segunda-feira, 2 de junho de 2008

O cheiro do Verão




(Clicar nas fotos para ampliar)


Hoje de manhã fui à Praia da Barra, para cheirar o Verão. Não vi muita gente, mas vi como tudo está a ser preparado para receber os veraneantes, que não faltarão, logo que o tempo quente e ameno chegue.
A azáfama era grande na preparação do areal, que o bom ambiente exige muita limpeza. E por lá andava o tractor que limpava e peneirava a areia, enquanto outras máquinas e pessoal libertavam os passadiços de autênticas dunas que o mau tempo para ali levou. Na praia, ainda é visível a colocação de areias, para reforçar o espaço destinado às pessoas. Também vi que nos restaurantes há preparativos para servir quem vem de férias ou de passagem, e até verifiquei que em casas particulares há retoques, como que a preparar boas férias.
Também é verdade que a Praia da Barra tem sempre quem goste dela. E quer de Verão quer de Inverno, não falta quem aprecie o mar e se delicie com a maresia.

NA LINHA DA UTOPIA



O Rio de Amy


1. Nestes dias decorre o Rock in Rio. Se o slogan que foi percorrendo os últimos meses dizia «eu vou», já da nossa parte confessamos que nunca fomos nem contamos ir ao grande festival que abre os festivais de verão já característicos do verão português. O Rock in Rio nasceu no Brasil, Rio de Janeiro, no ano de 1985. Tendo andando meio irregular nas suas realizações, a partir de 2001, a estratégia mobilizadora voltou-se para a causa «Por um Mundo Melhor», este o lema simpático do festival que ocorre nestes dias novamente para os lados de Lisboa. Nesse ano de 2001, conseguiu-se a realização do acto simbólico de cinco minutos de silêncio no início do festival; silêncio mesmo para três mil rádios e 522 televisões de todo o mundo já presentes. O final deste silêncio foi marcado pelo toque de sinos e libertação de uma imensidão de pombas brancas, pedindo a paz para o mundo.
2. Como hábito nestas coisas, o evento foi crescendo. A certa altura os artistas são mais as vedetas do mundo do espectáculo que os viventes das causas que o festival quer representar. Bom, há sempre uma ou duas frases simpáticas que se dedicam ao mundo melhor, mas quanto ao resto, pelo que se noticia, parece que a “música” é efectivamente outra! Queremos acreditar que tudo o que envolve o festival seja mesmo por um mundo melhor(?)! De uma coisa não haja dúvida: é incontornável o poder destas realizações que, de modo informal vão passando todas as mensagens, do melhor ao menos melhor. Sem ser contra nem a favor, mas mantendo o olhar atento ao que acontece, para quem quer compreender como vão as motivações, as vontades, as participações, as causas, a sua coerência profunda, este acontecimento e os seus continuadores fazem-nos pensar sobre o que querem as juventudes, ou o que outros querem que eles queiram (?).
3. Na noite de abertura do Rock in Rio estavam, segundo alguns organizadores e jornalistas, cerca de 100 mil pessoas a assistir. Claramente que o entretenimento, hoje um privilégio ampliado da novas gerações, tem todo o seu saudável lugar. Mas fazer do entretenimento a própria vida será outra realidade bem distinta, facto que também existe. Uma das vedetas da primeira noite era Amy Wienhouse. Artista, pelos vistos de renome de que confessamos a total ignorância pelo desconhecimento. De tão badalada e da nossa curiosidade em saber quais os valores que merecem tamanha idolatria, em viagem de carro ouvindo na rádio ecos da grande noite anterior, eis que ficámos surpreendidos pelos símbolos que Amy representa e com os quais ilumina, consciente ou inconscientemente, os seus fãs seguidores: «Vulnerável […] Decadente. […] Um misto de gravidade emocional e vulnerabilidade extrema. […] Frágil, magnífica, autêntica, verdadeira, descontrolada, decadente, fraude ou trágica»; vícios. (Público, P2. 1 Jun. 8-9)
4. Ficámos surpreendidos e perguntamo-nos onde está a filosofia da qualidade desejada para a construção do mundo melhor? Enfim, com realismo, é mesmo assim que vai o Rio…


PONTES DE ENCONTRO


A ciência e a liberdade de escolha

Na semana passada, aconteceram-me três situações no mesmo dia que, sem o imaginar, iriam estar todas interligadas entre si.
A primeira, começa com uma entrevista que o cientista António Damásio deu à jornalista Clara Ferreira Alves, publicada no jornal “Expresso”, de 24 de Maio.
Concorde-se ou não com esta perspectiva biológica de ver, analisar e conceptualizar a vida e o homem, a dado passo da entrevista, o cientista português fala do bem e do mal, “em sentido biológico” – como ele diz – dizendo que “O bem é o resultado de acções que levam à manutenção da vida, especialmente à vida com bem estar, ou à sobrevida do bem estar, ou à promoção da vida com bem estar, não só no próprio como nos outros. E o mal seria o conjunto das acções e dos estados que conduz à perda da vida ou que prediz a perda da vida, caso da dor…”
Mais adiante acrescenta: “que quando se fala de vida, não se pode olhar só para a própria vida, mas também para a dos outros. O bem-estar individual é impossível se à nossa volta se estiverem a passar, por exemplo, catástrofes naturais.”
Ainda a pensar no que tinha acabado de ler, saí de casa e deparo com uma vizinha minha, que estava com um ar entristecido e abatido. Como é habitual, sempre que nos encontramos, ficámos à conversa durante algum tempo e o seu desabafo surgiu: o filho dela, com 16 anos de idade, tinha posto a casa em “pé-de-guerra”, porque queria ir, a bem ou a mal, para o festival musical do Rock in Rio, que decorreu em Lisboa, neste passado fim-de-semana. Daí, há que exigir dinheiro aos pais, já que autorização é coisa que ele dispensa bem. Como a vida, não está para festivais de coisa alguma, não houve dinheiro e a reacção deste adolescente não foi a melhor, ameaçando os seus pais que ía para Lisboa, à boleia, e que lá haveria de se desenrascar, de alguma maneira.
Perguntei se podia ajudar e pus-me à disponibilidade para falar com este jovem. Coisa que já tem acontecido, mas, nem sempre com os melhores resultados.
Segui o meu caminho a lembrar-me da entrevista do cientista António Damásio e da conversa sobre o meu amigo, que o é, o jovem do rock, e, no meio de tudo isto, a pensar e a interrogar-me como é que ele era tão diferente do seu outro irmão, creio que com 19 anos, bem mais calmo e ponderado, relativamente a este seu irmão. Porquê estas diferenças? De onde elas vinham? Onde está o seu fundamento? Se reduzirmos as coisas só à biologia, como parece ser a proposta do cientista António Damásio, diria que o irmão mais velho foi bem programado e mais novo mal programado. Mas, o homem está para além da sua base biológica própria. De outro modo, onde está a responsabilidade individual? O bem e o mal? A liberdade? Será que tudo isto pode ser manipulado ou quantificado?
Algum tempo depois, regresso a casa, apanho a correspondência que, entretanto, tinha chegado, e encontro, nesta, uma frase que dizia o seguinte: “Cada dia percebo melhor a graça de ser católico. Viver sem fé, sem defender um bem espiritual, sem preservar a verdade na luta constante, não é viver, mas sim vegetar.” Quem a disse? Um outro jovem, italiano, de nome Pier Giorgio Frassati (1901-1925), beato da Igreja Católica, desde 1990, que eu desconhecia, até agora, que passou o curto período da sua vida a fazer o bem aos outros, sobretudo aos mais desfavorecidos da sociedade, e que, já no seu tempo, tinha a clarividência profética para dizer que: “ A Caridade não é suficiente: precisamos de reformas sociais.” Naquela manhã, tinha sido confrontado com as declarações de um cientista, reputado, que busca a compreensão dos mecanismos, biológicos, que levam o homem a fazer ou a escolher entre o bem e o mal. De um jovem a quem não parece interessar, o bem ou o mal que está a fazer à sua família. Finalmente, de um outro jovem, que mais não fez do que amar e fazer o bem. Três contrastes de vida ou, então, também, três expressões (só biológicas?) das necessidades e das prioridades individuais com que somos capazes de ver o mundo e os outros?

Vítor Amorim

domingo, 1 de junho de 2008

Ganhar tempo

"Nas desmantadelas do milho, ao serão para juntar mais vizinhos, havia o bom gosto de brincar. Num desses serões, uns trolhas que trabalhavam na Gafanha e que tinham vindo dos lados da Murtosa, apareceram com uns lençóis pela cabeça e umas máscaras improvisadas para esconderem as suas identidades. Foi uma noite bastante divertida, cada um procurando adivinhar quem seriam os mascarados. Só muito tarde, noite adiantada, se soube quem eles eram. Nunca percebi a razão destas brincadeiras que se mantêm na minha memória."
Ler mais em GALAFANHA

"A Grande Aventura" na RTP2

Creoula (Foto de arquivo)


A pesca do bacalhau e a memória
dos portugueses na Terra Nova


No dia 10 de Junho, às 23.30 horas , estreia na RTP 2 o documentário A Grande Aventura, realizado por Francisco Manso e com guião de Álvaro Garrido. O filme será de novo exibido na RTP2 no dia 14 de Junho, cerca das 10.15horas, neste caso, sujeito a confirmação.
A primeira antestreia do filme terá lugar na Fundação Calouste Gulbenkian, no dia 5 de Junho, pelas 21.30 horas. A sessão contará com intervenções do Dr. Mário Soares, na qualidade de Presidente da Comissão Mundial Independente para os Oceanos, de Mário Ruivo, biólogo e Presidente do Comité Oceanográfico Intergovernamental da UNESCO, e de Rui Vilar, Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian.
A segunda antestreia terá lugar no Museu Marítimo de Ílhavo, no dia 8 de Junho, às 19 horas. A sessão inclui um debate com o realizador e o autor do guião.

Dia Internacional da Criança



Neste Dia Internacional da Criança, quando alguns Pais percorrem, afadigadamente, catálogos, ruas e lojas, em busca de brinquedos novos, caros e originais para oferecerem aos seus filhos, enquanto outros preparam para o seu filho único, aquela prometida e fantástica viagem à Disney, muitos Pais - demasiados - sem trabalho, sem tecto e sem pão, pouco mais terão para oferecer aos seus filhos, que um beijo e um abraço de ternura triste e sem esperança, outros, ainda, de tão preocupados com as suas contendas conjugais, separações, divórcios e “namoros” serôdios, esforçar-se-ão, apesar de tudo, por comparecer, talvez já atrasados, com um enorme embrulho do presente prometido, para compensar a inevitável dor da ausência, do vazio, da separação e falta de atenção, a APFN quer homenagear todas as crianças em geral, porque elas são, de facto, “o melhor do mundo”, mas, em particular, quer recordar, hoje e aqui, todas as crianças mortas sem nascer, aquelas a quem é recusado o 1º de todos os direitos: O Direito à Vida! e aquelas crianças a quem é negado o que deveria ser o seu 2º direito: o direito a nascerem e crescerem em paz e alegria, aconchegadas por uns pais que as amem e se amem, e se queiram amar para sempre, numa família com irmãos.

APFN - Associação Portuguesa de Famílias Numerosas

Na Linha Da Utopia


O mundo das crianças


1. Do tempo pós II grande guerra, diante da escassez de recursos, em que muitas crianças do mundo regressavam ao duro trabalho, quase como escravatura trabalhando de sol a sol, a Federação Democrática Internacional das Mulheres propôs às Nações Unidas que, como sensibilização universal, se assinalasse um dia dedicado à dignificação efectiva e afectiva das crianças em todo o mundo. Corria o ano de 1950. Nesta preocupa-ção, «independentemente da raça, cor, sexo, religião e origem nacional ou social», foi decretado o dia 1 de Junho como o Dia Mundial da Criança. É esta a sua origem.
2. O passo seguinte fora registado nove anos depois, a 20 de Novembro de 1959, quando da proclamação, pela Assembleia-Geral da ONU, da Declaração dos Direitos da Criança. Numa perspectiva em que se destaca (no terceiro considerando do preâmbulo) «que a criança, por motivo da sua falta de maturidade física e intelectual, tem necessidade de uma protecção e cuidados especiais, nomeadamente de protecção jurídica adequada, tanto antes como depois do nascimento». Esta declaração é proclamada «com vista a uma infância feliz e ao gozo, para bem da criança e da sociedade, dos direitos e liberdades aqui estabelecidos e com vista a chamar a atenção dos pais, enquanto homens e mulheres, das organizações voluntárias, autoridades locais e Governos nacionais, para o reconhecimento dos direitos e para a necessidade de se empenharem na respectiva aplicação».
3. Nesta caminhada ascendente, o ano de 1989 viria a consagrar a Convenção sobre os Direitos da Criança. Com 54 artigos e em linguagem acessível aos principais destinatários, destaca-se (no artigo 1º) que «todas as pessoas com menos de 18 anos têm todos os seus direitos escritos nesta convenção» e que (2º artigo) estes são garantidos «seja qual for a tua raça, sexo, língua ou religião. Não importa o país onde nasceste, se tens alguma deficiência, se és rico ou pobre». Destaca-se, assim, na óptica dos princípios esta consciencialização que carece sempre de ser assumida como prática em muitos pontos deste mundo. É desta mesma preocupação, e tendo a educação como o tesouro da transformação que, por exemplo, o 2º Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (até 2015) deseja garantir a todas as crianças, de ambos os sexos, o ensino primário universal.
4. Esta foi e é uma viagem sofrida, mas que também não se coaduna, tantas vezes, com o excesso de centralismo de tudo nas crianças… O 10º princípio da Declaração dos Direitos da Criança (1959) sublinha que a criança «deve ser educada num espírito de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz e fraternidade universal, e com plena consciência de que deve devotar as suas energias e aptidões ao serviço dos seus semelhantes». Talvez seja necessário repensar – o que está em elaboração contínua – a aposta da educação com as crianças. Há crianças de tal maneira “endeusadas” que dessa forma não crescem nos valores da amizade, da família e do grupo. Também em muitas situações monoparentais como compensação essa instrumentalização do amor cresce. Tempos de mudança social (para onde?) reclamam o repensar educacional (para melhor, familiar).

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