortodoxos" (Sem ofender os nossos irmãos na fé das Igrejas Ortodoxas) ou radicais tradicionalistas, nostálgicos do passado, que os há por cada canto, estão atentos para, no silêncio dos manhosos, perturbar a coragem genuína do papa que veio do outro lado do mundo para purificar a Igreja de Cristo.


A pessoa: ser em tensão

Crónica de Anselmo Borges no DN


Anselmo Borges
«A luz racional é afinal apenas 
uma ponta num imenso oceano 
inconsciente e também tenebroso»

Já não é sustentável uma concepção dualista do ser humano, à maneira de Platão ou Descartes: composto de alma e corpo, matéria e espírito. O homem é uma realidade unitária, para lá do dualismo e do materialismo. O jesuíta J. Mahoney, que já foi membro da Comissão Teológica Internacional, escreveu de modo feliz: "Não se deve considerar a alma humana, constitutiva da pessoa, como se fosse um espírito puro infundido a partir de fora num receptáculo biológico no instante da concepção, mas referir-se a ela mais apropriadamente entendendo-a como um brotar ou emergir a partir do interior do próprio material biológico dado pelos progenitores, genuínos originantes pela sua parte, sem necessidade de ter de recorrer a uma intervenção divina quase milagrosa, para a produção de uma nova realidade. Portanto, a afinidade que existe entre matéria e espírito permite-nos, e inclusivamente exige-nos, considerar o emergir da nova pessoa humana como um processo que leva tempo e requer um certo período de existência pré-pessoal como o umbral através do qual se dá a passagem a uma existência animada no sentido pleno da palavra."

Pobre viúva, rica mulher

Reflexão de Georgino Rocha

«A doação por amor 
é a suprema razão da vida 
que gera alegria 
e faz brotar a felicidade»

Jesus adopta o contraste para deixar claro o seu ensinamento sobre a boa nova que pretende implementar. É a novidade do Reino de Deus que o apaixona e constitui a sua missão prestes a atingir o ponto culminante da realização. Após os diálogos tensos com os saduceus, fariseus e herodianos, surge agora a vez dos escribas. Mc 12, 38-44. O local é a esplanada do Templo. Está presente a multidão que o acompanha e os discípulos que o rodeiam. A exortação sai clara e veemente. “Acautelai-vos dos escribas”. E a explicação é convincente e não deixa margem a dúvidas. Exibição, vaidade, presunção, exploração e usurpação de bens. “Devoram a casa das viúvas a pretexto de fazerem longas orações”. Verificação terrível! E a sentença que os espera será muita severa. Quem não fica “incomodado” com o realismo e a força desta interpelação, a abrangência e actualidade da sua denúncia, o impacto do contraste de quem enriquece à custa dos pobres indefesos e da fraude legitimada pelo recurso às práticas religiosas?!

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Postal Ilustrado: Primeiro Prior da Gafanha da Nazaré

Prior Sardo 


Se neste número do Timoneiro volto a rememorar o nosso primeiro prior, Padre João Ferreira Sardo, razões terei para isso. Há uns meses, os vândalos que de vez em quando encalham na nossa terra, causando estragos irreparáveis, roubaram as legendas que explicavam a quem passasse pelo Jardim 31 de Agosto quem foi o vulto que justificou aquela estátua de corpo inteiro. Soubemos, pelo presidente da Junta de Freguesia, Carlos Rocha, que a reposição das referidas legendas está a ser equacionada pela Câmara Municipal de Ílhavo e pela autarquia a que preside, tendo como ponto de partida a certeza de que não poderá ser utilizado material igual ao anterior, pela simples razão de que será um desafio para novo vandalismo. Sabemos que estas tarefas não terão solução fácil, mas pensamos que algo deverá ser feito com a brevidade possível.
Este lamentável caso trouxe-nos à memória, uma vez mais, a personagem marcante dos princípios da nossa terra, como paróquia e como freguesia, porque soube ombrear com a missão de unir o povo para se atingirem os objetivos que tanto almejava como pároco e como cidadão. 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Ares de Outono: poema de Miguel Torga



Outono

Outono.
(A palavra é cansada…)
Tudo a cair de sono,
Como se a vida fosse assim, parada!

Nem o verde inquieto duma folha!
O próprio sol, sem força e sem altura,
Olha
Dum céu sem luz e levedura.

Fria,
A cor sem nome duma vinha morta
Vem carregada de melancolia
Bater-me à porta.

Miguel Torga

Leiria, 11 de outubro de 1940, 
em “Poesia Completa” 

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Escritores e a Ria de Aveiro - 3

S. Jacinto à vista


«A região de Aveiro é uma pequena Holanda em clima e luz ocidentais. Provavelmente pela extensa superfície de evaporação de centos de hectares de água salgada, toda esta região se distingue no norte do país pela luz irisada que a banha e de momento a momento muda de tom. Por vezes julgamo-nos aí transportados a uma região ideal.»

António Arroio, engenheiro e crítico, Porto, 1856; Lisboa, 1934
"Origens da Ria de Aveiro”, de Orlando de Oliveira

Olhou-os com misericórdia…

Bispo de Aveiro:
Carta Pastoral na Semana dos Seminários


Seminário de Aveiro (Foto do meu arquivo)


«A semente que cai em boa terra expressa o mistério do crescimento e a força da Palavra de Deus (Mc4,26-29). Temos de aprender, confiadamente, que os frutos pertencem a Deus e a nós compete-nos semear. Para germinar é preciso tempo, e como vivemos numa sociedade absorvida pela cultura do ‘imediato’, custa-nos entender o mistério escondido na semente que germina. O trabalho do homem é importante, mas não dá o crescimento; este depende da ação gratuita de Deus. Podemos ver isto mesmo no Salmo 127: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os construtores”.»

De JARBA a APA



No dia da festa em honra da Senhora dos Navegantes, tive oportunidade de registar em foto um dado curioso, bem à vista de quem passa. Só hoje, ao arrumar as fotos, me ocorreu explicar o que significa o acrónimo JARBA, que corresponde a Junta Autónoma da Ria e Barra de Aveiro, avó da atual APA (Administração do Porto de Aveiro S.A.).
Cronologicamente falando (neste caso escrevendo), a JARBA nasceu por decreto de 7 de dezembro de 1921, mas somente foi regulamentado em 18 de dezembro der 1923.
Os anos foram passando e as circunstâncias foram mudando. Em 1950 nasce a JAPA (Junta Autónoma do Porto de Aveiro), integrada nos estatutos orgânicos dos portos, e assim foi designada até 1998, ano em que, por decreto-lei n.º 339/98, de 3 de novembro, foram extintas as Juntas Autónomas. No mesmo ano foi criada a APA. 
O edifício, que terá a idade indicada no cimo, era um armazém daquela entidade portuária.


terça-feira, 3 de novembro de 2015

Dia Nacional do Mar


O Museu Marítimo de Ílhavo assinala o Dia Nacional do Mar com diversas atividades ao longo do dia. De manhã, uma visita especial e restrita aos bastidores do Aquário para o público familiar. À tarde, jornadas dedicadas à embarcação "Vouga" com diversas intervenções, uma visita especial e guiada ao Vouga "Ventura" na Sala da Ria do Museu e a doação de um modelo desta embarcação realizada pelo nosso parceiro TEAM. Destaque para a entrega de prémios do 3.º Concurso de Modelismo Náutico do Museu Marítimo de Ílhavo, e a apresentação da 2.ª fase do Projeto Homens e Navios do Bacalhau.

Ver programa aqui

O homem sem educação

«O homem sem educação, por mais alto que o coloquem, 
fica sempre um subalterno»

Ramalho Ortigão (1836-1915), escritor português

Pataniscas de Bacalhau “À Arrais”

Para divulgar a nossa gastronomia 



Ingredientes

1 Kg de migas de bacalhau demolhadas 
2 cebolas picadas 
4 dentes de alho picados 
Salsa picada a gosto 
Pimenta a gosto 
3 chávenas de leite 
2 chávenas de farinha sem fermento 
6 ovos

Preparação

Num alguidar, junte as migas desfiadas com a cebola, o alho, a salsa e a pimenta a gosto. 
Prepare o polme, juntando os ovos com o leite e a farinha. Mexa muito bem com a varinha mágica. De seguida, junte o polme e envolva bem. 
Vai a fritar em óleo a lume brando.

Receita gentilmente cedida pela D. Florinda Gonçalves, autora do prato vencedor, do Concurso Gastronómico (pelo Grupo Folclórico “O Arrais”), na categoria “Entrada”, realizado no âmbito do Festival do Bacalhau 2015.

Nota: Transcrito da Agenda "Viver em..." da CMI

Forte Novo não pode ficar esquecido

Para recordar um pouco

Forte Novo

Temos da convir que um qualquer motivo de interesse turístico ganha ou perde conforme o concelho a que pertence ou não pertence. Assim acontece com o Forte da Barra de Aveiro, localizado na ilha da Mó do Meio, Gafanha da Nazaré, concelho de Ílhavo, considerado imóvel de interesse público pelo Decreto - Lei n.º 735/74 de 21 de Dezembro, e muito esquecido dos roteiros postos à disposição de quantos visitam esta encantadora região. Integrado num outro enquadramento turístico, talvez fosse mais lembrado pelos que têm responsabilidades no sector. É certo que o estado de algum abandono a que foi votado muito tem contribuído para que dali se desviem os mais sensíveis a tudo quanto de algum modo faça recordar o nosso passado, muito embora se reconheça que o Forte da Barra não terá sido grande baluarte de defesa da foz do Vouga e desta zona ribeirinha.

Ler mais aqui

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

O menos mau dos governos

«O menos mau dos governos é aquele 
que se mostra menos, que se sente menos 
e que se paga menos caro»

Alfred de Vigny (1797-1863), escritor francês

Li no PÚBLICO de sábado

Modelismo Náutico

III Expomodelismo 
no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré



Com datas e horários ainda a serem ultimados com o Centro Cultural da Gafanha da Nazaré e a Câmara Municipal de Ílhavo, vai realizar-se a mostra coletiva III Expomodelismo TEAM (Truques & Engenhocas Associação de Modelismo), aberta a todos os modelistas, por inscrição até 10 de novembro. Os concorrentes poderão submeter as suas maquetas ao Prémio Modelismo Náutico, que vai ser instituído, desta feita sob o tema “Pesca do Bacalhau”.
A inscrição pode ser solicitada pelo e-mail (team.gafanha@gmail.com), pelo Facebook (www.facebook.com/TEAM.Modelismo) ou pelo telemóvel 967 775 611

O culto dos mortos

Crónica de Maria Donzília Almeida




Memento, homo, quia pulvis es 
et in pulverem reverteris.

(Lembra-te, ó homem, que és pó 
e em pó te tornarás.)

Assoma à memória, neste Dia de Todos os Santos, esta sentença dos tempos remotos em que a liturgia era celebrada em Latim. O tom funesto de presságio aponta para o nosso destino comum, prefigurado nos cemitérios por todo o mundo, onde os mortos são homenageados.
O pó futuro, em que nos havemos de converter, é visível à vista, mas o pó presente, o pó que somos, como poderemos entender essa verdade?
O primeiro dia de novembro é marcado pela ida de milhares de portugueses aos cemitérios, que nesta altura exibem todo o esplendor e fausto da arte floral. É a forma visível que as sociedades modernas adotaram para fazer o culto dos mortos. Esta homenagem é um acontecimento global vivido de diferentes formas um pouco por todo o mundo.
Se no México é uma festa bastante divertida, entre nós... é o festival da flor! 
Além do celebração religiosa, estes dias são aguardados pelos vendedores de flores, velas e santos, que veem o seu lucro aumentar, devido à devoção(!?) dos católicos. Até a venda de farturas e doçaria acontece à porta dos cemitérios para aconchegar o estômago, que o coração está triste como a efeméride!

domingo, 1 de novembro de 2015

Que temos nós que ver com os migrantes?

Crónica de Frei Bento Domingues 


«Quem procura entrar na Europa 
encontra muros e mares 
de sepultura»



1. Alguns leitores reagindo ao meu texto do domingo passado, disseram-me: se o panorama da família em desconstrução e reconstrução é tão caótico, como poderão as famílias agrupar-se para evangelizar, encher de alegria, antigos e novos projectos familiares?
Podem. Com diferentes configurações, existem, por todo o mundo, milhões de famílias que o amor reuniu - de avós a netos - que sem alarido, já vivem antigos e novos processos de alimentar e renovar a esperança das futuras gerações. Por outro lado, a graça do Evangelho não contraria os trabalhos escondidos da natureza e da cultura, como certa apologética pouco católica, ignorante e sectária, insiste em proclamar.

Escritores e a Ria de Aveiro - 2

E voltando-se então,
verá as águas mansas da extensíssima ria..
.

Ria na Torreira 

«E voltando-se então, verá as águas mansas da extensíssima ria fulgurando de todos os lados: e, entre elas, as salinas, reticuladas pelos tabuleiros em evaporação, com os seus montes cónicos de sal novo dando a impressão de um largo acampamento de tendas imaculadamente brancas espalhadas a perder de vista pela vastidão dos polders. Para o sul, terá o braço da ria que segue para Ílhavo e Vagos e que margina os pinhais e campos arenosos da Gafanha; a seguir, em sentido inverso, outro braço que se alonga para as Duas Águas e vai dar à Barra, e donde emergem as mastreações das chalupas e iates ancorados; ao poente, a linha fulva das dunas da costa, vaporizadas pela tremulina; e para o norte a imensa ria da Torreira, onde o arquipélago das ilhas baixas, formadas pelas aluviões, a Testada, o Amoroso, a dos Ovos, a das Gaivotas, Monte Farinha, verdejam nas suas extensas praias de junco. E nessa vastidão de águas tranquilas, nesse gigantesco pólipo fluvial que por todos os lados estende os seus fluídos tentáculos, entre a rede confusa dos esteiros e canais, bordados de tamargueiras e de caniços, velas sem conta, velas às dezenas, às centenas, vão, vêm, bolinando em todos os sentidos, e pondo no verde das terras ou no azul das águas a doçura do seu deslizar silencioso e a graça da silhueta branca.»

Luís de Magalhães

“A arte e a natureza em Portugal”, citado por Orlando de Oliveira
 no seu livro "Origens da Ria de Aveiro”.



sábado, 31 de outubro de 2015

A morte: o último tabu

Crónica de Anselmo Borges no DN

«Sobre os dias 1 e 2 de Novembro, 
dias dos mortos e da pergunta essencial»

1- É bem possível que, para se perceber uma sociedade, mais importante do que saber como é que nela se vive é saber como é que nela se morre e se trata a morte. Facto é que as nossas sociedades desenvolvidas, tecnocientíficas, do primado do ter sobre o ser, da eficácia, da vertigem do poder, do tempo digital e da aceleração, são as primeiras na história a fazer da morte tabu. Mais: assentam a sua realidade no tabu; para serem o que são, têm de fazer da morte tabu.

Felizes sereis por minha causa

Reflexão de Georgino Rocha

«Felizes os que sabem perdoar 
e aceitam o perdão que lhes é dado»

Jesus dá esta garantia aos discípulos no início da apresentação do programa que vem realizar em nome de Deus e que resume em proporcionar a quem nele crer a felicidade plena, exuberante, definitiva. Mateus, o autor da narração, descreve a cena com termos de grande solenidade: depois de ver as multidões, sobe ao monte, senta-se rodeado por eles, começa a ensiná-los proclamando as bem-aventuranças. Mt 5, 1-12. Deixa emergir a figura de Moisés e o episódio do Horeb, das tábuas da Lei e da aliança que Deus realiza com o seu povo. E insinua, desde já, que Jesus é o novo Moisés que não vem revogar, mas elevar à perfeição o pacto outrora celebrado na montanha sagrada.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Festa de Nossa Senhora da Nazaré em 2016

Mordomos para a festa de Nossa Senhora da Nazaré
(Foto de Hugo Jorge Ferreira)

No final da Eucaristia das 11.15 horas de domingo, 25 de outubro, tomaram posse os mordomos que ficaram responsáveis pela festa em honra da nossa padroeira, Nossa Senhora da Nazaré, que se realizará no último domingo de agosto, como é da tradição. 
A equipa é constituída por Vítor Cruz de Sousa (Juiz), Rosa Cordeiro Casqueira das Neves (secretária), Carlos Pinto Ferreira (tesoureiro) e pelos vogais Maria da Conceição Marçal, Maria da Piedade Cerqueira Alves Loureiro, Manuel Alberto Margaça Lopes Lé, Manuel Pereira Dias, Sónia Alexandra Monteiro, José Maria Peixoto Oliveira, João Manuel Nunes Lopes, José Manuel Azevedo Soares Maganinho, Arcanjo Miguel Jesus Silva, Rosa Graça Vieira Nunes, António Silva Costa Pinto, Maria de Lurdes Sardo Simões, Joaquim António Pereira Félix, Herlander Fernandes Loureiro e Jorge Alberto Vieira Fernandes Grego.
Depois da leitura da ata, os mordomos assumiram, diante de Deus e da comunidade, o compromisso de servir a paróquia, promovendo o culto a Nossa Senhora da Nazaré durante o ano de 2016, cumprindo as normas do Direito Canónico da diocese e da paróquia, relativas às festas religiosas.
O nosso prior, Padre César, que presidiu ao ato, pediu contenção nas despesas, sem deixarem de organizar uma festa digna em honra da nossa padroeira.


Vítor Carlos: Um treinador de grau 1 no Atletismo do Gafanha

Vítor Carlos, o 2.º a contar da esquerda
(Foto de Fernando Silva)

Vítor Neto Carlos está de parabéns, pela aprovação no Curso de Treinadores de Atletismo de Grau I, que durante seis fins de semana decorreu em Leiria. O treinador e atleta do Grupo Desportivo da Gafanha torna-se, assim, uma mais-valia na preparação dos nossos atletas. 
Entre os cinco candidatos representantes do distrito de Aveiro, Vítor Carlos, como é mais conhecido, é treinador com largos anos dedicados à orientação de crianças e jovens, algo que faz com muita entrega e espírito de sacrifício.
A par de João Magueta e Juvenal Magueta, que acompanham os atletas do GDG todas as terças, quintas e sextas, a partir das 19h00, no Complexo Desportivo, Vítor Carlos tem investido muito do seu tempo no treino e na formação integral de futuros atletas, apesar das condicionantes profissionais, o que sublinha a entrega à causa do desporto.
Os exercícios orientados pelos nossos treinadores ganham agora um a base teórica muito determinante para uma completa preparação dos que, prova a prova, representam as cores do GDG com a necessária energia e esforço.

Hélder Ramos


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Escritores e a Ria de Aveiro - 1



«A ria é um enorme pólipo com braços estendidos pelo interior desde Ovar até Mira. Todas as águas do Vouga, do Águeda e dos veios que nestes sítios correm para o mar encharcam nas terras baixas, retidas pelas dunas de quarenta e tantos quilómetros de comprido, formando uma série de poças, de canais, de lagos e uma vasta bacia salgada. De um lado o mar bate e levanta constantemente a duna, impedindo a água de escoar; do outro é o homem que junta a terra movediça e a regulariza. Vem depois a raiz e ajuda-o a fixar o movimento incessante das areias, transformando o charco numa magnífica estrada que lhe dá o estrume e o pão, o peixe e a água de rega. Abre canais e valas. Semeia o milho na ria. Povoa a terra alagadiça, e à custa de esforços persistentes, obriga a areia inútil a renovar constantemente a vida. Edifica sobre a água, conquistando-a, como na Gafanha, onde alastra pela ria, aduba-a com o fundo que lhe dá o junco, a alga e o escasso, detritos de pequenos peixes…»

Raul Brandão 

“Os Pescadores”

Paciência

"A paciência é amarga, mas o seu fruto é doce". 

Jean Jacques Rousseau (1712-1778)

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Senhora dos Aflitos na Chave

Capela de Nossa Senhora dos Aflitos


O Padre Resende, primeiro prior da Gafanha da Encarnação, diz na sua “Monografia da Gafanha” que «O Rev. António da Silva Caçoilo, tendo paroquiado as freguesias de Trouxemil, Taveiro e Arega, mas impossibilitado de continuar no exercício da vida paroquial, por motivo de doença, regressou à Gafanha da Nazaré, terra da sua naturalidade, e mandou construir na Chave, junto à sua casa, uma capela pública, que é propriedade sua, e que dedicou a Nossa Senhora dos Aflitos. A licença episcopal para a sua bênção tem a data de 24 de Dezembro de 1921». 
Na referida capela, celebrava regularmente a Eucaristia e confessava, provavelmente até ao seu falecimento, que ocorreu em 6 de novembro de 1948, com 60 anos de idade. 
Na monografia da paróquia, “Gafanha — N.ª S.ª da Nazaré”, afirma-se que, quando celebrava na Capelinha de Nossa Senhora dos Aflitos, o Padre António «era acolitado pelos sobrinhos que lhe serviam de sacristão, à vez, um de cada casa — Capitão Ferreira da Silva, Samuel da Silva Caçoilo, José Maria Filipe… ». Ainda se diz que, «Durante vários anos, houve ali festa anual, com mordomia, com procissão e arraial». Daí, portanto, a devoção a Nossa Senhora dos Aflitos no lugar da Chave.

F.M. 

Bem disposto... Mal disposto


Gosto mesmo do cronista Miguel Esteves Cardoso. Leio as suas crónicas quase diariamente no PÚBLICO. Aprecio o estilo próximo que estabelece com os seus leitores, refletindo uma erudição carregada de experiências de vida. E para fazer dessa patilha,  dia após dia, a sua profissão, é preciso mesmo dominar muitas áreas do saber. 

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