UM CONVITE À MEDITAÇÃO
Vitral - Foto de Gabriel Faneca |
Qualquer pessoa, por mais simples ou erudita que seja,
precisa de um espaço em sua casa, recatado, que convide à oração, se for
crente, e à reflexão. E se a casa for residência de padres que exercem o seu
múnus sacerdotal em vários setores, muito mais se torna necessário um recanto
acolhedor que permita a meditação.
Este mês, para Postal Ilustrado, fomos visitar a capela da
residência paroquial da Gafanha da Nazaré, onde vivem os padres Francisco Melo
(pároco), César Fernandes e Pedro José, responsáveis pelas paróquias das
Gafanhas da Nazaré, Encarnação e Carmo. O vitral que ornamenta a capela
empresta tonalidades variegadas ao ambiente interior, qual convite à harmonia
que gera partilha de sensibilidades, saberes e experiências.
Com projeto do artista plástico Manuel Ângelo Correia, o
vitral suscita a quem chega um apelo às nossas raízes, desde o início da
fixação do povo nas dunas até aos nossos dias. Nossa Senhora, padroeira das Gafanhas,
com o Menino, o sol, a estrela e a cruz, o peixe e espigas, barcos e velas
enfunadas pelo vento que sempre varreu terras e rostos. A vela estai como proa de navio, enfrentando as
ondas do mar quantas vezes bravio, protege Nossa Padroeira com o Menino,
proteção essa que se estende à nossa paróquia.
Manuel Correia foi-nos debitando informações da proposta do
nosso prior, que sugeriu para tema os símbolos da paróquia, até à execução do
seu projeto, trabalho a cargo do artista Arnaldo Fraga, de Viseu, que fez obra
digna de registo, seguindo técnicas ancestrais. Os vidros coloridos, que não
pintados, são protegidos por outros vidros, o anterior e o posterior, tudo bem
enquadrado por tiras de liga de chumbo soldadas.
O vitral, que se deixa invadir pelo sol desde o seu
nascimento até ao ocaso, fornece ao interior matizes acolhedores, conforme as
horas do dia e a intensidade da luz natural. E ainda de noite, qualquer foco
luminoso ou o simples luar filtrados valorizam o convite ao silêncio e à oração.
Fernando Martins