terça-feira, 11 de outubro de 2016

Exposição “Ílhavo, Terra Milenar”

Conhecemos o passado, 
preparamos o futuro


Sábado | dia 15 de outubro | pelas 17h00 |
no Centro Cultural de Ílhavo |Inauguração da Exposição 
“Ílhavo, Terra Milenar”

Patente até 17 de abril de 2017

Muito mais do que um fim, esta exposição marca o início de uma investigação profunda, sistemática e consistente sobre o Município de Ílhavo, abordando os aspetos mais marcantes na nossa imensa História, impossível de materializar  na sua totalidade dentro destas quatro paredes. 

Um caminho sempre em aberto 
em direção ao conhecimento, 
suscitando a união e a paixão 
da Gente da Terra

Fonte: CMI

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Horror às rotinas


1.Tenho horror às rotinas. Aceito, promovo e defendo as mudanças em todos os setores da vida. Outros pensarão o contrário; sentem-se mais seguros com o status quo. Não é por acaso que de vez em quando altero a fisionomia dos meus blogues. Gosto de inovar, de mudar, de abrir portas e janelas para entrar ar fresco, de aceitar alternativas. Outros sentir-se-ão bem como sempre estiveram: sentados nas mesmas cadeiras, percorrendo os mesmos trilhos, abordando os mesmos temas, pregando os mesmos sermões.
Mudar é procurar novos caminhos, definir novos desafios, apostar em ideias renovadoras. Tudo, naturalmente, em consonância com o espírito do possível e do necessário. Olhando atentamente os sinais dos tempos que mudam com aragens frescas e desafiantes. 

2. No domingo, li o PÚBLICO sob a luz coada pela janela do meu Sótão, com a curiosidade de perscrutar as mudanças avançadas pela nova direção, presidida por David Dinis. O P2 voltou para quebrar a monotonia do caderno único. Reportagens interessantes a par de textos mais ligeiros. Para não cansar. Lê-se o primeiro caderno e depois vamos ao segundo. Há algumas novidades e outras hão de seguir-se para se não cair na rotina. Adivinham-se novos colaboradores para acicatar as nossas curiosidades impostas por este espantoso mundo da comunicação social. 

3. Permitam-me que destaque o “Regresso a casa” na rubrica “A esquina do mundo”, do fundador do jornal, Vicente Jorge Silva. Jornalista competente que marcou, passados quase 30 anos, o jornalismo de referência no nosso país. 
Vicente Jorge Silva comoveu-se com o convite, apesar de escrever, na hora da despedida, a 29 de novembro de 1997, que “Nada é mais inabitável do que um lugar onde se foi feliz” [Cesare Pavese]. E depois contou a chegada à Redação: «vi-me envolvido numa onda de afecto intenso, emocionado, que pude partilhar com aqueles que haviam trabalhado comigo e outros que tinham chegado depois da minha partida. Foi um momento mágico que não esquecerei e que selou o meu reencontro com o PÚBLICO.»
Não será preciso dizer mais nada. Continuarei leitor do PÚBLICO e do Vicente Jorge Silva. 
Só mais uma palavra: gostaria que o António Marujo também regressasse. Há uma lacuna que só ele poderia preencher no âmbito do religioso, espiritual e transcendente, de matizes muito diversos.

Fernando Martins

domingo, 9 de outubro de 2016

As Mulheres na Igreja

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO

Mulheres com o Papa Francisco 
1. O ciclo de tertúlias, de Janeiro a Novembro de 2016, na Biblioteca de Belém, é inteiramente dedicado às mulheres. No passado dia 29, o tema era As mulheres na Igreja, desenvolvido pela filósofa Maria Luísa Ribeiro Ferreira e moderado por Maria João Sande Lemos. Como carta fora do baralho, pediram-me uma intervenção.
Lembrei-me, imediatamente, da antiga distribuição das pessoas no espaço da igreja da minha aldeia: os homens à frente, as mulheres e crianças atrás. O padre dizia a Missa, em latim, de costas para todos.
As mulheres limpavam a igreja, enfeitavam os altares e algumas ensinavam a “doutrina” às crianças. Dizem-me que, nas igrejas das cidades, as actividades e associações femininas eram mais abundantes e variadas.
A partir dos anos 30 do século passado, a Acção Católica teve um papel muito activo na renovação da vida da Igreja. Manteve, em todas as suas expressões, a separação entre masculina e feminina. O assistente era sempre um padre.
Nos anos 60, para os Cursos de Cristandade, a religião não era para mulheres. A versão feminina surgiu apenas para que elas pudessem entender o repentino fervor dos maridos cursilhistas.
Na mesma época, casos como o da Juventude de Cristo Rei - inteiramente misto e em perfeita autogestão democrática – eram raros. 
Os chamados Institutos femininos de Vida Consagrada nunca precisaram de nenhuma ordem para se multiplicarem, mas também nunca eram dispensados da autorização masculina. 
Compreendo que as novas gerações já não saibam o que isso quer dizer e as mais velhas não gostem de o lembrar. No entanto, o tema, As mulheres na Igreja, é recorrente, mas falar do papel dos homens na Igreja parece insólito. Porque será?

sábado, 8 de outubro de 2016

Já se encontra em Deus o Padre Jeremias Carlos Vechina

Notícia da Agência Ecclesia 

Antigo provincial da Ordem dos Carmelitas Descalços 
em Portugal deixa um legado de dedicação 
à espiritualidade e à formação

(Foto de SN/AE)
Faleceu o padre Jeremias Vechina, antigo Provincial da Ordem dos Padres Carmelitas Descalços em Portugal e Superior do Convento carmelita em Fátima e Paço de Arcos.
A informação foi avançada hoje pela congregação à Agência ECCLESIA, numa nota em que destaca o percurso deste religioso de 77 anos, que tinha cumprido recentemente 50 anos de sacerdócio.
Natural da Gafanha da Nazaré, na Diocese de Aveiro, e nascido no meio de uma família numerosa, com mais sete irmãos, o padre Jeremias Carlos Vechina iniciou o seu percurso vocacional no Seminário Carmelita Missionário de Viana do Castelo, em 1953.
Seguiu depois para Espanha para fazer o noviciado e a sua formação, nomeadamente em filosofia e teologia, nas localidades de Larrea, Vitória e Bilbau, respetivamente.
A ordenação sacerdotal chegou a 11 de setembro de 1966 e nos anos seguintes esteve em Roma para estudar espiritualidade.
Além dos cargos que exerceu na Ordem dos Carmelitas Descalços, já referidos, o padre Jeremias Vechina foi diretor das Edições Carmelo e Mestre de Noviços.
Enquanto especialista em espiritualidade carmelita, sobretudo em ligação à vida e obra de Santa Teresa de Jesus e de São João da Cruz, empenhou-se em vários movimentos da vida da Igreja Católica, procurando aí transmitir o carisma e a razão de existir da congregação, também junto dos Carmelitas Seculares, o ramo laical da Ordem.
Foi também nessa condição que colaborou várias vezes com a Agência ECCLESIA, sobretudo através do Programa ECCLESIA, na Antena 1, como aqui recordamos.
Ao longo da sua vida, dedicou ainda especial atenção à formação dos sacerdotes diocesanos e religiosos, dando o seu contributo em inúmeros retiros e encontros.

JCP

Li aqui

NOTA: Acabo de receber, via Agência Ecclesia, a triste notícia do falecimento do Padre Carmelita Jeremias Carlos Vechina, meu colega da Escola Primária da Cambeia, Gafanha da Nazaré. Éramos  sensivelmente de mesma idade (ele nasceu em 21 de novembro de 1938 e eu três dias depois, 24 do mesmo mês)  e comungámos dos mesmos ideais cristãos. Ele optou pelo seminário, talvez inspirado pela convivência com três tios padres, João Maria, José Maria e Manuel Maria Carlos. que deixaram memória de fé e dedicação à Igreja entre nós. Especializado em espiritualidade, foi sempre um bom amigo, com quem de vez em quando trocávamos recordações em esporádicos encontros de velhos condiscípulos.
É irmão ainda de um padre, José Carlos Vechina, também carmelita.
Pelo que dele conheço, sei que o Senhor da Misericórdia, tendo em conta os méritos e a entrega incondicional do Padre Jeremias à Boa Nova de Jesus Cristo,  já o acolheu no seu terno regaço maternal,
Apresento condolências aos Padres Carmelitas e à numerosa família do Padre Jeremias.



O funeral será realizado hoje, domingo, pelas 16 horas,
na Igreja do Carmo, em Aveiro, 
seguindo depois para o Cemitério da Gafanha da Nazaré


Excepcionalismo islâmico

Crónica de Anselmo Borges 






1.Na religião, como tentei tornar claro no Sábado passado, o decisivo é a experiência religiosa, mística, do encontro pessoal com Deus, com todas as consequências de comprometimento com o amor ao próximo, também na política. Mas, num mundo pluralista, em ordem à convivência e à paz, há condições essenciais, nomeadamente o Estado aconfessional. De facto, sem a separação da religião e da política e sem um Estado laico, não se vê como é possível garantir a tolerância e a liberdade religiosa de todos. Evidentemente, a laicidade nada tem a ver com o laicismo pelo qual, desgraçadamente, muitos sectores, sobretudo da esquerda política e cultural, se batem.

2 Quando a laicidade não foi garantida, imensos atropelos foram cometidos no âmbito do mundo cristão, como mostrei no Sábado. De qualquer forma, o fundador, Jesus, tem aquelas palavras decisivas: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". O cristianismo foi durante 250 anos uma religião pacífica e não pretendia conquistar o poder político. Aliás, seguindo o exemplo de Jesus que, chegado a Jerusalém, não exerceu violência, pelo contrário, mandou que Pedro metesse a espada na bainha, e foi crucificado.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Da janela do meu sótão



Os horizontes da janela do meu sótão não são muito desafiantes. Ou serão? A torre da igreja à esquerda, o casario a encher o espaço e a mata da Gafanha ao longe. Ainda telhados, uns gastos pelo tempo e outros novos ou rejuvenescidos, postes e cabos que se cruzam e entrecruzam da energia elétrica e redes sociais, chaminés para gostos diversos, ruas que se persentem e estórias  que me enchem a alma.
Pelas novas que vêm do lado das Finanças, não será por esta paisagem que o IMI subirá. Mas se fisicamente o horizonte é, realmente, limitado, já o mesmo não digo das memórias que me chegam, dia a dia, quando olho através da janela. Aí, haverá sempre algo a partilhar, trazendo até ao presente gente e cenas de mais de meio século de vivências neste recanto sereno da Gafanha da Nazaré.
Depois, porque nas lembranças há tantos horizontes sonhados, idealizados, ouvidos, contados e recontados, cujo prazer de os partilhar, revivendo quotidianos, me obrigam a agradecer à vida. Para isso tenho pano para mangas quanto baste para divagar ao som do mar que mora em todo o meu ser. 
É por aqui, a partir da janela do meu sótão, que viajarei quando puder

OBRIGADO JESUS, ÉS O MEU SALVADOR

Reflexão de Georgino Rocha

Jesus encontra-se com leprosos numa aldeia situada entre a Samaria e a Galileia, no caminho para Jerusalém. Pode parecer um encontro fortuito, mas não é pois os protagonistas mutuamente se desejavam: Os leprosos, por necessidade; Jesus por imperativos da sua missão, de que faz parte integrante a atenção sanadora aos excluídos da sociedade e amaldiçoados da religião judaica. Lucas concentra a narração na atitude do samaritano leproso que é curado em contraste com os outros nove. Evita pormenores ou derivas que distraiam o discípulo leitor. E fá-lo com grande acerto descritivo.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A paz com o olhar na ria


Fiquei com a sensação de que o mais importante para este pescador desportivo está na tranquilidade que da ria vem para a sua alma. Ali, sem vivalma que o incomode, sem sono nem azedume, sem rádio e sem TV, sem vizinhos e sem ventos que o perturbassem, percebi que a laguna tranquilizante é remédio para muitos males: stresse, angústias, depressões. cansaço, tristezas. Fiz, então, uma curta experiência e concluí que nem sempre aproveitamos as benesses da natureza, 

Ser atleta é correr para o «mistério»

Papa pede desporto para todos, 
apela ao fim da corrupção 
e diz que ser atleta é correr para o «mistério»


Na presença do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e do presidente do Comité Olímpico Internacional, Thomas Bach, Francisco realçou que «é importante que todos possam participar nas atividades deportivas». «Neste momento penso também em muitas crianças e jovens que vivem às margens da sociedade. Todos conhecemos o entusiasmo das crianças que jogam com uma bola furada ou feita de trapos nos subúrbios de algumas grandes cidades ou nas ruas das pequenas vilas.»
(...)
«Seria triste, para o desporto e para a humanidade, se as pessoas deixassem de confiar na verdade dos resultados desportivos, ou se o cinismo e o desencanto levassem a melhor sobre o entusiasmo e a participação alegre e desinteressada. No desporto, como na vida, é importante lutar pelo resultado, mas jogar bem e com lealdade é ainda mais importante»
Papa Francisco


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A Nossa Gente: Licínio Amador

Licínio Amador (foto do meu arquivo)
Neste mês de outubro, em que se comemora o Dia Mundial do Professor e o 15.º aniversário da ampliação e remodelação do Museu Marítimo de Ílhavo, dedicamos a rubrica “a nossa gente” a Licínio Ferreira Amador, professor aposentado e um curioso por certos episódios da História de Portugal e da temática marítima. 
Licínio Amador nasceu na freguesia de S. Salvador, em Ílhavo. Depois da Instrução Primária, ingressou na Escola Comercial, Secção Preparatória para o Instituto Comercial, atual Escola Secundária Dr. Mário Sacramento, em Aveiro. Seguiram-se mais dois anos letivos, desta vez no Liceu José Estêvão, igualmente em Aveiro, que lhe deram equivalência para concorrer ao ensino superior. 
Em 1975, ingressou na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que frequentou com o estatuto de trabalhador-estudante, pois durante a sua vida académica sempre deu o seu contributo à atividade comercial da família.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Filarmónica Gafanhense celebra o seu 180.º aniversário


No próximo dia 23 de outubro, a Filarmónica Gafanhense, também conhecida por Música Velha, vai celebrar o seu 180.º aniversário, com um programa simples mas expressivo. Para assinalar o facto, sobressai a apresentação de um fardamento novo, que importou em 15 mil euros, comparticipados por diversas entidades públicas e privadas, bem como pelo resultado de eventos levados a cabo pela associação musical que ao concelho de Ílhavo muito tem dado ao longo da sua história.
As cerimónias iniciam-se com uma romagem ao cemitério da Gafanha da Nazaré, pelas 10h, na qual se integram os corpos sociais, membros da Filarmónica e amigos, para assim prestarem singela mas significativa homenagem aos que, dando o melhor de si à Música Velha, não podem nem devem ser esquecidos nesta data marcante.
Às 11h15 a Filarmónica Gafanhense participa na Eucaristia dominical e pelas 16h haverá um concerto no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, com a apresentação do novo maestro. Às 19h, no Stella Maris, será o jantar aberto a sócios, simpatizantes e amigos da banda.
Na primeira parte do concerto, os executantes apresentar-se-ão com o fardamento antigo e na segunda parte com o fardamento acabado de adquirir, que será de cor azul mais escura.
Entretanto, e como tem vindo a ser noticiado, a Escola de Música Gafanhense já foi integrada na Filarmónica Gafanhense, por se tornar incomportável a existência de duas escolas de música do mesmo género na Gafanha da Nazaré. Há neste momento cerca de 30 alunos para todos os instrumentos próprios da banda, havendo também aulas de piano.
A Filarmónica comprou recentemente um carrilhão que importou em 3300 euros e, ainda, flautas transversais e uma trompa que custaram seis mil euros.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Dona Luz Rocha já descansa no seio maternal de Deus

FUNERAL
Igreja Matriz da Gafanha da Nazaré
Amanhã, Quarta-Feira,
5 de Outubro
16h30



Se há notícias que tenho muitas dificuldades em escrever e divulgar, o falecimento de Dona Maria da Luz Rocha é, seguramente, uma delas, porventura a mais dolorosa, emparceirando ao lado dos meus familiares e amigos mais próximos. Dona Luz, como era conhecida entre nós e muito para além das nossas fronteiras, recolheu-se há momentos no seio maternal de Deus, o mesmo Deus que durante a vida a guiou e lhe deu capacidades para estar, animar, ajudar, aconselhar e indicar caminhos de bem, de verdade e de vida digna a todos quantos com ela conviviam ou dela se aproximassem em momentos de fragilidades humanas ou de pobreza extrema. 

A Dona Luz, que tive a felicidade de acompanhar na vida, dando-lhe o meu apoio incondicional quando alguns lho recusavam, foi, para mim e para imensa gente, um pouco de todo o país, uma mãe solícita, uma crente fervorosa, uma católica empenhada na comunidade e, sobretudo, um belo testemunho, no meio da sociedade e em todas as circunstâncias, mas também uma seguidora de Jesus Cristo e da Sua Boa Nova que haveria de revolucionar a nossa era, a era cristã, tão simplesmente pelo mandamento novo que nos deixou: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”

Ainda jovem, mas já viúva e com quatro filhos, olha com ternura para as mulheres e raparigas mal-amadas, rejeitadas pelas famílias, namorados ou maridos, e avança, com Rosa Bela Vieira, na qualidade de vicentinas, para o apoio incondicional a quantas lhe batessem à porta a pedir apoio… E a bola de neve foi crescendo, sempre com a sua firme determinação, formalizando-se depois com o conhecido nome de Obra da Providência. 

Está hoje junto do Deus que tanto amou, com Eucaristia diária que nunca dispensou, pois acreditava, firmemente, que toda a força que possuía para fazer o bem sem olhar a quem, em especial aos feridos da vida, vinha precisamente daí. Deus em Jesus Cristo, que ela via nos rejeitados e perseguidos, nos pobres e nos infelizes, era a sua inspiração diária, a força do seu discernimento, a coragem da sua intervenção social, o sentido coerente da sua permanente vivência eclesial e o amor que repartia com toda a gente.

Fernando Martins

domingo, 2 de outubro de 2016

A verdadeira religião é crítica

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO


 
1. Tinha recomendado a um amigo, enfastiado com as produções açucaradas de espiritualidade pós-moderna e com as passerelles de diálogo inter-religioso, o último livro de Anselmo Borges, o questionador das manifestações da religiosidade, da religião e das religiões[1]. É um agrupamento de textos essenciais acerca do essencial.
Avisei o potencial leitor de que não são as razões que encontramos para crer em Deus e as que temos para não crer que nos fazem crentes ou ateus. Virou-se para mim apreensivo: mas, então, em que ficamos?
Não podemos ficar. Os que repousam nas suas convicções continuam o mesmo sono dogmático. Os despertos são peregrinos. É normal que, na presente condição humana, precisem de “estações de serviço” para continuar a viagem. Mas quando se diz que o nosso coração não conhecerá quietude a não ser quando repousar no infinito, imagina-se, de forma ilusória, o infinito como termo de uma caminhada.

sábado, 1 de outubro de 2016

Excepcionalismo

Crónica de Anselmo Borges 



1. Sempre que se fala em religião tem de se atender a uma distinção essencial. Sem ela, todo o debate se anula em confusões. Há a religiosidade, que consiste naquele movimento de transcendimento que se defronta com o Mistério, a que os fenomenólogos da religião chamam o Sagrado. Religioso é aquele que se entrega confiadamente a esse Mistério-Sagrado, do qual espera salvação. Depois, neste enquadramento religioso, entende-se que apareçam as religiões institucionais, que são construções humanas enquanto mediações entre o Mistério ou o Sagrado, Deus, e os homens e mulheres, e entre estes e aquele. Nas religiões, encontram-se concretamente quatro dimensões: a dimensão teológico-doutrinal, a litúrgico-celebrativa, a ético-moral e a organizacional.
Nesta distinção entre religiosidade, religiões e Sagrado-Mistério, entende-se que as religiões estão referidas ao Sagrado, Deus, mas não são Deus, o Sagrado, o Mistério, que todas tentam dizer, mas que a todas transcende. Por outro lado, percebe-se que pode acontecer que alguém tenha feito e faça uma experiência mística, religiosa, de autêntico encontro com Deus e, no entanto, não se relacione, ou pouco, com a religião institucional, como pode acontecer que alguém viva na e da religião institucional, se sirva dela para fins económicos, políticos, estratégicos, de prestígio, etc., - no limite, que alguém mate em nome da religião - e não tenha nenhuma experiência religiosa autêntica, viva.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Uma Bíblia que “não esconde as realidades inconvenientes”

ANTÓNIO GUERREIRO no PÚBLICO 



«Frederico Lourenço lançou-se sozinho num empreendimento que, pela sua grandeza, foi muitas vezes resultado de um trabalho de equipa: a tradução, do grego, dos 80 livros da Bíblia, o Velho e o Novo Testamento, oferecendo a mais completa tradução da Bíblia que alguma vez foi feita em língua portuguesa. O primeiro volume, contendo os quatro evangelhos, de Mateus, Marcos, Lucas e João, acaba de ser editado. A este seguir-se-ão mais cinco volumes, com os quais se completará a tradução integral da Bíblia Grega.»

Ler texto aqui 

Frederico Lourenço traduziu o Novo Testamento do grego

A minientrevista publicada na revista Sábado 


Frederico Lourenço

O professor na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra traduziu o Novo Testamento a partir do grego. Até 2020 debruçar-se-á também sobre o Antigo Testamento para completar os cinco volumes da Bíblia, a editar pela Quetzal.

“Um desafio intelectual”

Porque começou com o Novo Testamento? 

O meu projecto inicial era traduzir apenas o Novo Testamento. Mas comecei a interessar-me pela versão grega do Antigo Testamento.

Quais são as principais diferenças relativamente a outras traduções?

No Novo Testamento é a procura de maior exactidão no processo de passar as palavras gregas para português. No Antigo Testamento é o facto de a versão grega (que é a mais longa e completa) nunca ter sido traduzida para português. A latina e a hebraica foram; mas a grega não.

Quais são as escolhas mais difíceis?

A maior dificuldade para todos os tradutores do Novo Testamento são as epístolas de São Paulo, porque estão escritas numa linguagem densa e bastante complexa. Achei um texto muito difícil, mas extraordinário, pelo desafio intelectual que coloca.

A sua tradução tem duas versões do Pai-Nosso (Mateus e Lucas). O que lhe têm dito sobre estas diferenças? 

As diferenças já estão no mais antigo manuscrito completo do Novo Testamento, que é do século IV.

S.C.

Publicado na revista Sábado
Foto do google

À descoberta… de Portugal

Crónica de férias de Maria Donzília Almeida

À sombra
Madona
Espreguiçadeiras em setembro
Vilamoura
Seaguls
Entardecer
“E setembro chegou, vamo-nos separar…” rezava assim a canção do Duo Ouro Negro nos tempos da juventude em que o tempo fluía pachorrentamente. Era o tempo dos sonhos, das ilusões, dos amores do verão que viam chegar o seu termo… como castelos na areia.
O par romântico Johny Halliday e Sylvie Vartan era o ícone da canção ligeira dos anos sessenta, com que os jovens se identificavam e lhes povoava o imaginário, em tempos de lazer.
O mês de setembro fazia a transição entre o período mais ou menos longo das férias e o início das atividades em vários setores da vida do país – La Rentrée.
Hoje, na senioridade, mudaram-se os tempos, mudaram-se as vontades. Férias podem ser sempre que o homem quiser…ou quando a mulher decidir…

SENHOR, AUMENTA A NOSSA FÉ

Reflexão de Georgino Rocha



Os discípulos sentem necessidade de crescer na fé, prosseguindo o seguimento de Jesus, iniciado há tempos. E fazem-Lhe este pedido: “Senhor, aumenta a nossa fé”.  Pedido simples e claro, cheio de um enorme simbolismo. Sem medo a críticas, mostram que o coração humano vive inquieto enquanto não encontra razões firmes e atraentes para a sua capacidade de amar; querem dar um passo em frente e “agarrar-se” de vez à opção tomada de serem livres para ir em missão e servir o Reino; procuram intensificar a sintonia dos seus desejos com a novidade que o Mestre transmite e realiza.

Que belo exemplo para quem aspira a ser verdadeiramente humano: abertura de horizontes, vencendo o casulo míope do “já basta” e do “estou satisfeito”; valorização do que se é na perspectiva do que se quer ser; aceitação e reconhecimento da nossa vocação ao crescimento integral, à contemplação do rosto de Deus, à comunhão que a fé provoca e alimenta, ao amor de quem Deus ama: as criaturas e a criação, sobretudo a mais depredada na sua beleza e harmonia. Que oportuno testemunho para um mundo que parece insensível e indiferente a estes valores, que dá sinais claros de passar bem sem Deus e silencia a sua voz, especialmente nos gemidos e nos gritos das vítimas humanas.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Outubro: Mês do Educador e do Professor

Museu Marítimo de Ílhavo 
oferece oportunidades educativas modelares 




«Durante o mês de Outubro, o Museu Marítimo de Ílhavo convida todos os educadores de infância e professores, desde o pré-escolar ao ensino superior, a visitarem o museu, com entrada gratuita. O objetivo desta ação é dar a possibilidade de conhecer não só os espaços expositivos, mas também as oportunidades educativas que existem no Museu, como espaço de aprendizagem informal, em complemento ao contexto escolar.»

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Romagem à Senhora de Vagos


terça-feira, 27 de setembro de 2016

Anunciar Deus com amor

Não é à «força de convencer» ou teimar em obrigações 
que se anuncia Deus, mas com amor, diz papa



«Anuncia-se Deus, encontrando as pessoas, com atenção à sua história e ao seu caminho», declarou Francisco. «Face aos inúmeros Lázaros que vemos, somos chamados a inquietar-nos, a encontrar formas de os atender e ajudar, sem delegar sempre a outras pessoas nem dizer: “Ajudar-te-ei amanhã, hoje não tenho tempo, ajudar-te-ei amanhã”. E isto é um pecado. O tempo gasto a socorrer os outros é tempo dado a Jesus, é amor que permanece: é o nosso tesouro no céu, que nos asseguramos aqui na Terra», apontou.

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E a ciência continua a surpreender-nos


«Foi de ciência a notícia do dia de ontem: há água líquida numa das luas de Júpiter, a Europa. A NASA anunciou a descoberta de um oceano sob a camada de gelo deste satélite, que será salgado e terá duas vezes a quantidade de água dos mares terrestres. Um enorme depósito, que chega à superfície em jatos, género géiseres, o que tornará mais fácil a sua exploração, visto que não será necessário escavar: a primeira missão está prevista para 2020. Adensam-se assim os indícios da possibilidade de existência de vida além da Terra e aqui bem perto, dentro do nosso sistema Solar. A Marta Leite Ferreira explica a importância da descoberta em três pontos.»

Ler mais no Observador 

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Os museus, a Ria e os territórios em debate

Li no Diário de Aveiro

Porto de Pesca longínqua (Foto do meu arquivo)

Edifício Sócio Cultural da Costa Nova (Foto do meu arquivo)

Museologia e os territórios da Ria” é o próximo tema das “Quintas da Ria III”, marcado para a próxima quinta-feira às 21.15 horas, no edifício Sócio Cultural da Costa Nova. Com entrada livre, os interessados podem participar num encontro sobre os “contributos da museologia e da preservação e valorização do património material e imaterial dos territórios da Ria de Aveiro”. A organização, o “grupo uariadeaveiro” e a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro, abre, assim, um espaço de debate dos “elementos potenciadores da ligação entre o passado e o futuro”. Deste modo, a organização promove uma reflexão sobre a “criação de novas oportunidades para os públicos contemporâneos compreenderem objectos e vivências da Ria, comunicadas através de novos programas, tecnologias e conceitos museológicos”.

 Fonte: Texto do  Diário de Aveiro

Dia Mundial do Coração - 2 de outubro



Oferece a CMI a todos os munícipes, e não só, a oportunidade de viver um dia na perspetiva de nos levar a pensar que precisamos mesmo de cuidar do nosso coração. A iniciativa, a desenvolver no Jardim Oudinot, no dia 2 de outubro — Dia Mundial do Coração —, consta do que anuncia o cartaz. É óbvio que esta ação se dirige a toda a gente...

domingo, 25 de setembro de 2016

A Bíblia ainda valerá a pena?

Crónica de Frei Bento Domingues 



1. Ao longo destas crónicas, referi, muitas vezes, os trabalhos de exegetas de língua portuguesa ou não, que vão multiplicando investigações, cursos e livros de introdução à leitura da Bíblia. Encadernada num só volume, pode esconder a realidade de uma biblioteca de diversos autores, estilos e géneros literários muito diferentes, construída ao longo de vários séculos da antiguidade judaica e cristã. Lida e interpretada por judeus e cristãos em contextos culturais e religiosos muito diferentes, não é uma literatura morta, como a ignorância supõe.
A minha preferência, quanto às obras de introdução, vai para um precioso livro de J. T. Barrera [1] que oferece uma visão abrangente da investigação sobre a história da Bíblia. Segundo o autor, o seu conteúdo foi amadurecendo lentamente na preparação de cursos de “Literatura do Antigo Testamento”, ministrados no Departamento de Hebraico e Aramaico da Universidade Complutense de Madrid. Incorpora também materiais de trabalho em vários cursos de Doutoramento sobre “Os Manuscritos do Mar Morto”. É um livro-texto com características de uma obra enciclopédica em muitos casos e de ensaio científico noutros. Avisa: o enciclopédico nunca pode ser exaustivo e o ensaio científico nunca é definitivo. Uma obra aberta.
De André Paul [2], foi traduzida para português a história da génese cultural da Bíblia. O autor descreve o percurso simultaneamente religioso, literário e político que fez da Bíblia a verdadeira criação cultural do Ocidente.

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A Alegria do Amor A. M. 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