quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Sobredotados

Crónica de Maria Donzília Almeida



Albert Eisntein 
tinha dificuldades de ler e soletrar 
e foi reprovado em matemática


A nossa/minha memória é seletiva e com a aproximação do Natal, presenteia-me com gratas recordações.
Ao longo do meu percurso profissional, lidei com uma grande diversidade de alunos, de todas as formas e feitios, o que é uma experiência enriquecedora no conhecimento do género humano. Em toda esta panóplia de perfis psicológicos, também haveria de me cruzar com os sobredotados.
Existe ainda alguma controvérsia quanto a esta designação. De qualquer forma, hoje já não se considera este quadro só com base num determinado QI. Considera-se que uma pessoa sobredotada demonstra e mantém ao longo da sua vida competências acima da média, elevada criatividade e um grande envolvimento nas tarefas. Estas crianças têm habitualmente uma aprendizagem mais rápida, profunda e abrangente do que os seus pares, funcionando ao nível de uma criança mais velha. Demonstram um raciocínio rápido, um elevado nível de abstração e de fluência de ideias, curiosidade, flexibilidade do pensamento e originalidade e são persistentes nas tarefas. A busca de conhecimento é-lhes intrínseca.


 Habitualmente, a criança adquire a leitura antes dos seis anos e interessa-se por temas abstratos como literatura, debates, arte, História ou por conteúdos mais científicos.

Numa fase inicial, tem propensão a ser mais desajeitada a nível motor, uma vez que os seus interesses tendem a mobilizar mais o intelecto do que o corpo. Não são necessariamente génios, mas destacam-se pela rapidez com que adquirem conhecimentos e pela facilidade em obter sucesso em determinadas tarefas. São ainda capazes de persistir bastante tempo numa tarefa, mobilizando uma quantidade de energia pouco comum para a idade. Muitas vezes surpreendem os adultos com o teor e a frequência das suas questões e interesses. Revelam grande curiosidade e uma atitude de constante descoberta e estabelecem facilmente relações de causalidade, com dificuldade em aceitar o que não tem uma explicação lógica. Têm vocabulário bastante desenvolvido e dominam temas complexos. Revelam grande capacidade de imaginação e sentido de humor e tendem a ser bastante sensíveis. Contudo, na maior parte dos casos, a sobredotação é detetada na sequência de algumas características menos positivas, que se revelam sobretudo na escola.

 Apesar de apresentarem um conjunto de características muito específicas, também estas crianças revelam diferenças individuais. Não há um perfil único. Não são necessariamente superiores em todas as áreas do desenvolvimento, podendo revelar um desempenho mais frágil a algum nível. Uma das principais dificuldades situa-se ao nível  do relacionamento interpessoal, uma vez que têm uma grande tendência à liderança e ao perfeccionismo, nem sempre aceite pelos pares e pelos adultos. Tendem a ser impacientes com a lentidão dos colegas e podem manifestar dificuldades na integração social por manifestarem interesses pouco habituais para a sua idade.
 As crianças sobredotadas não são abrangidas pela Educação Especial, enquadrada no Decreto-Lei 3/2008, mas podem beneficiar das medidas dos Planos de Desenvolvimento, contempladas no Despacho Normativo n.º 50/2005, como a pedagogia diferenciada na sala de aula, os programas de tutoria, a orientação, o aconselhamento e atividades de enriquecimento.
Atualmente, a Educação obriga à diferenciação de conteúdos, atividades, estratégias e avaliações, pois as turmas são cada vez mais heterogéneas, o que por vezes constitui uma tarefa difícil para o professor, que tem de responder a diferentes necessidades e potenciais dentro da sala de aula. Daí a importância de haver uma estreita colaboração entre a família, a escola e técnicos que eventualmente trabalhem com a criança.

Nesta classificação, recordo um aluno da Escola Preparatória da Maia, na década de 80, que preenchia todos os requisitos acima mencionados. Era o Zé Manel, uma criança vivaça, dos seus onze anitos, cheia de energia e que me surpreendeu logo nas primeiras aulas. Integrava uma turma de 6º ano de Inglês e fiquei desconcertada, quando ao pedir-lhe que fizesse a leitura do excerto de um texto, ele me interpela:_ A S’tora quer que eu leia com o sotaque British, ou com o American accent?
Como responder a esta inusitada quanto desconcertante pergunta? Apesar da minha jovem experiência nas liças docentes, vali-me do senso comum a que sempre se recorre nestas circunstâncias e redargui: _Vais ler nas duas versões, sendo tua a escolha na que primeiro vais usar. Os teus colegas vão estar atentos e identificar a especificidade que tu escolheste. Aproveitei para fazer o teste diagnóstico de leitura e a aula teve uma animação/ motivação inesperadas.
Considerando que os alunos, nas nossas escolas portuguesas, aprendem a Língua Inglesa e não a variante Americana, também é verdade que faz parte do programa identificar as especificidades linguísticas das variantes da língua de Sua Majestade, nomeadamente aquela que tem mais expressão em número de falantes.
Este episódio fortuito foi uma mais valia ali na aula, pois permitiu alcançar objetivos específicos no tratamento de conteúdos programáticos lecionados na disciplina.
E…eu que tenho a preferência pelo British accent, ouvi com agrado  a pronúncia americana, pela qual nutro certa simpatia, sobretudo quando usada por Americanos que tratam a língua inglesa com esmero, tal como Barak Obama, Oprah Winfrey, Hillary Clinton, entre outros. No final, o aluno explicou como apreendera  o American accent….numas férias de verão passadas com os pais nos EUA.
Eu tive, ali, na frente……um sobredotado que foi uma preciosidade nas aulas de Inglês. Menos sorte teve a professora de Trabalhos Manuais que nunca conseguiu motivá-lo para qualquer tarefa prática, tendo-lhe sempre, com muito pesar, atribuído nível negativo, nas avaliações de final de período.
São assim os sobredotados! São génios…mas nenhum génio é perfeito!
São muitos os indivíduos sobredotados, a nível mundial, faço apenas uma breve referência a alguns mais conhecidos do domínio público, bem como ao seu coeficiente de inteligência.

Al Gore (QI=141)
Arnold Schwarzenegger (QI=132-135)
Adolf Hitler (QI=141)
Albert Einstein (QI=160))
Chico Buarque de Holanda (QI=140-160))
Gary Kasparov (QI=190)
Hillary Clinton (QI=140)
Jodie Foster (QI=132-135)
Leonardo da Vinci (QI=220)
Madonna (QI=140)
Richard Nixon (QI=143)
Truman Capote (QI=215)
Bill Clinton (QI=140)
William Gates III (QI=160-170)


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