ESCOLHA UM DOMINGO
E DEDIQUE-O AO MUSEU
Nunca me canso de visitar o Museu Marítimo de Ílhavo. Quando lá vou, como aconteceu há dias, sinto-me transportado aos meus tempos de menino. Ali recordo vivências de menino e moço em que tudo aquilo me era familiar. Filho de marítimo, aprecio com enlevo tudo quanto diz respeito ao mar. Olhar os navios, mesmo em miniatura, é entrar no Santo André, quando ele chegava da Terra Nova, carregadinho de bacalhau salgado que iria dar trabalho a imensa gente, quase de todo o País, nas secas de bacalhau, onde o fiel amigo se tornava mais saboroso. Fiel amigo, porque era, então, acessível a todas as bolsas. Hoje, importado, o bacalhau, sobretudo o de melhor qualidade, já é prato de ricos.
Ainda tenho em mim o cheiro e o sabor do pão branco, branquinho como a neve, que meu pai nos dava, à chegada. Era um pão diferente, com um sabor raro e muito agradável. Nunca nos faltou o pão, nem no tempo da guerra, mas aquele, nem sei bem porquê, era muito diferente.
No museu deliciei-me com a colecção das conchas, expostas com arte, que são um encanto ver, mais os apetrechos marítimos, que me eram, e ainda são, tão familiares. Depois, a sala das salinas, com os utensílios indispensáveis para a safra do sal, a miniatura da marinha, com os seus tabuleiros, talhos, cabeceiros e outras divisões; mais, em tamanho natural, razoila, rodo, ugalho, almanjarra, círcio e nem sei que mais. Logo adiante, a sala da Ria, com o moliceiro e a bateira, como suas velas, e a arte da construção das embarcações da laguna.
A visita, igual a tantas outras que faço ao Museu de Ílhavo, serve agora para dizer aos meus amigos que ele, com todo o seu recheio, bem cuidado e bem exposto, que o seu director, Álvaro Garrido, é um especialista destas coisas, como homem da ria que também é, ali de Estarreja, continua à espera que o povo passe por lá. Quer uma sugestão? Então, escolha um domingo, que pode ser o próximo, e dedique-o ao Museu Marítimo de Ílhavo. Verá que não perdeu o seu tempo.
Fernando Martins
Ainda tenho em mim o cheiro e o sabor do pão branco, branquinho como a neve, que meu pai nos dava, à chegada. Era um pão diferente, com um sabor raro e muito agradável. Nunca nos faltou o pão, nem no tempo da guerra, mas aquele, nem sei bem porquê, era muito diferente.
No museu deliciei-me com a colecção das conchas, expostas com arte, que são um encanto ver, mais os apetrechos marítimos, que me eram, e ainda são, tão familiares. Depois, a sala das salinas, com os utensílios indispensáveis para a safra do sal, a miniatura da marinha, com os seus tabuleiros, talhos, cabeceiros e outras divisões; mais, em tamanho natural, razoila, rodo, ugalho, almanjarra, círcio e nem sei que mais. Logo adiante, a sala da Ria, com o moliceiro e a bateira, como suas velas, e a arte da construção das embarcações da laguna.
A visita, igual a tantas outras que faço ao Museu de Ílhavo, serve agora para dizer aos meus amigos que ele, com todo o seu recheio, bem cuidado e bem exposto, que o seu director, Álvaro Garrido, é um especialista destas coisas, como homem da ria que também é, ali de Estarreja, continua à espera que o povo passe por lá. Quer uma sugestão? Então, escolha um domingo, que pode ser o próximo, e dedique-o ao Museu Marítimo de Ílhavo. Verá que não perdeu o seu tempo.
Fernando Martins