Ontem à noite, faleceu em Lisboa o meu bom amigo Manuel Ribau Teixeira. Radicado na capital, com a família, esposa e filhos, Manuela Godinho, Pedro e Margarida, respetivamente, já está no regaço maternal de Deus um dos meus melhores amigos da infância e juventude. O seu corpo vai deixar-nos, mas o seu espírito de homem bom, dialogante, fraterno e generoso permanecerá nos seus familiares e amigos e nos que tiveram a dita de com ele trabalhar e conviver.
O seu sorriso aberto e franco e a sua palavra próxima e interessada com que me ouvia, bem como a simplicidade e humanidade das suas considerações a propósito das minha vida e projetos tocavam-me vivamente. Era, realmente, o amigo que sabia acolher e ouvir e com quem dava gosto conversar.
A nossa amizade vem da adolescência e juventude. Tempos de convívios fraternos, de diversões sadias. Sem televisões, os nossos domingos à tarde eram passados em casa dos seus pais, com a música a marcar o ritmo das nossas vidas. O Manuel tocava violino e os irmãos completavam a orquestra: O Ângelo, viola; o Plínio, bandolim ou banjo; o Diamantino, guitarra. Juntavam-se outros que gostavam de música: O António, filho de um cantoneiro, banjo; e o Olívio Rocha, meu parente, rabecão. Eu, sem jeito para músico, ficava no lugar do público. Preferia a biblioteca da família Ribau, herdada de dois tios (Um padre e outro professor de matemática no Liceu de Aveiro), falecidos muito cedo.
O Manuel Ribau Teixeira, o mais velho, sobressaiu pelo seu apego ao estudo. Licenciou-se em Física, empregou-se e avançou para o doutoramento. Teve a gentileza de me oferecer a tese que defendeu na Universidade de Lisboa em 1983: “Processos atómicos em descargas luminescentes de Cátodo OCO.” Confessei-lhe que não percebia nada do que ele demonstrara. Ele riu-se, como era natural, e insistiu na oferta, que guardo religiosamente.
Um dia escrevi, num jornal, que o meu amigo Manuel Ribau Teixeira teria sido o primeiro doutorado da Gafanha da Nazaré. Se me enganei, não fui desmentido nem informado do contrário.
Hoje, depois de saber da sua partida para a ternura misericordiosa de Deus, elevo uma prece ao Senhor de todos os dons para que lhe dê um cantinho de onde possa contemplar os seus familiares e amigos até à hora do encontro final.
Fernando Martins
EXÉQUIAS
Velório: Amanhã, às 18 horas, na Igreja de Santa Joana Princesa, em Alvalade;
Missa de corpo presente na terça feira às 14h00;
Saída para o cemitério dos Olivais às 14h30;
Funeral às 15h00.
NO)TA: O Ângelo, o Plínio e o Josué também já faleceram. Ainda estão connosco, felizmente, o Diamantino e a Maria de Fátima.