sábado, 24 de janeiro de 2015

RESPOSTA IMEDIATA AO CONVITE FEITO

Reflexão de Georgino Rocha



Jesus vive uma “hora” complexa. A prisão de João Baptista não augura nada de bom. Risco semelhante pode correr em qualquer momento. Mc 1, 14-20. É tempo de pensar no futuro e começar a preparar as suas bases. Caminha à beira-mar e vai sonhando. Vê uns homens na faina da pesca que, diligentemente, lançam as redes. Parece-lhe ter encontrado a possível solução e a desejada oportunidade: Iniciar “a pesca de homens” a quem, mais tarde, entregaria a sua missão. Entretanto, andariam consigo, veriam o que fazia, estabeleceriam laços de comunhão fraterna, tentariam compreender os ensinamentos e, sobretudo, beneficiariam do seu estilo de vida itinerante, sóbrio e confiante em Deus-Pai. “Habilitavam-se”, tanto quanto pudessem, para o serviço a realizar.

“Pensai, irmãos no que era pedido a estes homens – exorta Santo Agostinho num dos seus sermões -: ir por todo o mundo pregar que um morto tinha ressuscitado e subido ao céu; e sofrer, devido à pregação dessa verdade, tudo o que aprouvesse a um mundo insensato: privações, exílio, cadeias, tormentos, carrascos, feras ferozes, a cruz e morte”. Os convidados vão lentamente descobrindo este horizonte de missão que, por amor, corre todos os riscos e aceita todas as provações.
A insensatez tem manifestações novas. Basta lembrar alguns exemplos: a pobreza de milhões de pessoas que não conhecem outra realidade a não ser o sofrimento e a exploração; as guerras, as injustiças e as “estruturas de pecado” que podem parecer inevitáveis e impossíveis de erradicar do mundo complexo em que vivemos; a enorme pobreza de não conhecer Cristo, um facto que, segundo Madre Teresa de Calcutá, é "a primeira pobreza dos povos", e da qual não se livra nenhum canto da terra; o relativismo cultural e moral que faz perder o sentido da busca e da existência da verdade; a desequilibrada e míope relação com a natureza, às vezes explorada de forma selvagem, às vezes "idolatrada" e paradoxalmente objeto de uma atenção maior do que a reservada ao ser humano. (Zenit, 23Jan2015).
Jesus lança também a “rede”. E o resultado é imediato. Surge o primeiro núcleo apostólico que se alargaria progressivamente. Depois virão outros. Iniciam a convivência com ele. Apreendem em que consiste viver e transmitir a sua mensagem, celebrar as suas maravilhas e anunciar o seu crescimento progressivo até à plenitude no futuro em que Deus e o homem selam a comunhão definitiva.
O reino a anunciar encontra-se já nas acções de Jesus, no perdão que oferece aos publicanos e prostitutas, na expulsão dos demónios e na cura dos enfermos, na libertação dos oprimidos e excluídos, na advertência aos ricos e poderosos, na exortação aos pobres e humildes. São acções que realizam, em gérmen, a sociedade nova respeitadora da vida, assente na verdade e no amor, na justiça e na paz, na liberdade e na igualdade; sociedade nova, aberta a valores que a superam e lhe abrem horizontes superiores como a graça, a santidade, a proximidade de Deus que se manifesta como Fonte da bondade e da beleza.
As sementes do Reino estão no coração de todos, por decisão livre de Deus providente. Dar a conhecer esta realidade encorajante, criar condições para que estas sementes desabrochem e embelezem o jardim de toda a humanidade, apresentar a sua realização plena e atraente em Jesus de Nazaré, constitui a missão da Igreja, de todos os cristãos, famílias e comunidades. Em comunhão de esforços, na convergência de sentido. O convite está feito e é apelativo. A resposta terá de ser pronta e generosa.

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