É um lugar-comum dizer-se que, de todos os sistemas políticos e formas de Governo, qual deles o mais imperfeito, o melhor de todos é a democracia. O poder vem do povo e o que os políticos têm de fazer é contribuir para o bem-estar de toda a gente, sem privilégios, seja para quem for.
Estamos a viver, nesta altura, por força das eleições legislativas, um momento complicado, enquanto se discute se a maioria absoluta dada a um qualquer Partido Político é mesmo preferível a uma maioria relativa.
É certo que os eleitores votam normalmente nos Partidos cujos programas eleitorais lhes possam garantir o nível de vida que almejam, tendo sempre em conta, como fundamental, o bem comum. Mas também é correcto admitir que, uma vez no poder, o Partido vencedor, com maioria absoluta, pode tornar-se num ditador, levando à prática não só o que prometeu, mas também o que pressões internas, dos mais extremistas, vão ditando. Quantas vezes nos sentimos traídos por os políticos se esquecerem do que ofereceram, fazendo muito bem o que querem e o que lhes apetece. E quando estão nessa situação privilegiada, nada os pode impedir de levar à prática o que muito bem quiserem, até porque tem as costas quentes no Parlamento, que aprova tudo quanto o Governo lhes apresentar.
Se o vencedor apenas tem maioria relativa, é garantido que passa a vida na corda bamba, com negociações que desvirtuam, muitas vezes, o seu próprio projecto político, passando a ser, perante os seus eleitores, um fantoche com capacidade somente para governar segundo o que outras correntes vão exigindo, claramente com o apoio do mesmo Parlamento.
Quando há coligações pré-eleitorais, com programa comum, aí os eleitores já sabem com o que podem contar. De outra forma, quando os Partidos resolvem entender-se apenas depois das eleições, é sabido que o Governo só será viável a partir de negociações que podem conduzir ao desvirtuamento dos programas desses mesmos Partidos. A questão é, pois, um pouco complicada.
Neste momento, todos temos, realmente, de pensar no que será melhor para o País e para os portugueses. E que ganhe o melhor, são os nossos votos.
Fernando Martins