segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

PONTE DA BARRA


AS OBRAS CONTINUAM
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Na Ponte da Barra, as obras continuam. Estou convencido de que, lá para o Verão, tudo estará em condições de permitir o acesso às praias da Barra e Costa Nova, com toda a normalidade. Com uma ponte renovada, espera-se que o tráfego se torne mais fluido, para tranquilidade de todos os moradores e veraneantes.

GRANDES AVEIRENSES

ANTÓNIA RODRIGUES
Antónia Rodrigues, "Heroína de Mazagão", foi uma mulher aventureira, que encarnou, de maneira original, o espírito determinado da alma aveirense. Disfarçando-se de grumete, combateu com tal tenacidade, em Mazagão, ao ponto de ser considerada(o) o “terror dos mouros”.
A sua coragem foi reconhecida por Filipe II e o seu exemplo foi cantado por escritores e artistas.

domingo, 4 de fevereiro de 2007

TEMPO PARA NASCER...

TUDO TEM
O SEU TEMPO


Para tudo há um momento
e um tempo para cada coisa
que se deseja debaixo do céu:

Tempo para nascer
e tempo para morrer,
tempo para plantar
e tempo para colher,
tempo para matar
e tempo para curar,
tempo para destruir
e tempo para edificar,
tempo para chorar
e tempo para rir,
tempo para se lamentar
e tempo para dançar,
tempo para atirar pedras
e tempo para as juntar,
tempo para abraçar
e tempo para evitar o abraço,
tempo para procurar
e tempo para perder,
tempo para guardar
e tempo para atirar fora,
tempo para rasgar
e tempo para coser,
tempo para calar
e tempo para falar,
tempo para amar
e tempo para odiar,
tempo para a guerra
e tempo para a paz.
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(Ecl 3. 1-13)
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NOTA: É a segunda vez que publico, no meu blogue, este belíssimo texto bíblico. E faço-o, porque gosto dele.
Laurinda Alves publicou-o esta semana na revista XIS, numa outra versão, mostrando, assim, que a poesia e a mensagem bíblica não perdem actualidade.

GRANDES AVEIRENSES

JAIME DE MAGALHÃES LIMA

Jaime de Magalhães Lima, escritor e pensador, político e conferencista, agricultor e ecologista, contemplativo e homem bom, foi e é, tanto quanto posso perceber, uma das figuras mais veneráveis de Aveiro.
Amante da natureza, crente fervoroso e cultor do espírito franciscano, foi amigo e confidente de figuras gradas do seu tempo.
Homem de cultura universal, multifacetado na vida e na arte de escrever, defendeu as suas ideias em inúmeros livros, revistas, jornais e conferências.

A NOSSA GENTE



MULHER DE ÍLHAVO

Aguarela da autoria de Alberto Souza (assinada e datada, 1938, no canto inferior direito). Este retrato de Palmira de Jesus revela-nos a simplicidade dos trajes das peixeiras de Ílhavo, com os seus tradicionais xailes e rodilhas de pano na cabeça.
A tez acastanhada e as feições rudes evidenciam uma mulher de trabalho árduo.
Esta aguarela foi doada ao Museu Marítimo de Ílhavo pelo autor em 10 de Setembro de 1957.
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Fonte: "Viver em"
da Câmara Municipal de Ílhavo

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 9



O CARDO

Caríssimo:

Regressado ao meu cantinho, nem por isso as temperaturas subiram muito; parece mesmo que se tirita mais aqui, pois as nossas casas não estão equipadas com aquecimento central. Temos que tomar certas e outras medidas...
Assim também, um dia, há muitos, muitos anos...
[Certamente, no final da leitura dirás:”Mas que tenho eu a ver com isto? Não me diz respeito...”
Cheio de razão. Terei de pedir a tua compreensão e também que embarques comigo na aventura de descobrires lendas, mitos, símbolos e outras coisitas que vamos encontrando e nos ajudarão a caracterizar as nossas terras e, portanto, as nossas vidas. Como vim da Escócia, trouxe, além de outras, esta que me lembrei partilhar... (E para os que andámos na tropa, faz-nos reviver outras guerras...)]
Então é assim:

Conta-se que nos inícios do século XI, um exército de invasores dinamarqueses pretendia atacar de surpresa Stirling Castle, a antiga residência dos Reis da Escócia. Marchavam de noite e descalços para fazerem o mínimo ruído.
Os Escoceses, dentro do castelo, não faziam ideia de que o inimigo se estava a aproximar.
Abeirando-se do castelo, os Dinamarqueses mergulharam para o fosso a fim de o atravessarem a nado e, silenciosamente, surpreenderem os que estavam no interior. Só que o fosso, em vez de água, estava cheio de cardos... Aos gritos de dor e de desespero, acorreram lestos os Escoceses que se precipitaram sobre os invasores e os puseram em fuga.

Diz-se que então o cardo passou a ser símbolo, emblema da Escócia. É sabido que antes do cardo eram usados a Cruz de Santo André e o Leão. A primeira vez que o cardo foi usado como emblema especial da Escócia foi no tempo do rei Jaime III, no século XV, enquanto que a Cruz de Santo André já era usada há mais de quinhentos anos.
A flor dos Ingleses era a rosa, também uma planta com espinhos. Quando uma princesa inglesa, Margarida de Tudor, casou com o filho de Jaime, foi considerado o casamento do cardo com a rosa.

Nos nossos dias o cardo não é uma planta útil. Só os macacos a comem. Não é mais que uma erva daninha, rústica e cheia de espinhos.
Contudo o cardo tornou-se o símbolo popular da Escócia. Apesar de o Leão ser imponente e orgulhoso e a Cruz ter sido venerada durante longa tradição, o humilde Cardo é algo com o qual se identificam ; para os Escoceses, é a lembrança de que o seu país pode não ser o mais rico e o mais fértil, mas certamente nunca será presa fácil para estranhos.

Bom mês de Fevereiro,

Manuel

sábado, 3 de fevereiro de 2007

PASTORAL DA SAÚDE

Conclusões do II Congresso Nacional
da Pastoral da Saúde



CENTROS DE APOIO À VIDA
DESDE O NASCIMENTO
ATÉ À FASE TERMINAL

Criação em todas as dioceses de centros de apoio à vida e à maternidade e simultaneamente apostar em espaços de apoio a doentes terminais. Estas são duas das principais conclusões que o II Congresso Nacional da Pastoral da Saúde, que hoje termina em Fátima, propõe.
Duas linhas de força surgiram nos três dias do congresso, nomeadamente a aposta na formação de todos os agentes da pastoral da saúde e um esforço para que todas as dioceses do país estejam organizadas em pastoral da saúde permitindo assim criar em modelos de nova evangelização.
A criação de centros de apoio à vida, a criar em todas as dioceses, pretende ser um espaço onde “possamos ter atenção à mulher grávida, às mulheres com problemas na sua gravidez, ou ao casal que precisa de ajuda”, adianta o Padre Feytor Pinto à Agência ECCLESIA. Isto deve ser assumido com coragem e com simplicidade para “fazer o acompanhamento da vida da criança, antes e depois do nascimento”.
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Leia mais em ECCLESIA

UM ARTIGO DE FRANCISCO SARSFIELD CABRAL NO DN


Debate ético
e leis do aborto


É positivo o actual debate público sobre o aborto. Decerto que, tendo-se realizado outro referendo, com a mesma pergunta, há menos de nove anos, a discussão é um tanto repetitiva - parece já ter sido tudo dito, a favor e contra.
E a abstenção no referendo de 1998 e a prevista para 11 de Fevereiro indiciam, é verdade, que boa parte da população se quer alhear do assunto, algo incomodativo. Também é óbvio que não se trata de um debate académico, sereno e racional.
Ainda assim, é bom que se discuta o aborto, bem como outros problemas que envolvem decisões de consciência e de que as pessoas não gostam geralmente de falar. O facto de estes casos implicarem uma decisão ética pessoal, até íntima, não é contraditório com a conveniência do seu debate público. Por três motivos.
Primeiro, porque a ética é importante. E sem debate aberto das questões acaba por se considerar "normal" e justo aquilo que a maioria das pessoas faz, independentemente de quaisquer justificações morais. Na prática tudo passa, então, a ser aceitável, desde que haja muitos a fazê-lo.
Ora, se a ética é afastada numa sociedade amoral, porque não, então, legalizar a poligamia (e também a poliandria, para ser politicamente correcto), onde ela ocorra com alguma frequência? Na Holanda foi recentemente tentada a criação de um partido pedófilo...
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GRANDES AVEIRENSES



HOMEM CRISTO

Homem Cristo, jornalista e pedagogo, político e cidadão, panfletário e polemista, representou, pela sua tenacidade e espírito aguerrido, coragem e exemplo, todo o Povo de Aveiro. Lutando incansavelmente pela liberdade, pela justiça, pela educação e pela verdade, deixou-nos um óptimo testemunho de vida. Defensor de causas, batia-se com coragem em sua defesa, quando sentia que eram importantes para as pessoas e instituições, mesmo que directamente não lhe dissessem respeito.

FAINA MAIOR


UM LIVRO DE ALAN VILLIERS:




“A CAMPANHA DO ARGUS”


“A CAMPANHA DO ARGUS”, no dizer do "PÚBLICO", “É um livro fascinante… de horizontes largos, de pescarias embriagantes”. Lê-se, tal qual, na capa desta obra que fez história, recentemente reeditada pela “cavalo de ferro”, com o apoio, penso que fundamental, da Câmara de Ílhavo e do Museu Marítimo de Ílhavo, num esforço digno de louvor. Digno de louvor porque ali está bem retratada a “Faina Maior” da nossa gente.
Li-o há décadas, quando a obra foi lançada. Fazia parte da biblioteca de uma escola por onde passei. Esta e uma outra, a que já fiz referência, “Nos mares do fim do mundo”, de Bernardo Santareno. Nunca mais esqueci estes livros, ou não fosse o meu pai um pescador do bacalhau, desde menino, com apenas 14 anos, e mais tarde contra-mestre do “Santo André”, que agora é navio-museu, com muito mérito. Nunca mais saíram da minha memória e foi com muito prazer que os reli agora, tantos anos depois.
Claro que não vou hoje, com este curto escrito, debruçar-me sobre “A CAMPANHA DO ARGUS”, pois pretendo tão-só chamar a atenção dos meus conterrâneos para a importância e oportunidade da sua leitura, num bom fim-de-semana, para ficarem a conhecer um pouco da vida dura dos nossos antepassados bem próximos.
À laia de quem pretende sensibilizar alguém, sempre digo que esta edição tem como mais-valia um bom estudo de introdução de Álvaro Garrido, director do Museu de Ílhavo e historiador, que muito ajuda a compreender o porquê do convite que o Governo de Salazar fez a Alan Villiers, para que escrevesse este livro, um clássico da história da pesca do bacalhau à linha. Aliás, Álvaro Garrido sublinha com a autoridade que lhe vem da sua qualidade de historiador destes temas e de docente da Universidade de Coimbra, que “A Campanha do Argus, de Alan Villiers, é um clássico da literatura marítima mundial. 

Numa escrita límpida e envolvente, este oficial da Armada australiana, presença assídua nas páginas do National Geographic Magazine do segundo pós-guerra como repórter das ‘coisas do mar’, escreveu uma narrativa de viagem de um dos mais belos veleiros da frota bacalhoeira portuguesa, o Argus”.
Um livro a não perder, sobretudo pelos ílhavos, e não só.

Fernando Martins

GOSTEI DE LER


ELEJA A SUA CAUSA
PREFERIDA E DÊ



Nem todos têm de dar a mesma coisa,
mas todos temos alguma coisa para dar.
Eleja a sua causa preferida e dê.
O seu tempo,
o seu dinheiro,
o seu esforço,
a sua companhia.
Tem muito por onde espalhar
a sua boa-vontade voluntária.
Não se deixe afundar
na rotina do Inverno:
“acorde”
convidando alguém para aprender
qualquer coisa que nunca fizeram:
patinar,
ter uma aula de equitação,
fazer surf,
fazer um curso de cozinha japonesa,
aprender russo…
Nunca mais tenha um minuto
de aborrecimento nesta vida!


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In Agenda ’07 do EXPRESSO

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

DIA DO CONSAGRADO


OS QUE SE DÃO
SEM NADA PEDIREM
EM TROCA

A Igreja Católica celebra hoje o Dia do Consagrado. Esta é uma boa razão para reflectirmos um pouco sobre a vida de tantos que deixam tudo para viver para os outros. Desde o Papa aos diáconos, passando por padres e bispos. Desde freiras e frades até simples leigos, que os há e houve desde sempre, vivendo em pleno uma doação sem limites.
Uma doação total, radical se quisermos, significa uma entrega absoluta à construção de um mundo mais fraterno, porque assente na Boa Nova de Jesus Cristo. Doação que implica abdicar da família, da carreira profissional, das comodidades que a sociedade proporciona, de luxos e vaidades, de prazeres mundanos, de sucesso social, de honras e privilégios.
Os Consagrados vivem para Deus e para os irmãos na fé, para os indiferentes e para os que nunca ouviram falar de Jesus Cristo, para os que estão privados de bens terrenos, para os carentes de amor, para os que estão sós e para os ignorados pelas nossas comunidades.
Os Consagrados, quantas vezes também eles em solidão, sabem que têm sempre Deus por companhia, como fonte inspiradora do bem, da verdade, da justiça, da liberdade, da paz e do amor.
Os Consagrados estão no mundo para servir e não para serem servidos, mais para escutar do que para falar, mais para unir do que para dividir, mais para se darem do que para dar, mais para testemunhar do que para ditar leis.
Os Consagrados aí estão como homens e mulheres de Deus no mundo dos homens e mulheres que nem sempre os vêem.
Que ao menos hoje saibamos olhar para eles com amizade e com reconhecimento pelo muito que eles nos dão, sem nada pedirem em troca. São os meus votos.

GRANDES AVEIRENSES


JOSÉ ESTÊVÃO


José Estêvão, grande orador parlamentar, foi, sem dúvida, pela sua inter-venção cívica e política, um arauto dos interesses de Aveiro e sua região. Pelo dinamismo que sempre pôs em tudo o que fez, pela visão com que levou o Estado a abrir caminhos de progresso entre nós, pelo exemplo de envolvimento na coisa pública, ainda hoje a sua coragem e a sua acção são recordadas em Aveiro.

CIGARRO MATA



Por cada cigarro que se fuma
perdem-se 11 minutos de vida


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A doença cardíaca coronária mata mais de sete milhões de pessoas por ano. O cardiologista Sandeep Gupta, indiano instalado em Londres, teme pelo fosso entre pobres e ricos e apela à responsabilidade de cada um na prevenção da doença. Tão importante como reverter a aterosclerose, diz, é inverter comportamentos de risco.
:
PÚBLICO - Com os novos tratamentos da aterosclerose que abrem a possibilidade de regressão da doença não se corre o risco de vermos as pessoas a comer e beber à vontade, porque sabem que terão a droga para corrigir os males desse comportamento?
SANDEEP GUPTA - Isso é uma interessante psicologia. É a história da polipill mágica [a proposta de criar um comprimido que junte seis medicamentos: estatina, aspirina, três drogas para a tensão arterial e vitaminas]. Há investigadores que defendem que se dermos este comprimido a todas as pessoas com mais de 55 anos com factores de risco será possível eliminar cerca de 80 por cento dos ataques cardíacos e enfartes. Perante isto, pode-se argumentar que mais vale aproveitar o hambúrguer, os cigarros, etc...
Mas não funciona assim. Quem tem doenças de coração tem de assumir responsabilidades. Fazer mais exercício, pensar sobre os cigarros e as refeições gordas. E não temos de esperar que as pessoas se tornem doentes. Por que não procuramos o pré-paciente?
:
Leia mais no PÚBLICO on-line
:
Um trabalho da jornalista Andrea Cunha Freitas, no PÚBLICO

UM ARTIGO DE D. ANTÓNIO MARCELINO



AO ARREPIO DO AMOR E DA VIDA,
PARA ONDE CAMINHA O PAÍS?



Sem ser profeta da desgraça, nunca foi esse o meu jeito, estou convicto de que, ou se muda de rumo ou nos espera uma sociedade sempre mais desumanizada.
Ninguém pode viver sem amor. Porém, o amor que é fonte de vida, de doação generosa, de respeito mútuo, de serviço aos outros, de partilha de dons, de convivência sadia, de compromissos permanentes, de gratuidade nas relações pessoais, de espaço de voluntariado social, de estímulo a ir sempre mais longe no bem, vai-se tornando coisa rara. Quem teima em andar por esse caminho é, frequentemente, ridicularizado.
A vida é o mais essencial dos donsrecebidos. Porém, ela hoje troca-se e despreza-se por caprichos pessoais, afirmações discutíveis e aberrantes de liberdade, fuga à justa humilhação por actos cometidos, razões sem razão, confusões premeditadas, interesses inconfessáveis, vinganças inconsistentes, promessas eleitorais… Muitos dos que lutam pela vida gerada, sua educação, reconhecida nos seus direitos e enriquecida na sua aceitação e convivência, são agora apelidados de gente menor, escrava do religioso, enfeudada a instituições de somenos e alheia ao sentir do mundo moderno.
O exemplo estimulante de outros países, por aí propalado, é aqui aceite de modo acrítico. Aí se vê, também eles em crise, que não basta o nível de bem-estar material, para que haja felicidade, riqueza de sentido, convivência sadia e liberdade construtiva.
Amor é mais que emoção. As emoções abundam consoante os incentivos e dão, facilmente, em desamor e até em ódio. Amor é a riqueza de um coração lavado e sereno. Não se dispensa quando se gera vida, ela se educa, se acolhe, se respeita e estimula.
Quem trata com pessoas e no interesse delas, como pais, educadores ou professores, fazedores de leis, executores e juízes das infracções, jornalistas dos jornais e revistas, gente das televisões, rádios e espectáculos, industriais e comerciantes, a todos se pede coração, para saberem o que ajuda as pessoas a serem pessoas e agirem como tal. De contrário, não resta senão o horizonte curto, por vezes rasteiro, dos interesses pessoais e dos de grupos e facções. Sem amor que é vida, os pais viram egoístas, os educadores em meros funcionários, os agentes públicos em servidores de si ou do seu partido, a gente da comunicação social em escrava das audiências e a gente dos negócios fixam-se no lucro desejado, sem olhar a meios para o conseguir. Vamos ficando indefesos na sociedade, se nela rarearem pessoas com valores morais e éticos, princípios orientadores sãos, sentido dos outros, capacidade de amar e de acolher a vida como valor sagrado
Como se chegou ao desprezo pela vida já gerada, à corrupção que por aí se estende, à inversão do sentido da liberdade pessoal e pública, à rampa legal de destruição de famílias estáveis, ao aumento incontrolado da pobreza material e moral, às múltiplas formas de exclusão social, à multidão de filhos sem pais e de pais que se negam à responsabilidade de os ter gerado, à insegurança corrente e à desconfiança nunca vista?
Onde fenece o amor, empobrece a sociedade, a vida perde lugar, torna-se mais difícil, por vezes insuportável. Os fautores de uma sociedade a seu modo, rejeitam nela toda a influência do religioso e do sagrado, sem advertirem que pelo caminho de um laicismo, cego e serôdio, secam as raízes fecundas do humano que somos. A fé dá sempre sentido e segurança à vida, e capacidade inesgotável de um voluntariado social gratuito.
É urgente lançar pedradas neste charco, inquinado e pútrido, em que se vai tornando o país. De outro modo, ele o estará sempre mais. O meu “não” consciente, como cidadão responsável, à proposta do aborto, é o modo que tenho agora e não vou desperdiçar, de denunciar o rumo que o país leva, e de continuar a clamar, enquanto a voz me dure, que, ao arrepio do amor e da vida, que a fé no Deus do Amor, Senhor da vida, alimenta e defende, só nos resta uma sociedade anestesiada, a caminhar para uma nova barbárie.

GOSTEI DE LER



SOIS VÓS


Quando no meu corpo (e muito mais no meu espírito)
começar a notar-se o desgaste da idade,
quando se precipitar sobre mim, de fora,
ou nascer em mim, por dentro,
o mal que apouca ou aniquila,
no momento doloroso em que subitamente
tomar consciência de que estou doente ou estou velho,
nesse momento derradeiro sobretudo em que
eu sentir que escapo a mim mesmo,
absolutamente passivo nas mãos
das grandes forças desconhecidas que me formaram,
em todas essas horas sombrias,
dai-me, meu Deus, o compreender que sois Vós
(contanto que a minha fé seja assaz grande)
que afastais dolorosamente as fibras do meu ser,
para penetrardes até à medula da minha substância,
para me levardes para Vós.


Teilhard de Chardin

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In Correio do Vouga

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

GRANDES AVEIRENSES



D. JOÃO EVANGELISTA
DE LIMA VIDAL

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D. João Evangelista de Lima Vidal, primeiro bispo da restaurada Diocese de Aveiro, depois de muitos anos ao serviço da Igreja e do País. Foi, para mim e para muitos, de uma importância crucial na restauração da Igreja Aveirense. Como Bispo da Diocese de Aveiro, soube abrir caminhos para uma sociedade mais cristã e, por isso mesmo, mais fraterna. Mostrando grande amor à Igreja e aos aveirenses, soube intervir na sociedade, com oportunidade e poesia, falando e escrevendo com rara sensibilidade sobre as nossas gentes e coisas.
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Nota: Solicitaram-me, há dias, que indicasse cinco Grandes Aveirenses.
Os que escolhi, de entre um rol que dificilmente terá fim, vão ser aqui apresentados, na certeza de que poderia ter optado por outros. Mas foram estes.
De qualquer forma, aqui deixo o desafio aos meus leitores, para que não deixem de me indicar as suas escolhas. Terão de ser homens e mulheres já falecidos, aveirenses de qualquer quadrante ideológico e de qualquer época.
F.M.

PODER LOCAL DESCONSIDERADO

GAFANHA DA NAZARÉ:
GNR JÁ OCUPA
NOVO QUARTEL
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Há atitudes que não se compreendem. Ainda não há muitos dias, o presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, Ribal Esteves, anunciava que estaria para breve, em data que não conhecia, a transferência da GNR para o novo quartel. Hoje, no Diário de Aveiro, é anunciado que, afinal, a GNR já mudou para as moderrnas e amplas instalações, ao lado da via rápida que liga Aveiro às Praias da Barra e Costa Nova.
Pelo que se vê, o Poder Local foi desconsiderado. Nem sequer por uma simples nota, pelo que se deduz da notícia, foi a autarquia avisada. Não sabemos as razões, mas há falhas que não se compreendem nem são de admitir.
Numa democracia como a nossa, em que o Poder Local foi amplamente dignificado, penso que ainda temos muito que andar para se atingir um elevado grau de responsabilidade e de respeito pelos outros. Por que razão os responsáveis pela GNR quiseram desconsiderar as autarquias ilhavenses?
Custa-me aceitar que na base desta atitude estejam motivos políticos. Estarei enganado?
Fernando Martins

CARLOS BORREGO EM ENTREVISTA AO DA

O aquecimento global e as alterações climáticas são questões incontestáveis, como refere o professor Carlos Borrego. Nesta entrevista, o investigador da Universidade de Aveiro aponta medidas que deveriam ser tomadas na região de Aveiro



Carlos Borrego:
Alteração climática
«é uma realidade
incontestável»




As alterações climáticas já são uma realidade?
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Neste momento, todos nós já demos conta de uma série de mudanças em termos do que era o clima normal. Portanto, se havia algumas dúvidas no cidadão comum, hoje parece-me que se dissiparam. Cientificamente, já não há dúvida nenhuma. Desde o início da década de 1990, foram provocadas mudanças climáticas que não têm só a ver com a componente natural, já que, nas alterações que entretanto se produziram, houve, sem dúvida nenhuma, a introdução de factores antropogénicos que deram origem a um aumento da velocidade no que causa essas alterações. Não estamos a dizer que não haja alterações naturais, podem acontecer perfeitamente, e se calhar estamos numa situação em que estão a evoluir, mas nós, com a nossa intervenção, viemos acelerá-las. Portanto, a alteração climática é uma realidade incontestável.


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Leia mais no Diário de Aveiro

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Avenida José Estêvão - Arranjo urbanístico


Quem se habituou a circular pela Av. José Estêvão, de ponta a ponta, vai estranhar quando as obras forem feitas. Tanto quanto se sabe, vai ser criada uma zona pedonal junto à igreja matriz, conforme prevêem projectos entregues no Concurso de Ideias para o local. 
A partir dos semáforos e até ao cruzamento que dá para o Centro Cultural não poderão circular veículos automóvel. Os peões, aí, serão reis.

CUFC - ESTÓRIAS DA RIA


NB: Para ver bem, clique na imagem.

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

UM ARTIGO DE ALEXANDRE CRUZ

Princípios
e critérios do voto
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1. Qualquer opção consciente impli-cará um sério discernimento prévio. A qualquer eleição ou referendo terá de presidir um sentido de ideal, de princípio, sendo este a base de critérios certa para um voto em consciência consciente; sim (consciência consciente), porque poderá haver consciência inconsciente de tudo o que está em causa numa opção a assumir…
Sublinhamos, precisamente, a urgente necessidade dos “princípios” para haver “critérios” sustentados; sem estes (nem uns nem outros) a opção poderá, enganada, recair sobre os mil e um acessórios deitando ao mar o essencial. Será mesmo necessário parar para pensar, não deixando, assim, que o assunto se fique pela rama da emoção, do sensacionalismo ou numa mera óptica do que parece mais prático…
2. Talvez, reconstruindo um caminho dos acessórios até ao essencial, poderemos dizer em assuntos de fronteira que haverá uma série de critérios que não poderão nortear uma decisão consciente: não poderá ser o critério economicista do dinheiro dos impostos aplicado ou não; não o critério da ideia de progresso ser ir atrás dos outros como se pertencer à maioria – lógica da quantidade - dos que fazem isto ou aquilo fosse certificação da Verdade.
Não ao critério do moralismo seja político, filosófico ou religioso; não ao critério utilitarista de um ser humano fazer o que quer de Outro abrindo a porta quando dá jeito e fechando quando não apetece; não mesmo ao critério demográfico, pois mesmo que a população fosse muita o que é (essencialmente) bem ou mal não deixa de o ser por haver muita ou pouca população. Não o ler as soluções só a partir das consequências (no ilusório apagar do fogo) ocultando a origem, tudo o que está antes, as causas essenciais.
3. Qualquer voto pensado indicará sobre: o que queremos do futuro como padrão de referência para a sociedade? Que referenciais em termos de dignidade humana (em que todos dizem acreditar)? Os dias têm sido de debates e números; argumentos e contra-argumentos em que muitas vezes entra-se na “coisificação vazia” da aventura de dignidade mais admirável que é a nossa viagem até chegarmos à vida.
Tem sido, na generalidade, exemplar o esforço de isenção das religiões em Portugal que, assim, proporcionam que não se confundam os planos do que está em causa; tem sido, na generalidade, infeliz a cumplicidade de partidos políticos e figuras de estado em assunto que deverá ser essencialmente do pendor da sociedade civil. Tem sido oportunidade tolerante, apesar de tanto ruído, das posições SIM e NÃO se encontrarem e escutarem mutuamente nos argumentos de cada diversidade, dando assim oportunidade aos portugueses de pensarem e discernirem para votar algo que em sociedades avançadas na dignidade humana seria simplesmente invotável.
4. Mas, e se de repente todos ficássemos surdos e mudos; e se nos debates se fizesse silêncio e em vez de palavras apostássemos no critério da vanguarda científica. Sim, em silêncio humildemente acolhermos toda a lição da Verdade das profundidades maternas que acolhem o mistério incalculável da vida humana a começar, transformando-se criativamente desde o primeiro segundo até chegar aos milhões de segundos (3.153.600 em média por ano de vida) que hoje transportamos.
Em que bases assentarão os votos? Que princípios e critérios presidirão à opção? Uma ideia será certa: não poderão ser critérios práticos e utilitaristas a decidir a opção consciente; esta sabe ler e discernir entre aquilo que é acessório e o que é o essencial como opção de ideal colectivo. No “princípio”, a que hoje – mais que em qualquer outra geração - poderemos aceder pelo critério isento da ciência e deixá-la falar… estará a noção de que a própria genialidade da ciência ilumina a consciência recta.
5. A sensação de que qualquer voto que seja exercido tenha como motivação apagar o fogo prático das consequências sem haver horizontes capazes de ver o essencial será mais um sinal confirmado de défice civilizacional (sim, em muitos dos países europeus…). Que ao menos o fascínio da ciência, que hoje nos mostra como fomos e somos a partir da profundidade materna, seja luz de vanguarda humanista no zelo pela dignidade humana. Será nesta luz que se obterão pontos de equilíbrio em tudo o resto…
É que há Outro (dependente mas autónomo, como nós hoje, afinal) para além de mim, o que nos diz que todas as questões sofridas de justiça, saúde, défice de EDUCAÇÃO HUMANA para a saúde e para os valores fundamentais,… tudo, vem muito depois do essencial. Daqui a uns 20 anos os países europeus, com a sofisticação científica clarividente sempre crescente, vão olhar para trás e reconhecerem-se indignos por terem perdido tudo (se perdermos a vida perdemos tudo, toda a raiz da ética pessoal e social). E perguntam-se (se tiverem capacidade de questionamento): que herança deixámos aos vindouros?!...
6. Talvez valha a pena (não nos perdermos nas questões acessórias que sendo importantes são necessariamente relativas e) ir ao “PRINCÍPIO” de tudo. No caso de dúvida, no princípio (vendo imagens do embrião humano no ventre materno), com isenção absoluta e não se ficando no “nim” (do ser-humano-cidadão indiferente), concluiremos que a ciência ilumina a consciência (consciente). Factos são factos e se lhes damos toda a importância então dê-se primazia ao facto mais surpreendente que é a VIDA em todas as suas fases de caminhada. Uma primazia que não exclui mas inclui…

RR LAMENTA...

Renascença lamenta
ter de passar tempo de antena

A emissora católica Rádio Renascença lamentou hoje ser obrigada a passar o tempo de antena no referendo sobre o aborto, por considerar que as rádios privadas deveriam ficar de fora desta imposição legal.
"Gostaríamos que esta obrigação [legal] não pesasse sobre as rádios privadas, mas pesa e, numa rádio com a identidade da Renascença, pesa naturalmente muito, até porque a nossa posição sobre o aborto e sobre o direito à vida é bem conhecida", refere a estação numa nota lida hoje, no dia em que começa a campanha para o referendo de 11 de Fevereiro, antes do noticiário das oito da manhã.

Após a marcação do referendo sobre a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, os responsáveis da emissora católica declararam - também numa nota lida antes de um noticiário - o apoio da Renascença ao "Não".
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Leia mais em PÚBLICO

CUFC





DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO








Depois do Islamismo (2001), vieram o Judaísmo (2002), o Hinduísmo (2003) e o Budismo (2004). A seguir veio Bahá’i, em 2005.
Em 28 de Fevereiro, quarta-feira, o teólogo e colunista do PÚBLICO, Frei Bento Domingues, estará em Aveiro, no CUFC, pelas 21 horas, para falar de “Sociedade, Ciência, Religiões - Em Cultura da Vida e da Paz”.
A entrada é livre.

UM ARTIGO DE ANTÓNIO REGO

...todos têm o dever de aferir
a sua consciência
por valores objectivos
para além de emoções imediatistas


UM FILHO, PROPRIEDADE PRIVADA?







O aborto, como é sabido, não é primordialmente um problema religioso. É humano e ético. Mas não deixa de ter implicações singulares na consciência religiosa. Por isso se estranha que alguns olhares convertam o debate em ordem ao próximo referendo numa enviesada piedade para com as mulheres que abortam, e indiferença para com os seres vivos e humanos que são violentamente agredidos. E mais ainda se estranha a invocação da fé católica para se colocar do lado do agressor, como se isso fosse a tolerância, contra o ser indefeso no ventre materno. Como se a piedade e misericórdia apenas assistissem do lado da mãe com detrimento do futuro do filho. Também surpreende a neutralidade de alguns crentes como se se tratasse de tema entregue a profissionais de moral ou a políticos encartados. Nessa lógica, cada cidadão se liberta como pode deste fardo. Há quem prefira não se incomodar com o trajecto dum ser humano gerado, na proximidade das dez semanas, com o coração a bater em pleno e o todo essencialmente constituído. E deixá-lo abandonado a uma decisão circunstancial.
A questão não está essencialmente na condenação moral de quem aborta ou para isso directa ou indirectamente contribui. Está na consequente indiferença à gravidade deste gesto. De tal modo que pede à sociedade que dele se desinteresse, deixando cada caso entregue a opção instintiva.
Convém voltar ao problema pelo lado da parcialidade que a pergunta lançada no próximo referendo revela ou omite. Revela uma parte do problema – a penalização – e omite o outra, essencial - a agressão a um novo ser humano.
Cada pessoa tem direito a decidir em consciência. Mas todos têm o dever de aferir a sua consciência por valores objectivos para além de emoções imediatistas transformadas em propriedade privada. Um novo ser não é um objecto que a mãe pode manipular segundo a sua conveniência. É um ser humano que ganhou a sua autonomia e personalidade, com direitos – está consignado na Constituição portuguesa o direito de nascer – e o respeito que merece o seu itinerário de vida. É tão evidente, que se estranha não seja visto do ângulo da ética natural e até de alguma moral cristã. Como é possível que o óbvio nem sempre se veja com a luz meridiana que merece?

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