José Francisco Trindade Coelho nasceu em Mogadouro, a 18 de junho de 1861. Filho de João Trindade Coelho, negociante, e Narcisa Rosa.
No seu percurso académico frequentou o ensino primário e secundário na sua terra natal, em Travanca e depois num colégio do Porto. A 15 de outubro de 1879 matriculou-se em Direito na Universidade de Coimbra, onde se licenciou a 16 de junho de 1885.
O período em Coimbra foi conturbado. No seu primeiro ano chumbou e como punição, o pai cortou-lhe a mesada. Trindade Coelho decidiu enfrentar esta contrariedade, continuando os estudos a expensas próprias através de explicações e escrevendo para jornais, usando o pseudónimo de Belistírio. Fundou ainda dois periódicos – Porta Férrea e Panorama Contemporâneo. Entretanto, contraiu matrimónio, do qual nasceu o seu primeiro filho.
Após a conclusão da licenciatura ainda se dedicou, por um breve período, à advocacia, mas os rendimentos eram escassos e decidiu enveredar pela carreira administrativa, sendo nomeado Delegado do Procurador Régio do Sabugal e depois de Portalegre.
Sabemos que para conseguir o cargo, Camilo Castelo Branco, um amigo próximo, teve de intervir junto do Ministro, mas Trindade Coelho superou as expetativas revelando-se um magistrado notável.
Em 1891, foi transferido para Ovar com o objetivo de ser elegível como deputado, porém recusou o mandato. Foi depois transferido para Lisboa para o Tribunal Auxiliar do 2.º Distrito, onde colaborou com os Conselheiros Neves e Sousa e Francisco Maria Viegas. Com este último fundou a Revista de Direito e Jurisprudência.
Durante o período do Ultimatum Inglês a sua função passava por fiscalizar a imprensa, algo que lhe valeu duras críticas e o colocou numa posição muito desconfortável. Como forma de se afastar desta situação, solicitou a sua transferência para Sintra, para só regressar à capital em 1895, onde pediu a exoneração dois anos depois.
Além da carreira jurídica, dedicou-se ainda ao jornalismo, fundou os periódicos Gazeta de Portalegre e Comércio de Portalegre. Colaborou com diversos jornais como Portugal, Novidades e Repórter e fundou a Revista Nova. Na literatura destacam-se obras como: Os Meus Amores (1891) e In Illo Tempore (1902).
Apesar de ter uma carreira de sucesso como magistrado, um casamento feliz e um elevado prestígio como escritor, vivia constantemente atormentado e inconformado, sendo talvez essa uma das razões que o conduziu ao suicídio.
Trindade Coelho faleceu, em Lisboa, a 9 de junho de 1908.
NOTAS:
1. Trabalho elaborado pelo CDI (Centro de Documentação de Ílhavo) da CMI, integrado no projeto "Se esta rua fosse minha";
2. Na Gafanha da Nazaré encontramos a Rua Trindade Coelho. Este topónimo é referido pela primeira vez na ata de reunião da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré de dia 15 de abril de 1983 (Ata da JFGN n.º 6/83, de 15 de abril de 1983). O arruamento figura no Plano Geral de Urbanização das Gafanhas da Câmara Municipal de Ílhavo de 1984;
3. Pode ler um bonito conto de Trindade Coelho
aqui.