o ciborgue habita
debaixo da tua pele
pouco a pouco
ele toma conta
de todos os teus
sentidos e não sentidos
com os olhos ele vê
as cores que não há
debaixo da tua pele
pouco a pouco
ele toma conta
de todos os teus
sentidos e não sentidos
com os olhos ele vê
as cores que não há
nos ouvidos
músicas silenciosas
músicas silenciosas
pela pele os toques
tocam nas coisas
imponderáveis
na boca os sabores
sabem de cor
os desgostos do gosto
no nariz
os odores são
as dores que sobem
desde a raiz
e no todo teu corpo
eles inauguram
os movimentos
que são teus pensamentos
na mágica do leve
levitarás em breve
nos espaços
abstratos
de todos os teus atos
tocam nas coisas
imponderáveis
na boca os sabores
sabem de cor
os desgostos do gosto
no nariz
os odores são
as dores que sobem
desde a raiz
e no todo teu corpo
eles inauguram
os movimentos
que são teus pensamentos
na mágica do leve
levitarás em breve
nos espaços
abstratos
de todos os teus atos
trilhões das tuas células
serão sutilmente alteradas
e as funções
dos teus órgãos
serão novas
serão sutilmente alteradas
e as funções
dos teus órgãos
serão novas
quando já não terás
um só eu
um só eu
mas vários eus
que nem sequer
serás
que nem sequer
serás
é com eles
que para sempre
viverás
para além do óbvio
que para sempre
viverás
para além do óbvio
Homo Sapiens Ciborgue
irmão de mim próprio
irmão de mim próprio
E. M. de Mello e Castro
"Lírica do Ciborgue"
Nota: Sugestão do caderno Economia do EXPRESSO