Gratidão da Gafanha da Encarnação
ao pároco que mais anos a serviu
PADRE
MANUEL RIBAU LOPES LÉ
NASCIDO EM 04-08-1922, GAFANHA DA NAZARÉ
ORDENAÇÃO PRESBITERAL, 20-09-1947 BUNHEIRO
PÁROCO DA GAFANHA DA ENCARNAÇÃO, 27-10-1957
VIVEU ATÉ 24-05-2010 NA GAFANHA DA ENCARNAÇÃO
«Nós somos aquilo que somos porque houve homens e mulheres que nos antecederam na vida e na fé e nos ensinaram a ser capazes de dizer obrigado pela comunidade que somos e pela igreja que fomos capazes de reconstruir», afirmou o padre Francisco Melo na abertura da Eucaristia de encerramento das atividades do ano pastoral, que teve lugar no dia 30 de maio, sábado, pelas 18 horas, na restaurada igreja dedicada a Nossa Senhora da Encarnação, repleta de fiéis e amigos do Padre Lé.
O padre Francisco referiu que o nosso obrigado vai ainda para os párocos da Gafanha da Encarnação já falecidos que a serviram, nomeadamente, os Padres Resende, António Diogo e Manuel Lé, cujo busto seria descerrado no exterior do templo, depois da procissão dedicada a Nossa Senhora, como é tradição no mês de maio.
Referiu o Padre Francisco, coordenador da equipa sacerdotal que inclui os Padres César Fernandes e Pedro José Correia, que o obrigado do povo da Gafanha da Encarnação vai, contudo, de forma muito especial, para «Esta Mulher que aqui está, Nossa Senhora da Encarnação, Mãe de Deus, Mãe da Igreja e nossa Mãe», porque — frisou — «acredito firmemente que hoje chegámos aqui porque Ela intercedeu por nós junto de Deus e nos acompanhou», mas também porque «foi um exemplo de tenacidade, de coragem e de ousadia para levarmos até ao fim os projetos em que acreditámos».
Na celebração do Dia da Comunidade, enquadrou-se muito bem o descerramento do busto do pároco que até ao presente mais anos serviu a Gafanha da Encarnação, o Padre Manuel Ribau Lopes Lé, natural da Gafanha da Nazaré, onde nasceu em 4 de agosto de 1922, tendo sido ordenado presbítero no Bunheiro, em 20 de setembro de 1947, por D. João Evangelista de Lima Vidal. Foi coadjutor da paróquia onde foi ordenado, durante cinco anos, paroquiou Préstimo e Macieira de Alcoba, no arciprestado de Águeda, outros cinco anos, e assumiu a paroquialidade da Gafanha da Encarnação em outubro de 1957, no domingo de Cristo Rei. Faleceu no dia 24 de maio de 2010.
No descerramento do busto, no exterior da igreja matriz, o presidente da Câmara de Ílhavo, Fernando Caçoilo, considerou justa a homenagem a um homem que «marcou a história desta terra ao longo de 52 anos de vida», enquanto louvou a comunidade que foi capaz de «manifestar a sua gratidão».
Fernando Caçoilo recordou os tempos de antigamente com dificuldades de comunicação, «que não permitiam os contactos para conviver mais», e afirmou que o Padre Lé «mais parecia um filósofo do que um padre pela personalidade que apresentava e pelos conhecimentos que possuía».
Sublinhando que o homenageado foi transversal a várias gerações, recordou do Padre Lé «a sua cultura e a forma vincada, amiga e muito próxima que punha nas suas atitudes». Adiantou ainda que este gesto de gratidão fica como exemplo para os mais velhos e para os mais novos, faltando no busto, apenas, «algum cabelo à Einstein, que era a coisa que mais marcava o Padre Lé».
Augusto Rocha, Presidente da Junta de Freguesia, evocou conversas e o testemunho do homenageado, a catequese que frequentou onde ele pontificava, as histórias que ele contava do seminário em que estudou, a construção da igreja onde o viu envolvido nos mais diversos trabalhos. E anunciou que durante o verão vai ser exposto, no salão da Junta, um pequeno espólio sobre a vida do Padre Lé.
O busto foi obra do Mestre Escultor Eugénio Macedo.
Fernando Martins
NOTA: Este texto foi escrito para o jornal Timoneiro, cuja edição sofreu algum e justificado atraso. Publico-o agora na certeza de que o jornal está prestes a chegar às mãos dos seus assinantes e leitores.