terça-feira, 30 de maio de 2017

OS RESPONSÁVEIS DA IGREJA DEVEM SABER DIZER «ADEUS»


Li hoje, na Agência Ecclesia, que o Papa Francisco recomendou aos responsáveis da Igreja Católica que devem estar preparados para dizer adeus e partir para novas missões, quando isso lhes for pedido. «Rezemos pelos pastores, pelos nossos pastores, pelos párocos, pelos bispos, pelo Papa, para que a sua vida seja uma vida sem cedências, uma vida em caminho e uma vida em que eles não pensem estar no centro da história e assim aprendam a despedir-se», referiu o Papa na homilia da Missa a que presidiu esta manhã na capela da Casa Santa Marta.
A intervenção do Papa Francisco baseou-se num episódio da vida do apóstolo São Paulo (séc. I), que deixou a Igreja de Éfeso, que tinha fundado, e partiu para uma nova missão.
«Todos os pastores têm de dizer adeus. Chega um momento em que o Senhor nos diz: vai para outro lugar, vai para ali, vem para cá, vem a mim. E um dos passos que deve fazer um pastor é também preparar-se para despedir-se bem», frisou Francisco.
O Papa pediu ainda que todos os que exercem cargos de responsabilidade na Igreja Católica tenham o «coração aberto à voz de Deus», como «um servo».

Li aqui 

FESTIVAL RÁDIO FANECA — FAROL DA BARRA OFERECE INSPIRAÇÃO


Tendo o Farol da Barra por inspiração, o Festival da Rádio Faneca, em Ílhavo, vai apresentar-se com garantias de sucesso. Pelo comunicado da Câmara Municipal, ficámos a saber que o entusiasmo vai ser ainda mais animado com a programação preparada a gosto. A “Orquestra da Bida Airada” iniciou ensaios, «desta feita com o Farol da Barra a nortear a criação das novas canções». E o grupo Onda Amarela, com os seus músicos, «“recrutados” na comunidade, têm estado a construir mais um espetáculo único, que apresentarão às 17 horas do próximo domingo». 
A autarquia ilhavense informa que «o Farol da Barra serviu também de inspiração às “Histórias nos Becos”, que a Amarelo Silvestre tem estado a alinhavar e que poderão ser seguidas nos três dias do Festival». 
Não se julgue, contudo, que há só muita e boa música, pois não faltará a dança e outras artes. «“A Viagem”, da coreógrafa Filipa Francisco, conta com a participação do Grupo Folclórico “O Arrais” na apresentação de um espetáculo de dança tradicional, com laivos de contemporânea», refere o comunicado da CMI.
Mas há mais: «Nas casas do Centro Histórico de Ílhavo, prepara-se a ementa para o jantar “Casa Aberta”, ao mesmo tempo que se acabam de escrever as “Cartas ao Futuro”, que, por intermédio da artista Maria Gil, serão partilhadas em diversos formatos no sábado, durante o dito jantar.» E na Garagem da Drogaria Vizinhos começa a erguer-se a mítica exposição “Becos de Pés”. 
Mais umas curiosidades: os fotógrafos Alexandre Almeida, Augusto Brázio e Nelson D’Aires apostam no desafio de fotografar pessoas, como memória daquilo que foi Ílhavo em 2017. Às fotografias de passe, os fotógrafos deram um “disparo” artístico para chegar à exposição que será inaugurada na sexta-feira, às 18 horas. 
Ora aqui está uma iniciativa digna de nota que vai mesmo entusiasmar, como cremos, as gentes de Ílhavo e arredores. 

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Valdemar Aveiro é cartaz na Galiza


Gosto de ver os amigos conhecidos além-fronteiras por boas razões. Sobretudo pelos seus méritos culturais e artísticos, mas também ligados ao empreendedorismo. São os tais que da lei da morte se vão libertando. 
Valdemar Aveiro, o capitão Valdemar como é conhecido desde que chegou por mérito próprio ao comando de um navio, depois de um esforço decerto sobre-humano que muito poucos conseguem enfrentar, faz parte de um escol de gente que transcende o comum dos mortais. Como comandante e como escritor capaz de retratar, com letras de ouro, a saga dos nossos pescadores do fiel amigo, nos mares frios e revoltos,  como poucos o sabem fazer.
O Faro de Vigo apresenta os convidados de junho no Clube de Faro e lá está o nosso comandante na lista dos que realmente têm algo para contar. Congratulo-me com isso. Daqui lhe envio o meu abraço, já que outra coisa (marcar presença em Faro) não poderei fazer. 

Ler em Faro de Vigo
Ler entrevista que me concedeu em 1913 



ELE É O PRIMEIRO E O ÚLTIMO

Revista  Outras Ideias 

BANCO ALIMENTAR CONTRA A FOME — Generosidade dos portugueses


Segundo o site dos Bancos Alimentares Contra a Fome, durante o passado fim de semana foram recolhidas 1.848 toneladas de géneros alimentares em mais de 2.000 superfícies comerciais de todo o País, sem terem sido contabilizadas as doações online e através de vales disponíveis nas lojas.
Participaram mais de 40 mil voluntários nesta campanha, subordinada tema “Fazer deste dia, um dia especial está em cada um de nós”, e as recolhas estão próximas da campanha homóloga do ano passado. “Sabemos que, apesar da melhoria das condições económicas, muitos dos nossos concidadãos continuam a enfrentar grandes dificuldades e significativas restrições alimentares e é por isso gratificante constatar que os portugueses têm uma perceção dessa realidade, procurando sempre, na medida das suas possibilidades, contribuir para a minorar”, afirmou Isabel Jonet, Presidente da Federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome.
Nota: Ao dar o nosso contributo, em géneros, constatei, com natural satisfação, que os portugueses continuam generosos. Muita gente lá andava, na grande superfície, com os sacos do Banco Alimentar, mas também apreciei a nossa juventude, entre os mais idosos, ligada às mais diversas instituições, que deram o seu tempo e a sua força de vontade para ajudar, no fundo, quem mais precisa, que muitos são, nesta nossa sociedade de esbanjamentos inauditos.

domingo, 28 de maio de 2017

BENTO XVI RENUNCIOU À SUA RENÚNCIA?

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO 


1. Enviaram-me, com expressa tristeza, uma entrevista com a enigmática pergunta do título desta crónica. Que se passa, afinal?
Não foi de modo clandestino, nem de repente, nem contra a sua vontade que Bento XVI deixou de ser o Papa da Igreja Católica Romana. Não foi sob pressão que, a 10 de Fevereiro de 2013, se pronunciou expressamente: declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, sucessor de São Pedro.
Justificou publicamente a sua decisão: as suas forças, devido à idade avançada, já não lhe permitiam exercer, adequadamente, o pontificado. Foi destacada a dignidade desse gesto sem precedentes desde Gregório XII, em 1415 — no contexto do Grande Cisma do Ocidente —, e o primeiro a renunciar, sem pressão externa, desde o papa Celestino V, em 1294.
Seguiram-se os procedimentos previstos no Vaticano e foi eleito o Papa Francisco, a 13 de Março de 2013. Não temos dois Papas, como a ignorância e obscuros interesses procuram fazer crer. Sob o ponto de vista institucional, o Papa Bento XVI morreu. Acabou.
Permitiu, no entanto, fazer supor que, ao ficar por perto, iria ser o conselheiro obrigatório do novo inquilino. Decidiu, de facto, continuar a residir dentro da Cidade do Vaticano, num antigo convento adaptado para o receber.
Não foi boa ideia, segundo Andrea Grillo, professor de Teologia no Pontifício Ateneu Sant’Anselmo (Roma). O Bispo emérito deve afastar-se do Vaticano e calar-se para sempre. Só nestas condições é possível configurar uma real sucessão e não dar a enganosa ideia de uma coabitação de dois Papas. 
Tanto para Ratzinger como para Bergoglio, esta é uma experiência totalmente inédita. O uso da veste branca e os contactos manipuláveis com o exterior deveriam ter sido pormenorizadamente regulamentados, sustenta o citado teólogo romano.

2. Esta situação permite, com efeito, todos os boatos e conjecturas. Há mesmo quem diga que o cardeal Ratzinger tem ligações a “submarinos” espias que o usam para controlar e dificultar as decisões que os ultraconservadores consideram desvarios do Papa Francisco. Este, com a descentralização do governo da Igreja e a sua evangelização inculturada, estaria a fazer da Igreja Católica uma federação de seitas à imagem do protestantismo. Devido à sua determinação na Reforma da Cúria e na denúncia do clericalismo e carreirismo, acusam-no de autoritário. Os neoliberais da economia e da política acusam-no de falar do que não sabe.
Alguns cardeais já manifestaram publicamente a sua oposição, não apenas ao seu estilo pastoral, mas também às suas posições doutrinais. Serão os únicos?
Não creio que o cardeal Ratzinger defenda esse caminho, mas acontecem coisas esquisitas. Ele acaba de prefaciar o livro do cardeal Sarah, La Force du silence (O Poder do silêncio), ainda não traduzido para italiano, mas o prefácio já saiu publicado, antecipadamente, no Corriere della Sera e na Nuova bussola quotidiana.
Donde virá o incómodo desse elogioso prefácio que entristeceu os entusiastas das orientações do Papa Francisco e que também não querem ficar de mal com a imagem do Papa anterior?
O cardeal Sarah é o Prefeito da Congregação para o Culto Divino, nomeado pelo próprio Papa Francisco. Agora, usa processos pouco recomendáveis para contrariar quem o escolheu. Os seus esforços estão focalizados na “Reforma da Reforma” litúrgica proposta pelo Vaticano II.
É esse personagem a remar contra o Papa Francisco que o cardeal Ratzinger veio recomendar como “mestre espiritual, que fala das profundezas do silêncio com o Senhor, expressão da sua união íntima com Ele, e que por isso tem algo a dizer para cada um de nós”. Diz-se grato ao Papa Francisco por “ter nomeado um tal mestre espiritual à frente da Congregação para a celebração da liturgia na Igreja”. Daí a declaração final que soa como um aviso: “Com o cardeal Sarah, mestre do silêncio e da oração interior, a liturgia está em boas mãos”.
A publicidade desta gratidão parece uma indevida defesa, pois o Papa Francisco já manifestou, várias vezes, que não está nada contente com a nomeação que fez. Não é segredo que, ao longo do último ano, o cardeal Sarah foi, de facto, gradualmente cercado por elementos abertamente hostis à chamada “reforma da reforma conciliar”, desejada por Bento XVI, que o purpurado guineense tenta efectivar no actual pontificado que a não quer. Ao continuar a defender que “a crise da Igreja é uma crise da liturgia”, deve dizer-se que a cura que ele pretende é o seu veneno. Já não consegue fazer nada da Congregação a que preside.
O Papa desautorizou a ideia da Missa de costas para o povo e favoreceu a nova tradução dos textos litúrgicos, resultado de estudos de uma comissão criada sem o conhecimento e contra o cardeal Sarah, segundo consta. Os movimentos para estudar o ritual de uma missa “ecuménica” parece que também ignoram a própria Congregação, presidida pelo dito cardeal.
Por outro lado, esse cardeal, em nome da união da Igreja, em torno do Sumo Pontífice, trabalha na sua desagregação. Está decididamente contra a orientação social de Bergoglio: enquanto a Igreja “não conseguir dissociar-se dos problemas humanos”, ela acabará por “falhar na sua missão”. Transforma o programa da Evangelii Gaudium numa caricatura: “A Igreja está gravemente equivocada quanto à natureza da crise real, se ela acha que sua missão essencial é oferecer soluções para todos os problemas políticos relacionados com a justiça, a paz, a pobreza, a recepção de migrantes, etc... enquanto negligencia a Evangelização”. Ora, o Papa Francisco, pelo contrário, inclui na referência vital a Cristo a luta contra a pobreza imposta. Foi o próprio Jesus, ao apresentar o seu Evangelho, o seu programa de libertação dos oprimidos e marginalizados, que o identificou com o acontecimento da graça de Deus, um ano jubilar.
3. Ratzinger foi uma grande figura da Cúria romana, durante muito tempo. A sua obsessão em neutralizar e condenar os teólogos que o não repetiam parece que não lhe deixou energia para enfrentar as exigências da reforma dessa instituição degradada.
Compreende-se que, por muito que goste de estudar, de escrever e de rezar, depois de tantos anos de intervenção nos destinos da Igreja, perante o que lhe contam, não aguente o silêncio que se impôs. Como disse Monsenhor Georg Geinswein, Ratzinger acompanha atentamente tudo o que acontece na Igreja.
Bento XVI, sob o ponto de vista institucional, morreu, mas julga que não. Está obrigado a ter um comportamento que não leve as pessoas a pensar que está arrependido de ter renunciado a ser o Bispo de Roma, sucessor de S. Pedro.

É PRECISO DETER A ESPIRAL DO MEDO


Celebra-se hoje, domingo da Ascensão do Senhor, o 51.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, tendo por tema, proposto pelo Papa Francisco, «“Não tenhas medo, que Eu estou contigo” (Is 43, 5). Comunicar esperança e confiança, no nosso tempo». Boa e oportuna proposta que nos deve levar, em plena consciência, a assumir o nosso papel de comunicadores, numa sociedade repleta de contrastes e de desbragadas ofensas à dignidade humana. Também, diga-se de passagem, de expressivas formas de transmitir o belo, o bom e o bem, no sentido da humanização dos nossos quotidianos.
«Gostaria que esta mensagem pudesse chegar como um encorajamento a todos aqueles que diariamente, seja no âmbito profissional seja nas relações pessoais, "moem" tantas informações para oferecer um pão fragrante e bom a quantos se alimentam dos frutos da sua comunicação», diz o Papa, na sua mensagem para este dia, em geral, e para o nosso tempo, em particular. E acrescenta: «Creio que há necessidade de romper o círculo vicioso da angústia e deter a espiral do medo, resultante do hábito de se fixar a atenção nas “notícias más”.» 
Entre muitos outros considerandos, o Papa diz que, para nós, cristãos, «os óculos adequados para decifrar a realidade só podem ser os da boa notícia: partir da Boa Notícia por excelência, ou seja, o «Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus». 
E na parte final da sua mensagem, o Papa Francisco lembra que «a esperança é a mais humilde das virtudes, porque permanece escondida nas pregas da vida, mas é semelhante ao fermento que faz levedar toda a massa. Alimentamo-la lendo sem cessar a Boa Notícia, aquele Evangelho que foi «reimpresso» em tantas edições nas vidas dos Santos, homens e mulheres que se tornaram ícones do amor de Deus».
A mensagem para este Dia Mundial das Comunicações Sociais, que já lemos e relemos, não pode deixar-nos indiferentes perante o fenómeno da notícia má que sempre ocupa os lugares de destaque nas primeiras páginas, relegando para cantos inóspitos dos diversos órgãos de comunicação social as boas notícias, as que dão sentido à vida e à sociedade. Dizem os estudiosos que só são vendáveis as más notícias. Por isso, julgo que temos de ser educados, e educar, para aprendermos a destrinçar o que nos enriquece, atirando para o caixote do lixo o que possa embrutecer-nos. Há muito que seguimos  esta linha, recusando-nos, liminarmente, a consumir o que não presta. 
As más notícias, de guerras, corrupções, atentados, traições, crimes, violências, difamações e outras, quando filtradas pela justiça ou pela consciência dos comunicadores e divulgadas com rigor, apenas são úteis para nos precavermos e tomarmos posição de repúdio, mas nunca para gáudio de prazeres doentios, acrescentando uns pontos aos contos. 

Fernando Martins

sábado, 27 de maio de 2017

CARTA A UM FILHO APÓS O ATENTADO DE MANCHESTER



«Outra coisa que tens de fazer, apesar de todo o horror que vês na televisão, é lembrar-te que por cada gesto de ódio há mil gestos de bondade. Por cada terrorista que se faz explodir há mil pessoas que ajudam as outras, que as levam a casa, que lhes dão abrigo, que curam as suas feridas, que as consolam. A esmagadora maioria das pessoas à tua volta é gente boa, que todos os dias dá o seu melhor. Nunca, mas nunca, cedas ao desespero de achar que no mundo a maldade supera a bondade. Se nós hoje vivemos muito melhor do que há mil anos, se hoje em dia o mundo é um lugar muito menos violento, é porque no coração do ser humano a luz ganha às trevas. Pode não ganhar todas as vezes. Pode não ganhar durante muito tempo. Mas a bondade, o amor e a justiça são para nós o que os dentes e as garras são para os predadores – instintos preciosos que preservaram a nossa espécie ao longo de milénios.»

Ler mais aqui 

sexta-feira, 26 de maio de 2017

AMO O SILÊNCIO


Amo o silêncio e as vozes que insinuam,
Meigas ciciam, musicais, veladas,
Fracas, serenas, pálidas, cansadas,
Doces palavras que no ar flutuam.

Amo o silêncio e a luz difusa… E amo
A tarde cor de cinza, a chuva calma,
E o mar sem ondas, liso como a palma
Da minha mão aberta… E em cada ramo

Das árvores sem folhas, amo os verdes
Musgos pendentes, flácidos, em tiras…
Assim, minh’alma extática, suspiras,
Meu coração tranquilo, assim te perdes!

Rude fragor do mundo, sombra fria,
Passa de largo! Não me acordes, não!
Deixa correr a fonte da ilusão,
Enche-me a vida de melancolia…


Cabral do Nascimento 

NOTA: Editei este poema há anos. Hoje volto a ele porque o encontrei na minha memória. 

EFEMÉRIDE: EMPRESA DE PESCA DE AVEIRO

1928 - 26 - maio 
Egas Salgueiro, o primeiro da direita, ao lado do PR Américo Tomás
Escritórios em Aveiro, na Ponte Praça

Instalações na Gafanha da Nazaré

«Lavrou-se a escritura notarial da constituição da "Empresa de Pesca de Aveiro", uma das primeiras sociedades aveirenses que modernamente se devotaram, em especial à pesca longínqua (Secretaria Notarial de Aveiro, Notário Dr. André dos Reis; Diário do Governo, III Série, n.º 155, 9-7-1928) – J.

Calendário Histórico de Aveiro, 
de António Christo 
e João Gonçalves Gaspar

Uma efeméride que não posso deixar escapar. A Empresa de Pesca de Aveiro completou hoje, 26 de maio, a bonita idade de 89 anos, segundo reza a escritura notarial registada no Diário do Governo, III Série, n.º 155. E faço-o com todo o gosto por reconhecer a importância que esta empresa teve na nossa região e no país, mormente na Gafanha da Nazaré onde teve as suas principais instalações, dando emprego regularmente a centenas de pessoas ligadas direta ou indiretamente às pescas.
Entre os gafanhões, era conhecida por Empresa do Egas, ou Seca do Egas, em homenagem carinhosa e respeitosa ao senhor Egas Salgueiro, dinâmico industrial da pesca longínqua, em especial do bacalhau.

FRANCISCO EM FÁTIMA (1)

Crónica de Anselmo Borges no DN

1 - Para mim, foi sempre claro que Francisco viria a Fátima no centenário das chamadas aparições. E veio. Viria, porque é profundamente mariano. Referindo-se a Maria, diz: "É a minha Mamã." E assim foi que, lá do alto do altar de Fátima, ele clamou, emocionado, para a multidão: "Temos Mãe, temos Mãe."
Veio. E quem o acompanhou pôde, mais uma vez, constatar que há nele um dinamismo sereno e contagiante de humanidade que a todos abraça, que quereria envolver todos num abraço forte e sentido de bênção, com beijos. Todos, mas de modo especial e único aqueles que ninguém abraça nem beija nem acaricia e dar-lhes confiança e esperança, a partir do Deus cujo nome é Misericórdia e que pode ajudar a converter os que têm o poder de ajudar na transformação do mundo a caminho de uma humanidade mais justa, fraterna, livre e a viver em paz.
Claro que Francisco tem de seguir protocolos, incluindo os de Estado, mas vê-se bem que esse não é o seu elemento. Onde está à vontade e é ele, é quando vai ao encontro das crianças, dos doentes, dos idosos, dos incapacitados, dos desempregados, dos presos... Então, o que se vê é o Evangelho, notícia boa e felicitante, a passar pelo mundo.
Ah! E aqueles oito minutos mágicos, de pé e em silêncio, perante a imagem da Senhora! Uma multidão de mais de meio milhão de pessoas em silêncio, com Francisco a presidir no silêncio e ouvindo o que só no silêncio se consegue ouvir e falar, lá na raiz de nós e de tudo. O que é que ele terá dito a ele mesmo, a Deus e à Senhora? O que é que cada um ouviu e disse a si mesmo, a Deus e à Senhora? "Deixai-me com as coisas/ Fundadas no Silêncio", pediu Sofia de Mello Breyner Andresen.

2 - O ser humano é rácio-emocional. Por isso, também na fé e na sua celebração, há uma dimensão de emoção. Mas a razão não pode ficar esquecida, obliterada. E há a bondade, mas acompanhada pela inteligência. E Francisco emocionou-se e apelou à bondade. Mas não postergou a razão e deixou uma mensagem de correcção teológica para Fátima. Aliás, ele tinha acabado de celebrar em Roma uma missa com a Caritas Internacional e lembrado as "intoleráveis injustiças" que os cristãos perseguidos vivem: "Façamos que todos tenham de comer e recordemos aos poderosos que Deus os chamará a julgamento", e tinha pedido a investigadores reunidos no Vaticano que "é preciso aceitar as novidades da ciência com total humildade".

Em Fátima, disse: "Olhando para Maria, voltamos a acreditar na "força revolucionária da ternura e do carinho". Nela, vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros para se sentirem importantes." O Céu desencadeia em Fátima "uma verdadeira mobilização geral contra a indiferença que nos gela o coração e agrava a miopia do olhar. Não queiramos ser uma esperança abortada!" Pediu pela Igreja, "que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor". Rezou a Maria pela humanidade inteira, pedindo a paz: "Olha as dores da família humana que geme e chora neste vale de lágrimas. Une a todos numa única família humana. Seremos peregrinos de todos os caminhos, derrubaremos todos os muros e superaremos todas as fronteiras, indo a todas as periferias, para nelas revelar a justiça e a paz de Deus." Queridos irmãos: "Rezamos a Deus com a esperança de que nos escutem os homens; e dirigimo-nos aos homens com a certeza de que nos vale Deus."

Não falou em aparições. "A Virgem Mãe não veio aqui para que A víssemos; para isso teremos a eternidade inteira, naturalmente se formos para o Céu. No dizer de Lúcia, os três privilegiados ficavam dentro da Luz de Deus que irradiava de Nossa Senhora. Fátima é sobretudo este manto de Luz que nos cobre, aqui como em qualquer outro lugar da Terra quando nos refugiamos sob a protecção da Virgem Mãe para Lhe pedir: "Mostrai-nos Jesus."" Para correcção teológica, numa Fátima dolorista e das promessas, onde Maria se anteporia ao seu Filho e hereticamente seguraria o braço justiceiro e implacável de Deus, ficou: "Sinto que Jesus vos confiou a mim e a todos abraço e confio a Jesus, "principalmente os que mais precisarem", como Nossa Senhora nos ensinou a rezar.

Sobre cada um dos deserdados e infelizes a quem roubaram o presente, dos excluídos e abandonados a quem negam o futuro, dos órfãos e injustiçados a quem não se permite ter um passado desça a bênção de Deus encarnado em Jesus Cristo. Esta bênção cumpriu-se cabalmente na Virgem Maria, pois nenhuma outra criatura viu brilhar sobre si a face de Deus como ela, que deu um rosto humano ao Filho do eterno Pai. Peregrinos com Maria... Mas que Maria? Uma mestra da vida espiritual, a primeira que seguiu a Cristo pelo "caminho estreito" da cruz dando-nos o exemplo, ou uma Senhora "inatingível" e, consequentemente, inimitável? A "bendita por ter acreditado" sempre e em todas as circunstâncias nas palavras divinas, ou uma "santinha" a quem se recorre para obter favores a baixo preço? A Virgem Maria do Evangelho venerada pela Igreja orante, ou uma Maria esboçada por sensibilidades subjectivas que a vêem segurando o braço justiceiro de Deus pronto a castigar: uma Maria melhor do que Cristo, visto como juiz implacável, mais misericordiosa do que o Cordeiro que se imolou por nós? Grande injustiça fazemos a Deus e à sua graça, quando se afirma em primeiro lugar que os pecados são punidos pelo seu julgamento, sem antepor - como mostra o Evangelho - que são perdoados pela sua misericórdia. Devemos antepor a misericórdia ao julgamento. Naturalmente, a misericórdia de Deus não nega a justiça. Em todo o caso, o julgamento de Deus será sempre feito à luz da sua misericórdia."

Assim, "possamos, com Maria, ser sinal e sacramento da misericórdia de Deus".

JESUS ENVIA OS DISCÍPULOS EM MISSÃO UNIVERSAL

Reflexão de Georgino Rocha

Festa da Ascensão do Senhor
Jesus vive momentos decisivos na sua missão. Escolhe um monte na Galileia para o encontro definitivo com os discípulos. Estes ainda têm dúvidas em relação ao acontecimento da ressurreição do Crucificado que agora vive para sempre. Apesar disso, prostram-se em gesto de adoração reverente e humilde e ficam na expectativa do que vai acontecer. Será censura pela sua incredulidade ou aprovação pela obediência de deixarem Jerusalém e virem para esta região, a terra dos gentios? Ou será antes alguma surpresa que o Mestre tem reservada para a hora da despedida? Aguardam.
Jesus toma a palavra com solenidade inusitada. “Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e ensinai todas as nações…”. Mateus, o autor do relato, apresenta este envio a abrir novos horizontes à sua narrativa. Não faz qualquer referência à reacção dos apóstolos. Mas não será difícil de pressentir. Eles, fugitivos aquando da paixão, trancados em casa em Jerusalém, marcados pela experiência da missão entre os judeus… assumem o mundo e, nele todos os povos e cada pessoa, como “campo de trabalho”, como terra a evangelizar. Tarefa de gigantes para homens tão frágeis! Encargo de heróis para gente tão comum! Serviço de santos profetas para quem ainda sentia dúvidas. Jesus, hábil Mestre, conhecia-os bem e adianta-se na ajuda a oferecer-lhes. “Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos”. E promete enviar-lhes o Espírito da fortaleza e da sabedoria.

A missão dos discípulos/Igreja é clara: Ensinar o que Jesus viveu e que se pode resumir a fazer sempre a vontade de Deus Pai. São Cipriano, bispo e mártir, fala assim aos cristãos de Cartago: “O que Cristo fez e ensinou foi a vontade de Deus: a humildade na conduta, a firmeza na fé, a contenção nas palavras, a justiça nas acções, a misericórdia nas obras, a rectidão nos costumes; ser incapaz de fazer o mal, mas poder tolerá-lo quando se é vítima dele; manter a paz com os irmãos; querer ao Senhor de todo o coração; amar nele o Pai e temer a Deus; não pôr nada à frente de Cristo, pois Ele próprio nada pôs à nossa frente”.

A Igreja tem a missão de ver a realidade com os olhos de Jesus que sempre detesta o que indigno e desonesto, maldizente e corrupto, e ama entranhavelmente as pessoas envolvidas nessas situações para que se libertem. A missão de se fazer próximo de todos e de cada um para partilhar alegrias e tristezas, êxitos e insucessos, para oferecer e receber ajuda numa reciprocidade enriquecedora. A missão de investigar a trama dos acontecimentos e descobrir o seu rumo de modo a anunciar Jesus como boa notícia, como sentido pleno de todos os caminhos da história.

O Papa Francisco, na mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais que hoje se celebra, recorre a uma metáfora muito expressiva para explicitar o envolvimento a que estamos chamados. “Já os nossos antigos pais na fé falavam da mente humana como de uma mó de moinho que, movida pela água, não se pode parar. Mas o moleiro tem a possibilidade de decidir se quer moer trigo ou joio. A mente do homem está sempre em acção e não pode parar de «moer» o que recebe, mas cabe a nós decidir o material que lhe fornecemos (cf. Cassiano o Romano, Carta a Leôncio Igumeno). O lema da referida mensagem é "Comunicar esperança e confiança no nosso tempo".

Cabe a nós decidir o que entra na nossa mente e, a partir dela, o que se faz conversa, comentário, opinião, convicção. O que se faz e difunde em comunicação a todos os níveis. Quem aprecia a saúde mental e cultural, relacional e espiritual, designadamente os discípulos de Jesus, a Boa Notícia por excelência, tem de estar preparado e tomar posição pelas notícias, boas e positivas, que geram apreço pela nossa comum humanidade e sua elevação ética, que geram laços de fraternidade universal e fomentam a harmonia do universo.

Ouçamos, de novo a voz do Papa Francisco na sua mensagem para este Dia. “Creio que há necessidade de romper o círculo vicioso da angústia e deter a espiral do medo, resultante do hábito de se fixar a atenção nas «notícias más» (guerras, terrorismo, escândalos e todo o tipo de fracasso nas vicissitudes humanas). Não se trata, naturalmente, de promover desinformação onde seria ignorado o drama do sofrimento, nem de cair num optimismo ingénuo que não se deixe atingir pelo escândalo do mal. (…) Gostaria, pois, de dar a minha contribuição para a busca de um estilo de comunicação aberto e criativo que não se prontifique a conceder ao mal o papel de protagonista, mas procure evidenciar as possíveis soluções, inspirando uma abordagem propositiva e responsável nas pessoas a quem se comunica a notícia. A todos gostaria de convidar a oferecer aos homens e às mulheres do nosso tempo relatos permeados pela lógica da «boa notícia»”. Gosto que é apelo a todos/as nós.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Aveiro: Feira do Livro — 26 de maio a 11 de junho



Nota: Ora aqui está uma boa notícia para os amantes da leitura e dos livros. Haverá, tanto quanto julgo saber, livros para todas as idades e gostos, uns mais atuais e outros que já desapareceram dos escaparates das livrarias, apesar do seu valor. As novidades, com direito a publicidade agressiva, por vezes, levam os livreiros a fechar a sete chaves bons livros, para não ofuscarem a venda dos mais recentes. Nas feiras há, portanto, lugar para todos os livros. E eu não deixarei de aparecer.

É preciso falar de Aquilino Ribeiro

Vi este convite no Facebook e cá estou  a ampliar a divulgação. Faço isto porque considero Aquilino Ribeiro um dos grandes prosadores da Língua Portuguesa. Não sei, francamente, a razão de o terem deixado cair no rol dos esquecidos. De vez em quando, porém,  volto à sua prosa para a saborear com gosto. E pode ser que Maria de Nazaré Matos nos  possa elucidar, já que é especialista na  matéria.

Ver aqui

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Gonçalo M. Tavares na Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré


Gonçalo M. Tavares vai estar no “Convés” da Fábrica das Ideias, Gafanha da Nazaré, no próximo dia 29 de maio, pelas 19h30, para uma conversa com os seus leitores. Trata-se de uma iniciativa da Câmara Municipal de Ílhavo (CMI), integrada na rubrica “À conversa com…”. Entrada livre.
Gonçalo M. Tavares, refere a informação da autarquia, é «o escritor mais premiado da sua geração e tem diversas obras publicadas, num estilo que o tornou bastante apreciado pela crítica literária, mas ainda pelos amantes da leitura.
O seu mais recente livro — “A Mulher-sem-cabeça e o Homem-do-mau-olhado” — será apenas o ponto de partida para uma viagem pela obra do autor. A conversa será moderada por Sara Reis da Silva, docente na Universidade do Minho e nossa conterrânea. 
A nota da autarquia refere ainda que Gonçalo M. Tavares nasceu em 1970, tendo hesitado entre o futebol e a matemática pura, mas o seu percurso levou-o à escrita. Atualmente, é considerado um dos grandes escritores em Língua Portuguesa, reconhecido pela crítica internacional.

terça-feira, 23 de maio de 2017

Cataplana à moda do Tiago Lourenço



Cataplana de Bacalhau, Amêijoa e Camarão 

Ingredientes (para 4 pessoas):

4 postas de bacalhau (lombo)
250 g de amêijoa da Ria de Aveiro
8 camarões
1 pimento verde
1 pimento vermelho
6 batatas médias
1 cebola grande
2 dentes de alho
Flor de sal q.b.
Azeite q.b.
Vinagre q.b.
Açafrão q.b.
Salsa fresca q.b.

Preparação:

Comece por colocar as amêijoas de molho em água e sal para abrir e retirar a areia (cerca de 30 minutos).
Coza o camarão em água e sal (coloque depois de a água levantar fervura, durante 3/4 minutos) e reserve.
Descasque as cebolas e corte-as em rodelas, assim como as batatas que deverá cortar em rodelas grossas.
Corte também os pimentos, descasque os dentes de alho e pique-os.
Corte os lombos do bacalhau em cubos.
Na cataplana disponha uma camada de cebola seguida dos pimentos. Acrescente as batatas e novamente a cebola, os pimentos, a salsa e o açafrão.
Tempere com flor de sal.
Coloque o bacalhau e as amêijoas, regue com um generoso fio de azeite e leve ao lume brando a cozinhar cerca de 30 minutos.
De vez em quando agite cuidadosamente a cataplana (movimentos circulares, nunca destapando).
Acrescente o camarão e a “moira” (alho picado com vinagre). Cerca de 1 minuto depois disponha num prato e sirva. 

Bom proveito

Receita publicada na agenda "Viver em..." da CMI

Notas:

1.Receita apresentada por Tiago Lourenço, vencedor do Concurso Gastronómico “O Meu Bacalhau é melhor do que o Teu”, no âmbito do Festival do Bacalhau 2016;

2. Quando soube que o criador deste prato e vencedor do Concurso Gastronómico do Festival do Bacalhau 2016 foi Tiago Lourenço fiquei agradavelmente surpreendido, porque conheço o Tiago desde menino mas não sabia do seu prazer pela Gastronomia. Eu já sabia, contudo,  que em casa dos seus pais, meus bons amigos, havia um gosto natural pelas artes, cultivado no dia a dia: Música, Decorações, Antiguidades, um museu recriado ao estilo dos nossos avós e outras artes que brotam espontaneamente. Longe estava de pensar, porém, que o Tiago tivesse, pelo que vi deste concurso, o tal dedo raro e palato afinado para criar pratos,  partindo de ingredientes que sempre andaram pelas mesas dos ílhavos e gafanhões.
Os meus parabéns, com a certeza de que optarei pelo teu prato no próximo Festival do Bacalhau, se alguma instituição tiver a coragem de seguir os teus conselhos, meu caro Tiago. Um abraço também com votos de que não esmoreças nas artes culinárias das nossas tradições, lutando contra a cozinha do descartável que nada tem a ver com os nossos hábitos alimentares. 

Fernando Martins 

Diáconos Permanentes de Aveiro celebram aniversário de ordenação

Luís Pelicano, Fernando Martins, Augusto Semedo, D. António Moiteiro, Fernando Reis, Joaquim Simões e Afonso Henrique 

Os primeiros diáconos permanentes (DP) da Diocese de Aveiro celebraram ontem, 22 de maio, o 29.º aniversário da ordenação, num encontro-convívio, depois da Eucaristia presidida pelo nosso Bispo, D. António Moiteiro, na igreja matriz de Travassô. Marcaram presença os DP Augusto Semedo, Afonso Henrique, Fernando Reis, Luís Pelicano, Joaquim Simões e Fernando Martins. As esposas dos DP também participaram, exceto a de Fernando Martins, por razões de tratamentos e consulta médica. Associaram-se ainda o pároco de Travassô, Padre Júlio Grangeia, e o Padre Hélder Ruivo, pároco de Requeixo. 

A igreja, quando chegámos, estava asseada. Organista com grupo coral pronto para animar a Eucaristia e membros da comunidade local na assembleia. O sinal evidente do cuidado posto na receção estava dado. O Padre Júlio, um pioneiro a nível eclesial da utilização das novas tecnologias de informação e comunicação, não brinca em serviço. E a missa deste dia, como as demais da sua comunidade, pôde ser seguida em todos os quadrantes da terra. Sinais dos tempos que muitos teimam em postergar teimosamente. E para melhor se enquadrar no corpo diaconal, que lhe tem «passado ao lado», o pároco de Travassô referiu que até fez pesquisas que, de alguma forma, o elucidaram. 
Gostámos de sentir esta espontaneidade e franqueza do Padre Júlio. Obrigado pelo acolhimento, simpatia e visão de futuro, capaz de projetar o sentir da Igreja no mundo dos homens e mulheres dos nossos dias e para os dias dos nossos vindouros. E apreciámos a sua franqueza quando nos disse, no final do almoço, que este nosso encontro foi para si uma lição, que o vai levar a estar mais atento à realidade que é o corpo diaconal da nossa diocese. «Apreciei a vossa fraternidade, a vossa espontaneidade e amizade, uma realidade que me tem escapado», disse. 

Ponto alto do encontro-convívio foi, indubitavelmente, a Eucaristia, centro indelével do nosso viver cristão e ponto de partida para a ação consequente. O nosso Bispo apresentou os DP do primeiro grupo da Diocese de Aveiro, um a um, dando nota do que fazem no seu dia a dia. Uns mais ativos e outros no silêncio e na oração, como tem sido a vida do nosso bom amigo Augusto Semedo, em fase de recuperação de um AVC que sofreu. Perfeitamente lúcido, apenas limitado, em alguns aspetos, na locomoção. Esteve presente, acompanhado da esposa e filha, mas também, garantidamente, nas preces de todos os colegas e amigos.

D. António evocou os DP que já faleceram, o Carlos Merendeiro, o Daniel Rodrigues e o João do Casal, presentes nas nossas memórias por tantas vivências partilhadas connosco, mas ainda, de forma especial, nesta celebração eucarística. Um filho do Carlos, o Jorge, fez questão de se associar a nós em representação de seu pai, gesto que apreciámos. 
D. António Moiteiro, à homilia, ofereceu-nos uma reflexão em torno do encontro de Paulo com Lídia, registado nos Atos dos Apóstolos, a tal negociante de púrpura da cidade de Tiatira [cidade da atual Turquia] que aceitou Jesus Cristo. Foi batizada juntamente com a família e convidou o Apóstolo para ficar em sua casa. E D. António partiu desse sentido de proximidade de Paulo, que procurou estar com as pessoas concretas no local em que se encontravam, para concluir que «a Igreja tem de aprender» e aplicar este método, levando à prática os conselhos do Papa Francisco que nos alertam para a urgência de sermos «uma Igreja em saída». Importa — afirmou o nosso bispo — mostrar que «Jesus é o rosto visível de Deus» para nós e para os nossos irmãos, acrescentando que, «quanto mais nós formos de Deus, mais verdadeiramente seremos o rosto de Deus para os nossos irmãos, os homens e mulheres do nosso tempo, e sinal para a humanidade». 

Fernando Martins



domingo, 21 de maio de 2017

Precisamos de um outro planeta para viver


«O físico britânico Stephen Hawking defende que temos apenas um século à nossa frente para encontrar um novo planeta onde possamos viver, se quisermos que a espécie humana sobreviva, explicou o cientista no programa da BBC "O mundo de Amanhã", citado pela revista Wired. São vários os factores que nos obrigarão a essa busca se quisermos sobreviver: alterações climáticas, a possibilidade de queda de um asteróide no planeta, epidemias e crescimento da população.»

Li aqui 

Nota: E andamos nós todos atarefados e ocupados com banalidades, quantas vezes, quando devíamos começar a pensar no futuro da humanidade. Eu sei que durante 100 anos nasce e morre muita gente, tal como acontece com as mais extraordinárias e impensáveis tecnologias e ciências, mas mais vale prevenir que remediar. Pelo sim pelo não vamos indo e vendo. 

F.M. 

Abertura a Deus




«A abertura a Deus dá credibilidade amor. Acolher, escutar, compreender, perdoar, eleger e viver inspirado no Evangelho. Não colocar limites à Misericórdia. Haverá sempre momentos difíceis, necessitamos sempre de purificação. No fundo, prestar ainda mais atenção ao ser Pessoa entre tempos e espaços divididos. Solidão e comunhão em todas as relações.»

Pedro José 

Li aqui 

Fátima, que futuro? (2)

Crónica de Frei  Bento Domingues no PÚBLICO


«Só vale a pena falar no futuro de Fátima se aquele santuário contribuir para criar muitas e variadas iniciativas espirituais e culturais, que convençam os peregrinos a dizer: qual é a minha periferia?»

1. É cedo para fazer um balanço da última peregrinação à Cova da Iria. As televisões têm o país colonizado pela cultura omnipresente e omnipotente do futebol. Durante dois dias, sem a esquecer, voltaram-se todas para o Papa, para os Pastorinhos, para Fátima e parecia que nunca mais se calavam, mas ainda tiveram tempo para celebrar o triunfo de Salvador Sobral no Festival da Eurovisão. Graças sejam dadas a todas e todos que elevaram o ego nacional.
Nesta crónica, interessa-me reflectir sobre o futuro de Fátima. Dizem que já dispomos de bases seguras para fazer a história dos acontecimentos de 1917 e o seu desenvolvimento até aos nossos dias. Seja. É indispensável perguntar: em que ponto está a crítica teológica das representações religiosas dessa época, na sua continuidade e nas suas alterações? É verdade que a menoridade da reflexão teológica, no Portugal do séc. XX, não permitia altos voos. O bispo Manuel Almeida Trindade já sublinhou a sua triste ausência no Vaticano II: ausência na preparação, na participação e na aplicação.
Em Fátima, embora à margem do santuário e não só, já existiu um centro importante de Filosofia e Teologia (Studium Sedes Sapientiae), cursos de Verão de Teologia (ISTA) e uma importante livraria, Verdade e Vida, a maior referência a nível do país, para se entrar no espírito e na letra do Vaticano II. No quadro da reforma litúrgica, nasceram aí audaciosas inovações pela iniciativa de frei José Augusto Mourão, O.P.
Todo esse ambiente, com um professorado internacional, permitiu, além do mais, o acolhimento e o diálogo com personalidades da cultura. Jean Guitton, Gabriel Marcel, Stravinsky, Vitorino Nemésio, Miller Guerra, etc., são apenas algumas lembranças do meu tempo de estudante.

2. Como já lembrei nas últimas crónicas, o papa Francisco, antes de vir a Fátima, tinha publicado uma carta apostólica, em forma de motu proprio, pela qual inscreveu os santuários no Pontifício Conselho para a Nova Evangelização. Insisto neste facto para que a sua importância, os seus objectivos e exigências, que lhe são apontados, comecem a ser vividos e praticados em Fátima. É de notar que a perspectiva do Papa é uma aplicação concreta do Evangelho da Alegria, o programa do seu pontificado.
Nos dias 12 e 13, J. Bergoglio deu o exemplo do que pode e deve ser a realização do programa que apontou para a evangelização dos santuários. Com uma arte genial enxertou, em narrativas gastas, a novidade do Evangelho. Como tinha passado um ano inteiro a falar da misericórdia de Deus, não tinha espaço mental e afectivo para continuar a repetir as ameaças da Cova da Iria. Escreveu e disse outra coisa. Na crónica do domingo passado, respiguei o que me pareceu mais acutilante e novo em todas as suas intervenções.
É, sem dúvida, importante escutar e debater esses textos na íntegra, mas não basta! Há uma expressão conhecida: um dedo que aponta o céu e as pessoas olham para o dedo. O que importa é a pergunta: quais foram as representações teológicas, melhor dito, as inovações metafóricas da sua linguagem cristã e as direcções de acção evangelizadora na sua vertente de anúncio do Evangelho e de transformação da sociedade? Igreja de saída para onde? Só para os cristãos ou para “todos os [seus] irmãos no baptismo e em humanidade, de modo especial para os doentes e pessoas com deficiência, os presos e os desempregados, os pobres e os desempregados”?
Dir-se-á que Fátima está feita e que não há mais nada a fazer. Sob certo ponto de vista, seria um desastre que os clérigos e os clericalizados, ignorantes por profissão, tentassem impor os seus conceitos moralistas e canónicos a uma população que vai a Fátima porque sabe onde lhe dói e onde procura esperança. Seria pior a emenda do que o soneto. Deixem Fátima ser um lugar de liberdade pessoal.
Dito isto, nada está feito. Como desenvolver as perspectivas apontadas pelo Papa acerca de Deus, de Cristo, do Espírito Santo, da Igreja e de Maria? Não digo que seja necessário fundar uma nova faculdade de teologia em Fátima, mas é indispensável que o santuário promova seminários, colóquios, debates, publicações que desenvolvam uma nova teologia em plena liberdade. 
A preparação de peregrinações precisa de uma teologia narrativa dos mistérios do Rosário que não seja apenas a repetição de Pai-Nossos e Ave-Marias, introduções ao sono, quando deviam ser aberturas aos sonhos e aos trabalhos de um mundo novo.
A mariologia não pode continuar como catálogo dos privilégios de uma Senhora, ainda que seja mais brilhante do que o Sol. Alguns passos, sobretudo do ponto de vista bíblico, já foram dados. Fr. Edward Schillebeeckx, O.P., poucos anos antes de morrer, traçou as linhas de evolução da mariologia desde 1954 e as perspectivas que ele tentou abrir para o futuro. É necessário rever toda a tradição dos títulos que foram atribuídos a Maria, Mãe de Deus. O Espírito Santo não pode ser posto de lado.

3. Fátima, no seu conjunto, não é a realização de uma grande ideia de beleza. Alguns remendos, por mais interessantes que sejam, não conseguem superar deficiências de raiz. 
Como diz o documento sobre os santuários, importa a sua valorização cultural e artística, segundo a via pulcritudinis, como modalidade peculiar da evangelização da Igreja. Para limpar o comércio da fealdade religiosa, não seria possível criar uma escola de artes plásticas, de música, de teatro para encontrar novas linguagens da beleza da fé?
Desde o princípio se diz que Fátima está confrontada com os problemas da guerra e da paz. É indispensável rezar para erradicar as raízes, as causas e as consequências dos conflitos. Dado o alcance mundial da mensagem de Fátima, não seria urgente criar, nos seus espaços, uma “Universidade da Paz”, não só ecuménica e inter-religiosa, mas aberta a todos os humanos de boa vontade?
Dir-se-á que estou a pedir demasiado a um lugar que é de acolhimento para rezar, cumprir uma promessa, acender uma vela e cantar um adeus nostálgico a Fátima. O Papa pediu muito mais. Exigiu uma mobilização geral contra a indiferença que nos gela o coração e agrava a miopia do olhar.
Só vale a pena falar no futuro de Fátima se aquele santuário contribuir para criar muitas e variadas iniciativas espirituais e culturais, que convençam os peregrinos a dizer: qual é a minha periferia?

sábado, 20 de maio de 2017

PAPA FRANCISCO — A Revolução Imparável

Um livro oportuno de António Marujo e Joaquim Franco 
Apresentação de D. António Francisco e Mónica Baldaque
Moderação de Jorge Gabriel 


HUGO COELHO — um gafanhão na liderança do Beira-Mar


Hugo Coelho, meu vizinho e amigo, que conheço desde menino, vai ser o novo presidente do velhinho Beira-Mar. Tudo indica que sim, já que há uma lista única candidata aos órgãos sociais.
Não ando muito por dentro do mundo do futebol, mas sei que o Beira-Mar foi, em tempos que já lá vão, um clube que tinha nas Gafanhas muitos sócios e simpatizantes, pelo seu historial desportivo, com várias modalidades. Os tempos são realmente outros e de repente, por artes nem sei de quê, o velhinho Beira-Mar caiu em desgraça. Vai agora, ao que julgo, renascer para gáudio dos seus simpatizantes e torcedores, sob a liderança de um gafanhão, cujos méritos de trabalho e gestão bem conheço.
Tenho cá um palpite que o Hugo vai ter algumas dores de cabeça, sobretudo quando o Beira-Mar tiver de enfrentar o Grupo Desportivo da Gafanha, que antigamente foi e ainda é, sem dúvida, um viveiro de jogadores de futebol e de outras modalidades.
Desejo ao Hugo Coelho as maiores venturas em mais uma tarefa, desta feita em luta pela dignificação de um clube que todos sabemos e queremos continuar a aplaudir.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Os Sintomas do Nosso Mal-Estar Espiritual



Os sintomas do nosso mal-estar espiritual são demasiados familiares. Incluem: a dimensão da corrupção, tanto no setor público como no setor privado, onde cargos e posições de responsabilidade são tratados como oportunidades de enriquecimento pessoal; a corrupção que ocorre no seio do nosso sistema de justiça; a violência nas relações interpessoais e nas famílias, em particular, o vergonhoso recorde de abuso de mulheres e crianças; e a dimensão da evasão fiscal e a recusa em pagar pelos serviços utilizados. 

Nelson Mandela, 
in 'Walk to Freedom'

Li no Citador 

O que eu penso sobre Fátima (4)

Crónica de Anselmo Borges no Diário de Notícias


«Concordo com Henrique Monteiro, no último Expresso: "negar que Fátima tem um apelo especial, é negar a evidência, o que só se consegue com teorias estapafúrdias", como as do negócio e vigarice. Mas digo também: uma vez que há experiências religiosas melhores e outras menos boas, é tarefa da Igreja evangelizar Fátima, purificá-la, também com a transparência nas contas.»

1 Para quem acredita verdadeiramente no Deus dos cristãos, Fátima é uma questão ao mesmo tempo simples e tremendamente exigente.
Quem acredita em Deus sabe que Ele é infinitamente transcendente ao mundo; Ele está, é, para lá do espaço e do tempo, sempre para lá do que se possa tentar pensar ou dizer. "Nunca ninguém viu Deus", diz o Novo Testamento. Por outro lado, se Ele é o Criador, melhor, porque Ele é o Criador, é infinitamente presente ao mundo e a todas as criaturas. Ele criou e cria a partir do nada e por amor tudo quanto é; de tal modo é Força infinita de criar que, se Ele se retirasse do mundo, tudo voltaria ao donde veio: o nada. E o que é que Ele quer senão manifestar-se às criaturas, que Ele ama, com amor infinito? O interesse de Deus não é a sua maior honra e glória, mas a plena realização das criaturas. É, pois, infinitamente transcendente e infinitamente presente, Presença infinitamente transcendente e imanente.
Se é Presença infinita ao mundo e às criaturas e se o que Ele quer é manifestar-se, revelar-se, o problema está tão-só do lado das criaturas. Então, há quem se dá conta dessa Sua manifestação, e quem nem sequer está interessado, de tal modo anda distraído. Uns dão-se conta e outros não se apercebem de nada.
Também é claro que cada um se dá conta sempre segundo os seus esquemas de entendimento, no seu horizonte de compreensão, num determinado contexto histórico, cultural, religioso, no quadro da sua história familiar, pessoal, atendendo ao seu carácter, modo de ser e estar no mundo, às suas expectativas...
E as crianças também se podem aperceber dessa Presença? A resposta é: Porque não? Mas, mais uma vez, como crianças, e dentro dos seus pressupostos histórico--existenciais...
É como no amor. Para dar um exemplo simples: vejo os estudantes que chegam no início do ano à faculdade, e todos se vêem, pois aparecem uns aos outros; depois, com o tempo, constato que um estudante anda de mão dada com uma estudante, os dois têm manifestações especiais de afecto e, se a relação se aprofundar e tornar intensa, pode acontecer que se casem e tenham uma vida e filhos em comum... O que é que ele "viu" nela de especial?, o que é que ela "viu" nele de especial? Tudo começa por uma experiência. Na relação com Deus, sem essa experiência interior, que tem que ver com - é talvez a palavra melhor - dar-se conta da sua Presença infinita, transcendente-imanente, experiência sempre pessoal e única, até pode alguém viver da religião, andar em procissões e outras exterioridades religiosas, e ser ateu.
Não custa admitir que as três crianças em Fátima fizeram uma verdadeira experiência religiosa interior. Evidentemente, como crianças e no contexto das suas vivências, incluindo as vivências religiosas da época; enquanto crianças, é natural que essa experiência tenha assumido uma esquematização feminina com a figura materna de Nossa Senhora e, dentro do contexto histórico, com dimensões de exaltação (luz "mais brilhante do que o Sol") e também de pavor ("o fogo do inferno"). Depois, a partir de um núcleo originário, houve arranjos e rearranjos, segundo a história e novos desenvolvimentos e reinterpretações. Neste sentido, pode-se perguntar porque é que o comunismo aparece condenado, não sucedendo o mesmo com o nazismo. De qualquer modo, Fátima tornou-se um acontecimento de influência mundial.

2 A experiência de Fátima tem elementos de valor permanente: a oração, a conversão, a mudança de vida, na luta pela justiça, pela paz, pela dignidade de todos. Os próprios pastorinhos assumiram-na nas suas consequências, e rezavam e testemunhavam e a sua generosidade chegou ao ponto de dar a pouca comida às ovelhas pela conversão dos pecadores. Não acredito que Deus quisesse isso, mas não se pode deixar de admirar esta generosidade.
O Papa veio e procedeu à sua canonização. No meu último livro, Francisco. Desafios à Igreja e ao Mundo, chamo a atenção para as canonizações e os seus perigos, concretamente para a questão da necessidade de milagres como comprovativo de santidade. Para mim, os únicos milagres são os milagres do amor. Pensar que Deus intervém para interromper ou suspender as leis da natureza supõe que Ele está fora do mundo e que, de vez em quando, vem cá dentro e, arbitrariamente, pois vem para uns e não vem para outros. Como já sublinhei, Deus não está fora mas dentro, infinitamente presente como fundamento do milagre da existência de tudo.
Precisamente porque tudo é milagre - o milagre de existir, do ser e de se ser -, não há "milagres", que implicariam ateísmo.
Todas as crianças são santas, porque são puras e inocentes. Assim, apesar das reservas que coloco, só posso esperar que esta canonização sirva para a tomada de consciência de que todas as crianças são mesmo santas, com dignidade divina, tirando-se daí todas as consequências: acabar com toda a violência física e psicológica sobre elas, pôr termo a todas as situações de abuso: tráfico para a exploração sexual e de órgãos, trabalho infantil, soldados para as guerras, e que se ponha fim a essa tragédia que é mais de 10 000 crianças morrerem todos os dias de fome no mundo... Se esta salvaguarda das crianças se concretizasse, esse é que seria um verdadeiro milagre de Fátima.

3 Concordo com Henrique Monteiro, no último Expresso: "negar que Fátima tem um apelo especial, é negar a evidência, o que só se consegue com teorias estapafúrdias", como as do negócio e vigarice. Mas digo também: uma vez que há experiências religiosas melhores e outras menos boas, é tarefa da Igreja evangelizar Fátima, purificá-la, também com a transparência nas contas.

Garantia de Jesus: Vou enviar-vos o Advogado defensor

Reflexão Georgino Rocha


Disse em Fátima o Papa Francisco: "Sob a proteção de Maria, sejamos, no mundo, sentinelas da madrugada que sabem contemplar o verdadeiro rosto de Jesus Salvador, aquele que brilha na Páscoa, e descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor”

Jesus está a fazer a sua despedida dos discípulos. Abre-lhes o coração e comunica os sentimentos mais profundos. Conhece bem a situação em que se encontram: tristeza e perturbação, desamparo e orfandade, inquietação e perplexidade. E consigna no seu testamento final: “Não vos deixarei órfãos. Rogarei ao Pai que vos enviará outro Paráclito para estar sempre convosco”. Promessa realizada com a vinda do Espírito Santo. Promessa que toma rosto humano em quem cultiva o amor de liberdade e observa os mandamentos com obediência filial. Promessa que encontra no acontecimento do Pentecostes a sua celebração sacramental e percorre os caminhos da história em tantas outras manifestações.

O discurso de despedida, hoje proclamado na liturgia, condensa o núcleo fundamental dõ mistério cristão: “Eu estou no Pai e vós estais em Mim e Eu em vós”. A comunhão nasce e manifesta-se na relação. A certeza do envio do Advogado consolador, o Espírito Santo, enraiza-se neste amor fontal. A confiança dos discípulos alicerça-se na Verdade que não pode mentir. O olhar de fé faz ver outras dimensões da realidade e brota da razão humana iluminada por Quem a habita, o Espírito Divino. O amor à vida sonha novas ousadias porque garante Jesus: “Eu vivo e vós vivereis”.

Que beleza de mensagem. Que densidade da realidade. Que maravilha de horizontes. Tudo a envolver-nos para saborearmos e agradecermos, celebrarmos e vivermos, irradiarmos e comunicarmos. Em cumplicidade responsável que nos faz viver uma alegria irradiante. Santa Teresa de Calcutá dizia às suas Irmãs da Caridade: “A alegria é para nós uma necessidade e uma força, até fisicamente. Aquelas irmãs que cultivam o espírito de alegria não sentem tanto o cansaço e estão sempre prontas a fazer o bem. Plena de alegria, uma irmã prega sem pregar. Uma irmã alegre é como um raio de sol do amor de Deus, a esperança de uma alegria eterna, a chama de um amor que queima”.

A promessa de Jesus alarga-se à missão dos discípulos. Ide e anunciai. Ide e curai. Ide e sede testemunhas da minha ressurreição. E, obedientes por amor, partem pelos caminhos do mundo. De temerosos, fazem-se audazes; de agarrados ao passado, abrem-se decididamente ao futuro; de sonhadores de poderes mundanos, tornam-se realistas empenhados no serviço humilde, de cuidadores de interesses pessoais, passam a generosos construtores de uma sociedade de todos, lançando as sementes de um mundo novo a surgir.

Não estão sós nesta aventura missionária. Têm consigo o Advogado defensor, o Espírito Santo, enviado por Jesus. Necessitam da sua luz para amar sempre a verdade e não se deixarem corromper; da sua consolação para aguentar os revezes da vida; da sua companhia para vencerem a solidão que esgota e esteriliza; da sua força, suave e firme, para enfrentar todos os poderes instalados e provocar fendas de novidade e de esperança para os esquecidos e marginalizados; da sua sabedoria, para valorizar tudo o que condiz com a dignidade humana e rejeitar toda a espécie de discriminação e de silenciamento imposto. Outrora como agora. Os cristãos, seguidores fiéis de Jesus ressuscitado, sentem a alegria do Evangelho a irradiar e a causar problemas na (des)ordem estabelecida e na Igreja “entrincheirada” nos seus redutos tradicionais que se vão esboroando progressivamente. Os cristãos, como os discípulos na manhã de Pentecostes, querem vibrar com a audácia do Espírito Santo que os impele para a praça pública a proclamar o amor que Deus nos tem e faz germinar a revolução da ternura em toda a humanidade.

Maria, a Mãe de Jesus e nossa Mãe é o exemplo perfeito de quem se deixa modelar por este Espírito, o escuta e acolhe, e se disponibiliza para servir com amor. O Papa Francisco na sua peregrinação a Fátima exortou-nos a que: “Sob a proteção de Maria, sejamos, no mundo, sentinelas da madrugada que sabem contemplar o verdadeiro rosto de Jesus Salvador, aquele que brilha na Páscoa, e descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor”.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Santa Joana, padroeira da cidade e diocese de Aveiro


Nunca é demais tentar esclarecer o que diz respeito a Santa Joana, padroeira da cidade e diocese de Aveiro, até porque tenho verificado que há muita confusão nas redes sociais. Santa Joana foi beatificada, mas ainda não foi canonizada. Depois da beatificação, foi declarada padroeira dos aveirenses. E a canonização, tão desejada pelos seus devotos, ficou a aguardar. 
Entretanto, o atual Bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, entendeu, e muito bem, que seria altura de retomar o processo da canonização, estando garantido que os responsáveis pela recolha, seleção e registo de tudo o que possa contribuir para a declaração da Beata Joana como Santa, com culto universal, pela Santa Sé, tomariam posse no dia 25 de junho, Dia da Igreja Diocesana, em Schoenstatt. 
Para um conhecimento mais completo das vida da princesa Joana entre nós e do processo canónico da sua beatificação, nada melhor do que ler o que Mons. João Gonçalves Gaspar escreveu sobre a nossa padroeira em livro e em variadíssimos textos.Sugiro, para começar, o que está publicado na site da Diocese de Aveiro. 




Varrer o passado para debaixo do tapete

Opinião de André Carneiro no PÚBLICO

Parque verde de Alcobaça

«Portugal é definitivamente um país estranho. Vivemos num território que alberga uma milenar herança de várias épocas, povos e civilizações. Estas condições poderiam fazer de nós um caso de referência internacional, mas continuamos a ser incapazes de estudar, valorizar, mostrar e orgulharmo-nos do nosso património herdado e de transmiti-lo às gerações futuras. Um país que agora é visitado por milhares de turistas, mas que continua a ter as suas memórias fechadas, abandonadas, arruinadas ou (como recentemente sucedeu com um elemento pertencente a um conjunto classificado como Património da Humanidade) vandalizadas de forma sorrateira e ignóbil.»

Por sugestão de M. Ferreira Rodrigues no Google +

Nota: Para que não aconteça entre nós... Para que saibamos valorizar o nosso património... Para acreditarmos na importância do nosso passado. 

A bondade do papa Francisco, por Clara Ferreira Alves


«Jorge Bergoglio vivia entre os pobres e os criminosos, e deste período de frugalidade e meditação, de perseguição e dor, retirou os ensinamentos de Cristo sobre a resistência ao sofrimento e ao medo». «A sua bondade, creio, vem daqui. Vem de dentro, do centro, dessa qualidade intemporal que não se confunde com o humanismo porque o transcende, incorporando tudo, todo o mundo conhecido e desconhecido, todos os seres vivos e mortos, toda a matéria e antimatéria, numa compaixão universal e transcendental.»

Nota: Texto editado pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura
a partir de uma crónica publicada no EXPRESSO. 

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terça-feira, 16 de maio de 2017

Com os nossos cães...

Lita, Tóti e Tita num relvado da Gafanha da Nazaré

Permitam-me que partilhe hoje a foto da Lita, em passeio com os nossos cães, o Tóti e a Tita, com mais de 14 anos de vida connosco. O Tóti e a Tita são realmente dois animais adoráveis e inseparáveis. A doença de um é doença do outro. E quando um se ausenta, para ir, por exemplo, ao veterinário, é certo e sabido que ficam mesmo inquietos. Depois, quando se juntam, saltam de contentes. 
Partilho esta reflexão para fugir ao marasmo de histerias coletivas que enchem alguns noticiários televisivos com horários e programas repletos de nada, uns, e de coisa nenhuma, outros,  quando uma síntese bem feito e bem ilustrada seria o suficiente. para nos esclarecer. Das rádios, porém, não me queixo.
Voltando aos nossos cães, ensinados a respeitar e a seguir direitos e obrigações, apetece-me dizer que são mais fiéis que muitos humanos. Não é por acaso que o velho ditado — "Quanto mais conheço os homens mais gosto dos cães" —, criado nem sei há quantos anos, continua atual.

Passagem fugaz pela Figueira da Foz

Na rotunda do pescador
Ao longe, um bar à espera da época de veraneio 

Ontem passei pela Figueira da Foz. Passagem fugaz, é certo, mas não deu para ver o mar. Uma neblina estanque cortava-me a visão das ondas ou do mar-chão. Bem tentei e esperei, mas nada. E regressei com vontade de ficar. Qualquer dia hei de voltar. Mas ainda deu para ver que a praia, a extensa praia da Figueira da Foz, de areal e mar desafiantes, está em maré de requalificação. No verão, seguramente, tudo estará afinado.

Fátima e Papa na imprensa internacional


«A profunda devoção mariana do papa Francisco encontra no contexto de Fátima um lugar «ideal» para manifestar-se com todo o seu vigor. Na cidade portuguesa, com efeito, onde o culto à Virgem é particularmente sentido, o amor por Maria, traço característico dos fiéis da América Latina, é o sinal forte de uma peregrinação que pretende lançar uma mensagem de paz num mundo atravessado por conflitos e tensões.
Do "Times" ao "New York Times", do "Guardian" ao "Los Angeles Times" emerge com evidência o significado de uma viagem que, recordando a dimensão mariana, reitera a urgência de abater os muros e superar as divisões.»

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A Alegria do Amor A. M. 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