Mais um livro de Manuel Olívio da Rocha
“As sopas da Avó entr’outros sabores e saberes” é mais um livro de Manuel Olívio da Rocha em edição familiar, com capa de Domingas Vasconcelos. Trata-se de um brinde de Natal, o 26.º da coleção “Cadernos de Família”, extensivo apenas a alguns amigos, que não deixarão de saborear o trabalho decerto intenso do autor, durante todo o ano. Se Deus quiser, no próximo Natal há mais, talvez com tema que ninguém ousará adivinhar.
Quando este brinde me chega, é certo e sabido que fica logo no sítio ideal para uma leitura serena, até porque o seu conteúdo não é nem tem sido para ser engolido sem mastigar, como quem bebe um batido de amoras silvestres.
Devo confessar que este livro está profusamente recheada de informação consistente, de curiosidades inesperadas para muitos, de saberes acumulados ao longo de anos pelo Manuel Olívio, criteriosamente guardados na sua memória poderosa e nos seus arquivos certamente bem ordenados.
Não se julgue, contudo, que o livro se fica pelas sopas da Avó Virgínia, porque vai muito para além disso, o que se deduz de «outros sabores», em que ela também é perita. E depois vêm os saberes que enriquecem a obra, sendo mesmo uma mais-valia para quem tiver a dita de ler “As sopas da Avó entr’outros sabores e saberes”.
O trabalho, que se estende por 236 páginas, é valorizado por ilustrações a condizer, antigas e mais recentes, a preto e branco, naturalmente. De gente da família, utensílios culinários, móveis, comidas de peixe e carne, marisco e doces, frutas e hortaliças, vinhos e azeites, com histórias de tantos outros produtos gastronómicos. E novidades, e jogos para passar o tempo enquanto a sopa não chega à mesa, que apetite não falta. Que o diga eu, que só de olhar para os petiscos fico com água na boca.
E vamos a algumas receitas, só pelo nome, como é evidente: os bilharacos à moda da Gafanha (pág 103), o cozido à portuguesa mais enchidos (131), farturas da feira (154) e francesinha à moda do Porto (171). Mais as bebidas não alcoólicas (47) e alcoólicas (53), as tripas à moda do Porto (141) e doces para todos os gostos.
Tendo por enquadramento os meses do ano, ao jeito de almanaque, começando em julho e terminando em junho do ano seguinte, este trabalho merece estar nas nossas cozinhas, à mão de semear, caso andemos atrapalhados sem saber o que fazer para o almoço ou jantar. Propostas não faltam e apetite também não. Só é pena que não tenha sido editado para o mercado livreiro, onde tanta comida azeda nos é servida a preços exorbitantes.
No início de cada mês, são evocadas pessoas das famílias que têm por base a Virgínia e o Manuel, antepassados e descendentes.
Fernando Martins