Os magos à espera de serem recebidos pelo Rei Herodes
Tradição antiga a que não podemos ficar alheios
A Gafanha da Nazaré vai viver, no próximo dia 10 de Janeiro, mais uma festa, com o envolvimento do povo que a sente como tradição que importa preservar. Trata-se do Cortejo dos Reis, que seguirá o trajecto habitual, com início em Remelha, onde o Anjo anuncia aos pastores o nascimento do nosso Salvador, num humilde presépio, na cidade de Belém.
Perde-se no tempo a organização do primeiro cortejo levado a cabo, na quadra natalícia, pela comunidade católica de Nossa Senhora da Nazaré. Sabe-se que é antiga e que os autos, apresentados durante o cortejo, foram elaborados a partir da Bíblia e do livro Mártir do Gólgota, de Perez Escrich. Mas mesmo sem data de nascimento conhecida, todos os gafanhões interiorizaram a necessidade de celebrar o Natal de Cristo, à volta da visita que os Magos Lhe fizeram, para O adorar, como Rei do Universo.
Este ano, o Cortejo dos Reis vai ter uma alteração significativa, na apresentação dos autos. As cenas do Palácio de Herodes vão ter lugar, pela primeira vez, que saibamos, no Cruzeiro, seguindo-se os outros autos como é costume. Termina o cortejo com a cerimónia, sempre esperada, com alguma ansiedade, do Beijar do Menino, na igreja matriz, enquanto são entoados cânticos natalícios, alguns deles exclusivos da nossa comunidade.
Gostamos destas vivências natalícias, preparadas com sentido de fé, com o tempo preciso, por pessoas que assumiram há muitos anos essas tarefas como devoção anual, a que não podem, nem devem, faltar. Alguns, sobretudo os mais velhos, sabem de cor os papéis de todos, podendo substituir-se uns aos outros, em caso de urgência, com toda a naturalidade.
Como manda a tradição, espera-se que todos os movimentos, serviços, irmandades, instituições e organizações, empresas, famílias e povo em geral se mobilizem, com espírito de partilha.
Depois, há a preparação dos presentes, os grupos que se constituem para a recolha de donativos e para a animação, os carros que se enfeitam, os cânticos que se ensaiam e o leilão das ofertas e cuja receita reverte para a construção da nova Residência Paroquial, no local da antiga. Mais uma razão para todos participarmos nesta festa que é nossa e à qual não podemos ficar alheios.
Fernando Martins