sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

CRÓNICA DE VASCO PULIDO VALENTE, NO PÚBLICO

MILHÕES DE POLÍCIAS
Na Inglaterra e na América é politicamente incorrecto, e hoje quase criminoso, festejar o Natal. Porquê? Porque, celebrado com tanta exuberância, o Natal se arrisca a ofender (ou a convencer) os crentes de religiões minoritárias, sobretudo, claro está, os muçulmanos. Mas como não se pode proibir o Natal, coisa que decerto os puristas gostariam de fazer em nome dos direitos do homem, a ortodoxia política tem por enquanto de o camuflar. Isto obriga naturalmente a algumas contorções verbais, a muita hipocrisia e a uma boa dose de intimidação. A "árvore de Natal" passou a "árvore da amizade" e o "jantar de Natal" a "jantar do solstício de Inverno". Os "cartões de Natal" são agora também "cartões da estação" e o "Bom Natal", suponho, "Boa Estação".
Nos países católicos, como Portugal, esta espécie de purga ainda não começou. Mas cá chegará, com o atraso e o zelo do costume. Entretanto, mesmo aqui, o totalitarismo (e uso a palavra deliberadamente) alastra sem sombra de protesto. O comportamento "aceitável" do cidadão comum é regulado e é imposto ao pormenor: e ninguém percebe, ou nota, o que se passa.
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2 comentários:

  1. Meu caro Fernando,
    não resisto a contar uma história que ouvi a um Professor de Georgetown (Washington DC):

    Há uns anos o colégio CATÓLICO em que as filhas andavam resolveu não celebrar o NATAL.
    Ele foi tirar satisfações com a Directora, que lhe explicou que havia estudantes muçulmanos que se poderiam ofender com as celebrações.
    Aceitou relutantemente o argumento e, depois de encontrar a familia muçulmana em causa à saída do gabinete da Directora, acaboi por se conformar.
    Uns meses mais tarde ficou a saber que a família muçulmana em causa tinha ido falar com a Directora porque QUERIAM TIRAR DE LÁ AS FILHAS!!!
    Sabe o Fernando porquê?
    Porque, na falta de um colégio muçulmano, tinham escolhido aquele "para transmitir valores regiliosos". E se um colégio católico não celebrava o Natal, então não era católico, e por isso não lhes servia...

    Sem mais comentários!

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  2. Meu caro

    Obrigado pela oportunidade do seu comentário... Mas que havemos de fazer, neste mundo de tantas incongruências? Cá por mim, só há uma maneira positiva:lutar, com respeito pelas ideias dos outros, para que os valores culturais e religiosos sejam experimentados num mundo que todos desejamos livre e pluralista.

    Fernando

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