sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O INVERNO, JÁ?

Até parece mentira, mas é verdade. O Inverno, que oficialmente ainda devia vir a caminho, já nos bateu à porta. Vento forte, chuva, o sol perdido por aí, a tristeza sombria das nuvens negras. Paciência. Temos que nos habituar.

Senhora dos Navegantes no Forte da Barra - 1

Andor com Nossa Senhora dos Navegantes
1 – Devoções Marianas É conhecida, de há muito, a devoção que as gentes das Gafanhas têm por Nossa Senhora, à semelhança do que acontece um pouco por todo o País. A figura da Mãe, tanto no plano natural como divino, levou os crentes a aceitarem a Virgem Maria como símbolo da ternura, da disponibilidade, da protecção e do amor. Nessa linha, Maria nunca deixou de inspirar devoção a quem olha para Ela, sobretudo em momentos de aflição ou dificuldades. A Mãe de Deus, e nossa Mãe também, está permanentemente aberta ao povo sofredor. Nossa Senhora da Nazaré, da Encarnação, do Carmo, dos Aflitos, da Boa Hora, da Boa Viagem, da Saúde, dos Campos e, ainda, dos Navegantes. A mesma Nossa Senhora para cada situação. Não é de estranhar, pois, que a Senhora dos Navegantes tenha surgido em espaço e tempo de frágeis técnicas de marear, com perigos constantes, tanto à boca da barra como no mar alto. Embora não se saiba de onde partiu a ideia de venerar no Forte da Barra a Senhora dos Navegantes, é de presumir que a proposta, com toda a naturalidade, tenha nascido no coração de quem vive sentindo as riquezas do oceano, mas também a sua bravura.
Fernando Martins
Nota: Até às Festas da Senhora dos Navegantes, que vão ter lugar nos dias 20 e 21 de Setembro, no Forte da Barra, Gafanha da Nazaré, irei publicar, neste meu espaço, algumas notas, para recordar. Claro que espero achegas que possam enriquecer-nos.
FM

Grandes Veleiros no Porto de Aveiro


No dia 20 de Setembro, o Porto de Aveiro vai registar a passagem da Regata Internacional dos Grandes Veleiros, integrada nos festejos dos 500 anos do Funchal. A iniciativa é da Câmara Municipal de Ílhavo, que deseja, assim, comemorar os 110 anos da Restauração do Município e os 200 anos da Abertura da Barra de Aveiro. A frota dos grandes veleiros formar-se-á, entre 10 e 13 de Setembro, no porto histórico de Falmouth, na costa sudoeste de Inglaterra, de onde largará para Ílhavo, para uma estadia de 3 dias, de 20 a 23 de Setembro, no Terminal Norte do Porto de Aveiro. Deste porto, os veleiros seguirão para a capital da Madeira, Funchal, para o Festival Náutico e comemorações na Cidade, que ocorrem entre 2 e 5 de Outubro. A realização deste evento é uma organização da Câmara Municipal de Ílhavo em parceria com a Sail Training International e com a Administração do Porto de Aveiro.
Para saber mais, clique em Ponto de Encontro, que tem ao leme a minha boa amiga Marieke

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Grupo Poético de Aveiro num Encontro de Poesia

EL CAMINO DE LA POESÍA
Organizado por las asociaciones culturales República de las Letras (Galicia), Asociación de Escritores y Artistas Españoles (Delegación de Galicia) y L@ Nuov@ Mus@ (Italia), en homenaje a los poetas Xoán y Aurora Vidal Martínez, con la colaboración de la Fundación Cuña – Casasbellas (Galicia) y el Grupo Poético de Aveiro (Portugal). El evento tendrá lugar de 17,00 a 21,00 horas del sábado, día 4 de octubre, en el Café Moderno de Pontevedra, y en él podrán participar y recitar todos aquellos poetas que formalicen su inscripción ante la República de las Letras o L@ Nuov@ Mus@. Los poetas intevendrán en secciones separadas por intermedios musicales. El acto culminará con un concierto del guitarrista italiano Lorenzo Loris Zecchin. Más información: fpoza@yahoo.es

Colégio de Calvão distinguido pela FAPAS

Praia do Areão
O prémio está relacionado com a transplantação, por cerca de 130 jovens, de estorno na praia do Areão
Promovida pelo Núcleo de Ambiente do Colégio Nossa Senhora da Apresentação (Calvão), a actividade relacionada com a protecção dos sistemas dunares, popularmente conhecida por “reflorestação dunar”, acaba de ser distinguida pela FAPAS – Fundo para a Protecção de Animais Selvagens.
Leia o texto de Eduardo Jaques no Diário de Aveiro
NOTA: Só para dizer que os jovens, quando estimulados, são sempre capazes de grandes projectos. Para além da diversão e do estudo, podem dar um contributo importante ao ambiente e à sociedade, como estes o demonstraram. Parabéns.
FM

FESTA DA SENHORA DOS NAVEGANTES

A Festa em honra de Nossa Senhora dos Navegantes vai ter lugar no Forte da Barra, Gafanha da Nazaré, no dia 21 de Agosto. A procissão pela Ria começa às 14 horas, no Porto de Pesca Longínqua, com a alegria dos barcos e barquinhos cheios de gente.
A Festa da Senhora dos Navegantes vai realizar-se no dia 21 deste mês, com a já tradicional procissão pela Ria a dar uma cor diferente aos festejos. Na véspera, no Stella Maris, haverá uma outra festa, comemorativa dos 25 anos da bênção e lançamento da primeira pedra do actual edifício-sede daquele clube da Obra do Apostolado do Mar, seguida de missa. No dia seguinte, domingo, teremos então a festa mais popular, com procissão pela Ria, actuação da Filarmónica Gafanhense e Festival de Folclore, em que actuarão os Grupos de Cantares da Associação Cultural de Azurara da Beira, de Danças e Cantares “Olhos de Água” e Etnográfico da Gafanha da Nazaré. A procissão começa no Porto de pesca Longínqua, pelas 14 horas, seguindo em direcção ao Forte da Barra, depois da passagem sempre esperada por São Jacinto. Segue-se, junto à Capela da Senhora dos Navegantes, a eucaristia, com cânticos dos grupos etnográficos convidados. A actuação da Filarmónica e o Festival de Folclore serão logo depois. A procissão pela Ria de Aveiro insere-se na Regata Grandes Veleiros, comemorativa dos 500 anos do Funchal.

Incoerências no horizonte do Portugal moderno

O Presidente da República, no direito que lhe assiste, vetou a nova lei do divórcio e deu razões do seu acto. Logo vieram à praça pública pessoas e grupos para protestar e o mimosear com os habituais epítetos. Sempre os mesmos: conservador, reaccionário, travão do Portugal moderno. Os jotas do PS, incontidos aspirantes a cargos políticos, não pouparam as críticas, afirmando à sua maneira que “ninguém nos trava”. O Dr. Louçã, a sonhar com uma coligação que o possa levar ao governo, fez no essencial coro com a vaga socialista. Manuel Alegre, numa aproximação pensada e interessada, disse que “este veto não é só político, mas ideológico e que traduz uma visão conservadora e ultrapassada da vivência e necessidades da sociedade actual”. Frase cuidada a não dizer nada. Pedro Passos, para não espantar a gente nova, também disse sim e não.
No dizer dos mais empenhados em esvaziar o país de compromissos consistentes, negar valor à instituição familiar, pôr debaixo do tapete direitos de alguns cidadãos, fazer dos portugueses uma carneirada abúlica e submissa à qual só se permite dobrar a cabeça aos poderes da maioria democrática, o Portugal moderno precisa do divórcio facilitado, do casamento dos homossexuais, do uso livre das drogas, do aborto sem restrições, da eutanásia a pedido, de cortar com o conservadorismo da Igreja…
António Marcelino
Leia todo o artigo aqui

terça-feira, 2 de setembro de 2008

O pão com o suor do rosto

Não há duas situações iguais. Mas há algo de comum na mole humana que invade as cidades no final de Verão, nas crianças e jovens que regressam à escola, nos emigrantes que de novo deixam a sua terra, nas aldeias que vêem outra vez partir os visitantes, nas comunidades cristãs que alteram a sua configuração nas celebrações e nas actividades pastorais. Junto a tudo isto o tempo, contado e gerido de outra forma, a disponibilidade para as pequenas coisas, o contacto directo e íntimo com o mar ou a montanha, os sabores da terra que nunca serão transplantados mesmo que se experimentem no local comum de habitação. E a referência ao húmus, à Terra Natal que por qualquer razão difícil de discernir, se deixou, se retoma e abandona com o role de recordações dum passado que tanto se critica e tão ciosamente se ama. E não se trata só da terra. Há pessoas, afectos, linguagens, ambiências, recordações, aventuras e dores comuns, histórias que se contam e só fazem sentido cruzadas pelo olhar de quem melhor compreende todo o cenário da nossa vida. Dir-se-ia que há transparências que só se vislumbram pela linguagem e pressupostos que as histórias comuns constroem. Chega a hora de varrer a nostalgia e começar tudo, quase como se fosse de novo, com um arranque lento e uma espécie de preguiça dolosa que não é mais que o jogo de mudanças na caixa de velocidades que comanda o nosso passo. Tudo isto porquê? Porque se enquadra na nossa ancestral vocação nómada, peregrina, errante, misturada com os complexos acréscimos que as novas urbes, agregados e ferramentas de trabalho nos impõem. E a que o pão de cada dia obriga. Horários, técnicas, meios de transporte, especialização, leis de mercado, aceleração de mudanças, choque de valores, arritmia de transformações, tudo remexe o nosso íntimo e como que altera as leis milenares que nos deram uma forma de viver e conviver. Melhor? Pior? É a história, onde o plano criador e redentor de Deus tem um lugar, uma explicação e uma esperança de que o caminhar do mundo tem a sua dor e a sua grandeza no Génesis em marcha. E não é preciso muito mais para gostarmos de regressar ao trabalho.
António Rego

FÉRIAS: Notas do Meu Diário

FÉRIAS COM ENIGMAS À MISTURA
 
Em férias, é suposto haver dias livres. Livres, significa sem programa pré-definido. No dia 6 de Agosto foi assim, apenas com a preocupação de ler alguma coisa. Levantar cedo, sem correrias, café da manhã tomado na esplanada da piscina, onde jovens de muitas idades vão chegando, mais preocupados em mergulhar ou brincar na água transparente. Jovens com linguajares diferentes, onde pontificava o inglês.
Leitura do jornal de há muitos anos, o PÚBLICO, para tentar perceber o que vai pelo mundo, já que é impossível alhear-me de tudo. Depois, um livro que me ofereceram, que dá para recordar, ou tentar perceber, alguns meandros da nossa história – “Grandes Enigmas da História de Portugal”. Livro recente, com edição da Ésquilo, oferece um conjunto de temas, da pré-história ao século XV. Coordenação de Miguel Sanches de Baêna e Paulo Alexandre Loução. 
No prólogo, somos alertados para um desafio interessante: “Este não é mais um livro sobre História de Portugal. É uma obra onde, a partir de documentos e factos, se divulgam as incertezas e os enigmas que preenchem a nossa História, dando espaço ao leitor para tirar as suas próprias conclusões.” O desafio é curioso, mas não sei se o conseguirei respeitar, pois que há opiniões diversas sobre o mesmo assunto, sempre com argumentos, aparentemente consistentes, mais ou menos. De qualquer forma, pelos capítulos que já li, penso que, mais coisa menos coisa, ficarei quase como dantes. 
Vamos lá agora saber se D. Afonso Henriques era, tal como rezam as crónicas antigas, filho de D. Teresa e do conde D. Henrique… Não há ADN nenhum que nos possa garantir seja o que for. O que sabemos, e isso é indesmentível, é que ele foi um valentão para lançar as raízes da futura pátria portuguesa, independentemente dos pais que teve. Pois é verdade. 
Enquanto a malta nova, de várias idades, mergulhava na piscina, incluindo a minha esposa, filhos e netos, estava eu mergulhado nestes enigmas da nossa história, com um olho no livro e outro neles. E vai mais um capítulo, com textos bem delineados e bem escritos, uns, e outros nem por isso. Uns que se lêem com agrado e outros que me obrigam a virar a página, sobretudo os que andam à volta de esoterismos e iniciações complicadas, de que ainda hoje se fala, sobretudo em torno da maçonaria.
Será que os lusitanos teriam de facto um armamento superior aos romanos e que possuíam o maior e mais organizado exército da época? E D. Afonso Henriques teria realmente mais de dois metros de altura? O Papa João XXI, o único que foi português, teria sido assassinado por ser herético e um curandeiro? 
Ora, meus amigos, durante as férias tive realmente tempo para pensar nisto. E que conclusão tirei? Se calhar fiquei a saber o que já sabia: que a história de Portugal, como outras, está cheia de mistérios, reais uns e inventados outros. Porque era preciso criar mitos. Haverá alguma história no mundo que os não tenha?

Fernando Martins

6 de Agosto

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

ARTES E OFÍCIOS TRADICIONAIS

Jorge Saraiva cultiva a arte de reproduzir motivos regionais
A BARRICA JÁ TEM "SITE" ACTUALIZADO
Já se encontra activo e actualizado o “site” d'A Barrica, que mora em http://www.aaabarrica.net/. Os contactos dos seus 32 associados e a variedade de produtos artesanais podem ser consultados na Galeria da página, do mel à tecelagem, passando pela cerâmica e pelos ovos-moles. As grandes dificuldades económicas que a associação atravessa vieram unir ainda mais os artesãos da região, com a partilha das despesas por todos, segundo me informou Jorge Saraiva, o artesão que entrevistei há dias, no Festival do Bacalhau. A vontade de ser, estar e fazer cada vez melhor é o novo lema de todos os artesão ligados à associação A BARRICA. No “site” é possível ver que, mesmo sem recursos e sem fins lucrativos, mas com a preocupação da promoção das Artes & Ofícios Tradicionais da nossa região, se consegue construir um local de divulgação cultural e turístico, que chega a ultrapassa o nosso país.
:
Aqui ao lado, em CULTURA, pode consultar regularmente A BARRICA.
FM

domingo, 31 de agosto de 2008

MANOEL DE OLIVEIRA: Sinto Cansaço Apenas

"Sinto cansaço apenas. De fazer a barba todos os dias, de levantar, vestir, tomar banho, pequeno-almoço, comer, mastigar, engolir... Tudo isso, essas coisinhas fáceis e corriqueiras mas que são sempre as mesmas. É sempre a mesma coisa, a mesma ordem, ver a televisão... Tudo isso é uma chatice".
Manoel de Oliveira, "Diário de Notícias"

Gafanha da Nazaré em Festa

NOVO PRIOR QUER QUE A COMUNIDADE CRISTÃ
SEJA FERMENTO DE UMA NOVA HUMANIDADE


A Gafanha da Nazaré viveu hoje três datas marcantes: A criação da paróquia, em 31 de Agosto de 1910, com o decreto de erecção canónica do Bispo-Conde de Coimbra, D. Manuel Correia de Bastos Pina, diocese à qual pertencia este espaço geográfico; a Festa da Padroeira, Nossa Senhora da Nazaré; e a tomada de posse do novo prior, padre Francisco Melo. 
Com a igreja repleta de fiéis, D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro, lembrou, à homilia, que estávamos a viver um momento de oração e de acção de graças por tantos dons recebidos durante os 98 anos de vida da paróquia, mas logo adiantou que não nos podemos conformar com a lógica do mundo, antes devemos seguir os “critérios do evangelho”. 
Hoje – sublinhou D. António – é um ”abençoado dia de gratidão e de esperança” pelo trabalho realizado ao longo dos tempos, desejando que a freguesia receba com alegria o novo pároco, a quem agradeceu “o sentido de comunhão fraterna” com que acolheu o seu convite para esta missão. 
Depois da tomada de posse, o agora prior da Gafanha da Nazaré, padre Francisco Melo, sacerdote há 15 anos, falou da importância de todos construirmos uma comunidade cristã “centrada na eucaristia, humilde, sóbria e fraterna”, que seja “fermento de uma nova humanidade”. Prometeu lealdade, abertura e colaboração com as instituições e os poderes instituídos, “para melhor servir o homem”. Ainda manifestou vontade de que a comunidade da Gafanha da Nazaré seja mais “missionária e ecuménica”, apontando a celebração do centenário da paróquia, em 2010, como ponto de partida para “um novo fervor evangélico”.

FM

MINEIROS


Mineiros 
gigantes da terra 
cultores de uma arte tenebrosa e bela
toupeiras do solo carvoento 
símbolo da vida 
sofrimento
mortalha de canseiras e suores acesos 
exemplo flagrante de homens livres 
presos!

Cerveira Pinto



Nota: O Cerveira Pinto, de banca meu companheiro, como ele dizia, era um poeta nato. A sua poesia nascia, por isso, espontaneamente. Já lá vão algumas décadas quando este poema lhe saiu, num intervalo de uma aula. Passou-me o papel onde acabara de o escrever. Fixei-o, em parte. Há tempos enviou-me o que faltava. Aqui o publico como homenagem à amizade. Nunca mais li qualquer dos seus poemas. Será que a veia secou?


FM

Mia Couto outra vez

“Aos 10 anos todos nos dizem que somos espertos, mas que nos faltam ideias próprias. Aos 20 anos dizem que somos muito espertos, mas que não venhamos com ideias. Aos 30 anos pensamos que ninguém mais tem ideias. Aos 40 achamos que as ideias dos outros são todas nossas. Aos 50 pensamos com suficiente sabedoria para já não ter ideias. Aos 60 ainda temos ideias mas esquecemos do que estávamos a pensar. Aos 70 só pensar já nos faz dormir. Aos 80 só pensamos quando dormimos”

Mia Couto 

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 92

A SOLETRAÇÃO
Caríssima/o:
Há muito, muito tempo, tanto que lhe perdi a conta (vejo no registo que foi em Março de 1976!), escrevi no Timoneiro, no «Postal do Porto»: “A propósito, talvez aches piada a este caso que parece... anedota: Aula de leitura da primeira classe. (A escola tinha as quatro classes e eu, por exemplo, tive de levar o banco para me sentar!) Estava a praticar uma de nós: Ia dizendo: «H-agá, não se lê; E i; e um Rê e um O – ru; e um I; e um Nê e um A – na: OIRINA.» O que aí fica é autêntico...” E acrescentava em jeito de rodapé: “P.S.- O que a nossa companheira estava a ler era aquela lição do H e a palavra era: ...HEROÍNA. Como nos rimos, inocentemente, Oliveiros!” Início de aprendizagem atribulada! Mas um outro exemplo ilustra uma bem conseguida... Tarde de domingo; leitura atenta do Correio de Vouga por um nosso Ancião que muito respeitávamos. Ouvimos então um gaguejar que nos fez parar a brincadeira e erguer os ouvidos: - Olhem lá, esta palavra é esquisita, o que quer dizer: FON-TAI-NE-BLE-AU! E ele silabou toda a palavra com um AU aberto, tal como em BACALHAU! Os que tínhamos aprendido uns rudimentos da língua francesa no liceu fomos espreitar e sorrimos, porque era evocado o célebre “tratado de Fontainebleau”. Demos umas pinceladas de história e ouvimos como resposta: - Mas por que é que não escrevem em português? Com o pedido de desculpa pela sensaboria das estórias fica à espera das vossas, essas sim..., o Manuel

sábado, 30 de agosto de 2008

Dar vida ao que em nós é bom

Esta afirmação é admirável. Reconhece em nós a bondade que precisa de ser cultivada. Manifesta o propósito de empreender o esforço necessário para que se desenvolva e revitalize. Alarga e abre o horizonte humano a uma dimensão nova, presente na vida, mas escondida à maneira de semente lançada à terra, e eleva-o a um nível em que o divino e o humano se harmonizam em Jesus Cristo. 
A vida abrange um universo muito mais amplo que o do ser humano. No entanto, é neste ser humano que ela adquire qualidade superior, sinal e reflexo de Deus em nós e apelo forte a que alcancemos a satisfação das nossas aspirações mais sublimes. 
Dar vida ao que é bom centra a nossa atenção na bondade do ser humano e nas múltiplas modalidades em que se expressa. Faz-nos entrar em sintonia com o ver original de Deus em que sobressai que tudo o que tinha sido criado era bom, com o olhar de Jesus em que se destaca a lisura e a transparência das suas atitudes e dos seus comportamentos, com a finura penetrante do Espírito que se propõe renovar, com a nossa ajuda, o coração da humanidade e a face da terra. Mas o que é bom em nós? Muitas respostas têm sido protagonizadas por gente ilustre. 
Hoje, servem-nos de guias Jesus de Nazaré e Simão Pedro. Encontram-se eles a conversar sobre o propósito de Jesus querer ir a Jerusalém, cidade onde se concentrava o poder e a exposição ao perigo de condenação era efectiva e iminente. Pedro opõe-se terminantemente. Era impensável correr tal risco e fazê-lo deliberadamente. O diálogo entre ambos é breve, mas eloquente: “Deus te livre” – afirma Pedro. “Sai da minha frente, Satanás”- replica Jesus. 
De facto, o narrador do episódio acentua que a resposta de Jesus é dada com os olhos fixos em Pedro. E a pergunta surge com naturalidade: Onde está o que bom para nós? Na atitude de Pedro que quer evitar o perigo do sofrimento, a proximidade do aprisionamento, a previsível condenação à morte e execução infamante? Ou todo este cuidado não se coaduna com a sua ideia de Messias vitorioso, de Salvador de Israel, de Mestre admirado e seguido por tantos? De facto, era impensável. Aliás como todos os ensinamentos de Jesus: os pobres serem protagonistas no reino de Deus, os excluídos terem o seu lugar na sociedade justa, os famintos sentarem-se à mesa da abundância, os escravos igualarem os senhores em dignidade, o indigente constituir o vigário de Deus na terra. 
Era novidade e surpresa que qualquer judeu, sobretudo se instruído nas leis então vigentes, podia compreender. “Sai da minha frente e vai para traz de mim a fim de me seguires” é o sentido da resposta de Jesus. Não queiras ser tu a decidir o que é bom. Aprende em que consiste o projecto de Deus. Renuncia à tua ambição pessoal e ao egoísmo. Carrega com a tua cruz. Vence os preconceitos. Recupera a liberdade e a alegria. O amor vence a morte. E Deus Pai garante a ressurreição, dando vida nova ao que em nós é bom.

Georgino Rocha

Procuro o Lento Cimo da Transformação


Procuro o lento cimo da transformação 
Um som intenso. 
O vento na árvore fechada 
A árvore parada que não vem ao meu encontro. 
Chamo-a com assobios, convoco os pássaros 
E amo a lenta floração dos bandos. 
Procuro o cimo de um voo, um planalto 
Muito extenso. 
E amo tanto 
A árvore que abre a flor em silêncio.
 
Daniel Faria

In DOS LÍQUIDOS

FAROL: Era como um amigo

O farol, um amigo
Hoje, afeitos aos truques electrónicos, quase não ligamos à luz do Farol. À noite, entrava-nos pela janela o foco e, eu e o meu irmão, entretínhamo-nos a contar o tempo de uns sinais para os outros. Aguçava a nossa curiosidade a regularidade dos ditos sinais. Como é que eles faziam isso? E para que servia? … Os pescadores contavam-nos casos vividos por eles em que, se não tinham naufragado, o deviam aos faróis que os avisavam do perigo… Então ainda gostávamos mais daquela luz. Era como se um Amigo nos entrasse pela janela. E adormecíamos bem acompanhados… Manuel Olívio da Rocha
“De Pedra em Pedra”, in Boletim Cultural, Ano I, N.º 1

Farol da Barra completa 115 anos

No dia 31 de Agosto de 1893, o Farol da Barra de Aveiro foi inaugurado para cumprir a sua missão, junto de quantos demandam o Porto de Aveiro ou passam ao largo com olhos em terra. São 115 anos de existência que, com gosto, assinalo neste meu espaço, sobretudo para os mais novos aprenderem a olhar para ele com mais atenção. A minha geração, que se habituou a vê-lo ao longe, em especial à noite, com o seu foco luminoso a atrair-nos e a despertar em nós curiosidades inexplicáveis, compreende melhor a sua função e a razão por que é um ex-líbris da região. O farol não nasceu por acaso. Por isso, acho bem que, na passagem de mais um aniversário, cada qual se debruce sobre a sua história. Afinal, o saber não ocupa lugar. Como sugestão de leitura, recomendo Marintimidades e MarintimidadesII, de Ana Maria Lopes.

Os Jogos Olímpicos: Liberdade e Religião

Há anos, passei pela China. Foi em 1995. À chegada ao aeroporto de Pequim, o que mais me impressionou foi um imenso anúncio da Coca-Cola. Afinal, estava mesmo em marcha a Realpolitik dos negócios, no quadro do liberalismo económico e da repressão política. 
Os Jogos Olímpicos foram também resultado desta orientação. E os comentadores foram unânimes no reconhecimento do seu êxito estrondoso. A abertura foi fantástica, a encenação perfeita, todos elogiaram a organização e a logística. Mas quem não renunciou a todos os princípios e sabe que o objectivo do espírito olímpico é "pôr o desporto ao serviço do desenvolvimento do ser humano, com vista a promover uma sociedade pacífica dedicada à preservação da dignidade humana", apontou para a "cortina de fumo olímpica" e o "virtuoso baile de máscaras". 
O Herald Tribune intitulou um editorial: "O grande perdedor em Pequim: os direitos humanos." O Governo chinês não cumpriu a promessa de mostrar progressos no que toca ao respeito pelos direitos humanos. Pelo contrário, a repressão manteve-se activa: os possíveis dissidentes foram antecipadamente detidos e tudo culminou na farsa triste de "a permissão" de protestos legais terminar em prisões. 
O direito à liberdade religiosa também não existe. Significativamente, no domingo, dia do encerramento dos Jogos, a polícia deteve, numa igreja da província de Hebei, durante a missa para mil fiéis, o bispo de Zhending, Jia Zhiguo. 
As perseguições por motivos religiosos não atingem só os cristãos; muçulmanos, budistas e outros são igualmente vítimas. Após a sua instauração, em 1949, o regime comunista ateu suprimiu durante três décadas a religião, seguindo-se trinta anos de permissão de algumas práticas religiosas, sempre sob controlo apertadíssimo.

Anselmo Borges Leia mais no DN

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O Mar da Barra

Gosto muito do nosso mar. De tal forma que até me apeteceu trazer para casa o seu som, que aqui partilho com os meus amigos. É uma experiência muito simples que hei-de repetir, sempre com agrado. Para além do som do mar, há sinais do prazer de quem anda a brincar nas ondas que se estendem pelo areal.

FM

Nota: Peço desculpa pelo amadorismo do registo. Mas prometo fazer melhor, quando aprender.

Jardim Oudinot

Inquérito
Os inquéritos, tal como as sondagens, valem o que valem. Mesmo assim, não resisti a lançar um inquérito sobre o Jardim Oudinot. Foi o primeiro no meu blogue. Apenas 23 leitores responderam ao meu desafio. Confesso que esperava mais, até porque a obra feita tem atraído inúmeros visitantes. Dizem que o Festival do Bacalhau movimentou mais de 100 mil pessoas. De qualquer maneira, os resultados estão à vista. Não houve qualquer nota negativa. Assim: Excelente – 9 Muito Bom – 8 Bom – 4 Suficiente – 2 Espero que nos próximos inquéritos haja mais participação, como sinal de interesse. Obrigado a todos
FM

FÉRIAS: Notas do Meu Diário


Lago Azul - Vilamoura 


LAGO AZUL

O vento brando
suave e quente
enche velas esguias
e coloridas

No entardecer
no lago azul e liso
barcos deslizam
suavemente

E o vento brando diz
convencido
Aqui no lago azul e liso
o rei ainda sou eu

Fernando Martins

Algarve, Agosto de 2008

As Mulheres da Gafanha

"BRAVAS MULHERES, AS DA GAFANHA!"
“Mulheres da Gafanha, à hora em que vão levar o almoço aos homens que trabalham nos estaleiros. A vida duríssima que levam, naquelas terras que outrora foram dunas batidas rijamente pelo mar e que são hoje solo fertilíssimo devido ao seu labor constante, marca-lhes as feições e dá-lhes um todo viril, decidido, forte. Nenhuma tarefa as faz recuar. São, quase todas, mulheres de pescadores de bacalhau ou de operários, e elas próprias trabalham no que se lhes proporciona, quando não é preciso sachar o milho ou colher a batata, muito abundante ali. A sua existência passa-se em permanentes fadigas e sobressaltos. Usam uma linguagem desabrida, que chega a ser chocante, porque se habituaram a encarar a vida e as pessoas de forma hostil, à força de lutar e sofrer de muitos modos. Tudo se resume, porém, a um desabafo, tão natural, para elas, como respirar, rir ou falar. Bravas mulheres, as da Gafanha! No fundo, todas as mulheres do povo se parecem umas com as outras, vivam onde viverem. Pode variar o aspecto exterior, mas a sua natureza é a mesma. Mais ou menos rudes, conforme o seu nível de vida, todas são irmãs na luta, na resistência ao trabalho e ao sofrimento, no heroísmo obscuro com que suportam o peso de uma existência sujeita às suas inclemências. Instintivas e directas, na sua maneira de encarar as realidades, não podem ser julgadas apenas pelo que fazem e dizem. A força que as impele tem raízes fundas, na terra e na própria vida.”
Maria Lamas, In "As Mulheres do Meu País"
Nota: Foto do mesmo livro
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quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Dar voz e poder aos pobres

"O envolvimento dos pobres nas soluções a eles dirigidas, permite também ganhar eficiência na aplicação das medidas de combate à pobreza, o que envolve, porém, a condução de uma metodologia participativa que faça apelo à sua adesão, em termos de levantamento das suas necessidades, de críticas à forma como têm sido conduzidos os programas e de procura de soluções adaptadas às várias situações em presença. Uma tal aproximação favorece ainda o combate à subsídio-dependência impedindo que a situação de pobreza se prolongue por tempo demasiadamente longo sem fazer apelo às competências e à participação dos pobres para saírem da situação em que se encontravam."

Isabel Roque de Oliveira Maria Eduarda Ribeiro (Membros da Comissão Nacional Justiça e Paz)

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A Alegria do Amor A. M. 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