quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Sobredotados

Crónica de Maria Donzília Almeida



Albert Eisntein 
tinha dificuldades de ler e soletrar 
e foi reprovado em matemática


A nossa/minha memória é seletiva e com a aproximação do Natal, presenteia-me com gratas recordações.
Ao longo do meu percurso profissional, lidei com uma grande diversidade de alunos, de todas as formas e feitios, o que é uma experiência enriquecedora no conhecimento do género humano. Em toda esta panóplia de perfis psicológicos, também haveria de me cruzar com os sobredotados.
Existe ainda alguma controvérsia quanto a esta designação. De qualquer forma, hoje já não se considera este quadro só com base num determinado QI. Considera-se que uma pessoa sobredotada demonstra e mantém ao longo da sua vida competências acima da média, elevada criatividade e um grande envolvimento nas tarefas. Estas crianças têm habitualmente uma aprendizagem mais rápida, profunda e abrangente do que os seus pares, funcionando ao nível de uma criança mais velha. Demonstram um raciocínio rápido, um elevado nível de abstração e de fluência de ideias, curiosidade, flexibilidade do pensamento e originalidade e são persistentes nas tarefas. A busca de conhecimento é-lhes intrínseca.

Festa em honra de Nossa Senhora da Nazaré

Comissão tomou posse 
na eucaristia da Imaculada Conceição
Nossa Senhora da Nazaré


A Comissão de Festas em honra de Nossa Senhora da Nazaré tomou posse na eucaristia das 11.15 no dia da Imaculada Conceição, 8 de dezembro. Na presença do nosso prior, Padre Francisco Melo, e perante a comunidade paroquial, a comissão prometeu assumir as responsabilidades que lhe cabem, no respeito pelas normas diocesanas e paroquiais.
A comissão, constituída por Domingos Vareta (Juiz), Maria do Rosário Cravo (Secretária), Laurinda Vareta (Tesoureira), Hermínio Ferreira (Vice Tesoureiro), José Oliveira, João Cirineu e Fernando Alves (Vogais), mostrou-se animada em levar por diante a missão de que foi incumbida, com empenho acrescido, já que Nossa Senhora da Nazaré tudo merece. Referiu que estão a ser programadas várias iniciativas para angariação de fundos. O juiz informou-nos que vão bater a todas as portas e empresas da freguesia, esperando que as pessoas sejam generosas, porque uma festa destas envolve muitas despesas, como é sobejamente conhecido.
Vai ser vendido um calendário que, garantiram-nos, está muito bonito, e também está a ser preparada uma rifa, entre outras ações que possam render algum dinheiro. O que importa agora é que todos saibamos cooperar, cada um dentro das suas possibilidades, para que os festejos correspondam à devoção que temos por Nossa Senhora da Nazaré. Para que assim seja, a Comissão tem reunido com o nosso prior, porque a componente espiritual e cultural não poderá ficar esquecida.

Tolerância





De uma oração de Mahatma Gandhi que um amigo me enviou.

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Ponte de Paz



Ponte de paz


Vem Filho do Altíssimo,
Lançar a ponte da luz
Entre o reino de Teu Pai
E a mais funda raiz humana.

Vem príncipe da paz,
Despojar-nos das armaduras
E revestir-nos com as tuas vestes,
Fazer da nossa liberdade,
A ressonância do teu amor.

Vem médico divino,
Levantar-nos com as tuas mãos,
Beijar-nos com o teu olhar,
E rasgar-nos as mordaças
Que nos fazem calar a tua palavra.

Vem coração de Deus,
Inflamar-nos do teu desejo
Insuflar em nós os teus sonhos
E recriar em nós a tua vida.

Vem!

João Santos

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Dia Mundial da Paz — 1 de Janeiro

Mensagem do Papa Francisco 




Já não escravos, mas irmãos

«Os Estados deveriam vigiar por que as respectivas legislações nacionais sobre as migrações, o trabalho, as adopções, a transferência das empresas e a comercialização de produtos feitos por meio da exploração do trabalho sejam efectivamente respeitadoras da dignidade da pessoa. São necessárias leis justas, centradas na pessoa humana, que defendam os seus direitos fundamentais e, se violados, os recuperem reabilitando quem é vítima e assegurando a sua incolumidade, como são necessários também mecanismos eficazes de controle da correcta aplicação de tais normas, que não deixem espaço à corrupção e à impunidade. É preciso ainda que seja reconhecido o papel da mulher na sociedade, intervindo também no plano cultural e da comunicação para se obter os resultados esperados.»

Ler toda a mensagem aqui

O aço e o caráter

«As dificuldades são o aço estrutural 
que entra na construção do caráter»
Carlos Drummond de Andrade 
(1902-1987), escritor e poeta brasileiro

Natal da Esperança





1. Disposição do espírito que induz a esperar
que uma coisa se há-de realizar ou suceder.
2. Expetativa.
3. Coisa que se espera.
4. Confiança.
5. Religião: Uma das virtudes teologais.


Dos dicionários


1. Para os cristãos, a esperança é mola-real da fé, que Deus não deixará de oferecer aos homens e mulheres de boa vontade. Predispondo-se a recebê-la, cada um dos que buscam o Todo-Poderoso precisa de cultivar o dom da espera, que também é, ano após ano repetido por esta altura, uma excelente ocasião que a Igreja nos proporciona para revivermos a esperança alguma vez já experienciada. Daí a beleza da quadra natalícia que atravessamos e que nos faz sentir que a meta esperada está à porta do presépio de Belém, onde a humildade humanizada nos aproxima indelevelmente uns dos outros.
A esperança, a tal disposição do espírito que nos induz a esperar que uma coisa se há-de realizar ou suceder, não é atitude espontânea e passiva. Muito menos inata. Ela precisa de ser aprendida e cultivada, educada e alimentada, para se tornar paciente e consciente de que Aquele que há de vir se sinta bem em nós e connosco, alargando-se ao mundo inteiro, como reflexo da Estrela de Belém que a todos ilumina e aquece.

Qualidade do ar na Gafanha da Nazaré

Porto de Aveiro quer compreender
os impactes da movimentação do petcok


«A APA, S.A. está a efetuar a avaliação da qualidade do ar na envolvente do Porto de Aveiro, com o objetivo de compreender os impactes da movimentação do petcok na área envolvente ao TGS e, principalmente, na Gafanha da Nazaré. Este trabalho, contratualizado com a Universidade de Aveiro – Instituto de Ambiente e Desenvolvimento (IDAD), integra duas campanhas de caracterização da qualidade do ar (verão e inverno), bem como a simulação numérica da ação dos ventos e a simulação física em túnel de vento.»

Fonte: Porto de Aveiro

NOTA: É óbvio que todos os moradores das Gafanhas e áreas circundantes também estão interessados em conhecer os resultados, pois há muito tempo que os protestos se multiplicam. A Câmara de Ílhavo e as Juntas de Freguesia, como representantes do povo, não deixarão de tomar as medidas adequadas para tranquilizar as populações. É o que todos desejamos.

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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Monumentos: Prior Sardo


NOTA: A estátua do nosso primeiro prior, sobre um pedestal, continua sem as legendas que possuía desde a sua inauguração.  Ladrões de metais ofenderam um dos nossos maiores. Digo ofenderam, embora reconheça que essa gente nem sequer sabe o significado de ofender. É claro que as nossas autarqias temem que a reposição das legendas, fundamentais a quem passa, naturais ou passantes, sugira novo roubo. De qualquer forma, penso que haverá maneira de as repor, usando outro tipo de materiais. 

O dinheiro maganão de João de Deus


O Dinheiro

O dinheiro é tão bonito,
Tão bonito, o maganão!
Tem tanta graça, o maldito,
Tem tanto chiste, o ladrão!
O falar, fala de um modo...
Todo ele, aquele todo...
E elas acham-no tão guapo!
Velhinha ou moça que veja,
Por mais esquiva que seja,
                            Tlim!
                            Papo.

E a cegueira da justiça
Como ele a tira num ai!
Sem lhe tocar com a pinça;
E só dizer-lhe: «Aí vai...»
Operação melindrosa,
Que não é lá qualquer coisa;
Catarata, tome conta!
Pois não faz mais do que isto,
Diz-me um juiz que o tem visto:
                            Tlim!
                            Pronta.

Nessas espécies de exames
Que a gente faz em rapaz,
São milagres aos enxames
O que aquele demo faz!
Sem saber nem patavina
De gramática latina,
Quer-se um rapaz dali fora?
Vai ele com tais falinhas,
Tais gaifonas, tais coisinhas...
                            Tlim!
                            Ora...

Aquela fisionomia
É lábia que o demo tem!
Mas numa secretaria
Aí é que é vê-lo bem!
Quando ele de grande gala,
Entra o ministro na sala,
Aproveita a ocasião:
«Conhece este amigo antigo?»
— Oh, meu tão antigo amigo!
                            (Tlim!)
                            Pois não!

João de Deus,


in “Campo de Flores”

NOTA: Nicolau Santos publica todas as semanas no caderno Economia do EXPRESSO um poema. A ideia é, na minha ótica,  excelente, ou não servisse a poesia  para amenizar a aridez da Economia que nos dá cabo da cabeça. Se cultivássemos este gosto, talvez a vida se tornasse mais suave,  porque a beleza das artes alegra o mundo. 

A avó Europa de Francisco

Crónica de Anselmo Borges 
no DN de sábado



A Europa mítica é uma princesa de Tiro. Como que a lembrar que é a Eurásia, a Europa ecuménica, de fronteiras imprecisas. Zeus disfarçado de touro aproximou-se da bela princesa fenícia, deixando que o acariciasse e trepasse para o seu dorso. Entrou então pelo mar, dirigindo Eros o casal para Creta, onde fizeram amor. Foi a esta Europa, ao mesmo tempo divina e terrena, e agora em crise, envelhecida e sem confiança, que o Papa Francisco se dirigiu na semana passada com dois discursos: ao Parlamento Europeu e ao Conselho da Europa. 1. Francisco quis deixar "uma mensagem de esperança e de alento" a uma Europa que, num mundo cada vez mais global, é cada vez menos "eurocêntrica" e dá a impressão de "cansaço e envelhecimento", a ponto de "os grandes ideais que a inspiraram parecerem ter perdido força de atracção".

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

MARIA, A MULHER ÍNTEGRA

Reflexão de Georgino Rocha

 Maria, a agraciada do Senhor, em resposta ao convite-apelo dá uma orientação mais profunda à sua vida, ao seu estado de ânimo existencial. A feliz esperança do Messias vai realizar-se de modo admirável. Ela é a contemplada, a eleita entre todas as mulheres, para ser a mãe do Messias esperado. Ela vê confirmada, em si, a expectativa do povo judeu que, ansiosamente, aguardava esse evento. O seu “seja como queres” abre caminho a uma nova e definitiva época da história da salvação. (Lc 1, 26-38). Surge uma nova aurora libertadora em que o SOL da verdade ilumina as buscas da humanidade inquieta e derrete o gelo da indiferença insolidária e mesquinha. 

domingo, 7 de dezembro de 2014

O clericalismo é o vazio da profecia

Crónica de Frei Bento Domingues 

Este Papa não é escravo do passado, 
não fica cego pela última moda,
 nem remete tudo para o futuro



1. Não gosto muito dos livros de homilias. Extinta a luz e o calor da comunicação directa – quando existem – os textos tornam-se mortiços, sem graça. É verdade que aguentei algumas pregações quase ininteligíveis. Eram peças abruptas de teologia literária, em torrentes metafóricas, pouco adequadas às exigências da oralidade, mas que ressuscitavam com uma força enorme quando saboreadas na leitura. Era, aliás, o estilo de Frei José Augusto Mourão, O. P..
Há missas de ritual perfeito que são também um perfeito aborrecimento. Algumas são salvas pela qualidade da música, outras pela acutilância das homilias. Raras são as celebrações que combinam todos os elementos da encenação simbólica da graça, em consonância com a experiência de vida quotidiana de uma assembleia cristã.
Jorge Bergoglio - não o “Santo Padre”, mas o pecador confesso - é um caso raro. Incarna uma novíssima cultura da graça da pregação tocando a sensibilidade, a mente e o coração das pessoas de diferentes povos, continentes e culturas, segundo inumeráveis testemunhos.

Avé-Maria de Fernando Pessoa

AVÉ-MARIA



Avé Maria, tão pura
Virgem nunca maculada
Ouvi a prece tirada
No meu peito da amargura.

Vós que sois cheia de graça
Escutai minha oração,
Conduzi-me pela mão
Por esta vida que passa.

O Senhor, que é vosso Filho,
Que esteja sempre connosco,
Assim como é convosco
Eternamente o seu brilho.

Bendita sois vós, Maria,
Entre as mulheres da Terra
E voss'alma só encerra
Doce imagem d'alegria.

Mais radiante do que a luz
E bendito, oh Santa Mãe
É o fruto que provém
Do vosso ventre, Jesus!

Ditosa Santa Maria,
Vós que sois a Mãe de Deus
E que morais lá nos céus,
Orai por nós cada dia.

Rogai por nós, pecadores,
Ao vosso Filho, Jesus,
Que por nós morreu na cruz
E que sofreu tantas dores.

Rogai, agora, oh Mãe qu’rida
E (quando quiser a sorte)
Na hora da nossa morte
Quando nos fugir a vida.

Avé Maria, tão pura
Virgem nunca maculada,
Ouvi a prece tirada
No meu peito da amargura.

Fernando Pessoa

12-4-1902

sábado, 6 de dezembro de 2014

Um visita natalícia

A MELHOR PRENDA DE NATAL

Olha, filho! Pensando bem, 
a tua visita foi a melhor prenda de Natal 
que me podias oferecer…

O Albano acordou na segunda-feira com o firme propósito de resolver de uma vez por todas o problema das prendas de Natal. Todos os anos sentia o mesmo dilema, sem saber o que oferecer na noite de consoada aos seus familiares. A esposa, essa sim, tinha jeito para tais coisas. Sempre estava mais disponível e não tinha preocupações que a incomodassem. O Albano era diferente. A empresa ocupava-o todos os momentos de todos os dias, ou não o obrigassem a isso a crise económica que domina o país e alguns conflitos com um ou outro trabalhador, que há sempre quem esteja insatisfeito com o ordenado que recebe, como ele tantas vezes dizia. Por isso, escasseava-lhe o tempo para pensar em prendas. Mas o Natal ainda o motivava para se mostrar generoso com quem mais o ajudava nos negócios e com os familiares mais próximos. Restos de uma educação cristã que havia recebido em criança e do ambiente solidário que a época natalícia propicia.
As prendas dos mais diretos colaboradores eram fáceis de encontrar. Mais uns dinheiros, para além do subsídio do Natal e do habitual salário mensal, e não era nada mau.

Adversidade e prosperidade

"A adversidade restitui aos homens 
todas as virtudes que a prosperidade lhes tira"

Eugéne Delacroix 
(1798 - 1863)

A avó Europa de Francisco

Crónica de Anselmo Borges 
no DN

A Europa mítica é uma princesa de Tiro. Como que a lembrar que é a Eurásia, a Europa ecuménica, de fronteiras imprecisas. Zeus disfarçado de touro aproximou-se da bela princesa fenícia, deixando que o acariciasse e trepasse para o seu dorso. Entrou então pelo mar, dirigindo Eros o casal para Creta, onde fizeram amor. Foi a esta Europa, ao mesmo tempo divina e terrena, e agora em crise, envelhecida e sem confiança, que o Papa Francisco se dirigiu na semana passada com dois discursos: ao Parlamento Europeu e ao Conselho da Europa.

1. Francisco quis deixar "uma mensagem de esperança e de alento" a uma Europa que, num mundo cada vez mais global, é cada vez menos "eurocêntrica" e dá a impressão de "cansaço e envelhecimento", a ponto de "os grandes ideais que a inspiraram parecerem ter perdido força de atracção".

NOTA: Para ler na íntegra na segunda-feira



Espera Vigilante e Activa

Uma reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha


João, homem íntegro e consistente, anuncia uma mensagem libertadora: Vai chegar quem é mais forte do que eu. (Mc, 1, 1-8). Mais forte no testemunho do amor e do serviço; na denúncia da riqueza que “amarra” o coração e a disponibilidade; na defesa da vida e dos seus direitos e deveres humanizados; na frontalidade serena com que se opõe aos exploradores dos humildes e simples do povo; na entrega, sem reservas, à missão que o Pai lhe confia.

Mais forte do que eu pelo Espírito que transforma e anima, que lembra as maravilhas do passado e ajuda a “tirar” lições do presente, que abre as “portas” do futuro para onde todos peregrinamos. A boa nova é Jesus, o Filho de Deus que se faz humano para nos ensinar a viver e apreciar a nossa comum humanidade e nos desvendar a sua fonte inesgotável: o amor de Deus Pai, fundamento da nossa confiança filial.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O nosso Menino Jesus



O nosso Menino Jesus já está preparado para nos receber. Ele e sua mãe, Virgem Maria, e seu pai adotivo José. A minha Lita organizou a chegada do Menino, que vai ficar numa sala por onde passa toda a gente. Lareira acesa para aquecer o ambiente e sem grandes ornamentos, porque o mais importante é o espírito de ternura que nos deve animar nesta quadra e sempre.
O Menino Jesus está vestido de modo a não sentir o frio, com roupinhas de lã concebidas e feitas pela Lita. Na sala vai ter, por companhia permanente, para além de sua mãe e de seu pai, que o foi como um pai normal, o Toti e a Tita,
o cão e a cadela que nesta altura dormem como justos, mas não o burro e a vaquinha, pois estes não são os animais das nossas preferências, embora a tradição os tenha imposto através dos séculos.
Quando olhei para o Menino bem agasalhado, fixando-o olhos nos olhos, até parece que percebi dele uma recriminação, como que a lembrar-me que, afinal, há à nossa volta tantos meninos com fome, frio e sede de justiça a paz. E concordei. E prometi-lhe que a família, toda a família, vai ter em conta a sua proposta, que é muito simples: O presépio, no fundo, é para nos levar a olhar para os que mais precisam do nosso carinho, da nossa solidariedade e do nosso amor.
Bom Natal para todos, na alegria de Jesus renascido no coração de homens e mulheres de boa vontade.



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Das nuvens negras cai água límpida

"Jamais desesperes, mesmo perante as mais sombrias aflições 
de tua vida, pois das nuvens mais negras 
cai água límpida e fecunda"

Provérbio chinês





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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A Ria de Aveiro na Literatura

"O São Paio da Torreira, 
a Romaria dos Pescadores"

Torreira em 2014

«Mas a ria enche-se de asas brancas, garças reais que coalham o azul, além sobre a barra, onde a névoa fumega indecisa e lenta, e do outro lado, sobre Pardelhas, Estarreja, até Ovar bolinando ao vento.
É uma verdadeira esquadra, embandeirada em festa, porque hoje é dia de São Paio, na Torreira. Cada barco traz a sua povoação, a sua aldeia, a sua canção, as suas guitarras e adufes. A ria torna-se melodiosa, e sussurra, vibrante nas suas ondas de água, finas como cabelos de mulher, que os ventos represados percutem como uma arcada de violino. Durante muito tempo embala-nos aquela música aquática, dolente e enlanguescedora. As tonalidades mudam. Já não há azul. Os longes tornaram-se brumosos, e a água oleosa, baça, não tem uma vaga, uma crispação. Dir-se-ia um lago imobilizado por um silêncio astral. Um cinzento de agonia envolve esta paisagem de além mundo, prostrada na morte, se o sol não acordar antes da tarde.

O Menino e Sua Mãe

Tela do pintor recascentista italiano Rafael (1483-1520)


O MENINO E SUA MÃE 


Vi há tempos um quadro feito por mão inspirada:
Os traços eram perfeitos
do Menino Jesus e sua Mãe.
Causava enlevo, fazia ternura,
o olhar que se desprendia de Nossa Senhora,
Que tinha seguro nos braços o seu Menino. 


Este deixava ver bem
Seu grande afecto, Sua divina paixão
por Aquela que tão estreito 

o trazia ao peito:
A cabecita de encontro, bem encostada,
entre a face e o ombro de Sua Mãe
e a carita de criança voltada para nós…

Mais que tudo, porém, impressionou-me o ar,
o ar de desafio, cheio de divina meiguice
um ar (Deus me perdoe!) quase gaiato
que parecia dizer a quantos o quisessem entender:
“É minha, só minha a Virgem Maria!”
De tão estreito e apertado que cingia com os bracitos
Nossa Senhora…

Confesso que estranhei,
por me ver quase defraudado por esta divina avareza.
Mas no olhar sorridente da Virgem bondosa
li logo a resposta, a bonança que me vinha:
“Deixa-O, meu filho, são primeiros tempos
que goza a novidade de ter… Mãe:
Eterno que é, só isto Lhe faltava, no céu…

Não tarda que no Calvário te dê a Sua vida
(pouca coisa para Ele!) e o que é mais ainda:
que te dê Sua Mãe, tua Santa Maria”.


In “Livro de Ritmos” de Cardeal Alexandre do Nascimento

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Decálogo para o Natal



Se tens tristeza, alegra-te!
O Natal é alegria.
Se tens inimigos, reconcilia-te!
O Natal é paz.
Se tens amigos, busca-os!
O Natal é encontro.
Se tens pobres ao teu lado, ajuda-os!
O Natal é dádiva.
Se tens soberba, sepulta-a!
O Natal é humildade.
Se tens pecados, converte-te!
O Natal é vida nova.
Se tens trevas, acende a tua lâmpada!
O Natal é luz.
Se vives na mentira, reflete!
O Natal é verdade.
Se tens ódio, esquece-o!
O Natal é amor.
Se tens fé, partilha-a!
O Natal é Deus connosco.


Nota: De apontamentos pessoais guardados, mas cuja autoria não consigo recordar. Se alguém souber, agradeço informação.

Centenário da 1.ª Grande Guerra

Homenagem devida aos combatentes 
do município de Ílhavo



No dia 25 de outubro, a Câmara Municipal de Ílhavo (CMI)  promoveu uma cerimónia evocativa do centenário da 1.ª Grande Guerra em parceria com o Núcleo de Aveiro da Liga dos Combatentes, na qual foram homenageados os portugueses que morreram nesse conflito. E se a oportunidade da homenagem é de louvar, é justo reconhecer a importância de um outro projeto, presentemente em curso, que pretende lembrar, para memória futura, os ilhavenses e gafanhões que participaram na guerra de 1914-1918, quer na Europa quer nas colónias portuguesas em África.
Com o objetivo de chegar o mais longe possível, chegou-nos ao conhecimento que o Centro de Documentação da autarquia tem estado a proceder ao levantamento dos nomes de todos os combatentes, através de pesquisas junto das mais diversas fontes, nomeadamente, nos Arquivos Geral do Exército e Histórico Militar.
Para além das recolhas já feitas naqueles arquivos, porventura constituídos por nomes e números, que a vida dos soldados não cabe neles, torna-se imperioso buscar as memórias dos nossos bravos soldados, com alguns dos quais nos cruzámos há bons anos nas ruas da nossa terra. Nesse sentido, importa sensibilizar os herdeiros e descendentes dos combatentes para que cedam elementos, contem histórias dos seus antepassados, emprestam fotografias, fardas ou restos de fardas, cartas, insígnias, cédulas militares e tudo o que, ligado à 1.ª Grande Guerra, jaz guardado ou esquecido em malas, baús e álbuns.  
O projeto deve envolver toda a gente, em especial alunos a partir do 9.º ano, inclusive, mas ainda a chamada terceira idade, porque talvez sejam os idosos os que mais de perto privaram com os bravos combatentes do nosso município.
É óbvio que o projeto não pretende estudar o mais desenvolvidamente possível o tema em causa para guardar os elementos recolhidos numas tantas gavetas da CMI, porque temos a certeza de que dele nascerá uma grande exposição de homenagem aos combatentes da 1.ª Grande Guerra.
Os interessados em colaborar podem dirigir-se Centro de Documentação de Ílhavo, através do telef. 234 329 686 ou do endereço eletrónico cdi@cm-ilhavo.pt

Fernando Martins

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Litania de Natal de José Régio





LITANIA DO NATAL

A noite fora longa, escura, fria.
Ai noites de Natal que dáveis luz,
Que sombra dessa luz nos alumia?
Vim a mim dum mau sono, e disse: «Meu Jesus…»
Sem bem saber, sequer, porque o dizia.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

Na cama em que jazia,
De joelhos me pus
E as mãos erguia.
Comigo repetia: «Meu Jesus…»
Que então me recordei do santo dia.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

Ai dias de Natal a transbordar de luz,
Onde a vossa alegria?
Todo o dia eu gemia: «Meu Jesus…»
E a tarde descaiu, lenta e sombria.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

De novo a noite, longa, escura, fria,
Sobre a terra caiu, como um capuz
Que a engolia.
Deitando-me de novo, eu disse: «Meu Jesus…»

E assim, mais uma vez, Jesus nascia.

José Régio

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