sábado, 9 de junho de 2007

JACINTA



A MELHOR ARTISTA JOVEM
DE JAZZ DA EUROPA
:

É sempre com muita satisfação que leio notícias e comentários que enaltecem o mérito de pessoas que conheço e admiro. Hoje deu-se o caso de ler que a cantora Jacinta, artista de jazz de larga projecção, foi escolhida por 20 editores europeus da revista Selecções Reader's Digeste como a "melhor artista jovem de jazz" da Europa. Jacinta, de 36 anos, é a única presença portuguesa entre as 27 categorias escolhidas, como "a melhor festa" ou "a melhor arte de rua".
Aqui ficam os meus parabéns para a minha amiga e conterrânea Jacinta, com votos de que continue a progredir na sua carreira profissional e artística.

O drama da Manuela

O ESTADO
É UMA ENTIDADE SEM ALMA
O drama da Manuela Estanqueiro, professora de 63 anos que bem conheci, veio na comunicação social do País. Com leucemia há dois anos, foi obrigada pelas leis portuguesas a regressar ao serviço, para não perder o vínculo que a ligava ao Estado desde que começou a trabalhar. Bem requereu a aposentação por incapacidade, mas a Junta Médica entendeu que ela podia regressar ao trabalho. Acabou por morrer há dias sem poder usufruir da reforma, que, entretanto, e depois dos requerimentos e protestos, o Estado decidiu atribuir-lhe. A Manuela Estanqueiro foi uma lutadora. Sofreu muito na vida, mas arranjou sempre coragem para vencer os obstáculos que se lhe deparavam. Nunca desistiu de lutar, mesmo sabendo que era difícil o caminho que tinha de trilhar. No fim de tanta luta, aconteceu-lhe a leucemia, quando se aproximava o sonho de poder gozar a reforma. Mas as entidades estatais são implacáveis. Apoiando-se no princípio de que a lei é para cumprir, e é normalmente, não conseguem olhar com humanidade para os que sofrem. Tem leucemia? Que importa? Tem de voltar à Escola para leccionar, como se fosse uma gripe. Assim mesmo. Sem contemplações. A crueza do Estado, que devia ser pessoa de bem, mas não é. A frieza de sentimentos do Estado, que não repara no drama dos seus filhos. Filhos que trata com enteados, tantas vezes. Que há portugueses a quem nada falta: pensões de reforma escandalosas, em duplicado ou triplicado, acumulações de rendimentos profissionais com pensões, benesses para uns e o estrito cumprimento da lei para a maioria. Reformas antecipadas para muitos e a obrigação de voltar ao serviço, mesmo para quem sofre de doença que não perdoa. Como aconteceu à Manuela. A família não descarta a ideia de levar o Estado a Tribunal, para que justiça seja feita. A Manuela já não lucrará com isso. Mas pode ser que a desumanidade no Estado acabe de uma vez por todas. Fernando Martins

quinta-feira, 7 de junho de 2007

POBREZA

É CADA VEZ MAIOR O LEQUE
ENTRE QUEM TEM MUITO DINHEIRO
E QUEM NÃO TEM NENHUM
:
“Papa, bispos católicos, Igrejas protestantes, grupos de crentes e missionários. Em uníssono, responsáveis religiosos de várias Igrejas cristãs apelaram, nos últimos dias, a que os líderes do G8 cumpram as promessas de ajuda aos países mais pobres. Ontem, Bento XVI pediu aos políticos reunidos em Heiligendamm (Alemanha) que respeitem o compromisso de apoio ao desenvolvimento, nomeadamente em relação a África.” Assim li no PÚBLICO de hoje, em texto de António Marujo. Há anos que as sociedades democráticas sabem que a pobreza teima em estar no mundo. Nas ditaduras, da esquerda e da direita, essa realidade tem sido ignorada ou escondida. Mas a pobreza, a vários níveis, parece não ter solução à vista. Como parece não ter solução à vista a erradicação das causas que alimentam a fome no mundo. Por mais que economistas, sociólogos, políticos e outros sábios pensem sobre o assunto… Por mais decretos e projectos que avancem sob sua tutela, a verdade é que em Portugal, por exemplo, 20 por cento da população passa fome e sofre as consequências das ditaduras das leis do mercado e do capitalismo selvagens, sem olhos e sem alma para ajudar quem precisa. E ao crescimento, progressivo, do número de pobres, de gente que tem de sobreviver com ordenados e pensões de reforma miseráveis, mostram-se, escandalosamente, os lucros dos bancos e de outras organizações que apenas pensam em gerar mais-valias para os seus cofres. Na África, na Ásia, na América Latina e em muitos países europeus a pobreza alastra, a fome aperta, os indigentes multiplicam-se e os países ricos olham indiferentes para as carruagens dos esfomeados e endividados, neste mundo em que é cada vez maior o leque entre quem tem muito dinheiro e que não tem nenhum.
F.M.

Um artigo de D. António Marcelino

Teremos ainda Portugal
por muito tempo?
O título tem um tom provocatório, mas eu vou justificar. Não digo que esteja para breve o nosso fim de país independente e livre. Mas, pelo andar da carruagem, traduzido em factos e sintomas, a doença é grave e pode levar a uma morte evitável. Aliás, já por aí não falta gente a lamentar a restauração de 1640 e a dizer que é um erro teimarmos numa península ibérica dividida. De igual modo, falar-se de identidade nacional e de valores tradicionais faz rir intelectuais da última hora e políticos de ocasião. O espaço nacional parece tornar-se mais lugar de interesses, que de ideais e compromissos. Há notícias publicadas a que devemos prestar atenção. Por exemplo: um terço das empresas portuguesas já é pertença de estrangeiros; 60% dos casais do país têm apenas um filho; vão fechar mais cerca de mil escolas ou de mil e trezentas, como dizem outras fontes; nas provas de língua portuguesa dos alunos do básico, os erros de ortografia não contam; o ensino da história pouco interessa, porque o importante é olhar para a frente e não perder tempo com o passado; a natalidade continua a descer e, por este andar, depressa baterá no fundo; não há nem apoios nem estímulos do Estado para quem quer gerar novas vidas, mas não faltam para quem quiser matar vidas já geradas; a família consistente está de passagem e filhos e pais idosos já não são preocupação a ter em conta, porque mais interessa o sucesso profissional; normas e critérios para fazer novas leis têm de vir da Europa caduca, porque dela vem a luz; a emigração continua, porque a vida cá dentro para quem trabalha é cada vez mais difícil; os que estão fora negam-se a mandar divisas, por não acreditarem na segurança das mesmas; os investigadores mais jovens e de mérito reconhecido saem do país e não reentram, porque não vêem futuro aqui; a classe média vai desaparecer, dizem os técnicos da economia e da sociologia, uma vez que o inevitável é haver só ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres; os políticos ocupam-se e divertem-se com coisas de somenos; e já se diz, à boca cheia, que o tempo dos partidos passou, porque, devido às suas contradições, ninguém os toma a sério; a participação cívica do povo é cada vez mais reduzida e mais se manifesta em formas de protesto, porque os seus procuradores oficiais se arvoram, com frequência, em seus donos e donos do país e fazedores de verdades dúbias; programa-se um açaime dourado para os meios de comunicação social; isolam-se as pessoas corajosas e livres, entra-se numa linguagem duvidosa, surgem mais clubes de influência, antecipam-se medidas de satisfação e de benefício pessoal… Não é assim, porventura, que se acelera a morte do país, quer por asfixia consciente, quer por limitação de horizontes de vida? É verdade que muitos destes problemas e de outros existentes podem dispor de várias leituras a cruzar-se na sua apreciação e solução. Mais uma razão para não serem lidos e equacionados apenas por alguns iluminados, mas que se sujeitem ao diálogo das razões e dos sentimentos, porque tudo isto conta na sua apreciação e procura de resposta.
Há muitos cidadãos normais, famílias normais, jovens normais. Muita gente viva e não contaminada por este ambiente pouco favorável à esperança. Mas terão todos ainda força para resistir e contrariar um processo doentio, de que não se vê remédio nem controle?
Preocupa-me ver gente válida, mas desiludida, a cruzar os braços; povo simples a fechar a boca, quando se lhe dá por favor o que lhes pertence por justiça; jovens à deriva e alienados por interesses e emoções de momento, que lhes cortam as asas de um futuro desejável; o anedótico dos cafés e das tertúlias vazias, a sobrepor-se ao tempo da reflexão e da partilha, necessário e urgente, para salvar o essencial e romper caminhos novos indispensáveis. Se o difícil cede o lugar ao impossível e os braços caem, só ficam favorecidos aqueles a quem interessa um povo alienado ao qual basta pão e futebol…
Mas não é o compromisso de todos e a esperança activa que dão alma a um povo?

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Um livro de João Alberto Roque

Para pais e crianças







“PIRILAMPO E OS DEVERES DA ESCOLA”




O meu amigo e conterrâneo João Alberto Roque ganhou, há bas-tante tempo, como aqui referi na altura, o primeiro prémio do V Concurso Literário da Trofa – Conto Infantil, que teve por patrona Matilde Rosa Araújo. Trata-se de um conto, agora publicado, que enaltece a importância dos estímulos na formação das nossas crianças.
João Alberto Roque escreve há muito, tendo as gavetas do disco duro do seu computador “cheias de papéis”, sobretudo poesia e contos, como se diz na sua biografia inserida nesta primeira edição de “Pirilampo e os deveres da escola”, da responsabilidade da Inovação à Leitura – Edição e Comércio de Publicações, Lda. As ilustrações são de Helena Zália.
Vou abster-me de contar a estória do David, que li num ápice. Porém, quero sublinhar que todos os pais deviam conhecê-la, para então aplicarem, o que for de aplicar, na educação dos seus filhos, regras tão simples, mas tão esquecidas. Digo mais: a estória ainda se apoia em conceitos pedagógicos, ou não seja o autor um professor da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, com larga experiência no ensino.
António Torrado, Armandina Maia, Matilde Rosa Araújo e Viale Moutinho, que integraram o júri que atribuiu a João Alberto Roque o primeiro lugar no concurso organizado pela Câmara Municipal da Trofa, apadrinharam esta estreia literária deste meu amigo e conterrâneo.
Com os meus parabéns, aqui deixo o desejo de que outras obras nos continuem a mostrar as reais capacidades literárias deste escritor da Gafanha da Nazaré.

Fernando Martins

Um artigo de Alexandre Cruz

Os (con)trastes da realidade global
1. Na era da informação global que vivemos, somos bombardeados continuamente com informação de alguma da muita realidade que se constrói cada momento. Para o melhor e para o prior, a inevitabilidade feita obrigação de convivermos com as notícias diárias mostra-nos o abismo existente entre a grandeza heróica da humanidade que vive e cria maravilhas e a miséria cruel e desumana que se julgava impossível. A amálgama noticiosa gerida em preciosos segundos espelha, por si mesma, os gritantes contrastes do mundo da realidade. Quando depois de uma notícia sobre o futebol dos milhões vem uma outra que mostra a pior miséria de Darfur, que sentir? Ou quando depois das vedetas da canção vem a reportagem das crianças raptadas, exploradas e tratadas como…, que pensar e como viver? 2. As próprias estradas da informação electrónica estão cheias dos já famosos números trágicos que, entre tantas imagens sensibilizantes e chocantes colocam de um lado as crianças americanas obesas de gordos hambúrgueres e, do outro, as famintas crianças da Somália que nos comovem com seu inocente e suplicante olhar. Que fazer, quando a vida diária tem de seguir o seu percurso normal? Será que, no hábito de tanto ver, vamos perdendo a sensibilidade e abdicando do compromisso diário em fazer o melhor possível? A era, a que chamamos da informação global, está aí a mostrar-nos tudo; sem meias palavras nem meias imagens, vamo-nos habituando a ver tudo, mesmo os maiores contrastes (e trastes) de um mundo que, a partir de cada pessoa e cada instituição, com tanto proclamado “conhecimento” teria de ser bem melhor. 3. Como sublinha o sociólogo Alain Touraine (na sua interessante obra Iguais e Diferentes. Poderemos viver juntos? Piaget, 1998), no âmbito desta influência que gera opinião pública mundial, «os meios de comunicação ocupam um espaço crescente na nossa vida e, dentre eles, a televisão conquistou um lugar central porque põe mais directamente em relação a vivência mais privada com a realidade mais global, a emoção face ao sofrimento ou à alegria de um ser humano com as técnicas científicas mais avançadas.» Todos, consciente ou inconscientemente, estamos a ser moldados com os valores e limites do poder das comunicações; com a força e velocidade da “imagem”, que vai substituindo a serenidade e o conteúdo da “mensagem”, somos menos livres que o que pensamos, e a forma de fazer sobreviver a “liberdade” exigirá uma síntese existencial de quem faz “opção” clara pelo Ideal, pelo Valor, pela Qualidade de Ser. 4. Nesta novo contexto em que todo o Mundo entra pela Pessoa, pela Família, pela Escola, pela Instituição que se não se agiliza perde-se excessivamente no seu peso formal, trata-se, como diz Touraine, de uma nova «relação directa que elimina as mediações entre o indivíduo e a humanidade e corre o risco, ao descontextualizar as mensagens, de participar activamente no movimento geral de dissocialização. A emoção que todos sentimos das imagens de guerra, de desporto ou de acção humanitária, não se transforma em motivações e em tomadas de posição. Não somos muito mais comprometidos quando vemos os dramas do mundo que quando vemos a violência no cinema ou na televisão.» 5. Será que de tanta abundância no Ver (as graças e desgraças do mundo) vamos ficando existencialmente indiferentes? Até onde nos levará este mundo que entra por nós dentro e nos deixa demasiadamente pequenos para tantos desafios inadiáveis? Quando o espírito de decisão política se revestirá mais de um sentido de humanidade generoso para ser possível a salvação do planeta? Que dirão os números desumanos dos contrastes ao G8? Convivem pacificamente com o seu lauto e supérfluo banquete enquanto vêm as imagens da magreza que muitas vezes eles próprios por conveniência geoeconómica fazem persistir? Neste tempo global os grandes decisores políticos mundiais fazem persistir o escândalo gritante da desumanidade, esta que produz a desigualdade crescente…e nem ainda sequer a vontade política ecológica triunfa para haver futuro sustentável. Mas estamos também nós dispostos a mudar os hábitos? Andaremos distraídos, esquecendo que ao permitir o semear de ventos as tempestades serão a nossa própria dramática colheita?! 6. Soa a passividade indiferente o manter de equilíbrios estratégicos e diplomáticos enquanto a fome de pão e a sede de água e de dignidade humana (a par do problema ambiental) dizimam milhões de pessoas como nós, facto que interpela cabalmente os países mais ricos (à custa dos pobres) e as instâncias universais da ONU e os seus/nossos (já perdidos?) Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Sendo verdade que muitíssimo caminho louvável já está percorrido, o certo é que a visão dependerá grandemente dos óculos que se queira pôr: aos grandes olhos superficiais de um diplomata ocidental, que todos os dias tem pão e água, vamos andando e adiando; aos magros olhos de que sofre na pela a tragédia, vamos sobrevivendo até a desespero final, onde já não há força para gritar até porque ninguém ouve. 7. Um NOVO REALISMO, diante destes contrastes alarmantes, precisa-se; todo este mundo que hoje entra pelas Pessoas, Escolas, Famílias e Trabalho dentro merecerá ser acolhido, estudado e vivido na busca clara e inequívoca de todos envolver na procura rigorosa de um ideal comum; a este chamaríamos uma EDUCAÇÃO HUMANITÁRIA. É essencial cada criança habituar-se e cada pessoa saber do valor apreciável de uma gota de água do outro lado do mundo (que está ali) para dar valor a cada copo de água fresca e crescer numa consciência de humanidade que saiba partilhar! Sim, qual o Valor da água? É pelas coisas simples que vamos!...

terça-feira, 5 de junho de 2007

Dia Mundial do Ambiente

POUCAS PALAVRAS E MAIS IMAGENS


Para falar do ambiente, hoje optei por mostrar paisagens e pormenores da Serra da Boa Viagem, na Figueira da Foz. É uma opção para evitar as palavras, quantas vezes cheias de lugares-comuns. Apreciem e digam se não vale a pena preservar esta serra, com todos os seus encantos. Visitei-a no domingo e recomendo-a.

























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MANOEL DE OLIVEIRA



Cinema: o meu amigo Manoel



Entre os meus amigos conta-se Manoel de Oliveira, um cineasta a que ninguém fica indiferente. Conhecido por muitos como autor de obras extensas e difíceis de acompanhar é, sobretudo, um realizador multifacetado, que tem percorrido os mais diversos géneros, trabalhado narrativas em diferentes ritmos e revelando sempre uma enorme competência cinematográfica.
Começou com "Doura Faina Fluvial", em 1930, seguindo-se diversas curtas metragens até 1942, data da sua primeira longa bem famosa, "Aniki Bobó". Nos vinte anos seguintes apenas um par de curtas metragens, uma das quais, "O Pão", em duas versões. A partir de 1962 a sua carreira intensifica-se progressivamente, até criar o espantoso ritmo de um filme por ano, que desde os anos 80 caracteriza a sua carreira.
Para além do drama "Vale Abraão" - como vários outros dos seus filmes tomando por base Agustina Bessa Luís e um dos seus trabalhos mais cotados - passou pela comédia, como "A Caixa", a reconstituição histórica e o romance e, também, por apontamentos até certo ponto autobiográficos como "Viagem ao Princípio do Mundo" e "Porto da Minha Infância", este último com uma vertente humorística muito considerável e em que retoma o trabalho de actor, que preencheu o início da sua carreira e "meio papel" em "A Divina Comédia", substituindo Ruy Furtado que morreu antes do filme terminado deixando muitas sequências em aberto.
A desconfiança do público português levou muito tempo a ser dissolvida. "Aniki-Bobó" vinha de uma época distante e filmes excelentes, como "Francisca" ou "O Sapato de Cetim" não eram de leitura fácil para a generalidade do público. Primeiro em França, depois em outros países (incluindo os Estados Unidos) o génio criador de Oliveira começou a ser reconhecido e divulgado, o que tornou inevitável o despertar mais forte do público português, sobretudo o mais cinéfilo. O nível de divulgação foi aumentando, sem nunca atingir a dimensão merecida. Mas mesmo para quem põe reservas ao autor e ao seu estilo Manoel de Oliveira é hoje unanimemente considerado o melhor cineasta português e, acrescente-se, o mais produtivo.

Francisco Perestrello
:
Manoel de Oliveira recebe o Prémio de Cultura Padre Manuel Antunes de 2007

Um artigo de António Rego


OS NOMES E AS RAÍZES



Os títulos e as embalagens são muito práticos. Em poucas palavras e imagens contam-nos tudo o que está dentro. Mas quando abrimos, vemos que a realidade é mais complexa. E que um título num jornal ou revista não passa muitas vezes dum engodo, buraco de fechadura para se espreitar o que está escondido.
Muito do que se diz sobre a Europa padece deste olhar parcelar e velado acerca duma realidade milenar com uma densidade estonteante de culturas, civilizações, fenómenos políticos e sociais, revoluções, guerras e tratados, mortes e reencontros num grande compêndio de história.
Muitas vezes a Europa é reduzida, maltratada, ofendida mesmo, nas grandes correntes que gerou e no protagonismo com que se posicionou perante povos e civilizações.
Vivemos uma época privilegiada, de paz, de procura duma Comunidade mais que económica, duma aproximação dos países mais pobres, duma convergência gerada por um espírito que foi “gestado” na civilização cristã em valores que têm outros nomes mas a mesma raiz evangélica.
O que se passa com a Europa passa-se com outros sectores do nosso tempo: um mundo laico foi aprendendo e dizendo novos vocábulos e por vezes esquecendo a sua raiz e o espírito que a gerou.
Vem tudo isto a propósito dum documento de invulgar lucidez elaborado por um “comité de sábios” para os Bispos da Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia. Trata-se dum verdadeiro “dicionário de sinónimos” entre os valores cristãos ou, se se quiser, a dimensão ética da União Europeia neles assente. Falar de paz, tolerância, subsidiariedade, liberdade, responsabilidade, é dizer o Evangelho num formulário moderno. Talvez, por isso, não valha a pena definir o Tratado da União, apenas pelo título ou pelo primeiro parágrafo.

CUFC celebra 20 anos de existência

Festa no CUFC. Foto do meu arquivo

PRESENÇA DA IGREJA
NO MUNDO UNIVERSITÁRIO




O Centro Universitário Fé e Cultura (CUFC) da diocese de Aveiro celebra 20 anos de existência. Foram "duas décadas intensas", afirma à Agência ECCLESIA o actual director, Padre Alexandre Cruz. O CUFC tem sido a referência e a presença da Igreja.
Numa progressiva abertura à comunidade local, o CUFC tem uma linha de actuação situada no âmbito eclesial. "É a presença do religioso na Universidade" – salienta o director. E acrescenta: "O religioso construído e alicerçado no humano." O espírito do CUFC está presente em Cabo Verde, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné, Timor e Brasil, onde a língua portuguesa e a cooperação entre instituições proporciona o acolhimento em Aveiro de jovens vindos destes países da CPLP.
A missão das ciências reside na "construção de um mundo novo" que atinge "a plenitude e o sentido ideal com a fé" – sublinha o Padre Alexandre Cruz. Neste diálogo aberto, criativo e dinâmico, as "células vivas terão que ser grupos de desenvolvimentos".
São diversas as mensagens de parabéns que "nos chegam de alguns destes países, de jovens universitários que sentiram esta casa como sua" e, agora, estão nos seus países a lutar por um futuro melhor. De norte a sul, do litoral ao interior de Portugal, dos programas de mobilidade académica de universidades europeias (Erasmus), e de outros programas que "trazem até nós estudantes da Ásia ou das Américas, nem que tenha sido numa simples Ceia de Natal (a 24 de Dezembro, em co-organização com os Serviços de Acção Social da UA, com cerca de oitenta/noventa estudantes de todo o mundo), o calor humano e o aconchego proporcionado é lembrado como sinal de esperança numa humanidade nova, fazendo do Centro uma plataforma contínua de "vai e vem", de enriquecimento entre todos".

Leia mais em Ecclesia

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Igreja e cultura




Igreja procura
relevância
na vida cultural
:




Assumir a presença na cultura contemporânea, como portadora de valores específicos e relevantes, é um dos maiores desafios que se coloca à Igreja Católica no nosso país. A conclusão brota da III Jornadas Nacionais da Pastoral da Cultura, que decorreram em Fátima.
D. Manuel Clemente, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais (CECBCCS), refere ao Programa ECCLESIA que "há expectativas muito positivas da parte da cultura em relação à Igreja e talvez a mais importante seja a que a Igreja possa representar, no espaço da cultura, uma presença que sinaliza as preocupações e os valores mais ligados à humanidade e à pessoas humana".
Perante esta "expectativa tão positiva" da cultura contemporânea, é essencial que a Igreja não se limite a acções esporádicas, mas apresente uma continuidade de actividades que "levem a Igreja a ter uma inscrição, uma presença na cultura contemporânea e seja verdadeiramente fecunda".
Cada Diocese foi convidada, nas Jornadas, a "organizar locais onde as pessoas se encontrem como convivência e como fermentação de uma cultura propriamente evangélica”.
A iniciativa, segundo o Bispo do Porto, serviu para "vermos naquilo que estamos a fazer o que é realmente prioritário".
"Há muita gente se interroga ao nível propriamente cultural sobre a vida, sobre o acontecer português e não só português na actualidade e que com essa interrogação há muita gente a querer progredir quer no campo confessional quer para além dele", apontou.
:
Foto: D. Manuel Clemente


Fonte: Ecclesia

Um poema de João de Barros

Monumento a João de Barros na Figueira da Foz


AQUELE MAR

Aquele mar da minha infância,
bom camarada e meu irmão
a sua voz, o seu olor, sua fragrância
tanto os ouvi e respirei
que trago em mim o seu largo ritmo,
seu ritmo forte,
como se as praias onde espuma
quase me fossem
praias sem fim dentro de mim
ocultas praias, largas praias
do tumultuoso coração…
Aquele mar
meu confidente de horas idas
tudo escutava e adivinhava
do meu pueril e ingénuo anseio.
Nada sonhei que o não dissesse
– frémito de alma, grito ou prece –,
às madrugadas e aos poentes,
ao sol, às nuvens, ao luar,
ora nascendo, ora morrendo
nos longos, longos horizontes
em que se perdia o meu olhar…
Aquele mar
na calma azul, no temporal,
nunca mentia: era um só beijo,
hálito puro, largo harpejo
que me entendia e respondia
no seu inquieto marulhar…
Moço e menino, solitário,
rochas, falésias, areais
eu coroava-os de alegria
nos meus passeios matinais.
Ou nalgum barco pescador,
velas abrindo a todo o pano,
do oceano então era senhor,
largava a escota, navegava,
no vão desejo de aventuras,
que não chegava a realizar…
Mas era meu, e eu pertencia-lhe,
àquele mar,
era seu filho, escravo e dono,
sorria à sua Primavera,
amava a luz do seu Outono,
o vivo lume dos estios
a violência dos Invernos
longos clamores de temporais.
Aflito voo das gaivotas
junto das negras penedias,
também como ele me perdias,
nas tardes tristes e sombrias,
na bruma gélida das noites…
E a eternidade então ouvia
humano sonho sempre esquecido
na eterna voz que fala o mar.


NOTA: Edição de “Mar Alto” – Figueira da Foz,
1 de Junho de 1969, no dia da Festa da Cidade ao poeta.

Ares da Primavera



A PEIXEIRA DE BUARCOS

Correndo airosa e ligeira
Deixa música no ar…
Que o pregão desta peixeira
É Buarcos a cantar

Maio de 1966

Nota: Visitar uma terra, por mais simples que ela seja, exige de nós um olhar especial sobre os monumentos. Eles retratam o quotidiano histórico ou presente da vida das pessoas.


Regresso

Aqui estou de novo, no espaço habitual, com votos de bom trabalho para todos. E também de muita saúde e de mais optimismo, que a vida não vale lamúrias.
Fernando Martins

sexta-feira, 1 de junho de 2007

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 26

O MILAGRE DAS ROSAS
Caríssima/o:
Por vezes, fica-nos apenas um rosto; ou então, um nome; de outras, nem isso, apenas o perfil de uma rua. Não é o caso aqui: em Coimbra, há nomes, rostos, ruas e até pedras que não mais esqueci... Quereis ver? A rua onde vivi os dois anos durante os quais fiz o meu curso, no Magistério, chama-se (ainda hoje) Couraça dos Apóstolos. Perto da Porta Férrea, da Cabra, do Museu Machado de Castro e também do Museu de História Natural; um pouco acima ficava uma República. As sés, a Velha e a Nova, a dois passos. E podíamos ir descendo ou para o Jardim Botânico, ou para Santa Cruz, ou para o Penedo da Saudade. Quem viveu em Coimbra não terá dificuldade em reviver esses caminhos e tantos outros onde gastámos as solas dos nossos sapatos; os que não tiveram essa sorte, até perguntarão pelo Choupal, Santa Clara, ... A cidade ainda é dos «doutores», principalmente, em tempo de «queima»... Mas em Coimbra encontra-se, em cada esquina, a figura da Rainha Santa que une os corações nas Festas da Cidade que têm o seu dia grande a 4 de Julho.
:

«Correndo Janeiro, reconstruía-se o mosteiro de Santa Clara à conta da rainha D. Isabel de Aragão. Para além de custear as despesas, ela também obviava situações desgraçadas entre as famílias dos operários e dos que moravam naquela margem do Mondego. Rio manso, o Mondego, entrando o inverno, destruía quanto havia nas suas margens. Só conventos foram três ou quatro. Porém, a generosidade da rainha não era do agrado de alguns cortesãos de D. Dinis. A corte de Coimbra ficava cara e aquelas dádivas repercutiam-se no erário régio. Assim, nesse mesmo mês, um fidalgo dirigiu-se ao rei-poeta e começou com rodeios, tencionando dizer-lhe algo. O rei sacudiu-o para que falasse e ele pôs a situação em pratos limpos: a rainha gastava acima das possibilidades, pelo que importava que D. Dinis tomasse uma atitude. Enfurecido, D. Dinis mandou sair o seu cortesão e pensou no que fazer. Porém, antes do mais, reconheceu-lhe razão. Assim, passados dias, apercebendo-se que D. Isabel saíra do palácio, foi ao seu encontro. A esposa de D. Dinis ia acompanhada das suas damas e cavaleiros. Quanto tinha para distribuir o levava embrulhado no seu manto, preso ao regaço. Quando a rainha viu o marido, empalideceu e todo o seu séquito se retraiu, pois conheciam-lhe as cóleras. O que se passou naquele instante podemos ir sabê-lo em verso recorrendo a um testemunho real, eis os versos de Afonso Lopes Vieira: - Que levais aí, Senhora, Nesse regaço tamanho? - Eu levo cravos e rosas Que outras coisas não tenho! - Nem sequer há maravilhas, Menos cravos em Janeiro, Ou serão esmolas isso? Ou isso será dinheiro? A rainha não falou Só o regaço abriu E eram cravos e rosas Que dinheiro não se viu.

E o romance acaba assim:
A nossa Rainha Santa Outros milagres obrou: A uma cega deu vista, E outra, muda, falou. Outra que não tinha leite O seu filho aleitou. E com tamanhos milagres Santa bem santa ficou.» [Viale Moutinho, 79]
:
Ainda hoje, mesmo longe de Coimbra, perdura o encantamento desta Rainha! Manuel
:
NOTA: Aqui fica o TECENDO A VIDA... por dificuldades de encontrar Net disponível no domingo.

Dia da Criança – 1 de Junho


O MELHOR DO MUNDO
SÃO AS CRIANÇAS


O melhor do mundo são as crianças. Diz Fernando Pessoa e tem razão...


Quem não vê, nos seus olhos, o espelho do céu?
Quem não vê, nos seus sorrisos, a alegria de Deus?
Quem não vê, nas suas ingenuidades, a pureza do mundo?
Quem não vê, nas suas ternuras, o amor universal?
Quem não vê, nos seus silêncios, a paz entre os homens?
Quem não vê, nos seus cantares, a arte pura?
Quem não vê, nas suas tagarelices, a beleza da descoberta?
Quem não vê, nas suas correrias, a ânsia de sonhar?
Quem não vê, nas suas tristezas, a tristeza de tantos?
Quem não vê, nas suas felicidades, a felicidade que podemos dar?

Fernando Martins




NESTE DIA NÃO PODEMOS IGNORAR



Neste dia, e sempre, não podemos, no entanto, ignorar o sofrimento atroz de tantas crianças no mundo. Neste mundo com tantas coisas boas, mas também com tantas coisas más.
Se é verdade que o melhor do mundo são as crianças, como podemos olhar com indiferença tanta maldade que se exerce sobre elas? Tarados sexuais que as violam ou delas abusam sexualmente, sistematicamente; tarados que as exploram em acções ignóbeis de pornografia; tarados que as raptam aos seus familiares para alimentarem crimes hediondos praticados por redes pedófilas.
O mundo está cheio de crimes desses, que ultrapassam o pensar de gente de bem, gente que tem dificuldades em admitir que há no mundo pessoas tão perversas. Mas há.
Como a comunicação social no último mês tem divulgado profusamente, a propósito do caso da menina inglesa Madeleine, raptada no Algarve, há um sem-número de crianças em todo o mundo vítimas desses criminosos, que a Justiça não tem conseguido prender.
Este drama, que abalou o mundo civilizado, mereceu já do Papa uma atenção especial, ao receber, por curtos momentos, os pais daquela criança, símbolo de todas as outras, menos faladas, que foram apanhadas pelas garras diabólicas de criminosos à solta.
Importa, antes do mais, estar atentos, vigiando as crianças que nos estão próximas, para se evitarem situações terrivelmente dolorosas vividas por tantas famílias e amigos.
Mas a infelicidade das crianças não está somente nas que são raptadas. Está também nas que são violadas nas próprias famílias, por amigos e conhecidos, por vizinhos e desconhecidos. Ainda está nas que são escravizadas no mundo do trabalho, obrigadas a desempenharem tarefas próprias de adultos e sem tempo para serem meninos e meninas felizes, nas escolas e nas suas brincadeiras, nos parques infantis e na natureza, na família e nos ambientes especiais para as suas idades.
Que neste dia, Dia da Criança, todos saibamos olhar, com outros olhos, as crianças felizes e as crianças infelizes. Para contemplarmos as primeiras e ajudarmos as segundas. São os meus votos.

Fernando Martins

Sé de Aveiro vai entrar em obras



TRABALHOS ARRANCAM EM SETEMBRO


Quem frequenta a Sé de Aveiro sabe que as obras de restauro e conservação estão a tornar-se urgentes. O tempo não deixa de agir e quanto mais se demorar pior será.
Pela comunicação social já se sabe que os trabalhos vão iniciar-se em Setembro, incidindo no exterior do imóvel, que vem do século XV. A autarquia aveirense aprovou o projecto desta primeira fase, que importará em cerca de 300 mil euros. A segunda fase, que envolve trabalhos ao nível da azulejaria, pedra e talha dourada, fica adiada para depois.
Para a primeira fase, espera-se a comparticipação do Programa Operacional de Cultura, pelo que vai avançar-se com a respectiva candidatura. Para a segunda fase, conta-se com o apoio do Ippar (Instituto Português do Património Arquitectónico).
Como é compreensível, a paróquia da Glória, responsável pela Sé de Aveiro, espera a cooperação de todos os aveirenses e de quantos, mesmo não sendo de Aveiro (cidade), sentem a Sé como sua também, ou não estivesse nela a cátedra do Bispo diocesano.
Templo originário do século XV, em 1835 passou a ser a igreja matriz da paróquia da Glória. Com a restauração da Diocese de Aveiro, em 1938, o Papa elevou-a a Catedral da Diocese, sendo Bispo D. João Evangelista de Lima Vidal
.

Plano Nacional de Leitura

TODOS PRECISAMOS
DE LER MAIS
O Plano Nacional de Leitura (PNL) completou ontem um ano. Liderado pela escritora e professora Isabel Alçada, conseguiu pôr um milhão de crianças a ler diariamente nas salas de aula, desde o ensino pré-escolar ao 2º ciclo. O projecto vai continuar, porque os jovens de outros graus de ensino também precisam de ser iniciados no gosto pela leitura. Jovens e menos jovens, porque todos precisamos de ler mais. É óbvio que nada disto seria nem será possível sem o contributo dos professores e da sociedade civil em geral, mas também sem o apoio das autarquias e demais instituições vocacionadas para a cultura. Penso que Isabel Alçada podia e devia descobrir animadores para todas as acções do PNL, devidamente credenciados. Animadores que, fundamentalmente, tivesses o prazer da leitura. Não acredito que alguém, sem hábitos de leitura, possa entusiasmar as nossas crianças e jovens pelo amor aos livros, pelo amor aos ensinos que os livros proporcionam. É um absurdo responsabilizar professores, por exemplo, para estas tarefas, se eles próprios não tiverem o costume de ler com regularidade. O PNL pretende colocar os níveis de literacia da população portuguesa a par da média europeia. Não será tarefa fácil, já que os portugueses são dos que menos lêem na UE. Mas não será impossível, se para tanto todos apostarmos em sensibilizar quantos nos rodeiam para o amor aos livros e à leitura.

MISSÕES

Almoço pelas Missões em Aveiro
A ORBIS, entidade de voluntariado missionário da diocese de Aveiro, promoveu no um almoço de confraternização e angariação de fundos. Mais de 250 pessoas estiveram na Quinta das Azenhas do Boco, em Vagos, e as receitas recolhidas reverterão para os projectos da organização. A associação vai lançar brevemente o seu website, através do qual será possível conhecer mais sobre a ORBIS - www.orbiscooperation.org Esta é uma Associação de vocação eminentemente humanitária para a Cooperação e o Desenvolvimento, que surge do crescimento do voluntariado missionário dinamizado pelo Secretariado Diocesano de Animação Missionária, na Diocese de Aveiro. A sua missão é realizada através dos seus membros e dos projectos que promove com competência junto das populações dos denominados países menos desenvolvidos, em especial, mas não em exclusividade, os países de expressão portuguesa. Fonte: Ecclesia

Um artigo de D. António Marcelino

ESTADO A MAIS
OU ESTADO A MENOS?
A ninguém, se anda com os pés no chão e está atento ao que se passa à sua volta, lhe passa despercebida a dificuldade de se exercer hoje a autoridade, em qualquer domínio da vida. Na família, na escola, na Igreja, na rua, no quartel, na autarquia, nos diversos órgãos do Estado de direito, o problema é sempre o mesmo: ânsia de liberdade sem limites, dificuldade em aceitar a mínima advertência, disputa em que cada um se afirma mais do que o outro, jogo de influências para conseguir o que se pretende, campanhas a perturbar os horizontes da sensatez, reacção imediata a quem quer que mande… Há, porém, sectores de autoridade mais decisivos nas relações sociais e maior influência nos comportamentos, nos ambientes em que se vive e na procura de melhor solução para os males de que todos se vão queixando. Não se pode negar que o modo como o Estado exerce a autoridade é importante para que, na vida em sociedade, as coisas se passem de modo positivo e construtivo. É pacífico julgar-se que o modo de agir público dos que fazem as leis, governam e julgam, constitua escola dos cidadãos. No espírito de gente responsável, ante problemas públicos que se avolumam com gravidade, basta abrir o jornal para o ver, surge a interrogação, pertinente e insistente, se temos, em Portugal, Estado a mais ou Estado a menos. Também partilho desta preocupação. Por isso mesmo, não me esquivo a opinar. No meu entender é ainda mais grave verificar que, em alguns aspectos da vida nacional, temos Estado a mais, e noutros, visivelmente, Estado a menos. A tentação clara de um poder centralizador, omnisciente e omnipotente, de pendor providencialista, que não admite críticas nem opiniões contrárias, nem dá razão do que faz e, por motivos próprios ou por pressões alheias, se fecha, para solucionar sozinho problemas em campo, calando ou ignorando possibilidades democráticas, existentes e legítimas, é uma manifestação evidente de Estado a mais.. Ora, esta atitude de sobranceria sente-se tanto no poder legislativo, como no executivo. Os males do judicial, que também não são poucos, andam por outros caminhos. Parece necessário a quem exerce o poder, dispor-se a frequentar um curso de ética social e política. Assim terá sempre no horizonte das suas acções e decisões, o bem comum com as suas exigências, como objectivo fundamental. Este bem não é a soma dos bens individuais e, muito menos, o atrelar de todos os cidadãos às soluções pensadas e decididas só para alguns. Reconhecer e garantir os direitos individuais, um dever do poder legislativo, não pode ter como caminho a subversão de instituições que constituem o tecido consistente de uma coesão social necessária. De modo mais claro: leis sobre o reconhecimento e protecção legal de opções homossexuais não é aceitável fazerem-se à custa da desvalorização e da destruição da família natural; protecção às mães que não querem nascidos os filhos que geraram, não é admissível que se faça em total ruptura com o direito à vida de um ser humano indefeso e já gerado; proporcionar educação pré-escolar gratuita a todas as crianças do país, um dever do Estado, não se admite que se marginalizem instituições particulares existentes ou negando-lhe o direito de serem consideradas ensino público gratuito, enriquecedor do sistema educativo. Os exemplos podem multiplicar-se. Haja clarividência no dever de servir a todos, sem ignorar, nem marginalizar a maior parte. As famílias normais, a maioria no nosso país, são agredidas e prejudicadas na sua missão e estabilidade, com resultados negativos à vista, por leis que já existem e por falta de outras que as respeitem. Estado a mais ou a menos é sempre carência de Estado. Não responde ao dever de servir, empobrece a comunidade, dá mau exemplo no exercício da autoridade, divide em vez de unir, torna-se obsessivo, em vez de reflexivo. Bom para alguns, mas mau para todos.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Os insubstituíveis

SABER SAIR A TEMPO
O espectáculo dado pelo BCP, com o fundador, Jardim Gonçalves, a querer dominar as situações mais importantes, inclusive a nomeação do Conselho de Administração, em detrimento da Assembleia-geral de Accionistas, veio mostrar à saciedade que há pessoas agarradas ao poder. O mundo está cheio de gente que não consegue sair pela porta grande, dando lugar aos mais novos ou a defensores de outras estratégias, quiçá mais modernas e mais adequadas aos tempos actuais. Falo deste caso, por ser paradigmático. Jardim Gonçalves foi, de facto, um banqueiro de visão, como sublinham os especialistas na matéria. Criou o maior banco privado português, mas não foi capaz de sair na hora certa, porque, pelos vistos, não sabe viver desligado do poder. Ora isto acontece noutras frentes: na política, na solidariedade social, na comunicação social, no desporto, nas empresas e na religião, entre muitas outras. Olhando à volta, vejo pessoas que foram extraordinárias em várias frentes ou naquelas em que mais se envolveram, mas incapazes de compreender que o seu tempo já passou. Estão convencidas que sem elas é o caos, o fim das instituições que lideraram muitos anos. Pensam que não há quem possa ocupar os seus lugares. Sentem-se senhoras e donas do que puseram de pé ou ajudaram a erguer. Caem em angústias só de pensar que os seus lugares possam vir a ser ocupados por outros. Não têm humildade suficiente para deixar o barco que timonaram anos e anos, retirando-se para o merecido descanso. Acham que têm o direito e a obrigação de trabalhar até morrer, sem perceberem que podem estar a prejudicar a própria comunidade. Se dúvidas tiverem, olhem, por favor, para o lado. Há pessoas destas por toda a parte.
Fernando Martins

Ares da Primavera



O VENTO IMPÕE A SUA LEI
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Se dúvidas houvesse, aqui está a prova de que o vento impõe as suas leis. Na Figueira da Foz, no Parque das Abadias, há árvores que vão indicando a quem passa os ventos dominantes na região. O mar, aqui ao lado, também ajuda, quer seja Verão ou Primavera. Mas também há, de vez em quando, tempos de calmarias. Hoje, para não variar, de há meses a esta parte, temos uma chuva miudinha, a quem muitos chamam de "molha tolos".

Um artigo de António Rego

AUSCHWITZ CONSENTIDO
Temos direito a perguntar-nos se a justiça e a paz são acontecimentos com défice ou com excesso de informação. As imagens de violência despertam-nos para a urgência da paz ou dela nos desinteressam pela insensibilidade que geram face à exposição excessiva dos dramas humanos? E como lemos, para além da náusea ou do apego ao espectáculo, a relação da justiça com a paz, do desenvolvimento com a harmonização das diferenças, da pobreza com a destruição, do terror com as situações opressivas próximas ou longínquas de países, culturas, religiões, impérios de tirania, riquezas usurpadas aos mais fracos, esquecimentos geradores de revoltas, tensões próximas da explosão por excesso de silêncio e cumplicidade dos mais capazes de fazer funcionar uma justiça para todos? Não nos esqueçamos que o mundo já foi muito pior do que é hoje. Há passos gigantes já andados no debelar de enfermidades e carências extremas em tantos recantos da terra. Há sinais de pobrezas vencidas, com caminhos fraternos de desenvolvimento. Mesmo com o desequilíbrio do mapa Norte-Sul - um escândalo cuja vergonha deve ser repartida por todos - não podemos dispensar a justiça no julgamento do que já foi feito por uma melhor repartição de todos os bens essenciais a cada povo e a cada indivíduo. Mas a verdade é que o conforto de alguns – poucos - na casa comum que é a Terra, gera desleixos no olhar e no agir, no sentir e no lutar por uma repartição mais justa dos bens. Não se trata duma questão secundária do nosso tempo, nem duma fatalidade entregue às leis cegas do mercado. Não se trata duma questão de consciências mais sensíveis ou marcadas por escrúpulos religiosos. As manchas de pobreza e miséria, de esmagamento e humilhação de povos, culturas e religiões, são um Auschwitz consentido pelo mundo moderno teoricamente sensível a valores e direitos humanos, mas confuso na sua análise e tíbio na sua aplicação. Estamos perante uma questão de cidadania, pertença da humanidade, responsabilidade de todos e cada um, questão central na consciência do mundo de hoje. A cada um é colocada a dramática pergunta: “quantos pães tendes?” Neste terreno se moveu a Conferência da Comissão Nacional Justiça e Paz. E mais de uma dezena de organismos que reflecte estas questões com carácter de urgência do nosso tempo. O problema é fazer chegar esta sensibilidade a quem de direito. Ou seja a todos nós. E a cada um.

Um artigo de Alexandre Cruz

Aliança das Civilizações
1. Alianças, pontes estratégicas para encontros comuns, parcerias que fortaleçam os laços de unidade, são dinamismos sempre bem vindos pois correspondem ao essencial da nossa comum dignidade humana: nascemos para viver juntos, mas muito mais que isso, para ser felizes uns com os outros. Precederam-nos séculos de buscas e procuras tantas vezes intolerantes, em que os muros levantados espelhavam a não aceitação das diferenças de pensamento e acção (ainda que muitas destas culturalmente saudáveis na base da dignidade humana); chamaram-se muitos nomes “em vão” acentuando-se mais os pormenores das diferenças que a unidade do essencial, o que representou factor gerador de “choques” demonstrativos da incapacidade de coexistir com o outro. O tempo que vivemos (e sempre que a velocidade comunicacional agitou a vida para novos mundos tal se verificou), será a época da nova síntese construída pelos líderes que, acolhendo a autêntica liberdade (responsável), sabem integrar a pluralidade de forma criativa. Só haverá “aliança” na reciprocidade de projectos e compromissos; e só com sensibilidade e bom senso a reciprocidade ajudará uns e outros a tornarem relativos os pormenores e darem importância ao que merece esse patamar. Felizmente vamo-nos abrindo à totalidade, pelo menos no campo das ideias, e reconhecendo que falar de identidade não é dizer um igualitarismo clonado mas que no nosso próprio ser inscreve-se uma “identidade como diferença”. No fundo, todos neste mundo somos filhos da pluralidade, a noção de diferença construiu-nos, até nas grandes mensagens existenciais históricas; porque é que por vezes preferimos o “choque” à “aliança”? 2. Na percepção feliz do eixo determinante da aproximação dos povos em globalização, o então secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, lançou (em 14.07.2005) a “Aliança das Civilizações”. Este lançamento sublinha que na nossa condição humana de pessoas as grandes questões da humanidade não se resolvem à pressa, on-line, ou tecnologicamente longe do “outro”; um novo entendimento, a partir das próprias feridas que atravessam os povos, quererá reinterpretar o nosso tempo. Na base da interdependência entre todas as nações neste mundo global, a Aliança das Civilizações apresenta-se, na sua origem, como plataforma quererá combater os preconceitos e incompreensões entre as culturas, nomeadamente islâmicas e ocidentais. Sublinhava-se na altura, segundo o porta-voz de Kofin Annan, Stephane Dujarric, que «os acontecimentos deste últimos anos acentuaram a impressão de um fosso crescente e de uma falta de compreensão entre as sociedades islâmicas e ocidentais, um ambiente que foi explorado e exacerbado por extremistas em todas estas sociedades». Neste contexto, afirma o comunicado fundacional, «a Aliança das Civilizações entende-se como uma coligação contra estas forças, como um movimento para promover o respeito mútuo pelas crenças e tradições religiosas e como uma reafirmação da interdependência crescente da humanidade em todos os domínios.» 3. Tendo sido o processo desta aliança iniciado pela Espanha e pela Turquia em 2004, ideia depois acolhida e integrada nas Nações Unidas (que a criaram em 2006), será de realçar que presentemente é um cidadão português que preside a este Alto Comissariado. Nomeado a 26 de Abril de 2007, Jorge Sampaio considera que as suas primeiras linhas de acção vão passar por dar «especial atenção à clivagem entre as sociedades ditas ocidentais e muçulmanas, bem como no seio das sociedades ocidentais ao aumento da intolerância, da xenofobia e do extremismo.» É inegável e incontornável que a construção da paz mundial, da liberdade como desenvolvimento humano e do próprio salvamento ecológico do planeta, exigirão o máximo esforço de se conjugar em aliança todas as sinergias positivas e estimulantes. Este também poderá ser um modo de diluir os riscos sempre dramáticos do pensamento extremista. Se as comunicações globais de hoje colocam-nos à mesa uns com os outros todos os dias, será essencial que esse encontro se revista sempre mais de espírito de aliança em cooperação parceira. É tarefa que é missão real (que quererá mesmo iluminar de sentido a comunidade virtual); é missão pessoal e global que exigirá de cada cidadão a entrega diária no aliar o rigor dedicado à sensibilidade para com cada outro… Só nesta vi(d)a aberta e plural haverá futuro com futuro!... (Toda a cega intolerância uniformista, venha de que fonte vier, é regresso ao pior do passado.) Assim seja tão fácil construir pontes de entendimento humano entre os povos como erguer pontes de betão!...

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Ausente, mas sempre presente

Problemas técnicos, desde ontem e até não sei quando, im-pedem-me de estar, com alguma regularidade, com os meus amigos. Também vou estar ausente, por uns dias, para férias. Mas aqui voltarei, sempre que puder, se para tanto encontrar, por aí, uma porta aberta. Não será difícil, pois o mundo, agora, cabe todo numa palma da mão...

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