terça-feira, 3 de março de 2015

Reis fracos tornam fraca a forte gente

Parafraseando Camões, Viriato Soromenho Marques escreve hoje no DN que «reis fracos tornam fraca a forte gente», ajustando, naturalmente, a expressão do nosso poeta aos nossos dias, sem reis mas com governantes que tantas vezes nos decepcionam. Diz assim: 

«Escrever sobre política nos dias que correm é correr o risco permanente da náusea sucessiva. Numa altura em que Portugal vive a maior crise existencial desde as invasões francesas (é uma tese que mantenho desde 2011), os dirigentes que temos à nossa frente confirmam o lamento de Camões, em Os Lusíadas, acerca dos reis fracos que tornam fraca a forte gente.»

Ler mais aqui

segunda-feira, 2 de março de 2015

O que escrevi há 10 anos? — Voluntariado Hospitalar

Há jovens atentos aos que mais sofrem


Sorangel Capão foi entrevistada

Quem vai ao Hospital Infante D. Pedro de Aveiro não pode deixar de se cruzar com os voluntários, gente de bata amarela que se dispõe a dar-se aos que mais sofrem, oferecendo alegria, generosidade, carinho e a mão amiga, em horas de dor, a quem tanto precisa. São pessoas habitualmente não muito jovens, mas que mostram uma juventude a toda a prova. Serão as suficientes? Sei que não. São precisas muitas mais. 
Quando soube que algumas (é mesmo algumas) jovens se dispuseram a preparar-se para engrossar, ainda que ligeiramente, o corpo de voluntários hospitalares, não pude ficar indiferente a este gesto. Por isso, procurei uma delas para que me dissesse algo deste seu propósito. 
A Sorangel Capão, 21 anos, estudante da Universidade de Aveiro, mostrou-se optimista, quanto à experiência que espera iniciar em breve, ainda como estagiária. Quer ser voluntária, porque não admite estar no grupo daqueles que "andam por aí sem fazer nada". Daqueles que passam a vida a "desperdiçar horas e horas em coisas totalmente inúteis e fúteis", quando há tanta gente a necessitar da nossa ajuda.

Ler mais aqui

domingo, 1 de março de 2015

Museu de Aveiro com novo diretor

José António Rebocho Christo 
sucede a Zulmira Gonçalves 

(foto de Paulo Ramos no DA)
«José António Rebocho Christo, que desempenhava a função de conservador, é, a partir de hoje, o novo director do Museu de Aveiro, sucedendo a Zulmira Gonçalves, que passa também hoje a assumir o papel de directora do Serviço de Bens Culturais, englobando nas suas funções a área da salvaguarda, recursos humanos e finanças e os seis museus tutelados pela Direcção Regional de Cultura do Centro.
O anúncio oficial da mudança na direcção aconteceu ontem na apresentação do livro do Centenário do Museu de Aveiro, uma obra da responsabilidade da AMUSA (Associação dos Amigos do Museu de Aveiro) e da ADERAV (Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro).»

Li e transcrevi do DA

NOTA: Felicito o novo diretor do Museu de Aveiro desejando-lhe as maiores venturas no desempenho do cargo. Trata-se de uma casa  que ele conhece perfeitamente, sendo uma mais-valia para o próprio museu e para a cultura aveirense. 

Mudar radicalmente a religião (2)

Crónica de Frei Bento Domingues 



1. Ao fazer das periferias o centro da Igreja Católica, Bergoglio tenta mudar, a partir da diocese de Roma, os sinais de trânsito de todas as dioceses do mundo, das paróquias, dos movimentos, das Conferências episcopais e da vida consagrada. O centro das igrejas locais terá de se deslocar para as periferias geográficas, sociais e culturais.
O processo vai levar o seu tempo, pois não falta quem espere que o Papa acabe por se cansar, sobretudo se os padres, os bispos e os cardeais fizerem de conta que não estão para aí virados.
O antigo aforismo imperial - “todos os caminhos vão dar a Roma” – poderia ser substituído por outro: todos os caminhos das igrejas vão dar às periferias, aos “bairros problemáticos”, às cadeias, aos hospitais, às pessoas que vivem sós, ignoradas dos familiares e dos vizinhos. Seria apenas uma questão de tomar a sério um dos textos escolhidos para o começo desta Quaresma (Mt 25, 31-46).
No passado dia 15, no final da homilia da Missa com os “novos purpurados”, o bispo de Roma enunciou, de modo sintético e incisivo, essa reorientação pastoral:

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Fantoches, Robertos...

(Foto da exposição patente no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré)

Foi provavelmente em 1949 ou no ano seguinte do século passado que pela primeira vez assisti a um curto espetáculo de Fantoches ou Robertos. Já estudava em Aveiro. Aconteceu no Rossio, palco habitual à época da Feira de Março, mas o certame já teria terminado. Estava bom tempo e a malta andava por ali a usufruir uns "feriados". 
Aparece, entretanto, um homem com uma coisa esquisita às costas. Junto dele vinha um outro com uma máquina de filmar. Atrás deles seguiam uns miúdos da minha idade que davam a impressão de alguma familiaridade. Sabiam ao que iam, talvez por terem participado no espetáculo num outro recanto da cidade. 
O homem pousa a espécie de barraca sem teto, ficando dentro dela, e de repente surge no ar um fantoche a saudar-nos com um olá numa voz fina mas roufenha. E outro salta com um pau na mão desancando no primeiro. O homem da máquina de filmar começa a orientar o pessoal assistente, recomendando que não olhássemos para ele. Qual quê! Todos deitávamos uns olhares de esguelha para apreciar as filmagens... E ele insistia e nós lá fomos obedecendo. E o espetáculo continuou...

Alegria, Amor, Sofrimento


"Toda a alegria vem do amor, e todo o amor inclui o sofrimento"

Abílio de Guerra Junqueiro 
(1850-1923)

Escuta Jesus, o Filho de Deus

Reflexão de Georgino Rocha


Escutar Jesus, eis a ordem do Pai que tinha falado muitas vezes ao longo da história. Mc 9, 2-10. Agora é o seu Filho muito amado que tem a Palavra, ou melhor, é a Palavra de Deus num mundo cheio de vozes e mensagens. Segundo a Bíblia, escutar não é apenas prestar atenção ou exercer uma actividade auditiva que facilita a compreensão intelectual do que é dito. É mais, pois exige a aceitação da mensagem, a atitude de quem deseja ser coerente e viver em sintonia, a decisão de lhe ser fiel. Que bem nos faria saber ouvir. Não percamos a força do seu apelo.

Sobre sexo e género. 1

Crónica de Anselmo Borges 

Anselmo Borges


No contexto dos debates sobre a família no Sínodo e de alguns pronunciamentos oficiais de responsáveis da Igreja, pouco adequados, sobre o feminismo e teorias de género, deixo algumas reflexões sobre o tema, retomando ideias expandidas no prefácio que escrevi para Vagina, de Naomi Wolf, uma feminista considerada da terceira vaga

1. Os seres humanos são o que são enquanto produto inextirpável de uma herança genética e de uma cultura em história. Será muito difícil destrinçar exactamente o que pertence à natureza e o que pertence à cultura. A questão agrava-se no que se refere à tentativa de definir o masculino e o feminino.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

2.ª Mostra de Robertos e Marionetas



No Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, está patente, até 26 de abril, a 2.ª Mostra de Robertos e Marionetas. Durante a mostra houve oficina de construção de marionetas em esponja, palestra sobre a marioneta como terapia e espetáculos, de que destacamos "O Barbeiro e A Tourada", "Para que servem as mãos", "Dom Roberto e a Namorada", "O Burro Teimoso" e "Robertos e Outras Marionetas", como se lê no desdobrável promocional.
O piso 0 foi «dedicado às companhias de teatro de marionetas, com atividade regular, numa abordagem contemporânea», sendo que  os  conteúdos expostos «refletem a atualidade das Marionetas em Portugal, descendentes da sua primeira forma: o Teatro Dom Roberto».
No piso 1,  há Robertos em exposição (espólio de marionetas), com realce para o espólio das peças “O Barbeiro” e a “Tourada à Portuguesa” das Marionetas da Feira. 
É oportuno sublinhar que uma exposição deste género não se destina apenas a crianças, porque os adultos também saberão apreciá-la. Não é verdade que em cada adulto habita uma criança?


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

“O Lado de Dentro do Lado de Dentro”



“O Lado de Dentro do Lado de Dentro” é uma coletânea de poemas e outros textos editada pela Associação de Ideias para a Cultura e Cidadania e coordenada por Filipe Lopes, um voluntário junto dos reclusos, integrando o projeto “A Poesia não tem grades”, que existe desde 2003. O seu voluntariado apoia-se essencialmente em levar literatura aos reclusos, recolhendo deles, também, poesia e outros textos. 
A venda deste livro, que inclui colaborações de Afonso Cruz, Alice Vieira, Catarina Fonseca, Duarte Belo, Filipa Leal, Richard Zimler, Rowan Schelten e Nuno Garcia Lopes, entre outros, vai traduzir-se num precioso contributo para que o projeto “A Poesia não tem grades” continue em todos os Estabelecimentos Prisionais do nosso país. As fotografias do interior são de Duarte Belo e a foto da capa é de Rowan Schelten.


A tua alma começará
a sentir a sua profundidade 
quando deixares de fugir do silêncio.

Despe-te dos teus medos, lágrimas, sonhos,
desejos, esperanças, regras e ressentimentos;
Deus recebe-te nu.

Pensa melhor antes de pedir a Deus
que ele faça por ti 
o que tu próprio tens de fazer.

As mãos de que Deus precisa
Para alterar este mundo
Estão a segurar este livro!

Richard Zimler


Tradução de Ricardo Marques

Um poema de Miguel Torga



CORDIAL

Não pares, coração!
Temos ainda muito que lutar.
Que seria dos montes e dos rios
Da nossa infância
Sem o amor palpitante que lhes demos
A vida inteira?
Que seria dos homens desesperados,
Desamparados
Do conforto das tuas pulsações
E da cadência surda dos meus versos?
Não pares!
Continua a bater teimosamente,
Enquanto eu,
Também cansado
Mas inconformado,
Engano a morte a namorar os dias
Neste deslumbramento,
Confiado
Em não sei que poético advento
Dum futuro inspirado.

Coimbra, 30 de Janeiro de 1991

 In “Miguel Torga – Poesia Completa”

Palmeiras do Oudinot



As palmeiras sempre me atraíram desde pequeno, talvez por serem raras nos meus horizontes de miúdo gafanhão, que nunca chegaram longe. Quando muito, até Aveiro e Ílhavo, na companhia dos meus pais. Havia uma que até veio dar nome a um café, o Café Palmeira. Ficava junto ao estabelecimento comercial do senhor Zé da Branca, que, além de comerciante, foi industrial das pescas e proprietário de marinhas de sal, segundo creio.
À sombra dessa palmeira ou à volta dela se juntava a malta, em especial aos domingos, sobretudo quando ele resolveu montar uma aparelhagem sonora com um altifalante de corneta, para se ouvir à distância. O pessoal mais novo ou de espírito mais gaiteiro, como então se dizia, dançava que se fartava. E a palmeira ainda lá continua.
Hoje, porém, para satisfazer este meu gosto, aqui deixo aos meus leitores palmeiras do Oudinot, perfiladas, ao jeito de quem está a proteger alguém das investidas dos ventos.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Farol da Barra de Aveiro

Uma evocação para avivar memórias

Farol em construção
O Farol da Barra de Aveiro, situado em pleno concelho de Ílhavo, na Gafanha da Nazaré, é um ex-líbris da região aveirense. Imponente, não há por aí quem o não conheça como o mais alto de Portugal e um dos mais altos da Europa. Já centenário, faz parte do imaginário de quem visita a Praia da Barra.
Quem chega, não pode deixar de ficar extasiado e com desejos, legítimos, de subir ao varandim do topo, para daí poder desfrutar de paisagens únicas, com mar sem fim, laguna, povoações à volta e ao longe a dominar os horizontes, os contornos sombrios das serras de perto e mais distantes.
À noite, o seu foco luminoso, rodopiante e cadenciado, atrai todos os olhares, mesmo os mais distraídos, tal a sua força. Mas são os navegantes, os que podem correr perigos ou desejam chegar à Barra de Aveiro em segurança, os que mais o apreciam, sem dúvida.

Ler mais aqui

Padre João Gonçalves — O Padre das Prisões

Padre João Gonçalves 

Participei no sábado à tarde, no edifício da Assembleia Municipal de Aveiro e antiga Capitania, na apresentação do documentário “O Padre das Prisões”, que retrata o trabalho do Padre João Gonçalves, capelão do Estabelecimento Prisional de Aveiro e Coordenador Nacional da Pastoral das Prisões, junto dos reclusos. O documentário resulta de um desafio do Padre João lançado às irmãs Inês e Daniela Leitão, argumentista e realizadora, respetivamente, que há bons meses foram recebidas pelo Papa Francisco, a propósito de “O meu bairro”, documentário que mostra a ação pastoral de Missionários da Consolata.
O Padre João Gonçalves é um sacerdote de causas, que não se fica pelas meias tintas. Anda há 40 anos nesta missão de assistência espiritual e não só aos reclusos na Cadeia de Aveiro, sem descurar outros trabalhos eclesiais e sociais, bem conhecidos de todos os aveirenses, a par da coordenação nacional da pastoral direcionada para os que se encontram privados da liberdade, por crimes que a sociedade não perdoa. E nesses 40 anos, depois de tanto falar, de tanto procurar sensibilizar pessoas, paróquias, entidades particulares e oficiais, para além de empresas e serviços religiosos, sociais e culturais, sem nunca desanimar, sentiu que era preciso abanar a comunidade nacional, em geral, e a Igreja Católica, em particular, para a urgência do apoio incondicional aos presos e ex-presos e suas famílias. Fê-lo em boa altura, quando bateu à porta certa. As irmãs Inês e Daniela, com toda uma equipa agora alargada, puseram mãos à obra e o documentário foi divulgado pela comunicação social com grande profusão. Nestes últimos dias, “O padre das prisões” saltou as grades e anda na rua, recebendo aplausos e palavras amigas de toda a gente. Será preciso não se ficar por aí.
Os reclusos têm de ver reconhecida a sua dignidade de seres humanos; os ex-reclusos não podem mais carregar o ferrete do desprezo e da indiferença; os empresários devem acolhê-los com sinais de confiança; todos precisamos de levar à prática, junto deles, sentimentos de partilha e de esperança.

NOTA: Tenho acompanhado a ação do Padre João Gonçalves há décadas. Aprecio imenso a sua generosidade e disponibilidade ao serviço do Reino, com prioridade dada aos feridos da vida. Entrevistei-o diversas vezes e hoje até repesquei um texto que publiquei no jornal Solidariedade em 2004 e que pode ser lido  aqui.



domingo, 22 de fevereiro de 2015

Necessidades

«Quem não tem necessidades  próprias 
dificilmente se lembra das alheias»

Mateo Alemán (1547-1614), escritor espanhol


NOTA: Admiro muito os que, com meia dúzia de palavras, conseguem transmitir mensagens verdadeiramente intemporais.

Mudar radicalmente a religião (1)

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO



Os caminhos de Deus não se podem 
confundir com os de uma só religião



1. Não tive condições para seguir as cerimónias que envolveram a nomeação dos novos “príncipes da Igreja”. Um amigo, pouco dado a críticas à hierarquia eclesiástica, manifestou-me, no entanto, o seu desapontamento. Daquilo tudo, só as palavras do Papa estavam ajustadas a um programa de reforma da cúria e da Igreja.
Seria arcaico exigir dos novos cardeais vestes parecidas com as do carpinteiro de Nazaré. Mas aquele espectáculo era a reprodução de sempre do mau gosto purpurado. As delegações portuguesas, ao convidar o Papa para vir a Fátima, revelaram pouca imaginação e, até parece, uma oposição ao seu programa.
Seja como for, importa redescobrir o papel das religiões no mundo, na Europa e em Portugal. O que as terá anestesiado para que, durante estes anos todos de miserável humilhação dos povos do Sul da Europa e de transformação do Mediterrâneo num cemitério medonho, não tenham suscitado um imenso movimento de resistência não violenta?
Sobre o papel das religiões existem as posições mais desencontradas. Comecemos por uma das mais negativas:

sábado, 21 de fevereiro de 2015

“As sopas da Avó entr’outros sabores e saberes”

Mais um livro de Manuel Olívio da Rocha


“As sopas da Avó entr’outros sabores e saberes” é mais um livro de Manuel Olívio da Rocha em edição familiar, com capa de Domingas Vasconcelos. Trata-se de um brinde de Natal, o 26.º da coleção “Cadernos de Família”, extensivo apenas a alguns amigos, que não deixarão de saborear o trabalho decerto intenso do autor, durante todo o ano. Se Deus quiser, no próximo Natal há mais, talvez com tema que ninguém ousará adivinhar. 
Quando este brinde me chega, é certo e sabido que fica logo no sítio ideal para uma leitura serena, até porque o seu conteúdo não é nem tem sido para ser engolido sem mastigar, como quem bebe um batido de amoras silvestres.
Devo confessar que este livro  está profusamente recheada de informação consistente, de curiosidades inesperadas para muitos, de saberes acumulados ao longo de anos pelo Manuel Olívio, criteriosamente guardados na sua memória poderosa e nos seus arquivos certamente bem ordenados.

Não a ofertas à custa da injustiça

Não se podem fazer ofertas à Igreja 
às custas da injustiça com os trabalhadores, 
sublinha papa Francisco
Pedintes aquecendo-se (det.), Jose Gutierrez Solana,
1933 Galeria Leandro Navarro, Madrid, Espanha, D.R.

«O papa sublinhou hoje , no Vaticano, a importância da coerência entre a espiritualidade da Quaresma, que acentua a esmola, o jejum e a oração, e os comportamentos sociais dos cristãos, designadamente com as pessoas mais pobres.
«O amor a Deus e o amor ao próximo são uma unidade, e se tu queres fazer penitência, real, não formal, deves fazê-la diante de Deus e também com o teu irmão, com o próximo», afirmou Francisco na homilia da missa a que presidiu, refere a Rádio Vaticano.»

Li aqui

- Posted using BlogPress from my iPad

Solidão e ética do cuidado

Crónica de Anselmo Borges 
no DN

Anselmo Borges


Italo Calvino escreveu, em As Cidades Invisíveis: "A cidade de Leónia refaz-se a si própria cada dia que passa: todas as manhãs a população acorda no meio de lençóis frescos, lava-se com sabonetes acabados de tirar da embalagem, veste roupas novinhas em folha, extrai do mais aperfeiçoado frigorífico frascos e latas ainda intactos, ouvindo as últimas canções no último modelo do aparelho de rádio. Nos passeios, embrulhados em rígidos sacos de plástico, os restos da Leónia de ontem esperam o carro do lixo. Não só tubos de pasta dentífrica bem apertados, lâmpadas fundidas, jornais, contentores, restos de embalagens, mas também esquentadores, enciclopédias, pianos, serviços de porcelana: mais do que pelas coisas que dia-a-dia são fabricadas, vendidas, compradas, a opulência de Leónia mede-se pelas coisas que dia-a-dia se deitam fora para dar lugar às novas. De tal modo que há quem se interrogue se a verdadeira paixão de Leónia é realmente como dizem o gozar as coisas novas e diferentes, ou antes o rejeitar, o afastar de si, o limpar-se de uma constante impureza. A verdade é que os varredores são recebidos como anjos, e a sua tarefa de remover os restos da existência de ontem está rodeada de um respeito silencioso, como um ritual que inspira devoção, ou talvez porque uma vez deitadas fora já ninguém quer tornar a pensar nessas coisas."

Aprender a viver; aprender a morrer

"Quando eu pensar que aprendi a viver, terei aprendido a morrer."

Leonardo da Vinci 
(1452-1519)


- Posted using BlogPress from my iPad

Mensagem quaresmal do Bispo de Aveiro

Jesus é o Filho de Deus: escuta-O!



«A decadência do catecumenado trouxe alguns elementos positivos que importa realçar: estruturou-se a Quaresma como um período intenso de formação dos futuros batizados, e a Igreja, como boa mãe, alimenta, com o seu ensino e os ritos litúrgicos aqueles que já renasceram na fonte das águas batismais, mas ainda necessitam continuar a crescer na fé.»



Ler a Mensagem aqui

Vencer a tentação da indiferença

Reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha


Após o baptismo, Jesus dirige-se imediatamente ao deserto. Mc 1, 12-15. Os Evangelhos mostram-nos o contraste aqui ocorrido: Ele, que havia sido proclamado Filho de Deus é tentado na sua condição divina para que mostre “o que vale e o que pode”. As obras seriam as suas credenciais por excelência. O prestígio do poder, a ganância fácil da economia, o pronto socorro da religião são-lhe propostos como caminhos de realização da sua missão. A tentação sedutora tem como fundamento as apetências humanas e como motivação próxima a prova de Jesus ser o Filho de Deus. Por isso continua tão actual e a dominar muitos corações.

Foto do Dia — Barcos em descanso

barcos na Ria

Os nossos olhos não se cansam de contemplar a laguna
que serenamente nos aconchega e atrai. A magia dos largos horizontes
 são desafios permanentes aos nossos sentidos.




sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Foi há 40 anos que faleceu o meu pai

O meu pai
Foi há 40 anos que faleceu o meu pai, Armando Lourenço Martins, mais conhecido por Armando Grilo. Parece que foi há dias, tão presente tenho esse momento doloroso na minha memória. A partir do dia 20 de fevereiro de 1975, a sua recordação faz parte da minha existência. Não há dia sem o seu sorriso, a sua voz forte e doce, as suas mãos calosas de tantas lutas na vida, de trabalho sem férias. Desde os 14 anos na pesca do bacalhau e depois nas instalações em terra da EPA (Empresa de Pesca de Aveiro), nunca gozou férias na verdadeira aceção da palavra. 
Quando as teve, ficava envolvido em tarefas caseiras e no quintal da nossa casa. Ria-se quando eu lhe sugeria que fosse passear com a minha mãe, embora algumas vezes desse uma volta comigo e com o meu irmão. Mais nada. Morando perto de mim, todos os dias nos visitava para brincar com os netos, com os quais tanto se ria e gargalhava. 
Morreu com enfarte no miocárdio. Às três horas da manhã, um médico diagnosticou-lhe dores no estômago e só mais tarde, ao fim do dia, nos foi dito que a doença seria fatal. Homem sem doenças, resistiu cerca de um mês na casa de saúde da Vera Cruz. Tinha 61 anos.
O meu pai era um homem bom. Não me recordo de qualquer ralhete, de qualquer zanga, de qualquer azedume em relação fosse a quem fosse. E quando ajudava alguém, não escondia a alegria de ter cumprido um dever para com seu semelhante. Como crente que sou, tenho a convicção de que o meu pai foi acolhido pela ternura materna de Deus.

Evoquei o meu Pai também aqui

Fernando Martins

Mensagem do Papa para a Quaresma


Fortalecei os vossos corações (Tg 5, 8)

«Quando estamos bem e comodamente instalados, esquecemo-nos certamente dos outros (isto, Deus Pai nunca o faz!), não nos interessam os seus problemas, nem as tribulações e injustiças que sofrem; e, assim, o nosso coração cai na indiferença: encontrando-me relativamente bem e confortável, esqueço-me dos que não estão bem! Hoje, esta atitude egoísta de indiferença atingiu uma dimensão mundial tal que podemos falar de uma globalização da indiferença. Trata-se de um mal-estar que temos obrigação, como cristãos, de enfrentar.»

Ler toda a Mensagem aqui

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue