sábado, 31 de janeiro de 2015

O riso e a transcendência

Crónica de Anselmo Borges 
no DN


Anselmo Borges

1. Uma vez, uma jovem estudante pediu-me para fazer um trabalho sobre o riso. Porquê? Queria entender porque é que a mãe, entrando na igreja para a celebração da missa de corpo presente da avó, ao deparar-se com o cadáver, começou a rir.
Diferença essencial entre o ser humano e os outros animais é o riso e o sorriso. Eles são manifestação da inteligência superior e de transcendência.
Perante o cadáver, seja ele de quem for, mas sobretudo de um ente próximo e querido, íntimo, há um choque de emoção e razão, sobrepondo-se a razão. De um modo ou outro, acabamos por nos rever no cadáver, a nossa posição futura está ali, desabando então, frente àquela figura coisificada, toda a vaidade e todo o ridículo da soberba e grandeza imaginada, que vão ser pó ou cinza. E aí está a tensão que obriga a transcender. Por outro lado, antes ainda, depois ou em concomitância, está aí a revolta: a minha mãe não foi nem é esta coisa cadavérica aí em frente. No limite do trágico, sobrevém o riso, clamando transcendência. É a explosão do conflito entre o intolerável do que se mostra e uma transcendência para que se aponta.

Jesus ensina com autoridade

Reflexão de Georgino Rocha


Cafarnaum (ruínas)

«E hoje, que forças ocultas ou evidentes mantém as pessoas manietadas e oprimidas, as sociedades fragilizadas, os estados impotentes, as confissões religiosas ensonadas e a(s) Igreja(s) incomodada(s)?»

Chegado a Cafarnaum, Jesus vai à sinagoga, como bom judeu, e, convidado a comentar as leituras, adopta um estilo próprio, distanciando-se do método tradicional. Mc 1, 21-28. Não cita nenhum dos famosos rabis, como era de “bom-tom” para credenciar a sua homilia. O que disse, Marcos não o regista, mas não andará longe, como noutras passagens se afirma, de algo parecido com o que Mateus conserva na sequência do sermão da montanha (5, 21-48). Jesus reinterpreta, com autoridade pessoal — e que autoridade! — , o sentido das escrituras e manifesta o seu conteúdo oculto e inédito. Autoridade que é liberdade de ensino e relação, poder de comunicação, legitimidade de acção. Autoridade que lhe vem não do apoio popular nem da força das armas ou do prestígio social ou do voto democrático, tantas vezes manipulado. A fonte é outra como se verá a seguir.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Faleceu o professor Adérito Tomé

Adérito Tomé

Faleceu ontem, no Hospital de Aveiro, um conhecido de longa data, Adérito Francisco Tomé, de 76 anos, natural da Gafanha da Boa Hora, Vagos, e residente na Gafanha da Nazaré. Acamado há quatro anos, por força de um AVC, não resistiu a uma pneumonia que sofreu há cerca de um mês. Casado com Maria Fernanda Martins da Silva Tomé, pai de Fernanda Manuela de Silva Tomé e avô de Mafalda e Rita, o professor Tomé, como era mais conhecido, foi um amigo que apreciei pela simplicidade do seu coração e modo de ser e estar na vida, sempre aberto e cordial com toda a gente.
Licenciado em Física e Química pela Universidade de Coimbra, foi professor daquelas áreas e ainda de matemática, durante 40 anos, na Escola Secundária de Amadora, Colégio de Albergaria e Liceu José Estêvão, pautando o seu relacionamento com os alunos por uma proximidade muito grande e por uma dedicação própria de quem gosta de ensinar e encaminhar na vida quantos o conheceram e procuraram.
Filho de lavradores abastados, o professor Tomé jamais perdeu o amor à agricultura, pautando as suas atitudes pela educação e ambientes que recebeu dos seus progenitores e demais antepassados. Gostava dos trabalhos agrícolas, cujas tarefas sabia executar, chegando inclusive a cultivar produtos diversos, embora sabendo que pouco ou nada lucraria. Como é costume dizer-se, amava as suas raízes com bonomia, simplicidade e paixão.
Como orientador, o professor Tomé suscitou nos alunos o gosto pelo estudo, levando-os à descoberta de que as disciplinas de Física, Química e Matemática não eram, como não são, tão difíceis como tantos as viam, mas fáceis. Bastava para isso terem a sorte de se cruzar com docentes que suscitassem vocações e indicassem caminhos de compreensão e interesse.
Daí os testemunhos de alguns, que afirmaram ter sido graças ao professor Tomé que criaram o gosto pelo ensino e por outras profissões, que tiveram por matriz aquelas áreas do saber.
O funeral do professor Tomé terá lugar amanhã, sábado, pelas 15.30 horas, com cerimónia na capela mortuária da Gafanha da Nazaré, seguindo depois para o cemitério da cidade.

Fernando Martins

A viagem da vida

Crónica de Maria Donzília Almeida


"No entardecer da vida, 
só o amor permanece"

São João da Cruz

A vida é uma grande viagem que empreendemos desde a nossa chegada a este mundo cruel. Mais ou menos atribulada, consoante os acidentes de percurso que nos vão surgindo pelo trilho, lá vamos caminhando, vencendo obstáculos, tropeçando em pedras... com elas se erguerá um castelo, na premonição de Fernando Pessoa!
À medida que vamos calcorreando a estrada, as nossas forças vão ficando depauperadas e cada vez é necessário mais dispêndio de energias para prosseguir o caminho.
Com os avanços da medicina, cada vez se atingem idades mais avançadas tornando-se a viagem mais longa, mas também mais penosa. E, quando as condições de saúde se tornam precárias, mais necessidade de apoio precisamos nesse patamar da vida.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

As flores e a primavera

«Podes cortar todas as flores mas não podes 
impedir a Primavera de aparecer.»

Pablo Neruda

Os crónicos comentadores


Já não suporto com facilidade os comentadores de alguma da nossa comunicação social. Fazem-me nervos pela forma como pretendem mostrar que sabem tudo e mais alguma coisa. Falam de política, de partidos políticos, de programas de governo de Portugal, da Grécia e do mundo conhecido e desconhecido, de temas importantes e de banalidades, opinando com ares de sabedoria. E se têm opções políticas, desancam sem dó nem piedade nos adversários como se de inimigos a abater se tratasse. E até de futebol, claro. Nesta área, ainda nos fazem rir porque, normalmente, só veem numa direção. Um dia ouvi um fanático nestas coisas, que até é moderado na política, que nunca viu razão em qualquer grande penalidade contra o seu Benfica.
Cortei com os comentadores profissionais quando comecei a perceber que a maioria não era independente. Tudo quanto lhes dizia respeito, por interesses pessoais, partidários e familiares, não merecia qualquer comentário, fugindo deliberadamente à questão. E o mais curiosos é que se desdizem com frequência, arranjando sempre  maneira de se justificarem.
Eu não sei se ganham muito ou pouco, mas acho que a comunicação social devia convidar técnicos que soubessem dos temas em notícia, procurando evitar os crónicos, cujas opiniões já são conhecidas mesmo antes de se pronunciarem.
Estarei a exagerar? Penso que não.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

«O padre das prisões» reflete sobre Deus, excluídos e reclusão

Irmãs Inês e Daniela Leitão apresentam documentário 
sobre o trabalho do coordenador nacional 
da Pastoral Penitenciária, Padre João Gonçalves


Padre João Gonçalves (Foto do meu arquivo)

«As irmãs Inês e Daniela Leitão, respetivamente argumentista e realizadora, vão apresentar o seu novo documentário, "O padre das prisões", a 20 de fevereiro, Dia Internacional da Justiça Social.
O trabalho, com imagem de Ricardo Vieira, parte do trabalho do padre João Gonçalves, da Diocese de Aveiro, coordenador nacional da Pastoral Penitenciária da Igreja católica.
A argumentista Inês Leitão revelou o interesse no tema da pastoral das prisões onde mostra o trabalho de um “sacerdote visitador” há mais de 40 anos e alerta para a realidade prisional portuguesa e a falta de condições.
“O que não vês não está presente na tua vida, então mostro pessoas que vivem nas prisões. É preciso ver como vivem, ter atenção porque estamos a fazer um trabalho sobre pessoas e às vezes esquecemos isso”, explicou hoje à Agência ECCLESIA.»

Fonte: Ecclesia

Feira de Março — Um evento de referência na região

Feira de Março com farturas

A Câmara de Aveiro garante que a próxima Feira de Março vai ser um evento de referência da cidade e região. Artistas de renome (José Cid, DAMA, Irmãos Verdade, Berg, Mikael Carreira, Agir, UHF, Carminho, D8, Dengaz e Emanuel) prometem 11 grandes concertos da edição deste ano, que vai realizar-se de 25 de março a 26 de abril, no Parque de Feiras e Exposições de Aveiro.
Para além dos concertos à sexta-feira à noite, outra das novidades da edição de 2015 é a não cobrança de bilhetes aos domingos, um dia em que se pretende promover o encontro de famílias e amigos na Feira de Março.

3.º Concurso Modelismo Náutico Museu Marítimo de Ílhavo




Tema: Arrastões de Pesca do Bacalhau
Candidaturas de 17 de janeiro a 28 de fevereiro de 2015
Entrega de prémios a 14 de novembro de 2015

De periodicidade bienal, o Concurso de Modelismo Náutico MMI tem como objetivo promover a cultura náutica como forma de expansão da Cultura Marítima, em geral, e a consolidação do projeto sociocultural do Museu Marítimo, em especial. 
A Câmara Municipal de Ílhavo atribuirá, através da decisão do júri constituído para o efeito, o Prémio de Modelismo MMI no valor de 3500 euros, ficando a obra premiada a constituir propriedade da Câmara Municipal de Ílhavo e integrada no espólio do Museu Marítimo.


Fonte: MMI

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Leitura tradicional

«A leitura é uma necessidade biológica da espécie. Nenhum ecrã e nenhuma tecnologia conseguirão suprimir a necessidade de leitura tradicional.»

Umberto Eco


Grécia... e agora?

O novo primeiro-ministro Alexis Tsipras 
«A questão seguinte é como vai responder a Europa. E aí todos os cenários são ainda possíveis, incluindo aquele em que nem os gregos nem a maioria dos governos europeus querem pensar em voz alta: um default que implicaria uma saída do euro (o que os Tratados não permitem, mesmo que permitam a saída da União Europeia). A questão pode colocar-se de outra maneira: que conclusões vão tirar os líderes europeus sobre as consequências políticas da austeridade que não quiseram prever? Que abertura pode haver para uma negociação mais flexível com Atenas e, sobretudo, sobre a reestruturação da sua dívida?»

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NOTA: Tenho para mim que esta vitória da esquerda mais dura na Grécia será um bem para toda a Europa, pela simples razão de que tudo foi posto em questão. Os vencedores, que garantiam um corte radical com a Tróika, já admitem negociar  e a UE até já tem dinheiro para dinamizar a economia da zona euro. Às vezes, abanões como este dão jeito. E como será em Portugal nas próximas eleições?

Foto do Dia: Ponte da Barra

Ponte da Barra

Um dia destes dei-me ao cuidado de ir ver a Ponte da Barra que nos liga às nossas praias. Não ao longe nem por cima, que por ela passam centenas de veículos e pessoas, de noite e de dia. Preferi observá-la da parte inferior para sentir toda a sua capacidade de resistência,
A entrada faz-se pelo Porto de Pesca Costeira, pelo que temos a vida facilitada. Já a tinha visto desse ângulo, mas é sempre agradável recordar paisagens difetrentes.

«Ecumenismo de sangue» une Igrejas perseguidas

Francisco encerra Semana de Oração 
pela Unidade dos Cristãos



“Neste momento de oração pela unidade, gostaria de recordar os nossos mártires hoje. Eles dão testemunho de Jesus Cristo e são perseguidos e mortos, porque são cristãos, sem fazer distinção, por parte dos perseguidores, da confissão à que pertencem: são cristãos e por isso são perseguidos. Este é, irmãos e irmãs, o ecumenismo do sangue”, declarou, na homilia que proferiu na Basílica de São Paulo fora de muros.

Ler mais em Ecclesia

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O Catitinha mais uma vez


Já me referi ao Catitinha nos meus blogues, por se tratar de uma figura com o seu quê de original e mesmo mítico durante a minha meninice. Direi até que se fixou no meu imaginário como personagem misteriosa ou lendária. Depois, fui colhendo informações até me encontrar com a pessoa real. E disso dei conta no ciberespaço. Recebi, por isso, diversas achegas  com palavras de simpatia. Faltava-me, porém, visitar a sua campa em Avanca, o que fiz no passado sábado. E fiquei a saber que, afinal, foi seu desejo ficar sepultado naquela vila, bem perto do seu amigo Egas Moniz.




Podem ler mais aqui

domingo, 25 de janeiro de 2015

Egas Moniz em Avanca

Quando passo por Avanca, vem-me sempre à memória o sábio Egas Moniz, o nosso primeiro Prémio Nobel, prémio partilhado com outro cientista. A história do eminente sábio português está bem documentada  na Internet e noutras fontes, a última da quais, ao que suponho,  do neurocirurgião João Lobo Antunes. Não sou capaz de passar sem olhar, com  atenção, o monumento, e de vez em quando também visito a Casa do Marinheiro, transformada em casa-museu do seu espólio científico, literário e de variadíssimas peças que ao longo da vida recolheu e selecionou com esmero.
Ontem fiquei-me pelo  monumento, perto da igreja matriz de Avanca, e pelo cemitério, onde repousam os seus restos mortais bem como de sua esposa. 

Monumento junto à igreja matriz
Legenda extraordinariamente feliz
Homenagem do povo de Avanca
Legenda Lateral
Lápide tumular


Nota: Clicar nas imagens para ampliar

Perguntas com respostas



O dia mais belo? Hoje. 
O maior obstáculo? O medo. 
A coisa mais difícil? Equivocar-se. 
A raiz de todos os males? O egoísmo. 
A pior derrota? O desalento. 
O maior mistério? A morte.
O pior defeito? O mau humor. 
A pessoa mais perigosa? A mentirosa. 
O pior sentimento? O rancor. 
O presente mais belo? O perdão. 
A força mais poderosa do mundo? A fé. 
A coisa mais bela do mundo? O AMOR. 

(Revista Síntese, 2004)

Acredite no que quiser, mas não seja idiota

Crónica de Frei Bento Domingues 

Bento Domingues



Deveremos considerar como falsa
toda a afirmação acerca de Deus
que despreze a liberdade humana,
a sua responsabilidade e a sua alegria.







1. Deparei com este título num artigo de R. F. Machado, O desencantamento da experiência de Deus em House, dedicado a estudar as relações entre fé e ciência, a partir de uma conhecida série norte-americana. O autor já tinha consagrado uma tese de doutoramento ao mesmo tema[1]. Numa das conversas entre House e uma freira doente – que disfarçava uma complicada história pessoal com a vontade de Deus –, o médico acabou por explodir: acredite no que quiser, mas não seja idiota. Mesmo sob a protecção divina, ao atravessar a rua, se não quiser ser atropelada, olhe bem para os dois lados.

Clube dos Galitos desde 1904

Efeméride — 25 de janeiro



1904 — Aos 25 dias deste mês de Janeiro, achando-se reunidos, no andar superior ao ocupado pelo Clube Mário Duarte, no edifício situado na Praça Luís Cipriano, para cima de setenta indivíduos sem distinção de classe, foi constituída a comissão instaladora do Clube dos Galitos, formada por Manuel Gonçalves Moreira (Presidente da Assembleia Geral), António Maria Ferreira (Vice-Presidente da Assembleia Geral), Francisco Ferreira da Encarnação (Primeiro Secretário), António Augusto de Sousa (Segundo Secretário), Manuel Lopes da Silva Guimarães (Presidente da Direcção), Eugénio Ferreira da Costa (Vice-Presidente da Direcção), Augusto Carvalho dos Reis (Tesoureiro), Paulo Gonçalves Moreira (Primeiro Secretário), Alfredo Gaspar d’Oliveira (Segundo Secretário), José de Pinho (Vogal), Francisco Maria dos Santos Freire (Vogal), Manuel Fernandes Lopes (Vogal), Pompeu da Costa Pereira (Vogal), estando na Comissão Fiscal – João da Cruz Bento, João Maria da Naia Graça, e Domingos Martins Villaça, conforme consta da acta da respectiva reunião. – AMCSG

Calendário Histórico de Aveiro, 
de António Christo e João Gonçalves Gaspar

sábado, 24 de janeiro de 2015

Egas Moniz, o colecionador



Ontem, quando disse à minha Aidinha que tinha de ir a Avanca, lembrei-me duma história do Egas Moniz, o nosso Prémio Nobel da Medicina e experiente colecionador. A história, contada pelo sábio, fala do poeta Guerra Junqueiro, também colecionador. Admiravam-se mutuamente e a disputa pela posse de um serviço de chá é contada pelo nosso primeiro Nobel.  


Foto do dia: Peixes no Furadouro

Praia do Furadouro

Hoje passámos pelo Furadouro, praia famosa do concelho de Ovar. Não íamos lá há muito tempo, pelo que estávamos curiosos de apreciar uma praia que nos era familiar em tempos de férias em Pardilhó. Antes de partir, falei a alguém do meu propósito de querer ver o mar do Furadouro e logo ouvi a recomendação de que tivesse cuidado, porque as ondas poderiam galgar a proteção da esplanada e fazer estragos. Nada de mal aconteceu, apenas o frio agreste, cortante e ameaçador nos obrigou a procurar abrigo. Na esplanada fronteira à praia vimos, de facto, uns peixes, que se deixam comer apenas com os olhos, sem perderem o sonho de voltar ao oceano. 

RESPOSTA IMEDIATA AO CONVITE FEITO

Reflexão de Georgino Rocha



Jesus vive uma “hora” complexa. A prisão de João Baptista não augura nada de bom. Risco semelhante pode correr em qualquer momento. Mc 1, 14-20. É tempo de pensar no futuro e começar a preparar as suas bases. Caminha à beira-mar e vai sonhando. Vê uns homens na faina da pesca que, diligentemente, lançam as redes. Parece-lhe ter encontrado a possível solução e a desejada oportunidade: Iniciar “a pesca de homens” a quem, mais tarde, entregaria a sua missão. Entretanto, andariam consigo, veriam o que fazia, estabeleceriam laços de comunhão fraterna, tentariam compreender os ensinamentos e, sobretudo, beneficiariam do seu estilo de vida itinerante, sóbrio e confiante em Deus-Pai. “Habilitavam-se”, tanto quanto pudessem, para o serviço a realizar.

Reproduzir-se como coelhos?

Crónica de Anselmo Borges 
no DN

Anselmo Borges
Regressava Francisco de uma viagem à Ásia, onde visitou o Sri Lanka e as Filipinas - aqui, teve, na última missa, mais de seis milhões de participantes, um aglomerado de gente nunca visto numa celebração religiosa -, e deu, como é hábito, uma conferência de imprensa no avião. A afirmação que chamou mais a atenção tem que ver com o título em epígrafe, sendo sobre ela que ficam aí algumas reflexões.

1. "Perdoem a expressão, mas há quem pense que, para sermos bons católicos, devemos ser como coelhos. É evidente que não." Esta foi a declaração de Francisco, no contexto da família e da procriação, fazendo apelo à "paternidade responsável": "Eu penso que o número de três filhos por família, segundo o que dizem os técnicos, é o número importante para manter a população. A palavra-chave para responder é a paternidade responsável, e cada pessoa, no diálogo com o seu pastor, busca como levar a cabo essa paternidade." E, naquele seu jeito pastoral, atirou: "Repreendi uma mulher que se encontrava na sua oitava gravidez e tinha feito sete cesarianas: "Quer deixar órfãos os seus filhos? Não se deve tentar a Deus"."

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Foto do dia: Fios e cabos



Hoje, passaram pela minha rua para montar mais um poste. Não de madeira, como antigamente, mas de cimento armado, para substituir um mais idoso. Na era das altas tecnologias, os cabos elétricos, telefónicos e de parabólicas constituem uma rede que desfeia o ambiente. Se quisermos registar imagens de qualquer edifício, temos de fazer uma ginástica enorme para evitarmos os fios que se cruzam de todos os lados. Há, decerto, artistas que tiram partido dessa realidade, mas cá para mim não há nada como um céu livre de fios e cabos que baloiçam ao sabor das ventanias. Um dia, alguém há de descobrir um processo para os substituir de vez.

Vontade de servir

"O Mundo pode ser muito melhor se olharmos para ele com o olhar da fraternidade, onde todos tenham pão, todos tenham esperança e todos tenham dentro do coração a vontade de servir."

Zilda Arns Neumann 
(1934-2010)

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Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos


D.Manuel Linda


Unidade não se faz por decreto


O presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização encara a semana de oração pela unidade dos cristãos, que começa este domingo [começou no passado domingo] como uma oportunidade de fortalecer o percurso ecuménico em Portugal.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, D. Manuel Linda sublinha o sentido da frase bíblica que vai “dar o tom” a estes oito dias, “Dá-me de beber”, retirada do diálogo entre Jesus e a samaritana.
Para o prelado católico, num tempo em que judeus e samaritanos não se davam, o gesto de aproximação de Cristo àquela mulher continua hoje a ser um “símbolo de abertura” e um convite a que todas as pessoas tenham a “capacidade” de não se fecharem aos outros, “mesmo nos momentos difíceis”.
No caso das Igrejas cristãs, esta passagem do Evangelho apela a que elas continuem a estreitar laços, ainda que “a cultura, as tradições, os hábitos digam que não é possível”, salienta aquele responsável.
Num olhar para a caminhada ecuménica em Portugal, D. Manuel Linda diz que “oficialmente, formalmente”, têm sido dados no país “passos significativos na ordem da unidade”.
Isto depois de “um tempo em que a Igreja Católica era praticamente a única existente na sociedade” e os “grupos minoritários”, as outras confissões religiosas “porventura não eram tão respeitados como deveriam ser”.

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