sábado, 22 de novembro de 2014

Costa Nova com Desertas ao fundo

Costa Nova - Foto de Victor Peixe


Bela imagem da Costa Nova, no tempo, julgo eu, em que não havia fotografia a cores. 
Tanto quanto sei, as fotografias eram retocadas à mão para nos oferecer a noção da cor. Ao fundo vê-se o Desertas que foi resgatado da praia, onde estava encalhado, desde 1916, para regressar ao mar... Foi aberto para o efeito o canal de Mira, que hoje faz parte da paisagem da nossa ria.

A ria é um enorme pólipo



«A ria é um enorme pólipo com braços estendidos pelo interior desde Ovar até Mira. Todas as águas do Vouga, do Águeda e dos veios que nestes sítios correm para o mar encharcam nas terras baixas, retidas pelas dunas de quarenta e tantos quilómetros de comprido, formando uma série de poças, de canais, de lagos e uma vasta bacia salgada. De um lado o mar bate e levanta constantemente a duna, impedindo a água de escoar; do outro é o homem que junta a terra movediça e a regulariza. Vem depois a raiz e ajuda-o a fixar o movimento incessante das areias, transformando o charco numa magnífica estrada que lhe dá o estrume e o pão, o peixe e a água de rega. Abre canais e valas. Semeia o milho na ria. Povoa a terra alagadiça, e à custa de esforços persistentes, obriga a areia inútil a renovar constantemente a vida. Edifica sobre a água, conquistando-a, como na Gafanha, onde alastra pela ria, aduba-a com o fundo que lhe dá o junco, a alga e o escasso, detritos de pequenos peixes…»

Raul Brandão
“Os Pescadores”

Reformados, eméritos, etc.

Crónica de Anselmo Borges no DN
«Há muito que me pergunto porque é que uns são reformados, outros jubilados, outros eméritos, outros pensionistas ou aposentados. Pus-me no encalço das palavras, à procura do seu sentido originário. O que aí fica é o resultado, confesso que um pouco apressado, desse exercício.»

Nota: Para ler neste blogue na próxima segjunda-feira

A mim o fizestes

Reflexão semanal de Georgino Rocha

 A herança futura chega 
em cada momento de bondade 
dispensado a quem necessita

Cenário majestoso realça a importância da figura central e contrasta com a simplicidade dos convocados, a sobriedade das alegações, a contundência da sentença. A solenidade da grande assembleia é patente: anjos rodeiam o homem que está sentado num trono de glória, nações inteiras aparecem dos cantos da terra, o universo converge no mesmo espaço e testemunha o acontecimento. A acção a realizar é extraordinariamente simples, semelhante à de um pastor que, ao cair da tarde, ou ao chegar o tempo invernoso, recolhe o rebanho, separando as ovelhas dos cabritos. Mt 25, 31-46.

A imagem pastoril ilustra, de forma acessível e eloquente, a mensagem que Jesus pretende “passar” aos discípulos de todos os tempos: a opção pelo futuro constrói-se no presente, a semente contém, em gérmen, a árvore, a relação solidária vive-se em atitudes concretas, a glória do Pai brilha nos gestos de fraternidade, a atenção aos “pequeninos”, a quem a vida não sorriu por malvadez humana, manifesta o reconhecimento de quem se identifica com eles e por eles vela com a máxima consideração.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Eva Cristina não saberia viver sem música

Eva Cristina Ribau
e o prazer de ensinar a cantar


Eva Cristina Ribau


Liturgia sem boa música é uma tristeza

«Liturgia sem boa música é uma tristeza», garante Eva Cristina Ribau em entrevista ao Timoneiro, quando referiu a importância da “rainha das artes” na vida das pessoas. «Todos nós estamos envolvidos pela música: o tique-taque do relógio, a trovoada, o caminhar na rua, o vento que zune e tantos outros sons que nos enchem os ouvidos», sublinha.
Começou a gostar de música desde sempre e aos seis anos a mãe matriculou-a na escola de música. E conta que, em pequena, quando foi operada, sua mãe notou que ela batia com os dedos na perna engessada, como se estivesse a tocar piano. Deduziu que a Eva teria inclinação para a música. E assim foi o princípio de uma vida dedicada às artes musicais. Por isso, conclui a professora Eva, «os pais devem observar os filhos desde pequenos, no sentido de identificarem alguns sinais que indiciem certas propensões».


Candura

Crónica de Maria Donzília Almeida



“A admiração
 é a ingenuidade da inteligência.”

Berilo Neves

Para cativar a atenção e o interesse dos alunos, hoje em dia, o professor tem de fazer malabarismos, que noutra épocas se atribuiriam apenas aos acrobatas circenses.
Dadas as solicitações a que está sujeito o aluno, na concorrente escola paralela, caberá ao professor superá-las, se quer conquistá-lo para o contrato pedagógico.
Assim e para conquistar os alunos para o assunto da aula, a teacher recorreu a uma nova estratégia, na abordagem da matéria desse dia.
Ia ensinar as criancinhas a dizer a morada em Inglês e para isso usaria a 1.ª pessoa: My address is…. 

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Recordando São Pedro de Moel



Na minha coleção de fotografias digitalizadas, que é um caos autêntico, encontro frequentemente imagens de viagens que fiz, de museus que visitei, de paisagens que contemplei e de tudo o que me tocou: um poema, uma árvore, pessoas, monumentos e tanta... tanta coisa. O que importa é pegar nisso e reviver momentos agradáveis, renascendo o desejo de voltar. Recordar não é reviver?

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A Bom Jesus de Braga

Crónica de Maria Donzília Almeida




Santuário do Bom Jesus


Durante a minha efémera permanência em terras minhotas e quando ares primaveris convidavam a um passeio dominical, o Bom Jesus de Braga impunha-se como um destino apetecido e ali mesmo à mão. À sombra de frondosa vegetação, aspira-se o ar puro que enche os pulmões, enquanto a mente se perde numa contemplação e reflexão retemperadoras da alma.
Nesta cidade, a natureza e a arte de André Soares e do coronel Vila-Lobos combinam-se para fazerem deste local um verdadeiro ex-libris da cidade dos Arcebispos.

Em louvor de Tolentino Mendonça

Ou o exemplo 
de uma poética 
da espiritualidade



Durante anos decisivos da sua existência ao serviço da Igreja e da cultura em Portugal, o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC) foi orientado e movido pelo Padre José Tolentino Mendonça, que o conduziu com a força tranquila do exercício cristão dos seus talentos de inteligência e sensibilidade.
O rosto e a travessia do SNPC refletiram, pois, o perfil e a atitude de um Diretor não preocupado em ter presença espetacular ou intervenção ostensiva no terreno (ciente, aliás, de que «nenhum nome/ serve jamais para dizer/ o fogo»), mas empenhado na eficiência discreta e no gesto inspirador de uma autêntica poética da espiritualidade.
Graças a Tolentino Mendonça, o SNPC foi durante anos ajudando a descobrir o sentido nos «intervalos do silêncio», que os atos e as palavras guardam. No confronto com «o assombro e a tensão inerentes à vida» foi apontando ou abrindo caminhos de "via spiritus" e "via pulchritudinis" para o valor divino do humano.
Com a contenção que impera na sua obra lírica, com a densidade de sugestões reflexivas que dela ressalta para as suas crónicas e para as suas homilias, a sua condução do SNPC ensinou a ver o implícito e a ler o flagrante segundo uma gramática do assentimento, na «partilha/ do furtivo/ lume».
Iniciados nesta poética da espiritualidade, vamos cultivar o seu exemplo!

José Carlos Seabra Pereira
Diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura
Publicado em 18.11.2014


Nota: Faço minhas as palavras certas e oportunas do novo Diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura. Tive o prazer de me encontrar algumas vezes com o padre e poeta Tolentino, cujos escritos me habituei a ler e a meditar a partir deles. Continuarei a saborear os seus livros à medida que forem publicados. Presentemente estou com o mais recente, "A Mística do Instante", que me conduz por caminhos que eu nunca havia calcorreado. E com que prazer tenho encontrado paisagens de corpo e alma, com tonalidades de puro deleite! Do padre Tolentino muito teremos ainda de esperar porque a sua riquíssima sensibilidade está atenta à vida que vale a pena ser vivida.

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Mordomias sem sentido


Cavaco Silva, quando terminar o mandato,
passa  a ter gabinete neste palácio

«Como ex-Presidente da República, Cavaco Silva vai ter direito a um gabinete, uma secretária, um assessor e carro com motorista e combustível. Este era, aliás, o último orçamento em que poderia incluir verbas para a despesa com obras num futuro gabinete. Na proposta que está na Assembleia da República, estão 700 mil euros destinados a obras de conservação e restauro, mas nem todo o dinheiro é para o futuro gabinete. Parte será para pequenas obras no Palácio de Belém, no Museu da Presidência da República ou no Palácio da Cidadela.»

Ler no Observador


NOTA: Confesso, com toda a franqueza, que não entendo certas leis, como esta que dá direitos especiais aos ex-Presidentes da República, sendo certo que, terminados os seus mandatos, passam à situação de homens (ou mulheres, se fosse o caso) comuns. Homens comuns, com liberdade para intervirem na vida, na política, na cultura, na solidariedade, nas artes e em tudo, afinal, tal como um normal reformado ou aposentado. Até podiam ficar livres para missões especiais a pedido do Presidente da República em exercício.
Portanto, para quê e porquê gabinete próprio em palácio, com secretária (pessoa), assessor, carro, motorista e combustível? Será que ele não tem casa própria, carro, não sabe conduzir, e não terá dinheiro para o combustível? Francamente.



Indivíduo livre


“Se o indivíduo é passivo intelectualmente, 
não conseguirá ser livre moralmente”

Jean Piaget, 1896 - 1980

Lírica do Ciborgue



o ciborgue habita
debaixo da tua pele

pouco a pouco
ele toma conta
de todos os teus
sentidos e não sentidos

com os olhos ele vê
as cores que não há
nos ouvidos
músicas silenciosas
pela pele os toques
tocam nas coisas
imponderáveis
na boca os sabores
sabem de cor
os desgostos do gosto
no nariz
os odores são
as dores que sobem
desde a raiz
e no todo teu corpo
eles inauguram
os movimentos
que são teus pensamentos
na mágica do leve
levitarás em breve
nos espaços
abstratos
de todos os teus atos
trilhões das tuas células
serão sutilmente alteradas
e as funções
dos teus órgãos
serão novas
quando já não terás
um só eu
mas vários eus
que nem sequer
serás
é com eles
que para sempre
viverás
para além do óbvio
Homo Sapiens Ciborgue
irmão de mim próprio

E. M. de Mello e Castro
"Lírica do Ciborgue"

Nota: Sugestão do caderno Economia do EXPRESSO

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Dia Nacional do Mar celebrado em Ílhavo

Amaya Sumpsi Langreo com Fernando Caçoilo

Prémio Octávio Lixa Filgueiras
 para Amaya Sumpsi Langreo

O Museu Marítimo de Ílhavo (MMI) assinalou o Dia Nacional do Mar no passado dia 15 de novembro, com diversas atividades, de que destacamos uma visita especial e restrita aos bastidores do Aquário de Bacalhaus e uma sessão de Histórias e Novelas Marítimas dinamizada por Miguel Horta.
Na sessão comemorativa do Dia Nacional do Mar, foi apresentado o número dois da Revista ARGOS do MMI, procedendo-se depois à divulgação dos vencedores da segunda edição do Prémio Octávio Lixa Filgueiras do Museu de Ílhavo. No final da tarde, os presentes foram brindados com uma Conversa de Mar, em que participaram Pedro Adão e Silva e João Catarino, autores do guia "Tanto Mar - À descoberta das melhores praias de Portugal”.
A revista ARGOS do MMI é dedicado à museologia marítima e à herança cultural que os museus desta temática  procuram preservar e transmitir. E neste número houve a intenção de editar um volume capaz de questionar os sentidos da museologia marítima que se pratica em diversos países e em museus que, pelo facto de serem marítimos, têm afinidades próprias de comunidades de gentes do mar.

Quando a ponte do Forte da Barra ruiu

Recordando um desastre

Ponte do Forte da Barra



Esta fotografia da antiga ponte do Forte, que ligava a Gafanha da Nazaré às Praias da Barra e da Costa Nova, leva-me a recordar um desastre que, por pouco, não provocou vítimas. A velha ponte, de madeira, mostrava de quando em vez sinais de alguma fragilidade, o que exigia redobrados cuidados. 
A “Auto Viação Aveirense”, que fazia os transportes de passageiros entre Aveiro e as praias, obrigava, com alguma regularidade, todos os passageiros a passarem a pé de um lado para o outro, tanto nesta ponte como na ponte da Gafanha, na Cale da Vila, que permitia a ligação a Aveiro. Saíam do autocarro para o retomar do outro lado da ponte, quer chovesse quer fizesse sol. 
No dia 5 de Julho de 1951, pelas 10 horas, porém, o desastre aconteceu na ponte do Forte. Quando o camião do senhor Manuel Ramos, conhecido por Manuel Russo (ou Ruço?) ia a passar, com cinco toneladas de areia, a ponte ruiu. O proprietário e condutor conseguiu sair de imediato, mas o filho Francisco Ramos, que o acompanhava, ficou debaixo de água durante quatro minutos e meio, segundo lhe afiançou o então mestre Augusto, encarregado da Junta Autónoma do Porto de Aveiro (JAPA). 

Misericórdia de Ílhavo tem novo provedor

Fernando Maria e Álvaro Ramos

Álvaro Manuel da Rocha Ramos é o novo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo, sucedendo a Fernando Maria Paz Duarte. 
O novo provedor é natural de Ílhavo, tem 71 anos e foi Técnico Oficial de Contas. Felicito o provedor eleito, desejando-lhe um mandato profícuo para bem da comunidade do concelho de Ílhavo, área de atuação da Misericórdia. A tomada de posse será no dia 9 de janeiro.
Não podia deixar de felicitar, também, o meu amigo Fernando Maria que cessa funções naquele dia, pelo trabalho desempenhado, de muito mérito, enquanto exerceu as funções de provedor. 

Fonte: Diário de Aveiro. Foto do mesmo jornal

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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Obelisco na Praça Comendador Carlos Roeder


Moral, vítimas e Deus

Crónica  de Anselmo Borges 
no DN


Vínculo inevitável 
entre moral e religião 
dá-se pela esperança, 
sobretudo quando se pensa
 nas vítimas inocentes

Após conflitos e condenações, a Igreja reconheceu a legítima autonomia das realidades terrestres, o que significa que, por exemplo, a ciência, a medicina, a política, a economia se regem pelas suas própria leis, sem a tutela da religião. Sobretudo quando se olha para o mundo islâmico, fica bem patente a importância desta autonomia nomeadamente na política, exigindo a separação da Igreja e do Estado.
Também a moral é autónoma. Aliás, na perspectiva cristã, autonomia e teonomia acabam por coincidir, na medida em que, se Deus cria por amor, então a plena e adequada realização humana, que deve constituir a norma e o critério da acção humana boa, coincide com a vontade de Deus, cujo único interesse são as criaturas totalmente realizadas: a vontade de Deus é o bem da criatura. 

domingo, 16 de novembro de 2014

"Correio do Vouga" começou neste dia



1930 — Tendo como director o Dr. António de Almeida Silva e Cristo, como editor o Padre Alírio Gomes de Melo e como administrador o Padre Dr. António Fernandes Duarte e Silva, começou neste dia a publicar-se o semanário católico Correio do Vouga (Vd. 1º número deste jornal; João Gonçalves Gaspar, A Diocese de Aveiro – Subsídios para a sua História, pg. 466) – J.

“Calendário Histórico de Aveiro”
de António Christo e João Gonçalves Gaspar

Nota: Senti vontade  de evocar os tempos em que dirigi este semanário, enfrentando desafios dia a dia ultrapassados, porém nem sempre como desejaria. Uma verdade não posso olvidar: contei com preciosos colaboradores e bons amigos.Um dia, se Deus me der vida e saúde, voltarei ao assunto. Para já, felicito quantos o dirigem e nele trabalham e colaboram, com o espírito da renovação permanentemente animado.

Regresso à barbárie?

Crónica de Frei Bento Domingues 

Se uma religião tiver a pretensão 
de ser a única verdadeira, 
ficam todas sob ameaça


1. Voltaram, há dias, a interrogar-me, em tom de exame e desafio: se existe um só Deus – segundo o credo monoteísta – porque não se unem numa mesma religião judeus, cristãos e muçulmanos? Presume-se que Deus não possa estar em concorrência consigo mesmo.
Como qualquer cristão, tenho de estar pronto a dar razão da minha esperança, com mansidão e sem arrogância, como recomendou S. Pedro (1Pr 3,15), mas não estou obrigado a ser ingénuo. A pergunta não abriga apenas pouca informação acerca da longa história dos chamados monoteísmos. Recomendo, no entanto, La bibliotheque de Dieu: Coran Evangile, Torah (1). É uma biblioteca escrita e comentada por humanos durante muitos séculos. Nem sempre tem ajudado a pensar e a viver a aventura humana com esperança. A sua leitura fundamentalista foi e continua a ser usada, com demasiada frequência, para matar em nome de Deus. A teologia do diabo exige o recurso permanente ao poder económico, político e religioso (Lc.4,1-13). Os seres humanos sabem que sem poder bélico e o seu comércio, as guerras perderiam o encanto das conquistas.

Monumentos: Mestre Mónica


A Nau vista por D. João Evangelista

Nau Portugal
«Já estou velhinho, já sinto o frio da cova nos pés. É natural que nos meus longos anos, expostos de mais a mais às ondas, nem sempre calmas, do destino que Deus me marcou ao nascer, eu tenha sentido pancadas terríveis no peito, capazes de o quebrarem, de o fazerem em pó, se não se tornasse em bronze indestrutível a mísera carne que o Senhor predestinou para o mais agitado dos apostolados, o apostolado das almas. Às vezes até parece que a vaga passa por uma tal forma por cima da cabeça que nos prega para sempre no fundo de tenebrosos abismos, e não mais voltamos à tona d’água a rivedere le stelle, como dizia o Dante ao fim do Inferno.
Tudo pareceu porém ontem diluir-se, e como que perder-se nas recordações longínquas a ponta mais aguda e mortífera dos seus espinhos, a gota mais amarga do meu veneno, ao golpe imprevisto, mil vezes trágico, que me esmigalhou a alma na Gafanha da Nazaré.
Parecia uma noiva, a nau Portugal, pronta a entrar na Igreja, com a coroa da glória na fronte e o manto de virgem a arrastar na história. Eu passei-lhe a mão pela quilha, ávida de cortar para a frente as águas, de fazer espuma ao passar, como quem faz uma festa na face de um filho, como quem beijaria, a transbordar de ternura, os olhos da sua mãe. E, senti, nessa carícia, bater lá dentro o coração da Pátria; eu ouvi, assim encostado o ouvido à proa altiva do barco, a voz de oito séculos que se não calava. Eu dei-lhe a bênção do meu ritual, mas dei-lhe ainda mais talvez – quem sabe se não me fez irreverente o delírio! – a bênção do meu amor. Estava-me a parecer que, se eu fosse embrulhado para a terra numa dobra daquela bandeira, nenhum verme me tocaria, até o peito morto teria vibrações misteriosas no túmulo.

sábado, 15 de novembro de 2014

Moral, vítimas e Deus

Crónica de Anselmo Borges no DN

Após conflitos e condenações, a Igreja reconheceu a legítima autonomia das realidades terrestres, o que significa que, por exemplo, a ciência, a medicina, a política, a economia se regem pelas suas própria leis, sem a tutela da religião. Sobretudo quando se olha para o mundo islâmico, fica bem patente a importância desta autonomia nomeadamente na política, exigindo a separação da Igreja e do Estado.
Também a moral é autónoma. Aliás, na perspectiva cristã, autonomia e teonomia acabam por coincidir, na medida em que, se Deus cria por amor, então a plena e adequada realização humana, que deve constituir a norma e o critério da acção humana boa, coincide com a vontade de Deus, cujo único interesse são as criaturas totalmente realizadas: a vontade de Deus é o bem da criatura.

NB: Crónica completa na segunda-feira

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Dia Mundial da Diabetes | 16 de novembro





A Câmara Municipal de Ílhavo, em parceria com a Unidade de Cuidados na Comunidade Laços de Mar e Ria (Centro de Saúde de Ílhavo), promove amanhã, domingo, 16 de novembro, entre as 10h00 e as 12h00, no Pavilhão Municipal da Gafanha da Encarnação, um conjunto de ações no âmbito da comemoração do Dia Mundial da Diabetes.
Destaque para uma sessão de sensibilização para a saúde sobre exercício físico e diabetes, com início previsto para as 10h00, seguida de uma aula de zumba. 
Pretende-se com esta iniciativa proporcionar uma manhã diferente para os diabéticos e os seus familiares.


Pode ler mais sobre a Diabetes aqui


RESPONSÁVEIS E ACTIVOS

Uma reflexão de Georgino Rocha




Juízo severo, sentença drástica. Quem o poderia imaginar? (Mt 25, 14-30) O desfecho da parábola dos talentos é surpreendente, desconcertante. O “chamado” servo mau não faz mais do que proceder de acordo com as regras do tempo e do modo de ser do seu patrão: aceita o encargo, guarda com cuidado o talento e apresenta-o, sem desfalque, no regresso do senhor, acompanhando a entrega com uma justificação plausível. O seu comportamento está motivado pelo modo de ser do patrão: ter medo de quem é severo, saber de antemão que não pode falhar, pois ele quer colher onde nada semeou. Por isso manteve a rotina e fez como era hábito: escolher um local seguro, enterrar cuidadosamente o objecto recebido, gravar na memória esse local e, tranquilo, descansar aguardando o momento da reposição.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Cidadãos lançam «Observatório para a Liberdade Religiosa»

Projeto integra especialistas 
como o jornalista e investigador Joaquim Franco 
e o professor Alexandre Honrado




«Um grupo de cidadãos ligados à investigação, comunicação e jornalismo decidiu criar um Observatório para a Liberdade Religiosa a fim de monitorizar a sociedade nesta área e sinalizar casos de discriminação.
Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, os impulsionadores do projeto explicam que o objetivo é constituir “um instrumento isento e independente” de análise à Liberdade Religiosa, num tempo em que “quer em termos nacionais quer internacionais”, este campo pede uma resposta mais efetiva.
Ao nível do país, a ameaça vem sobretudo da “situação bastante frágil” das instituições, devido à crise, e da falta de uma regulação mais efetiva das relações entre empregadores e empregados, sobretudo os que estão ligados a minorias religiosas.»

Ler  mais aqui

NOTA:O problema da liberdade religiosa continua a ser pertinente, apesar de vivermos em democracia. Há sempre alguém que defende a liberdade, desde que seja a sua liberdade. E quando se fala de liberdade religiosa não falta quem acuse as religiões de serem causadoras de guerras e conflitos de toda a ordem. Fanátivos houve sempre e sempre os teremos, quer no âmbito teligiosos quer politico e social. E são eles, com a sua visão do mundo, que querem à sua maneira, que provocam as guerras e alimentam perseguições, sem qualquer respeito pelo pensar e agir dos seus concidadãos. É claro que apoio, com todas as minhas forças, o Observatório para a Liberdade Religiosa. 

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