Uma sociedade é tanto mais rica
quanto mais instituições vivas tiver
A banda já com novo maestro e novo fardamento |
Maestro: A Filarmónica Gafanhense vai ser minha bandeira |
Paulo Miranda: Temos uma banda que nos orgulha |
Paulo Costa: Temos de ser capazes de dar mais confiança aos mais jovens |
Fernando Caçoilo: A Casa da Músico vai oferecer melhores condições de trabalho. Carlos Rocha: Com tanta gente nova, a banda tem o futuro assegurado |
Padre César valorizou a importância das parcerias |
«Uma sociedade é tanto mais rica quanto mais instituições vivas tiver» — frisou Fernando Caçoilo, Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, durante uma cerimónia inserida no concerto musical que se realizou no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, domingo, 23 de outubro, pelas 16 horas, integrado nas celebrações do 180.º aniversário da Filarmónica Gafanhense.
A Filarmónica Gafanhense, também conhecida por Música Velha de Ílhavo, celebrou o seu aniversário sob o signo da cultura musical entre nós. Romagem ao cemitério, em homenagem a dirigentes, sócios, músicos, professores e maestros da associação falecidos; Eucaristia de Ação de Graças e em sufrágios das almas dos que já nos deixaram fisicamente, na igreja matriz; concerto no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré e, ainda, jantar-convívio no Stella Maris, que reuniu 280 pessoas, sendo a cozinha e serviço das mesas assegurados por mães de alunos, esposas de músicos, diretores e amigos.
No concerto, Paulo Miranda, presidente da Música Velha de Ílhavo, anunciou a apresentação do novo maestro, Henrique Portovedo, e a aquisição de um novo fardamento, a fim de «melhorar a imagem da banda nas suas diversas apresentações, na região e pelo país», tendo em conta que o agora substituído já tinha 16 anos de uso. O novo fardamento foi apresentado na segunda parte do concerto, com entrada dos executantes muito aplaudida. Os diversos números do concerto mereceram fortes aplausos de um anfiteatro cheio.
Paulo Miranda destacou que a escola de música, «que tanto nos orgulha», é reconhecida por pais, encarregados de educação e comunidade da Gafanha da Nazaré como uma mais-valia «para o enriquecimento musical de todas as crianças», contando, nesta data, com 43 alunos, distribuídos pelos vários instrumentos de sopro, percussão e piano. Anunciou o início de um processo de fusão das duas coletividades dedicadas às artes musicais, nomeadamente, a Escola de Música Gafanhense e a Filarmónica Gafanhense, que já partilham recursos humanos e instrumentais.
Fernando Caçoilo, presidente da Câmara Municipal de Ílhavo (CMI), referiu que os 180 anos da banda, «uma instituição que fez o seu trajeto», justificam a festa que se estava a viver, louvando o trabalho que todos os dirigentes, maestros, professores e músicos desenvolveram ao longo de todo este tempo. Felicitou os que criaram e conseguiram manter uma banda com qualidade, salientando que, presentemente, com novo maestro, novo fardamento e Casa Nova, muito em breve, haverá melhores condições para formação, ensaios e festas da associação. Disse que a Casa da Música vai ser partilhada também pelo Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, com espaços independentes.
O pároco da Gafanha da Nazaré, padre César Fernandes, manifestou a sua satisfação por confirmar, mais uma vez, que «a banda tem muita juventude: crianças, pré-adolescente, adolescentes e jovens, entre músicos adultos», referindo que este «é um modo correto de encarar o futuro».
O padre César ficou agradado com a notícia de que o saudoso padre Miguel Lencastre, antigo pároco da nossa terra, nunca regateou o apoio à banda. «Foi algo que me surpreendeu, pela importância destas parcerias», disse. E acrescentou: «fica aqui o meu apoio e a parceria muito próxima com a nossa banda.» Ainda frisou o contributo da Diocese de Aveiro que cedeu o Stella Maris para a Filarmónica ter casa enquanto não se abrissem as portas da Casa da Música.
Carlos Rocha, presidente da Junta de Freguesia, afirmou, ao referir-se, naturalmente, à instituição em festa, que, «quem olha para uma estrutura destas, com tanta gente nova, tem o futuro assegurado». «A Junta de Freguesia não poderá ficar indiferente a esta manifestação extraordinária de trabalho», sublinhou. Aplaudiu a aquisição do fardamento novo, «concretização de um sonho», enquanto formulou votos de que «outros sonhos possam surgir».
Paulo Costa, vereador da cultura da CMI, apontou, com oportunidade, a necessidade de no seio da banda nascer uma orquestra de jazz, de que o município está carente. E adiantou que a nossa juventude exige que todos «sejamos capazes de dar mais confiança aos mais jovens». E o maestro, Henrique Portovedo, depois de agradecer a forma como foi acolhido, prometeu que estaria atento ao pedido do vereador Paulo Costa. E concluiu: «A partir de hoje, a bandeira da Filarmónica será a bandeira que irei defender».
Fernando Martins