domingo, 31 de dezembro de 2006

Ano Novo - Vida Nova - 2007


Logo mais, se Deus quiser, ao toque da meia-noite, saltamos para 2007. É um momento mágico que nos leva a desejar a quantos nos rodeiam um ano cheio de paz, saúde, amor e alegria. Tenho a certeza até de que todos formulamos estes votos de coração lavado, na ânsia, de facto, de vivermos um ano melhor do que o anterior. 
Olhando para trás, podemos constatar que cada ano tem coisas boas e coisas más. Os homens e mulheres deste mundo parece que nem todos conseguem aprender os caminhos da paz e da harmonia universais, teimando, alguns, em construir socalcos pedregosos que dificultam a marcha de quem sonha com uma sociedade de justiça e de fraternidade. 
Claro que não importa hoje lamuriar o que de menos bom nos aconteceu, porque o importante é assumir o esforço de lutar, pelos meios legítimos ao nosso alcance, para que toda a gente respire os ares do bem, do bom e do belo, com Deus sempre nos nossos horizontes. 
Com estes propósitos desejo a todos os meus leitores e amigos um 2007 muito melhor do que 2006. 

Fernando Martins

IMAGENS DA GAFANHA DA NAZARÉ

PARA VER MAIS LONGE
O mar sempre foi um desafio. Tanto para quem o conhece bem como para quem mal o conhece. Mas não há dúvida de que as autoridades continuam atentas a quem gosta de ver mais longe, para descobrir no mar imenso o que os olhos nus não vêem.
Na Praia da Barra, na Gafanha da Nazaré, este monóculo permite ver muito mais mar, a troco de uma simples moeda. Ao longe, muito ao longe, há sempre barcos que demandam outros portos e que nem se dão ao trabalho de dar uma voltinha pelas nossas praias, para os vermos melhor. Não nos interessa saber o que transportam, mas as silhuetas harmoniosas, mesmo vistas ao longe, têm sempre um encanto. Experimentem.
F. M.

GOTAS DO ARCO-ÍRIS - 46

QUE NOVAS CORES
NOS TRAZ S. SILVESTRE?
Caríssimo/a: E vamos para a noite última do ano, a noite de S. Silvestre. Traz-nos gratas recordações da nossa juventude e das brincadeiras que organizávamos (a reunião começou a ser na barbearia do Hortêncio e de lá se partia...) e levávamos a efeito durante essa noite. Também nos regozijávamos com as vitória dos nossos atletas nas corridas de S. Silvestre. Quer dizer, S. Silvestre há-de ser... Vamos buscar os livros: “Silvestre I foi Papa de Janeiro de 314 a 31 de dezembro de 335, durante o reinado do imperador romano Constantino I, que instaurou o cristianismo como religião do Estado. A sua autoridade foi eclipsada pela de Constantino, e não assistiu ao sínodo de Arles (314) nem ao Concílio de Niceia (325), convocados pelo imperador. Não obstante foi durante o seu pontificado que a autoridade da Igreja foi estabelecida e se construíram os primeiros monumentos cristãos, como a Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, e as primitivas basílicas de Roma (São João de Latrão e São Pedro), bem como das igrejas dos Santos Apóstolos e de Santa Sofia em Constantinopla. Atribui-se em geral a conversão de Constantino a uma visão que terá tido antes da batalha da ponte de Milvius (312). Mas a tradição medieval, deu-nos outra interpretação : o imperador teria lepra incurável, e logo que Silvestre o baptizou por imersão numa piscina ficou imediatamente curado. Esta versão não tem fundamento, pois sabe-se que Constantino foi baptizado por Eusébio, bispo de Nicodemia. Silvestre I foi um dos primeiros santos canonizados sem ter sofrido o martírio. Festa em 31 de Dezembro.” Pronto, aqui fica a minha brincadeira deste ano que foi dar-vos a conhecer um Santo que durante anos e anos foi o protector dos nossos risos e das nossas malandrices. Certo é que talvez fosse o seu manto protector que nos levou sempre a brincar procurando o bem e afastava de nós as autoridades que nos buscavam nos momentos em que se viam ludibriadas. Mas, ... cala-te boca. Manuel

UM ARTIGO DE ANSELMO BORGES, NO DN

Ano Velho, Ano Novo
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Ainda hoje, há zonas do mundo onde, na noite de passagem de ano, o que é velho ou considerado desnecessário e gasto é atirado pela janela, de tal modo que algumas ruas de grandes cidades ficam mesmo intransitáveis. Nesta noite, há festejos estrondosos, euforias e loucuras, e as sociedades permitem excessos no comer, no beber e até de ordem sexual. De algum modo, é como se tudo voltasse ao caos originário para que se refaça o cosmos. Como aconteceu no princípio. "Naquele tempo" - in illo tempore, o tempo das origens, o tempo sem tempo, o tempo mítico fundacional -, os deuses organizaram o caos, que se tornou cosmos e mundo (não é de cosmos que vem cosmética e a mundo não se contrapõe imundo?).
A noite de passagem de ano ritualiza, actualizando, o mito das origens. As sociedades precisam de dar lugar à expansão das forças caóticas, para que, em seguida, tudo regresse à ordem.
É o mito da renovação e, de algum modo, do eterno retorno: tudo vai e tudo volta.
Mas, na passagem do Ano Velho para o Ano Novo, há uma outra experiência funda e dramática. É por esta altura - Natal e Ano Novo - que de maneira especial nos lembramos dos familiares e dos amigos, e a família junta-se e, pelo menos, há um contacto telefónico, um postal de Boas-Festas, um SMS...
Mas, todos os anos, quando folheamos a agenda dos nomes, somos, de repente, confrontados com a falta deste e daquele, desta e daquela. Afinal, no ano passado, ainda cá estavam e agora já cá não estão. E alguns - os amigos - a falta que nos fazem! É como se - quem o disse de forma inultrapassável foi Santo Agostinho, ao escrever, nas Confissões, sobre o amigo que partira - uma parte de nós estivesse morta. Também morremos com eles. Sem eles, como a vida se empobreceu!
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Leia mais em DN

sábado, 30 de dezembro de 2006

PENA DE MORTE

PORTUGAL FOI O PRIMEIRO
PAÍS DA EUROPA
A ABOLIR A PENA DE MORTE
"Está pois a pena de morte abolida nesse nobre Portugal, pequeno povo que tem uma grande história. (...) Felicito a vossa nação. Portugal dá o exemplo à Europa. Desfrutai de antemão essa imensa glória. A Europa imitará Portugal. Morte à morte! Guerra à guerra! Viva a vida! Ódio ao ódio. A liberdade é uma cidade imensa da qual todos somos concidadãos"
: Victor Hugo, 1876,
a propósito da abolição
da pena de morte em Portugal

CRIME POR CRIME

SADDAM FOI ENFORCADO
Como estava previsto, Saddam foi enforcado esta madrugada. Em nome da lei. Com leis como esta, em que crimes são pagos com outros crimes, à sombra de opções humanas, temos de reconhecer que a nossa civilização ainda tem muito que andar, para atingir um grau em que os homens e mulheres sejam dignificados. O homem, olhado no sentido lato, ainda está longe de respeitar a vida, em toda a sua plenitude. Não é com a morte, seja de quem for, que o ser humano cresce e honra a dignidade de filho do Criador. Não está em causa o criminoso que Saddam foi. Não está em causa a onda de crimes hediondos que perpetrou, com os genocídios que protagonizou. Não está em causa o terror que alimentou. Nada disso. Ele merecia ser castigado. Ele merecia ser retirado do seio dos homens e mulheres amantes da paz. Mas nunca pela pena de morte. Que as mortes, como as vidas, para um crente, são apenas da vontade de Deus. Eu penso que os castigos são legítimos para quem transgride as leis que regulam as relações entre as pessoas ou entre estas e a sociedade. Mas defendo que esses castigos devem preservar sempre a vida.
Saddam, que nunca manifestou arrependimento pelos crimes que cometeu, podia, mais tarde ou mais cedo, na prisão, tomar consciência dos males que causou a tanta gente, e partir daí para tomar atitudes que o dignificassem. Afinal, a justiça pôs termo a um eventual processo de arrependimento de um homem que deixou na história marcas horríveis de tirania, de frieza de sentimentos, de brutalidade contra gente indefesa. Mal vai a sociedade que, em pleno século XXI, não consegue abdicar da pena de morte. Fernando Martins

IMAGENS DE AVEIRO

Aveiro: Canal Central
VER A CIDADE
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Apetece-me sugerir hoje aos meus leitores que registem imagens da cidade. Uma simples compacta digital, como a que uso, permite guardar recordações do que vimos e gostámos. E do que gostamos.
Aveiro, com os seus espelhos de água, favorece as imagens. Quem há por aí que não fique extasiado com fotos como tantas que ponho no meu blogue? E não é legítimo pensar que as boas fotografias só estão ao alcance dos fotógrafos profissionais... Qualquer pessoa, com um mínimo de sensibilidade, poderá tirar fotografias... para mais tarde recordar.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

UM ARTIGO DE PACHECO PEREIRA

UM INTELECTUAL ORGÂNICO EUROPEU:
JOSEPH RATZINGER
(BENTO XVI)
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Olhando para 2006 com os olhos do fim do ano, pequena convenção do tempo, há uma figura intelectual que emerge da Europa, onde hoje elas não abundam: Joseph Ratzinger, o actual Papa Bento XVI. Não é tanto o Papa que me interessa em primeiro lugar, nem são motivos religiosos que me levam a destacar Ratzinger, mas sim o seu papel como intelectual na feitura da Europa como nós a conhecemos e do "Ocidente" como nós já não o conhecemos. Este tipo de aproximação a Ratzinger é provavelmente uma das que mais lhe desagradará, após uma vida a combater uma visão que considerará relativista e positivista e que acaba inevitavelmente por minimizar, na sua análise, o homem de fé que o padre, bispo, cardeal e agora Papa é sem dúvida. Ele próprio resumiu algumas das suas recusas em tomar determinadas posições com a afirmação definitiva: "Se o fizesse, não seria capaz de afirmar o Credo." Neste sítio, onde eu paro, começa Ratzinger.
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Leia mais em ABRUPTO

IMAGENS DE AVEIRO

PAINÉIS CERÂMICOS
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A vida vai obrigando toda a gente a correr. Isso mesmo verifico quando vou sem pressas a Aveiro. Que, é verdade, muitas vezes também lá vou a correr.
Mas quando vou sem ter que olhar para o relógio, é certo e sabido que sei e gosto de contemplar o belo que há em cada canto. Os panéis cerâmicos, que ornamentam alguns recantos outrora frios, sem expressão, são agora excelentes motivos para um visita à capital do Distrito.
Se puder, vá por lá um dia deste e confirme que eu tenho razão. A arte de artistas aveirenses de renome merece a nossa atenção.

JOVENS EM ZAGREB

40 000 jovens em Zagreb para o Encontro Europeu animado pela Comunidade de Taizé
Zagreb, na Croácia
UM CRISTIANISMO EM FESTA
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A cidade de Zagreb acolhe o 27º Encontro Europeu de Jovens promovido pela Comunidade de Taizé. De 28 de Dezembro de 2006 a 1 de Janeiro de 2007, a Croácia vai ver os rostos e as cores de um Cristianismo em festa. 40 000 jovens de toda a Europa e representantes de outros continentes são esperados na capital croata. Um dos momentos mais simbólicos acontece na noite de passagem de ano, quando os participantes, nas paróquias, promovem uma vigília de oração pela paz “em comunhão com os povos que sofrem”, seguida de uma “Festa dos povos”. À chegada cada um receberá, na sua língua, uma carta do irmão Alois, Prior de Taizé. Nesse texto, intitulado “Carta de Calcutá” (que se segue a um encontro de Taizé nesta cidade indiana, teve lugar em Outubro de 2006), o sucessor do irmão Roger escreve: “Os imensos problemas das nossas sociedades podem alimentar o derrotismo. Quando escolhemos amar, descobrimos um espaço de liberdade para criar um futuro para nós mesmos e para aqueles que nos são confiados”. Na carta do Ir. Alois, Prior da Comunidade de Taizé, destaca-se a necessidade de dar uma resposta concreta e cristã aos que “aspiram hoje a um futuro de paz, a uma humanidade livre das sombras da violência”. Aos jovens é lançado o desafio de fazer espalhar “por toda a Terra” uma “parábola de partilhas”, com o objectivo de “criar comunhão na família humana.”
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Fonte: ECCLESIA
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Nota: Quando tantos jovens se juntam, em ambiente ecuménico, para conviver e rezar, numa altura em que tantos outros vivem indiferentes à força do espírito, julgo que vale a pena pensar um pouco sobre esta realidade, ano após ano repetida num qualquer ponto do mundo, por iniciativa da Comunidade de Taizé.
A Comunidade de Taizé (localidade francesa) é de expressão inicial protestante, mas desde o princípio alimentou, de forma exemplar, o espírito ecuménico. Hoje, tem no seu seio cristãos de todas as tendências, numa demonstração clara de que, pela oração e abertura de coração (e não pelas altas teologias), é possível a convivência e a caminhada em comum de cristãos de todas as denominações.
Já não tenho idade nem condições para uma visita a Taizé, onde pudesse estar com cristãos de diversas correntes, para aí sentir a força da unidade em torno do mesmo Senhor. Mas se não posso ir, fisicamente, lá estarei com eles, durante este fim-de-semana, em Zagreb, para mostrar ao mundo que a paz entre todos os homens e mulheres de boa vontade é possível.

F.M.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

MUSEU DE ÍLHAVO

IMAGEM DA RIA
O Museu Marítimo de Ílhavo, dos mais notáveis no seu género, merece perfeitamente uma visita em dias de férias para alguns, como são os dias correntes. Tenho visto gente que anda por aí, quase sem programa, que bem podia aproveitar umas horinhas para visitar este Museu que retrata, com muita nitidez, o amor que os ílhavos têm ao mar e a tudo o que lhe diz respeito. Ali, podem descobrir facetas curiosas da nossa Ria, enriquecendo, por essa forma tão simples, o espírito.

GAFANHA ANTIGA

PORTO DE PESCA LONGÍNQUA
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Aqui fica mais uma foto da GAFANHA ANTIGA. Trata-se de uma Seca de Bacalhau de há décadas. Agora, pelo que sei, o bacalhau é seco em estufas, com temperaturas e humidades controladas, para sair no ponto. No ponto, quer dizer de acordo com os gostos dos portugueses, gostos esses criados há meio milénio. Que estas coisas não podem ser feitas à sorte.
Não sei em que ano foi tirada esta fotografia. Estava por aqui, por casa, perdida no meio de papelada. Penso que já a publiquei, mas não tive tempo de o confirmar. De qualquer forma, o registo é sempre importante, ou não fosse a quadra que atravessamos marcada por umas boas postas de bacalhau, com batatas e couves das terras gafanhoas, mais um ovinho cozido e uns dentes de alho, e tudo bem regado com azeite de qualidade. Claro que nunca falta um bom tinto (tinto, sim senhor, que faz bem ao coração, segundo dizem), mais boa broa.
Se querem um conselho de amigo, esta será uma excelente proposta para a passagem do ano. Há quem vá para outros pratos que nada trazem de novo. Cá por mim, juro que fico por este. No fim de contas, é o que me dá mais gosto saborear. Sempre.
F.M.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

GAFANHA ANTIGA

RESPOSTA A UM DESAFIO
Leitor que gosta de rever o passado desafiou-me a publicar fotos da GAFANHA ANTIGA. Para recomeçar (Já o fiz várias vezes), aqui vai uma foto, com uma informação e um desafio. Foi tirada na década de 40 do século passado. Dou um doce a que souber o nome destas mulheres e em que seca do bacalhau trabalhavam...

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

NATAL - 22

CRISTO,
PALAVRA DE DEUS Antes de o mundo ser mundo, aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e ele mesmo era Deus. Desde sempre ele esteve com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada foi criado. Nele estava a vida, e essa vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a venceram. Só aquele que é a Palavra era a luz verdadeira, que alumia toda a humanidade, luz que apareceu neste mundo. Ele veio realmente ao mundo, mas o mundo não o reconheceu, apesar de ter sido criado por meio dele. Veio para o seu próprio povo, que não o quis receber. Mas àqueles que o receberam e acreditaram nele deu o privilégio de se tornarem filhos de Deus.
Do Evangelho de São João

domingo, 24 de dezembro de 2006

A melhor prenda de Natal

O Albano acordou na segunda-feira com o firme propósito de resolver de uma vez por todas o problema das prendas de Natal. Todos os anos sentia o mesmo dilema, sem saber o que oferecer na noite de consoada aos seus familiares. A esposa, essa sim, tinha jeito para tais coisas. Sempre estava mais disponível e não tinha preocupações que a incomodassem. O Albano era diferente. A empresa ocupava-o todos os momentos de todos os dias, ou não o obrigassem a isso a crise económica que domina o país e alguns conflitos com um ou outro trabalhador, que há sempre quem esteja insatisfeito com o ordenado que recebe, como ele tantas vezes dizia. Por isso, escasseava-lhe o tempo para pensar em prendas. Mas o Natal ainda o motivava para se mostrar generoso com quem mais o ajudava nos negócios e com os familiares mais próximos. Restos de uma educação cristã que havia recebido em criança e do ambiente solidário que a época natalícia propicia. 
As prendas dos mais directos colaboradores eram fáceis de encontrar. Mais uns dinheiros, para além do subsídio do Natal e do habitual salário mensal, e não era nada mau. Assim, receber quase três meses de uma só vez sempre será muito bom para que os trabalhadores bem comportados possam passar esta quadra mais folgadamente, costumava dizer o empresário, em jeito de quem gosta de mostrar a sua generosidade. Os outros, os que levam a vida a protestar, esses que aprendam a viver e para o ano logo se verá, sublinhava o Albano, quando alguém o criticava por só olhar para alguns. Agora, com a esposa, filhos e pai é que é mais complicado. 
Com os primeiros, porque ficam sempre descontentes e à espera de mais, e com o velho, internado num Lar da Terceira Idade, porque nunca reclama nada. Que está tudo bem, que os netos é que precisam, que há pobres a quem falta tudo, que há gente que passa fome, que há refugiados de guerra, que há imigrantes entre nós sem trabalho. Mas para ele, que tem cama, mesa e roupa lavada, nada mais é preciso, garantiu no ano passado ao Albano, quando lhe foi levar um livro como prenda de Natal. 
Um livro que o velho afinal nunca abriu. Olhos cansados, uma melancolia que o tem invadido, um gosto pela solidão que ninguém entende, diz a família a quem pergunta por ele. O pai do Albano, Alberto Ferreira, funcionário numa Repartição de Finanças durante uma vida, sempre foi uma pessoa amável e prestável. No fim da carreira, já ajudava a resolver problemas de filhos e netos de contribuintes que o viram entrar na repartição. Conhecia toda a gente e para todos os que se abeiravam dele tinha palavras amigas, entrecortadas pelas últimas anedotas políticas, de que era um exímio mas prudente coleccionador.

GOTAS DO ARCO-ÍRIS - 45

LENHA AMARELA? VERDEAVERMELHADAAZULADA?
Caríssimo/a:
“Em 1900 ainda era frequente
queimar à noite o cepo de Natal.”
Assim escreve o padre João Vieira Resende, na página 257, da “Monografia da Gafanha”. E quando muito se fala em “voltar às origens”, aqui deixo esta imagem de encantamento, como prolongamento da Ceia. Voltaremos a encontrar este “culto do fogo” lá mais para o Verão na inesquecível noite de S. João, quando meninos e moços, saltávamos a fogueira das palhas das favas que se guardavam. Mas fogo aconchegador era o que vomitava as chamas pela porta do forno, mudando as cores do barro das paredes para preparar a fornada do pão ou o assado do carneiro. Menos violento e mais próximo o que acariciava a panela que, nesta Noite, sempre esconderá alguma maravilha (quem sabe, talvez umas enguias...). E nós lá íamos atrás dessas chamas que subiam, desciam, se encolhiam, se retorciam, mudavam de cor, se extinguiam. Pegar no fogo, da bica ou do cavaco, era perigoso!... Onde o encanto do sopro quente que nos fazia proteger os olhos e defender a cara do calor? Uma boa Noite da Ceia! Feliz Natal! Manuel

NATAL - 20

A Sara Reis da Silva enviou-me este "presente de palavras", com votos de um Natal muito luminoso. Aqui o partilho, com os mesmos votos, com os meus amigos.
DIA DE NATAL
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Hoje é dia de Natal
Mas o Menino Jesus
nem sequer tem uma cama,
Dorme na palha onde o pus.
Recebi cinco brinquedos
Mais um casaco comprido.
Pobre Menino Jesus,
Faz anos e está despido.
Comi bacalhau e bolos,
Peru, pinhões e pudim.
Só ele não comeu nada
Do que me deram a mim.
Os reis de longe lhe trazem
Tesouros, incenso e mirra.
Se me dessem tais presentes,
Eu cá fazia uma birra.
Às escondidas de todos
Vou pegar-lhe pela mão
E sentá-lo no meu colo
Para ver televisão.
:::
(Poema de Luísa Ducla Soares,
incluído na colectânea «Conto Estrelas em Ti»
- org. por José António Gomes, Campo das Letras, 2000).

sábado, 23 de dezembro de 2006

NATAL - 19

A Virgem Gloriosa e as Sibilas
- Livro de Horas da Duquesa de Borgonha.
Museu Condé, Chantilly
ÚLTIMO NATAL
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Menino Jesus, que nasces
Quando eu morro,
E trazes a paz
Que não levo,
O poema que te devo
Desde que te aninhei
No entendimento,
E nunca te paguei
A contento
Da devoção
Mal entoado,
Aqui te fica mais uma vez
Aos pés,
Como um tição
Apagado,
Sem calor que os aqueça,
Com ele me desobrigo e desengano:
És divino, e eu sou humano,
Não há poesia em mim que te mereça.
In "POESIA COMPLETA", de Miguel Torga

DIREITOS HUMANOS

Bento XVI defendeu que os crentes "devem opor-se a uma ditadura da razão positivista que exclui Deus da vida pública"
Papa diz que mundo muçulmano
deve respeitar os direitos humanos

O mundo muçulmano deve aceitar os direitos humanos e a liberdade religiosa, tal como a Igreja Católica foi pressionada a fazer no passado, defendeu ontem o Papa Bento XVI, no seu discurso de final de ano perante a cúria, que reúne todas as administrações do Vaticano. "O mundo muçulmano encontra-se hoje perante uma missão particularmente urgente, muito semelhante à que foi imposta aos cristãos a partir da época do Iluminismo", disse Bento XVI. Perante este desafio, os crentes "devem opor-se a uma ditadura da razão positivista que exclui Deus da vida pública", acolhendo "as verdades conquistadas pelo Iluminismo, que são os direitos humanos, nomeadamente a liberdade de fé e o seu exercício". Estes valores, sublinhou, "são os elementos essenciais para uma religião autêntica". Três meses após a crise suscitada pelas alusões ao Islão durante uma palestra na Universidade alemã de Ratisbona, e três semanas depois da sua polémica viagem à Turquia, Bento XVI afirmou-se "solidário com todos os que, com base na sua convicção religiosa muçulmana, se empenham contra a violência e a favor de uma sinergia entre a fé e a razão, entre a religião e a liberdade". :

Leia mais no PÚBLICO

NATAL - 18

Relatos dos Evangelhos
na análise do Pe. Carreira das Neves
Posted by Picasa
Adoração dos Magos - Mestre do Sardoal.
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa
O NASCIMENTO DE JESUS
Jesus nasceu a 25 de Dezembro, foi dado à luz numa gruta, havia burros ou vacas a assistir, os magos eram reis e eram três, houve pastores a adorá-lo, fugiu para o Egipto? As respostas são dadas pelo especialista em Sagrada Escritura, Pe. Joaquim Carreira das Neves:
: Todos os anos, ao celebrarmos o Natal de Jesus, nos encontramos com figuras e factos que evocam a memória desse Natal de há dois mil anos. Vivemos de memórias e somos uma memória viva. Não há história sem memória nem memória sem história. Ao lermos o Evangelho de S. Mateus, nos dois primeiros capítulos, cheios de encanto e significado, passam por nós os reis magos, a estrela, o encontro dos magos com Herodes, a adoração do Menino, a fuga para o Egipto, o massacre dos inocentes, o regresso do Egipto e a vinda para Nazaré, dois anos e tal depois de se refugiarem no Egipto. Porém, ao lermos o Evangelho de S. Lucas, também nos dois primeiros capítulos, deparamos com figuras e factos completamente distintos dos de S. Mateus: o anúncio do nascimento de S. João Baptista a seu pai Zacarias, o anúncio do nascimento e Jesus a sua mãe, através do arcanjo S. Gabriel, a visita de Maria a Santa Isabel, o nascimento e circuncisão de Jesus no Templo de Jerusalém, juntamente com Simeão e Ana, o regresso da Sagrada Família a Nazaré, apenas uns quinze dias depois do nascimento, e, finalmente, o encontro de Jesus no Templo. A apresentação destas figuras e factos tem um objectivo: fazer com que o leitor perceba que as figuras e factos narrados em S. Mateus não são os mesmos que em S. Lucas. De comum, os dois evangelistas só têm a conceição virginal de Jesus e o nascimento em Belém. Não seria mais normal que ambos apresentassem as mesmas figuras e factos?
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Leia mais na ECCLESIA

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

NATAL - 17


A ÁRVORE DE NATAL 



Este Natal, faz uma árvore dentro do teu coração
e pendura nela os nomes
de todos os teus amigos e familiares:
dos que te são próximos e dos mais afastados,
dos antigos e dos recentes,
dos que vês todos os dias
e dos que raramente encontras,
dos que sempre lembras
e dos que por vezes esqueces,
os das horas difíceis
e os dos momentos felizes,
os que magoaste sem querer
ou sem querer te magoaram,
os que conheces profundamente
e aqueles de quem conheces as aparências,
os que pouco te devem
e aqueles a quem deves muito,
os jovens e os mais velhos,
os teus amigos humildes
e os teus amigos importantes,
os que te estimam e admiram sem saberes
e os que amas sem lhes dares a entender.
Pendura os nomes de todos
os que passaram pela tua vida.
Neste Natal arma uma árvore
de raízes profundas,
para que estes nomes não sejam nunca
arrancados da tua vida.
Uma árvore de ramos muito longos,
para que novos nomes vindos de todos os lados
se juntem aos que já existem.
Uma árvore de sombra agradável,
para que a amizade seja
um momento de repouso
no meio das lutas da vida.


In “Advento, Tempo de Oração”,

de Álvaro Ginel e Mari Parxi Ayerra (Edições Salesianas)

CRÓNICA DE VASCO PULIDO VALENTE, NO PÚBLICO

MILHÕES DE POLÍCIAS
Na Inglaterra e na América é politicamente incorrecto, e hoje quase criminoso, festejar o Natal. Porquê? Porque, celebrado com tanta exuberância, o Natal se arrisca a ofender (ou a convencer) os crentes de religiões minoritárias, sobretudo, claro está, os muçulmanos. Mas como não se pode proibir o Natal, coisa que decerto os puristas gostariam de fazer em nome dos direitos do homem, a ortodoxia política tem por enquanto de o camuflar. Isto obriga naturalmente a algumas contorções verbais, a muita hipocrisia e a uma boa dose de intimidação. A "árvore de Natal" passou a "árvore da amizade" e o "jantar de Natal" a "jantar do solstício de Inverno". Os "cartões de Natal" são agora também "cartões da estação" e o "Bom Natal", suponho, "Boa Estação".
Nos países católicos, como Portugal, esta espécie de purga ainda não começou. Mas cá chegará, com o atraso e o zelo do costume. Entretanto, mesmo aqui, o totalitarismo (e uso a palavra deliberadamente) alastra sem sombra de protesto. O comportamento "aceitável" do cidadão comum é regulado e é imposto ao pormenor: e ninguém percebe, ou nota, o que se passa.
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UM ARTIGO DE D. ANTÓNIO MARCELINO

LUTADORES INCANSÁVEIS
NUM MUNDO DESENCONTRADO
Nutri sempre um especial afecto, misturado com uma admiração agradecida, pelos diversos secretários gerais da ONU. Sempre vi neles gente doada a uma causa difícil, se não quase impossível, como é a da justiça, da paz, do entendimento entre os povos, do clamor incómodo dos mais pobres, débeis e indefesos, da verdade sem manobras. O mundo dos grandes é mais dominado por interesses que por projectos de justiça e de paz. Quando falam de paz, com voz de aparente sinceridade, fabricam armas de guerra e de destruição e maquinam formas novas de exploração dos povos indefesos. Dão ajudas de um desvelado patrocínio àqueles a quem antes destruíram vidas e haveres e aos quais mataram, impunemente, os seus sonhos mais que legítimos de ser gente reconhecida e livre. É no meio deste universo de contradições que um secretário geral se move, sempre em sobressalto, sempre consciente que lhe podem retirar o tapete ao primeiro assomo de crítica ou de apelo que vá bulir com interesses constituídos. Muitos dos que se alegram com a sua presença não escondem o incómodo da mesma, porque sabem que a sua tarefa é provocar alarmes de consciência e apontar para quadros sociais que não agradáveis ao olhar, nem convidativos à instalação e ao descartar de responsabilidades. Homens sem tempo para si e para os seus, porque a qualquer momento surgem apelos que não permitem delongas na decisão, nem podem retardar palavras de apoio e gestos de ajuda e compreensão. Só nos Papas dos últimos tempos se pode ver idêntica atenção e imediata intervenção. São todos estes os sempre acordados e atentos, que mostram o rosto de uma Providência que não discrimina, a não ser a favor dos que mais sofrem com as calamidades e os infortúnios da natureza e as injustiças dos homens. Houve nos últimos dias o render da guarda de Kofi Annan. Um africano que, sem complexos, primou por uma disponibilidade sem limites, uma liberdade interior sem peias, uma serenidade lúcida no juízo das situações, uma capacidade de intervenção atempada, sempre frente aos inúmeros incêndios que a política dos interesses, nacionais e internacionais, foi ateando por esse mundo fora. Um homem livre que não dobrou a cerviz ante a força dos grandes, a quem pouco importavam elogios e simpatias. Mais ocupado e rendido aos problemas humanos e sociais, geradores de contínuo sofrimento. Cinco lições para os presumíveis donos do mundo, assim lhes chamou, foram o seu legado de fim de mandato. Nelas insiste na responsabilidade solidária de todos ante as grandes causas da humanidade, do bem-estar à segurança, do respeito pelos direitos humanos à abertura para serem avaliados e prestarem contas pelos actos realizados e deveres não satisfeitos. E não se cala, por fim, ante o escândalo de um Conselho de Segurança que, desde o princípio, quase só existe como garante dos interesses só de alguns, dos grandes como é evidente, mesmo que não dispense outros, ainda que pequenos, como mero ornamento de uma democracia vazia e falsa. Estes não passam de números de favor para se conseguir, com aparente legalidade, efeitos antes já acordados e garantidos. Por via de um testemunho esforçado e apreciável dos sucessivos secretários gerais da ONU, a que os mais honestos da sociedade, a todos os níveis, não podem ficar alheios, os adormecidos vão acordando, os injustiçados tendo voz, os prepotentes descobrindo que têm pés de barro, o mundo desencontrado a ganhar uma crescente consciência de que não é feudo de alguns, mas espaço e oportunidade de todos. O epílogo de um mundo novo em construção, por via dos que não desistem, pode ainda estar longe. Porém, já se vai notando que a esfera vai rodando sem parar e que o sol jamais apagará, enquanto não forem todos, sem privilégios nem discriminações, a beneficiar da mesma luz e calor.

NATAL - 16

BOM NATAL
EXCELENTE ANO NOVO


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Do PORTAL DO PORTO DE AVEIRO

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

AVEIRO ATENTA A QUEM SOFRE

CAMPEÕES
DA SOLIDARIEDADE
O Ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva, disse ontem, conforme refere o “PÚBLICO”, que Aveiro foi o distrito nacional que obteve o maior número de candidaturas aprovadas na primeira fase do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES). Sublinha o Ministério do Trabalho e da Segurança Social, afirma o mesmo diário, que os projectos do distrito representam um investimento em equipamentos sociais num total de 30 milhões de euros, proporcionando mais 1876 lugares para crianças, idosos e pessoas com deficiência. As candidaturas que recolheram aceitação estendem-se a 16 dos 19 concelhos do distrito, e irão merecer, em termos totais, uma comparticipação pública de 13,5 milhões. "Se houvesse um campeonato em termos de candidaturas aprovadas, Aveiro teria tido o primeiro lugar", realçou Vieira da Silva, como adianta o “PÚBLICO”. Quem conhece o dinamismo dos aveirenses não pode estranhar estas informações e até há-de concordar que as nossas gentes, ao nível da solidariedade social, não deixam os seus créditos por mãos alheias, multiplicando, sucessivamente, estruturas de apoio às famílias, com diversas valências. E de muitos dirigentes ouvi, vezes sem conta, que mais não fazem porque não têm encontrado, por parte de alguns responsáveis, a nível estatal e autárquico, o apoio indispensável. Conheço bastantes instituições do distrito de Aveiro onde tudo isso pode ser comprovado, com pessoas que se são aos outros sem desânimo e querendo, mais e mais, ampliar instalações e criar outras de raiz, tudo para que os mais feridos da vida possam ter vida digna. De facto, não tem conta o número de dirigentes que se preocupam com os que mais sofrem. E quanto a voluntários, o número é ainda maior. Por isso, o elogio do governante é justo e oportuno, devendo ser, nos dias de hoje, um incentivo para que outros lhes sigam as pisadas, no sentido de ajudar quem mais precisa.
Fernando Martins

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